Revolução Constitucionalista de 1932: diferenças entre revisões

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Pedro de Toledo, com o apoio do povo, conseguiu neste dia 23 de maio de 1932, montar um secretariado de sua livre nomeação (que ficou conhecido como o ''Secretariado de 23 de maio'') e romper definitivamente com o Governo Provisório. O dia 23 de maio é comemorado em São Paulo como o ''dia do soldado constitucionalista''. A morte dos jovens deu origem a um movimento de oposição que ficou conhecido como [[MMDC]], posteriormente denominado oficialmente de MMDCA: [[Mário Martins de Almeida|Martins]] (Martins); [[Euclides Bueno Miragaia]] (Miragaia); [[Dráusio Marcondes de Sousa]] (Dráusio); [[Antônio Américo Camargo de Andrade]] (Camargo); e [[Orlando de Oliveira Alvarenga]] (Alvarenga).
 
O [[MMDC]] foi organizado como sociedade secreta em 24 de maio de 1932, tendo sido lançado durante um jantar no restaurante Posilipo, por [[Aureliano Leite]], Joaquim de Abreu Sampaio Vidal, Paulo Nogueira e Prudente de Moraes Neto, entre outros. Inicialmente, a sociedade foi chamada "''Guarda Paulista''", mas, depois, foi fixada em MMDC, em homenagem aos jovens mortos a 23 de maio. Em 10 de agosto, o Decreto nº. 5627-A, do governo do estado oficializou o MMDC, cuja direção foi entregue a um colegiado, presidido por [[Waldemar Martins Ferreira]], secretário da Justiça, e tendo como superintendente, Luís Piza Sobrinho. O MMDC foi instalado na [[Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo|Faculdade de Direito]] e depois transferido para o antigo ''fórum'', na rua do Tesouro, e depois para o prédio da [[Escola de Comércio Álvares Penteado]].<ref name="america.org.br">{{citar web|url= http://www.america.org.br/documentos/rev_const_1932.html|título= A Maçonaria Paulista na Revolução de 1932|publicado= america.org|acessodata= 5 de agosto de 2018|wayb= 20160314052515|urlmorta= simyes|arquivourl= https://web.archive.org/web/20090421163208/http://www.america.org.br/documentos/rev_const_1932.html|arquivodata= 2009-04-21}}</ref>
 
Esse fato levou à união de diversos setores da sociedade paulista em torno do movimento de [[Constituição|constitucionalização]] que se iniciara em janeiro de 1932. Neste movimento, liderado pelo MMDC, se uniram o [[Partido Republicano Paulista|PRP]] e o Partido Democrático, reconhecidos pelo governo federal como setores da [[oligarquia]], que pretendiam a volta da supremacia paulista e do PRP ao poder e queriam, também, levar ao poder o candidato dos paulistas, [[Júlio Prestes]], eleito à presidência mas não pode tomar posse, impedido pela Revolução de 1930.
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== Conflito armado ==
 
O levante armado foi deflagrado na cidade de São Paulo às oito horas e trinta minutos da noite de 9 de julho de 1932, com o engajamento da Força Pública de São Paulo, unidades do Exército da 2ª Região Militar e grupos civis armados. O telegrama enviado pelo então comandante geral da Força Pública, o coronel [[Júlio Marcondes Salgado]] ao general [[Bertoldo Klinger]], Comandante Supremo do Exército Constitucionalista, no dia seguinte ao início da revolução, dá detalhes das circunstâncias em que ocorreu aquele evento político e militar:<ref>{{citar periódico|ultimo=Klinger|primeiro=Bertholdo|data=1934|titulo=Memorial de Klinger|url=https://memoria.bn.br|jornal=Revista Brasileira|página=321|acessodata=2018-04-19|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180319080555/http://memoria.bn.br/|arquivodata=2018-03-19|urlmorta=yes}}</ref>
 
{{quote2|''General KLINGER — Campo Grande — Radiogramma de São Paulo (C. Elyseos) — N.29. — Pls. 100. Data: 10/VII/32. Horas: Onze e trinta.''
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A maçonaria paulista teve participação ativa no movimento constitucionalista de 1932 através de suas lojas e de seus membros como [[Pedro Manuel de Toledo|Pedro de Toledo]], interventor, [[Júlio de Mesquita Filho]] diretor do jornal "[[O Estado de S. Paulo]]" e o poeta [[Ibrahim de Almeida Nobre]] entre outros.<ref name="america.org.br"/>
 
O movimento contou com a contribuição de muitas mulheres voluntárias que se dedicavam em diversos serviços em benefício das tropas, como, por exemplo, serviços de enfermaria, serviços administrativos, confecção de uniformes militares, produção de alimentos, entre outros. Uma das mais notórias voluntárias nos serviços de saúde das tropas paulistas foi a médica [[Carlota Pereira de Queirós|Carlota Pereira de Queiroz]], responsável por ter organizado e liderado um grupo de setecentas mulheres para garantir a assistência aos feridos.<ref>{{Citar web|url=http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/carlota_pereira_de_queiros|titulo=Carlota Pereira de Queirós {{!}} CPDOC|acessodata=2018-01-30|obra=cpdoc.fgv.br|lingua=pt-br}}</ref> Contudo, houve casos de mulheres que se voluntariaram para atuar nas trincheiras paulistas como soldados.<ref>{{Citar periódico|data=2014-07-09|titulo=Participação da mulher na Revolução de 32 é marco importante para legado feminino no país|jornal=Migalhas|url=http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI204015,61044-Participacao+da+mulher+na+Revolucao+de+32+e+marco+importante+para}}</ref> [[Maria Sguassábia]], professora de escola rural primária em [[São João da Boa Vista]], foi uma dentre as mulheres que se voluntariaram para atuar nas trincheiras como soldado, a exemplo de ''Nhá Chica'' e de Maria José Bezerra.<ref>{{citar livro|título=Cruzes paulistas|ultimo=Montenegro|primeiro=Benedicto|editora=Civilização brasileira|ano=1936|local=São Paulo|páginas=32-33|acessodata=}}</ref> Ao longo do conflito, Sguassábia chegou a ser promovida a sargento devido aos seus feitos no campo de batalha.<ref>{{citar web|url=http://www.memoriasanjoanense.com/stela-rosa-sguassabia-biografia/|titulo=Maria Stela Rosa Sguassábia - Biografia|data=22 de maio de 2012|acessodata=30 de abril de 2017|publicado=memoriasanjoanense.com|ultimo=Memórias Sanjoanense|wayb= 20171209100058|urlmorta= simyes|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170430062241/http://www.memoriasanjoanense.com/stela-rosa-sguassabia-biografia/|arquivodata=2017-04-30}}</ref> Era integrante da Coluna [[Romão Gomes]], tendo atuado no denominado setor leste, na região de [[Campinas]].<ref>{{citar livro|título=Revolução Paulista - Coluna Romão Gomes 1932|ultimo=Fernando Oliveira|primeiro=Benedito|editora=|ano=1950|local=São Paulo|páginas=132|acessodata=}}</ref>
 
Houve intensa mobilização através do [[Rádio (comunicação)|rádio]], uma novidade na época, destacando-se [[César Ladeira]] da [[Rádio Record]]. Usou-se muita [[propaganda]] e contra-propaganda ideológica por parte do Governo Federal, que acusava São Paulo de estar nas mãos do [[fascismo]] italiano trazido pelos [[imigrante]]s. Brasileiros de outras regiões eram recrutados pela ditadura para combater São Paulo, sob a justificativa de que o estado queria se separar do Brasil.<ref>{{citar livro|título=História da Revolução Constitucionalista de 1932: comemorando os 70 anos do evento|ultimo=Donato|primeiro=Hernâni|editora=Ibrasa|ano=2002|local=São Paulo|páginas=97-102|acessodata=}}</ref> A ditadura colocava agentes infiltrados em reuniões e comícios em São Paulo, que pregavam o derrotismo e o desânimo da população.<ref name="UOL - Educação" />
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O então estado do Mato Grosso foi o único aliado de São Paulo no conflito. Após a deflagração do levante, a região sul do estado, atualmente contemplada pelo [[Mato Grosso do Sul]], se emancipou ao declarar a sua autonomia e apoiar o levante. O novo estado passou a ser denominado como estado de Maracaju, cuja capital era [[Campo Grande]] e tendo [[Vespasiano Barbosa Martins]] a cargo da chefia do governo estadual.<ref name=":23">{{Citar periódico|ultimo=Parreira|primeiro=Luiz Eduardo S.|data=2010-07-09|titulo=E o sul do Mato Grosso foi às armas!|url=https://www.correiodoestado.com.br/noticias/e-o-sul-do-mato-grosso-foi-as-armas/5281/|jornal=Correio do Estado|lingua=pt-br|acessodata=2018-05-31}}</ref><ref name=":24">{{citar livro|título=História de Mato Grosso do Sul|ultimo=Campestrini|ultimo2=Guimarães|primeiro=Hildebrando|primeiro2=Acyr V.|editora=IHGB|ano=2002|local=Campo Grande|páginas=287|acessodata=}}</ref>
 
Em julho de 1932, o general Bertoldo Klinger comandava a Circunscrição Militar de Mato Grosso e, durante as preparações para o levante, prometia levar 5 mil soldados e copiosa munição daquele estado para engrossar as fileiras da tropas paulistas. Contudo, com a súbita exoneração do general ocorrida em 8 de julho, por conta de uma carta em termos ofensivos enviada no dia 1º daquele mês ao Ministro da Guerra [[Augusto Inácio do Espírito Santo Cardoso|Augusto Espírito Santo Cardoso]], ficou comprometida as conspirações em curso no Mato Grosso, bem como a adesão total ao levante das unidades do Exército sediadas naquele estado, em especial, aquelas unidades situadas em [[Cuiabá]] e na região de [[Corumbá]], que ficaram alheias a situação e acabaram por permanecerem leais ao governo federal ou tiveram seus oficiais comandantes presos na ocasião da deflagração do conflito. Em substituição ao general Klinger, o coronel de engenharia Oscar Saturnino de Paiva foi nomeado interinamente ao comando daquela Circunscrição Militar. Contudo, Saturnino de Paiva veio a também aderir ao levante deflagrado em São Paulo no dia seguinte, o que em muito facilitou a aliança entre os paulistas e aquelas unidades do Exército e da Força Pública Mato-grossense. O coronel também participou da cerimônia de criação do novo estado e da posse do seu governador aclamado, Vespasiano Martins, ocorrida na tarde de 11 de julho de 1932.<ref name=":17" /><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref>{{citar web|url=http://www.seer.ufms.br/index.php/AlbRHis/article/viewFile/4056/3239|título=A posse do dr Vespasiano Martins na Interventoria do Estado|publicado=UFMS|data=2013}}</ref><ref name=":25">{{citar periódico|ultimo=Klinger|primeiro=Bertholdo|data=1934|titulo=Memorial de Klinger|url=https://memoria.bn.br|jornal=Revista Brasileira|pagina=238-242|acessodata=2018-01-31|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180216185443/http://memoria.bn.br/|arquivodata=2018-02-16|urlmorta=yes}}</ref>
 
O setor respectivo ao estado de Maracaju então comandado pelo coronel Oscar Saturnino de Paiva foi entregue ainda no mês de julho para o coronel Francisco Jaguaribe de Mattos, que a princípio de setembro veio a ser substituído pelo coronel Nicolau Bueno Horta Barbosa.<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=763900&pesq=Nicolau%20Horta%20Barbosa|título=O commando da Circumscripção Militar de Matto Grosso|data=1932-09-05|edição=07988|publicado=A Gazeta|acessodata=2018-06-01|página=1|idioma=pt}}</ref> O coronel Saturnino de Paiva veio a assumir no mês seguinte o comando do destacamento paulista respectivo ao denominado setor leste de combate, situado na região de Campinas.<ref name=":17" />Desde os primeiros combates o destacamento constitucionalista de Maracaju assumiu a ofensiva para garantir posições estratégicas para o controle da região. À leste, aquela tropa desbaratou uma coluna de soldados federais em [[Paranaíba|Santana do Paranaíba]], e também outra vinda de [[Goiás]], com vários elementos tendo sido presos. Também repeliram forças federais em [[Três Lagoas]] e [[Porto XV de Novembro]]. Ao norte, em [[Coxim]], também debelaram uma coluna vinda de Cuiabá, composta por duas Cia reduzidas do 16º B.C. e do 1º B.C. da Força Pública, que visavam a tomada de Campo Grande. Mais ao sul, em [[Bela Vista]], os rebeldes tomaram a cidade após súbita resistência do interventor municipal Mário Garcia e do comandante do 10º R.C.I. que inicialmente haviam declarado apoio a Revolução. A oeste, os combates foram mais intensos, tendo as tropas revolucionárias tomado a cidade de [[Corumbá]], a [[Base Fluvial de Ladário]], [[Porto Esperança]], o [[Forte Coimbra]] e, por fim, [[Porto Murtinho]], em 12 de setembro de 1932, onde lá desbarataram a flotilha liderada pelo monitor fluvial ''Pernambuco'' e o destacamento governista comandado pelo coronel do Exército Leopoldo Nery da Fonseca Junior. As batalhas pela tomada de Porto Murtinho e Porto Esperança foram os feitos mais notáveis daquelas tropas no conflito, cuja vitória também garantiu para os rebeldes o controle de toda a região atualmente contemplada pelo Estado do Mato Grosso do Sul. Além disso, garantiram o acesso ao [[Oceano Atlântico]] pelo [[Rio Paraguai]], ao [[Rio Paraná]] e a fronteira brasileira com a Bolívia e o Paraguai para viabilizar a entrada de recursos bélicos em favor das tropas revolucionárias, uma vez que o [[Porto de Santos]] estava sob bloqueio da esquadra naval governista. Ainda em meados de setembro, parte daquela força mato-grossense viria dar reforço na frente sul e frente leste paulista de combate, com o Batalhão Visconde de Taunay junto com uma unidade de artilharia se deslocando para [[Capão Bonito]] para combater tropas gaúchas. O controle da região sul do então Estado do Mato Grosso viabilizou o acesso dos revolucionários ao estrangeiro, algo que até então estava restringido, inclusive por meio dele conseguiram realizar o translado dos novos aviões adquiridos dos EUA. A atuação das tropas de Maracaju foi mais tarde reconhecida como notável pelos comandantes paulistas.<ref name=":17" /><ref name=":19">MIRANDA, Alcibíades (coronel). A Rebelião de São Paulo. Curitiba: scp, 1934, 249p. v.2</ref><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref name=":25" />
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{{quote2|''Por toda parte faziamos pressão, e também a guerra pelo radio; assim, reinstallamos-nos em Porto Esperança; isolado Coimbra de Corumbá e da flotilha, fomos buscar esta no seu pretendido repouso e a inquietamos tanto que fizemos o panico e preparavamos a nossa entrada naquella cidade; ao mesmo tempo que Porto Murtinho, também isolado e sabedor do desamparo em que se achava, ia novamente ser hostilizado e occupado finalmente. Feito isso, Coimbra teria que se resignar a entregar-se sem hostilidades inúteis. Emfim, estavamos com a iniciativa e a preponderância moral; 'expremiamos' o adversário no Paraguay, emquanto Coxim repousava tranquilo e em Três Lagôas o major Noronha apenas aguardava uns dias mais para dar o bote seguro e fechar a bocca do sacco em que, entre o Sucuriú e o Paraná, se haviam intromettido os imprudentes adversários...''}}
Até a data de rendição, ocorrida em 2 de outubro, o território do estado de Maracaju permaneceu com livre-trânsito para os paulista, tendo inclusive boa parte dos líderes do levante fugido via Campo Grande do cerco governista na véspera do armistício. Porém, entre 3 e 4 de outubro, as tropas rebeldes situadas em Campo Grande, após tomarem conhecimento do armistício em São Paulo, se amotinaram e prenderam o seu comandante, o coronel Nicolau Horta Barbosa. No entanto, as demais regiões do estado continuaram nas mãos dos revoltosos por mais algumas semanas até negociarem a deposição de armas e sua rendição às tropas federais. O último reduto revolucionário foi na região de Bela Vista e [[Ponta Porã]], cujo destacamento constitucionalista comandando pelo coronel Jaguaribe de Mattos se rendeu somente no dia 25 de outubro perante as tropas federais comandadas pelo tenente-coronel Castelo Branco. Apesar da derrota militar dos rebeldes, em 1º de janeiro de 1979 a divisão regional ocorrida em 1932 foi consumada com a criação dos estados de [[Mato Grosso]] e [[Mato Grosso do Sul]], uma divisão desejada desde o término da [[Guerra do Paraguai]].<ref name=":1" /><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref name=":19" /><ref>{{citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=1932-10-30|titulo=Telegrammas: serviço especial d'O Matto Grosso|url=https://memoria.bn.br|jornal=O Matto Grosso|local=Bela Vista|pagina=página 1|acessodata=2019-02-24|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190417093119/http://memoria.bn.br/|arquivodata=2019-04-17|urlmorta=yes}}</ref>
 
;Rio Grande do Sul
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Durante a revolução, a aviação teve um importante papel no conflito, sendo usada pelos federalistas para eventuais bombardeios e ataques a posições rebeldes, como os dez bombardeios aéreos a [[Campinas]], que causaram muitos danos à infraestrutura da cidade. Os ataques foram comandados pelo major-aviador [[Eduardo Gomes]] de 15 a 29 de setembro de 1932. Contudo, o Grupo de Aviação do Exército Constitucionalista, comandado pelo então major-aviador [[Ivo Borges]] e sediado no [[Aeroporto Campo de Marte|Campo de Marte]], também fez muito proveito da aviação durante o conflito.<ref name=":76" />
 
Os aviões atuaram principalmente no bombardeio de posições em complemento com a artilharia. Também visavam trazer inquietação sobre as concentrações de tropas e dissuadir os soldados de suas posições.<ref name=":4">{{citar livro|titulo=A Revolução Constitucionalista|ultimo=Carvalho e Silva|primeiro=Herculano|editora=Civilização Brasileira|ano=1932|local=Rio de Janeiro|paginas= 54 a 57|acessodata=}}</ref><ref name=":5">{{Citar web|url=http://www.reservaer.com.br/biblioteca/e-books/reflexoes4/30-oempregodoaviao.html|titulo=O emprego do avião na Revolução Constitucionalista de 1932|acessodata=2016-11-08|obra=www.reservaer.com.br|wayb= 20161009103922|urlmorta= simyes|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170916091742/http://www.reservaer.com.br/biblioteca/e-books/reflexoes4/30-oempregodoaviao.html|arquivodata=2017-09-16}}</ref>
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Em meados de setembro de 1932, as condições econômicas do estado de São Paulo eram precárias, dado o cerco militar e o isolamento comercial. Além disso, as cidades do interior do estado estavam sendo paulatinamente invadidas pelas tropas de Getúlio Vargas e a [[capital paulista]] cada vez mais ameaçada pela ocupação militar. A asfixia comercial era em grande parte causada pelo bloqueio ao [[porto de Santos]], impedindo a remessa de suprimentos básicos à população do estado e também inviabilizando o reabastecimento de recursos militares às tropas constitucionalistas, o que tornava cada vez mais insustentável seu poder defensivo que até então era viabilizado pelas contribuições feitas por seus cidadãos e pela mobilização de voluntários na produção e distribuição de suprimentos. Soma-se ainda o fato de que praticamente toda indústria paulista ou estava paralisada devido ao conflito ou estava a se dedicar na produção de materiais e suprimentos para as tropas constitucionalistas.<ref name=":0">{{citar livro|titulo=A Revolução Constitucionalista|ultimo=Carvalho e Silva|primeiro=Herculano|editora=Civilização Brasileira|ano=1932|local=Rio de Janeiro|paginas=39 a 66 e 345 a 356.|acessodata=}}</ref>
 
Os comandantes do Exército Constitucionalista, durante os três meses de conflito, tinham a expectativa de um ponto de inflexão no curso da guerra, de modo a saírem do cerco militar para reassumirem a ofensiva e, enfim, cumprir o objetivo do movimento armado, que previa a deposição do governo provisório então presidido por Getúlio Vargas. Porém, com os sucessivos revezes no campo militar, político, diplomático, econômico e logístico, os comandantes das Forças Constitucionalistas se resignaram e pediram o armistício ao governo provisório para iniciar as tratativas para a rendição. Entre os fatores que sustentaram essa decisão estava a dificuldade dos paulistas em fabricarem recursos bélicos em tempo e suficientes; a frustração com a aquisição de recursos bélicos no estrangeiro após a atuação ostensiva da diplomacia do governo provisório, que conseguiu sustar as compras iniciadas; a frustração com o não reconhecimento internacional do estado de beligerância; o aliciamento político ou a prisão pelo governo federal de importantes aliados estaduais aos rebeldes; a debelação dos revoltosos no Rio Grande do Sul; o cerco e a iminente queda da praça militar de Campinas e Limeira, o que significaria praticamente a tomada da capital paulista pelos governistas e, com isso, a inviabilidade das demais frentes de combate; e, por fim, a asfixia comercial resultante do cerco militar que resultou na escassez generalizada de alimentos, combustíveis, peças de reposição, materiais bélicos, entre outros recursos fundamentais para os rebeldes sustentarem a guerra.<ref name=":0" /><ref name=":1" /><ref name=":50" >{{citar periódico|ultimo=Klinger|primeiro=Bertholdo|data=1934|titulo=Memorial de Klinger|url=https://memoria.bn.br|jornal=Revista Brasileira|pagina=332|acessodata=2018-04-19|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180319080555/http://memoria.bn.br/|arquivodata=2018-03-19|urlmorta=yes}}</ref>
 
Ciente da iminente derrota militar, o comandante supremo do Exército Constitucionalista, o general [[Bertoldo Klinger]], juntamente com o comandante geral da [[Polícia Militar do Estado de São Paulo|Força Pública de São Paulo]], o coronel [[Herculano de Carvalho e Silva]], obtiveram um armístico e se engajaram na negociação com o general [[Pedro Aurélio de Góis Monteiro|Pedro de Aurélio de Góis Monteiro]], representante do governo provisório, para o fim definitivo do conflito. Após alguns dias de negociação, no 2 de outubro de 1932, na cidade de [[Cruzeiro (São Paulo)|Cruzeiro]], foi enfim assinada a rendição e consequentemente dando por encerrado o conflito. Entre os termos do acordo, foi estabelecido que a Força Pública de São Paulo retornaria aos quartéis para reassumir suas funções na segurança pública do estado e o coronel [[Herculano de Carvalho e Silva]] assumiria interinamente o governo do [[São Paulo (estado)|estado de São Paulo]] até a chegada do interventor designado por [[Getúlio Vargas]]. Com a retirada geral das tropas da Força Pública paulista, as demais tropas constitucionalistas compostas por elementos do Exército e voluntários, vendo-se incapazes de sustentar os combates devido a esse grande desfalque em suas linhas defensivas, também abandonaram as trincheiras em direção a capital e definitivamente encerrando os combates.<ref name=":0" /><ref name=":1" />
Linha 442:
Anos mais tarde, durante o regime do [[Estado Novo (Brasil)|Estado Novo]], dois interventores federais em São Paulo saíram das hostes do [[Partido Republicano Paulista|PRP]]: [[Adhemar Pereira de Barros|Ademar de Barros]] (1938-1941) e [[Fernando de Sousa Costa]] (1941-1945), que havia sido secretário da agricultura do ex-governador de São Paulo, [[Júlio Prestes]]. Tornaram-se ambos grandes aliados de Getúlio Vargas em São Paulo.<ref>{{Citar web|url=http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/ademar-pereira-de-barros|titulo=Ademar Pereira de Barros - CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil|acessodata=2018-02-10|obra=CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil|ultimo=Brasil|primeiro=CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/fernando-de-sousa-costa|titulo=Fernando de Souza Costa - CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil|acessodata=2018-02-10|obra=CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil|ultimo=Brasil|primeiro=CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do|lingua=pt-br}}</ref>
 
Apesar da derrota militar, as lideranças paulistas consideraram terem obtido uma vitória moral e política.<ref name="expo1932">[http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_1932/legado.php O legado de 1932]</ref> Conforme expressou o general [[Bertoldo Klinger]], alguns anos após o conflito:<ref>{{citar periódico|ultimo=Klinger|primeiro=Bertholdo|data=1934|titulo=Memorial de Klinger|url=https://memoria.bn.br|jornal=Revista Brasileira|pagina=303-303|acessodata=2018-04-19|arquivourl=https://web.archive.org/web/20180319080555/http://memoria.bn.br/|arquivodata=2018-03-19|urlmorta=yes}}</ref>
 
{{quote2|''Ao entrarmos no sólo paulista, para assumir o commando supremo, declarei que desembainhava a minha espada em continencia á Lei (...) Fomos obrigados a uma rendição incondicional, para poupar a S. Paulo, a todo o Brasil, dias mais amargos ainda. Mas fizemos triumphar a nossa idéa: a volta do paiz ao regimen constitucional. Obrigamos o governo a realizal-a. E, conseguido o nosso objectivo, podemos mais uma vez dizer que a santa guerra em que São Paulo e Matto Grosso se bateram pelo Brasil livre contra o Brasil escravisado, o vencido venceu o vencedor.''|Bertoldo Klinger, 1934}}
Linha 500:
* [http://www.novomilenio.inf.br/festas/1932sp39.htm Demais hinos paulistas da época]
* [https://web.archive.org/web/20170224173035/http://www.sociedademmdc.com.br/ Sociedade Veteranos de 32 - MMDC]
* [http://m.estadao.com.br/noticias/impresso,mobile,742719.htm Jornal 32 em Movimento]{{Ligação inativa|1=data=maio de 2019 }}
 
{{Revoluções}}