Filipa de Lencastre: diferenças entre revisões

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'''Filipa de LencastreLancastre''' (em [[Língua inglesa|inglês]]: ''Philippa of Lancaster''; [[Leicester]], {{ca.|[[março]]}} de [[1360]]{{ref label2|b}} — [[Odivelas]], [[19 de julho]] de [[1415]]) foi uma princesa [[Reino da Inglaterra|inglesa]] da [[Casa de Lencastre|Casa de Lancastre]], filha de [[João de Gante]], 1.º [[Ducado de Lancaster|Duque de LencastreLancastre]], com sua mulher [[Branca de Lencastre|Branca de Lancastre]]. Quando tinha dezoito anos, foi-lhe atribuída a distinção inglesa da [[Ordem da Jarreteira]],{{harvref|Oliveira|2010|p=398}} o que, anos mais tarde, contribuiria para sua imagem de rainha santa.{{harvref|Silva|1986|p=307}} Tornou-se rainha consorte de [[Portugal]] através do casamento com o rei [[João I de Portugal|D. João I]], celebrado em [[1387]] na cidade do [[Porto]], e acordado no âmbito da [[Aliança Luso-Britânica|Aliança Luso-Inglesa]] contra o eixo [[França]]-[[Reino de Castela|Castela]].{{harvref|Lopes|1897-1898|p=118}}
 
As rainhas de [[Portugal]] contaram, desde muito cedo, com os rendimentos de bens adquiridos na sua grande maioria por doação. D. Filipa de Lencastre recebeu de D. João I as rendas da [[alfândega]] de Lisboa e das vilas de [[Alenquer (Portugal)|Alenquer]], [[Sintra]], [[Óbidos (Portugal)|Óbidos]], [[Alvaiázere]], [[Torres Novas]] e [[Torres Vedras]].{{harvref|Oliveira|2010|p=413}} A ''[[Crónica de el-rei D. João I]]'', de [[Fernão Lopes]], retrata a rainha como generosa e amada pelo povo. Os seus filhos que chegaram à idade adulta seriam lembrados como a ''[[ínclita geração]]'', de príncipes cultos e respeitados em toda a Europa.{{harvref|Lopes|1897-1898|p=128}} Filipa morreu de [[peste bubónica]] nos arredores de Lisboa, poucos dias antes da partida da [[Conquista de Ceuta|expedição a Ceuta]]. Atualmente, a tese mais aceite ressalta que ela faleceu no [[Mosteiro de São Dinis|convento de Odivelas]], conforme é possível constatar nos trabalhos de Francisco Benevides,{{harvref|Benevides|1878|p=241-242}} Manuela Santos Silva.{{harvref|Silva|2009a|p=212}} e Ana Rodrigues.{{harvref|Oliveira|2010|p=420}} Está sepultada na Capela do Fundador do [[Mosteiro da Batalha|Mosteiro de Santa Maria da Vitória]], ao lado do seu esposo.
 
A [[Escola Secundária D. Filipa de Lencastre|Escola Secundária D. Filipa de Lancastre]], em [[Lisboa]], foi batizada em sua honra.
 
== Ascendência ==
Filipa de LencastreLancastre proveio de duas nobres famílias: a casa régia dos [[Dinastia Plantageneta|Plantagenetas]] e a dos [[Dinastia de Lencastre|LencastreLancastre]]. Seus avós paternos eram o rei [[Eduardo III]] e a rainha [[Filipa de Hainault]], enquanto que os maternos eram [[Henrique de Grosmont, 1.º Duque de Lancaster|Henrique de Grosmont]] e [[Isabel de Beaumont]].{{harvref|Oliveira|2010|p=393}} Seu pai, [[João de Gante]], ao casar-se com sua mãe, [[Branca de Lencastre|Branca de Lancastre]], herdou o ducado do seu sogro, juntamente com domínios e castelos por toda a [[Inglaterra]] e o [[Principado de Gales]], conquistando, assim, maior poder e prestígio para a sua família. Filipa foi a primeira filha do casal, nascendo em março do ano posterior ao casamento. Recebeu o nome da sua avó paterna, a rainha, que também foi sua madrinha.{{harvref|Oliveira|2010|p=394}}
 
== Vida na Inglaterra ==
No que se refere ao estudo das línguas, Filipa de LencastreLancastre foi educada à maneira nobre e aristocrática, isto é, aprendeu [[latim]] suficientemente para ler livros [[Liturgia|litúrgicos]], além de [[Língua francesa|francês]] e [[Língua inglesa|inglês]] para ler romances ou livros de instruções. Foi ensinada a agir de acordo com as virtudes femininas apreciadas na época, tais como modéstia, humildade e [[pureza espiritual]].{{harvref|Silva|2009b|p=39-40}}
 
Quando tinha aproximadamente nove anos, vivenciou o falecimento da sua madrinha e avó paterna. Logo em seguida, sua mãe foi vítima da peste e também morreu. Filipa, então, passou aos cuidados de [[Catarina Swynford]] que viria a se tornar amante de seu pai ainda durante o segundo casamento dele com [[Constança de Castela, duquesa de Lencastre|Constança]], filha mais velha e herdeira de [[Pedro I de Castela]].{{harvref|Oliveira|2010|p=394-395}}
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== Casamento ==
[[Imagem:Casamento João I e Filipa Lencastre 02.jpg|direita|thumb|Casamento de João I e Filipa de LencastreLancastre. ''Chronique de France et d' Angleterre'' (Jean Wavrin, século XV)]]
O pai de Filipa via em Portugal, conduzido por D. João I a partir de 1385, um importante aliado para os seus interesses castelhanos. O duque acreditava que, ao se casar com Constança em 1372, herdeira do rei [[Pedro I de Castela]], eventualmente tomaria posse do trono. Contudo, o lugar estava ocupado até [[1379]] por [[Henrique II de Castela|Henrique II]], meio-irmão de Pedro I, e, posteriormente, por seu filho, [[João I de Castela]]. A aliança também era favorável ao rei D. João I, pois garantia apoio à independência portuguesa face a [[Castela]].{{harvref|Oliveira|2010|p=400}} Essa conjuntura de [[Aliança Luso-Britânica|união luso-inglesa]] frente ao inimigo comum, portanto, ocorria desde o reinado de [[Fernando I de Portugal]], anterior ao de D. João I, mas ganhou maior estabilidade após o estabelecimento do [[Tratado de Windsor (1386)|Tratado de Windsor]], em 1386, que vigora até os dias atuais. O casamento entre Filipa e D. João I em fevereiro de 1387 selou a aliança.{{harvref|Sousa|1992|p=499}}
 
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== Reinado ==
[[Ficheiro:Filipa de Lencastre - Padrão dos Descobrimentos.png|thumb|left|Efígie de D. Filipa de LencastreLancastre no [[Padrão dos Descobrimentos]], em [[Lisboa]]. A rainha é a única mulher representada no monumento.]]
Apesar da imagem recatada da rainha que domina o imaginário dos portugueses (essa atitude era tida como virtude no comportamento das mulheres medievais), D. Filipa parecia ter momentos descontraídos com as donzelas de sua corte, gostando de conversar.{{harvref|Silva|2009a|p=205-206}} Era uma mulher culta, que se correspondia com seus parentes na Inglaterra, estabelecendo a prática de registar documentos que haviam sido enviados por ela ou pelo rei.{{harvref|name=M44|Silva|2009b|p=44-45}}
 
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== Descendência ==
[[Imagem:DuarteI-Viseu.jpg|direita|thumb|Estátua de D. Duarte, filho de D. Filipa de LencastreLancastre e sucessor do pai D. João I no trono, localizada em Viseu.]]
D. Filipa correspondeu ao papel esperado da rainha [[Idade Média|medieval]] em assegurar a continuidade da [[linhagem]] e do património. Tal como seu pai, ela incitou a apreciação pela cultura nos seus filhos, os futuros monarcas. Consequentemente, eles foram figuras que funcionaram como modelos a serem seguidos pela sociedade.{{harvref|Silva|2009b|p=46}} Os [[Romance de cavalaria|romances de cavalaria medieval]] agradavam à rainha. A ênfase em aventuras, virtudes cavaleirescas e valores da espiritualidade cristã contribuíram para moldar a educação dos príncipes pelos ideais expressos nos códigos de cavalaria: justiça e retidão.{{harvref|Oliveira|2010|p=410}}
 
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Do seu casamento, nasceram:
* [[Branca de Portugal (1388)|Branca de Portugal]] (13 de julho de 1388 – 6 de março de 1389), morreu jovem, antes de completar um ano de idade. O seu nome honrava a mãe de D. Filipa, [[Branca de Lencastre|Branca de Lancastre]].{{harvref|name=filhos|Oliveira|2010|p=406-412}}
* [[Afonso de Portugal (1390–1400)|Afonso de Portugal]] (1390 – 1400), morreu jovem. Recebeu o mesmo nome que [[Afonso I de Portugal|D.&nbsp;Afonso&nbsp;I]], o rei fundador de Portugal.<ref name=filhos/>
* [[Duarte I de Portugal]] (1391 – 1438), sucessor do pai no [[Lista de reis de Portugal|trono português]], [[poeta]] e [[escritor]]. O seu nome homenageava simultaneamente seu bisavô materno, [[Eduardo III]], e o tio-avô [[Eduardo, o Príncipe Negro]].<ref name=filhos/>
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== Morte ==
[[Imagem:PORTOGALLO2007 (1571036062).jpg|thumb|esquerda|Túmulo de D.&nbsp;Filipa de LencastreLancastre, localizado no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha]]
Desde o início de 1415, a [[peste bubónica]] invadia Lisboa e Porto. Os reis refugiaram-se em [[Sacavém]], mas os longos e frequentes jejuns, orações e vigílias da rainha enfraqueciam e debilitavam o seu corpo. Ela dedicava-se espiritualmente ao sucesso na [[Tomada de Ceuta]], empreendimento em que seu marido e seus filhos [[Infante D. Henrique|Henrique]], [[Pedro, Duque de Coimbra|Pedro]] e Duarte participaram. Contudo, com as constantes entradas e saídas de mensageiros e contactos, a peste acabou por chegar a Sacavém. O rei abrigou-se em [[Odivelas]], mas a rainha preferiu ir depois. Quando chegou, em julho do mesmo ano, já estava doente.{{harvref|Oliveira|2010|p=419}}