Idade Média: diferenças entre revisões

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A '''Idade Média''' (adj. '''medieval''') é um [[Periodização da História|período]] da [[história da Europa]] entre os séculos V e XV. Inicia-se com a [[Queda do Império Romano do Ocidente]] e termina durante a transição para a [[Idade Moderna]]. A Idade Média é o período intermédio da divisão clássica da História ocidental em três períodos: a [[Idade Antiga|Antiguidade]], Idade Média e Idade Moderna, sendo frequentemente dividido em Alta e Baixa Idade Média.
 
Durante a [[Alta Idade Média]] verifica-se a continuidade dos processos de despovoamento, regressão urbana, e [[Migrações dos povos bárbaros|invasões bárbaras]] iniciadas durante a [[Antiguidade Tardia]]. Os ocupantes [[bárbaros]] formam novos reinos, apoiando-se na estrutura do [[Império Romano do Ocidente]]. No {{séc|VII}}, o [[Norte de África]] e o [[Médio Oriente]], que tinham sido parte do [[Império Romano do Oriente]] tornam-se territórios [[Islão|islâmicos]] depois da sua conquista pelos sucessores de [[Maomé]]. O [[Império Bizantino]] sobrevive e torna-se uma grande potência. No Ocidente, embora tenha havido alterações significativas nas estruturas políticas e sociais, a ruturaruptura com a Antiguidade não foi completa e a maior parte dos novos reinos incorporaram o maior número possível de instituições romanas pré-existentes. O [[cristianismo]] disseminou-se pela [[Europa ocidental]] e assistiu-se a um surto de edificação de novos espaços monásticos. Durante os séculos VII e VIII, os [[Francos]], governados pela [[dinastia carolíngia]], estabeleceram um [[Império Carolíngio|império]] que dominou grande parte da Europa ocidental até ao {{séc|IX}}, quando se desmoronaria perante as investidas de [[Víquingues]] do norte, [[Magiares]] de leste e [[Sarracenos]] do sul.
 
Enquanto a Europa Ocidental via a fragmentação política, outras regiões do globo terrestre viam prosperidade. Na Ásia, a [[China]] continuou seu ciclo dinástico histórico e tornou-se mais complexa, melhorando sua burocracia. O [[Japão]] e a [[Coréia]] foram submetidos ao processo de sinicização voluntária ou à impressão de idéias culturais e políticas chinesas. <ref>{{Cite website|url=https://www.ancient.eu/japan/|title=Ancient Japan|work=Ancient History Encyclopedia|access-date=2018-07-31}}</ref><ref>{{Cite website|url=https://www.ancient.eu/article/1085/ancient-japanese--chinese-relations/|title=Ancient Japanese & Chinese Relations|work=Ancient History Encyclopedia|access-date=2018-07-31}}</ref><ref>{{Cite website|url=https://www.ancient.eu/article/984/ancient-korean--chinese-relations/|title=Ancient Korean & Chinese Relations|work=Ancient History Encyclopedia|access-date=2018-07-31}}</ref>. A Coréia e o Japão se sinificaram porque a classe dominante ficou impressionada com a burocracia chinesa. As principais influências que a China teve nesses países foram a disseminação do [[confucionismo]], a disseminação do [[budismo]] e o estabelecimento de uma governança centralizada.<ref>{{Citation|last=|first=|title=HarperCollins atlas of world history|date=2003|volume=|page=181|others=Barraclough, Geoffrey, 1908-1984., Stone, Norman., HarperCollins (Firm)|publisher=Borders Press in association with HarperCollins|isbn=978-0-681-50288-8|oclc=56350180}}</ref> Nos tempos das dinastias [[dinastia Sui|Sui]], [[dinastia Tang|Tang]] e [[dinastia Song|Song]] (581-1279), a China continuou a ser a maior economia do mundo e a sociedade tecnologicamente mais avançada<ref>[https://books.google.com/books?id=8kfAAgAAQBAJ&pg=PA264#v=onepage&q&f=false Bulliet & Crossley & Headrick & Hirsch & Johnson 2014], p. 264.</ref><ref>{{Cite journal|last=Lockard|first=Craig|date=1999|title=Tang Civilization and the Chinese Centuries|url=http://www.columbia.edu/itc/ealac/moerman/fall2000/edit/pdfs/wk5/tangci.pdf|journal=Encarta Historical Essays|volume=|pages=|via=}}</ref> .
Durante a [[Baixa Idade Média]], que teve início depois do ano 1000, verifica-se na Europa um crescimento demográfico muito acentuado e um renascimento do comércio, à medida que inovações técnicas e agrícolas permitem uma maior produtividade de solos e colheitas. É durante este período que se iniciam e consolidam as duas estruturas sociais que dominam a Europa até ao [[Renascimento]]: o [[senhorialismo]] – a organização de camponeses em aldeias que pagam renda e prestam vassalagem a um nobre – e o [[feudalismo]] — uma estrutura política em que [[Cavalaria medieval|cavaleiros]] e outros nobres de estatuto inferior prestam serviço militar aos seus senhores, recebendo como compensação uma propriedade senhorial e o direito a cobrar impostos em determinado território. As [[Cruzadas]], anunciadas pela primeira vez em 1095, representam a tentativa da cristandade em recuperar dos [[muçulmano]]s o domínio sobre a [[Terra Santa]], tendo chegado a estabelecer alguns estados cristãos no Médio Oriente. A vida cultural foi dominada pela [[escolástica]], uma [[filosofia]] que procurou unir a fé à [[razão]], e pela fundação das primeiras [[universidade]]s. A obra de [[Tomás de Aquino]], a [[pintura]] de [[Giotto di Bondone|Giotto]], a [[poesia]] de [[Dante Alighieri|Dante]] e [[Geoffrey Chaucer|Chaucer]], as viagens de [[Marco Polo]] e a edificação das imponentes [[Arquitetura gótica|catedrais góticas]] estão entre as mais destacadas façanhas deste período.
 
A criação dos Impérios Islâmicos estabeleceu um novo poder no Oriente Médio, Norte da África e Ásia Central, com o Oriente Médio vivendo a [[Idade de Ouro Islâmica]], graças ao comércio entre os continentes asiático, africano e europeu, e os [[Ciência islâmica|avanços da ciência no mundo islâmico medieval]], com realizações inspiradoras na [[arquitetura]], o renascimento de velhos avanços na ciência e tecnologia e a formação de um modo distinto de vida. Os muçulmanos salvaram e espalharam avanços gregos em [[medicina]], [[álgebra]], [[geometria]], [[astronomia]], [[anatomia]] e [[ética]], que mais tarde seriam encontrados na [[Europa Ocidental]].
 
No sul da [[Índia]], o [[Império Chola]] ganhou proeminência com um império ultramarino que controlava partes do atual [[Sri Lanka]], [[Malásia]] e [[Indonésia]], supervisionando territórios e ajudando a disseminar o [[hinduísmo]] na cultura histórica desses lugares.<ref>''History of Asia'' by B.V. Rao p.211</ref> Neste período de tempo, áreas vizinhas como o [[Afeganistão]], o [[Tibete]], o [[Sudeste Asiático]] estavam sob influência da Índia. A partir de 1206, uma série de invasões islâmicas turcas baseadas no Afeganistão e no Irã modernos conquistaram porções massivas do norte da Índia, fundando o [[Sultanato de Delhi]], que durou até o século XVI.
 
Na [[Indonésia]], o [[Império Serivijaia]], do século VII ao XIV foi uma [[talassocracia]] que se concentrou nos estados e comércio marítimos das cidades. Enriqueceu-se com o comércio que ia do [[Japão]] à [[Arábia]]. Ouro, Marfim e Cerâmica eram todas as principais commodities que viajavam por cidades portuárias. A cultura indiana se espalhou para as Filipinas, provavelmente através do comércio indonésio, resultando no primeiro uso documentado da escrita no arquipélago e nos reinos indianizados. <ref>The Earth and Its Peoples: A Global History by Richard Bulliet, Pamela Crossley, Daniel Headrick, Steven Hirsch, Lyman Johnson p.186</ref>
 
Na África surgiu o [[Império do Gana]], o [[Império Songai]] e o [[Império do Mali]] no Ocidente. A África subsaariana fazia parte de duas grandes redes comerciais separadas, o comércio transaariano que unia o comércio entre o oeste e o norte da África. Devido aos enormes lucros do comércio, surgiram impérios islâmicos africanos nativos, incluindo os de Gana, Mali e Songhay. <ref>{{Cite book|title=Chronicle of world history.|last=|first=|date=2008|publisher=Konecky & Konecky|isbn=978-1-56852-680-5|location=Old Saybrook, CT|page=225|oclc=298782520}}</ref> No século 14, [[Mansa Musa]], rei do Mali, pode ter sido a pessoa mais rica do seu tempo. <ref>{{Cite journal|last=Tschanz|first=David|title=Lion of Mali: The Hajj of Mansa Musa|url=https://www.academia.edu/1593503|language=en}}</ref> Dentro do Mali, a cidade de [[Timbuktu]] era um centro internacional de ciência e bem conhecido em todo o mundo islâmico, particularmente da Universidade de Sankore. A África Oriental fazia parte da rede de comércio do Oceano Índico, que incluía cidades islâmicas governadas por árabes na costa leste africana, como Mombaça e cidades tradicionais como o [[Grande Zimbábue]], que exportavam ouro, cobre e marfim para mercados do Oriente Médio, Sul da Ásia, e o sudeste da Ásia.
 
Na isolada América, a [[Mesoamérica]] viu a construção do [[Império Asteca]], enquanto a região andina da América do Sul viu o estabelecimento do [[Império Inca]].
 
DuranteRetornando ao continente europeu, durante a [[Baixa Idade Média]], que teve início depois do ano 1000, verifica-se na Europa um crescimento demográfico muito acentuado e um renascimento do comércio, à medida que inovações técnicas e agrícolas permitem uma maior produtividade de solos e colheitas. É durante este período que se iniciam e consolidam as duas estruturas sociais que dominam a Europa até ao [[Renascimento]]: o [[senhorialismo]] – a organização de camponeses em aldeias que pagam renda e prestam vassalagem a um nobre – e o [[feudalismo]] — uma estrutura política em que [[Cavalaria medieval|cavaleiros]] e outros nobres de estatuto inferior prestam serviço militar aos seus senhores, recebendo como compensação uma propriedade senhorial e o direito a cobrar impostos em determinado território. As [[Cruzadas]], anunciadas pela primeira vez em 1095, representam a tentativa da cristandade em recuperar dos [[muçulmano]]s o domínio sobre a [[Terra Santa]], tendo chegado a estabelecer alguns estados cristãos no Médio Oriente. A vida cultural foi dominada pela [[escolástica]], uma [[filosofia]] que procurou unir a fé à [[razão]], e pela fundação das primeiras [[universidade]]s. A obra de [[Tomás de Aquino]], a [[pintura]] de [[Giotto di Bondone|Giotto]], a [[poesia]] de [[Dante Alighieri|Dante]] e [[Geoffrey Chaucer|Chaucer]], as viagens de [[Marco Polo]] e a edificação das imponentes [[Arquitetura gótica|catedrais góticas]] estão entre as mais destacadas façanhas deste período.
 
Os dois últimos séculos da Baixa Idade Média ficaram marcados por várias guerras, adversidades e catástrofes. A população foi dizimada por sucessivas [[carestia]]s e pestes; só a [[peste negra]] foi responsável pela morte de um terço da população europeia entre 1347 e 1350. O [[Grande Cisma do Ocidente]] no seio da Igreja teve consequências profundas na sociedade e foi um dos fatores que estiveram na origem de inúmeras guerras entre estados. Assistiu-se também a diversas guerras civis e revoltas populares dentro dos próprios reinos. O progresso cultural e tecnológico transformou por completo a sociedade europeia, concluindo a Idade Média e dando início à [[Idade Moderna]].