Revolução Constitucionalista de 1932: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
→‎Frentes de combate: imagens adicionadas e organização por subseção
Linha 213:
 
=== Frentes de combate ===
 
;Setor norte
{{Imagem múltipla
| align = right
| direction = vertical
| width = 220
| image1 = Soldados Paulistas no Túnel da Mantiqueira 1932.jpg
| caption1 = Soldados paulistas no [[Túnel da Mantiqueira]], em [[Cruzeiro (São Paulo)|Cruzeiro]].
| image2 = Combatentes Paulistas no Morro Frio, em- Areias SP, 1932.jpg
 
| caption2 = Trincheira paulista no Morro Frio em [[Areias (São Paulo)|Areias]]
| width = 220
| image3 = Soldados paulista em trincheira em Silveiras, 1932.jpg
 
| image2 caption3 = Soldados paulistapaulistas em trincheira[[Silveiras em(São Paulo)|Silveiras, 1932.jpg]]
| image4 = Schneider-Canet 150mm na Revolução de 1932.jpg
| caption2 = [[Soldado]]s [[São Paulo (estado)|paulistas]] em [[trincheira]] em [[Silveiras (São Paulo)|Silveiras]]
| caption4 = Canhão Schneider-Canet 150mm utilizado pelos paulistas nos combates.
 
| image3image5 = BatalhãoVoluntários Redentorpaulistas Filhosna Estação de IguapeAparecida em 4 de agosto combatentes da Revolução Constitucional de 1932.jpg
| caption5 = Voluntários na Estação de [[Aparecida (São Paulo)|Aparecida]] à espera do embarque para o 'front'.
| caption3 = Batalhão Redentor Filhos de [[Iguape]], defronte ao jardim do [[praça|largo]] da [[Igreja Matriz]]
 
| image4 = Soldados paulistas.jpg
| caption4 = Soldados paulistas fotografados por [[Claro Jansson]] em [[Itararé]]
 
| image5 = Batalhão_14_de_Julho_e_Clineu_Braga_de_Magalhães.jpg
| caption5 = Batalhão 14 de Julho em [[Itapetininga]], cujos integrantes eram acadêmicos e graduados da [[Universidade de São Paulo]]
 
| image6 = Batalhão 7 de Setembro na Revolução de 1932.jpg
| caption6 = Batalhão 7 de Setembro. Destaque para o ilustre combatente [[Ranieri Mazzilli]], o sexto na primeira fileira, (da esquerda p/ direita).
}}
 
| image7 = Underwater mines 1932.jpg
| caption7 = Paulistas instalando minas submarinas na baia do [[Porto de Santos]] em 1932.
}}
;Setor norte
 
O [[Vale do Paraíba]], denominado pelas tropas paulistas como "setor norte" era o principal acesso para o [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] e visto pelos paulistas como principal teatro militar do conflito. O plano dessas tropas previa a tomada da cidade [[Rio de Janeiro (estado)|fluminense]] de [[Resende (Rio de Janeiro)|Resende]], concomitantemente aguardando a adesão de tropas [[Minas Gerais|mineiras]] do Exército e da Força Pública Mineira (atual [[Polícia Militar do Estado de Minas Gerais]]) e, por fim, uma rápida marcha em direção à cidade do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], até então capital do país, para a deposição de [[Getúlio Vargas]]. Logo, as tropas paulistas demoraram em rumar em direção ao Rio de Janeiro na expectativa da adesão dos mineiros e de outros estados. Porém, as tropas mineiras aderiram às forças federais e logo partiram para a ofensiva contra as tropas paulistas, que foram obrigados a defender seu próprio território das tropas federais, improvisando uma linha defensiva de trincheiras nas fronteiras dos estados de [[Minas Gerais]] e [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]].<ref name=":1" /><ref>{{citar livro|titulo=Capacetes de Aço: a guerra no setor norte|ultimo=Baccarat|primeiro=Samuel|editora=Revista dos Tribunais|ano=1932|local=São Paulo|paginas=5 a 39|acessodata=}}</ref>
 
Linha 254 ⟶ 245:
 
;Setor leste
{{Imagem múltipla
 
| align = right
| direction = vertical
| width = 220
| image1 = Voluntários na Estação de Barão Ataiba Nogueira, Itapira, em 1932.jpg
| caption1 = Voluntários paulistas na Estação Barão Ataliba Nogueira, distrito de [[Itapira]], em julho de 1932.
| image2 = Combatentes de Franca em Igarapava em 1932.jpg
| caption2 = Voluntários de [[Franca]] guardando a ponte ferroviária entre as cidades de [[Igarapava]] e [[Delta (Minas Gerais)|Delta]], em agosto de 1932.
| image3 = Combatentes paulistas em Amparo em 1932.jpg
| caption3 = Trincheira paulista nos arredores de [[Amparo (São Paulo)|Amparo]].
}}
Essa frente de combate compreendia a região na divisa com Minas Gerais, a nordeste, norte e noroeste de São Paulo. Era defendido por tropas mistas destacadas, compostas por voluntários e integrantes da Força Pública de São Paulo e do Exército. A organização do setor foi considerada como uma das mais instáveis naquela campanha militar, com sucessivas mudanças no comando e na organização das tropas. Nas primeiras semanas, os comandantes dos destacamentos respondiam ao Estado Maior da Força Pública, então chefiado pelo coronel [[Francisco Júlio César de Alfieri]]. Posteriormente, foi oficializado comandante do setor o tenente-coronel da Força Pública João Dias de Campos, que em 1º de setembro se afastou da função a pedido após a queda do subsetor de [[Itapira]], tendo sido substituído pelo coronel de engenharia do Exército Oscar Saturnino de Paiva. Quinze dias depois, este entregou o cargo para os coronéis da Força Pública Eduardo Lejeune e [[Herculano de Carvalho e Silva]], que assumiram o comando do setor e dos destacamentos, respectivamente, até a data da rendição. Na ocasião, o coronel Herculano acumulava também o comando geral da Força Pública.<ref name=":17" />
 
Linha 274 ⟶ 275:
 
;Setor sul
{{Imagem múltipla
 
| align = right
| direction = vertical
| width = 220
| image4image1 = Soldados paulistas.jpg
| caption4caption1 = SoldadosCombatentes paulistas em [[Itararé]] fotografados por [[Claro Jansson]], em [[Itararé]]julho de 1932.
| image5image2 = Batalhão_14_de_Julho_e_Clineu_Braga_de_Magalhães.jpg
| caption5caption2 = Batalhão 14 de Julho em [[Itapetininga]], cujos integrantes eramforam acadêmicos e graduados da [[Universidade de São Paulo]] e da [[Universidade Presbiteriana Mackenzie|Universidade Mackenzie]].
| image3 = Combatentes de Presidente Prudente durante a Revolução de 1932.jpg
| caption3 = Voluntários de [[Presidente Prudente]] que atuaram na região de [[Ourinhos]].
| image4 = Combatentes paulistas em Lygiana, Campina do Monte Alegre, na Revolução de 1932.jpg
| caption4 = Trincheira paulista em Ligiana, próximo ao Rio Paranapanema, no município de [[Campina do Monte Alegre]].
}}
O setor sul de combate, que compreendia a região fronteiriça com o estado do [[Paraná]], no início campanha militar era defendido por tropas mistas, as quais respondiam ao Estado Maior da Força Pública, a exemplo do comando exercido no setor leste. A frente de combate de [[Itararé]], nos primeiros dias do conflito, era comandada pelo tenente-coronel da Força Pública de São Paulo Pedro de Morais Pinto. Mais ao sul da fronteira, na localidade de [[Ribeira (São Paulo)|Ribeira]], a posição era defendida por um pequeno contingente comandado pelo tenente-coronel da Força Pública [[Azarias Silva]]. No entanto, a região de Itararé era considerada o principal teatro das operações para ambos os adversário, porém, nos primeiros dias da campanha foi a posição menos guarnecida pelas tropas paulistas, dado a crença do apoio que viria do Rio Grande do Sul, uma expectativa frustrada logo na primeira semana da guerra.<ref name=":40">{{citar livro|título=Palmo a a Palmo: a Luta no Sector Sul|ultimo=Bastos|primeiro=Joaquim Justino A.|ano=1933|editora=Sociedade Impressora Paulista|local=São Paulo|páginas=412}}</ref>
 
Linha 288 ⟶ 301:
 
;Setor litoral
{{Imagem múltipla
 
| align = right
| direction = vertical
| width = 220
| image1 = Batalhão Redentor Filhos de Iguape em 4 de agosto combatentes da Revolução Constitucional de 1932.jpg
| caption3caption1 = Batalhão Redentor Filhos de [[Iguape]], defronte ao jardim do [[praça|largo]] da [[Igreja Matriz]], em 4 de agosto de 1932.
| image7image2 = Underwater mines 1932.jpg
| caption7caption2 = Paulistas instalando minas submarinas na baia do [[Porto de Santos]] em 1932.
}}
No início do conflito, o Exército Constitucionalista compôs um perímetro de defesa do [[Porto de Santos]] por meio de Minas Submarinas e de guarnições de artilharia e infantaria situadas no [[Forte de Itaipu]] e em outros pontos estratégicos na região de [[Santos]], de modo a impossibilitar a aproximação da esquadra da Marinha Brasileira ou um assalto de seus fuzileiros navais, na época comandada pelo Ministro da Marinha [[Protógenes Guimarães]]. Porém, essa esquadra cercou o litoral paulista impossibilitando o envio de recursos e suprimentos às tropas paulistas bem como a população, o que comprometeu seriamente a capacidade bélica bem como o comércio paulista. As minas submarinas foram projetadas e produzidas por engenheiros e técnicos ligados a Escola Politécnica de São Paulo.<ref name=":17" /><ref>{{Citar web|url=http://ultimatrincheira.com.br/Poli_Rev_32_Parte_I.htm|titulo=Última Trincheira - A Escola Politécnica na Revolução de 1932 – Parte 1|acessodata=2017-08-23|obra=ultimatrincheira.com.br}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=089842_04&pagfis=13478&url=http://memoria.bn.br/docreader#|titulo=:::[ DocPro ]:::|acessodata=2017-08-23|obra=memoria.bn.br}}</ref><ref>{{citar livro|título=A Revolução de 32|ultimo=Donato|primeiro=Hernani|editora=Circulo do Livro|ano=1982|local=Rio de Janeiro|páginas=224|acessodata=}}</ref>
 
Linha 298 ⟶ 319:
 
Em julho de 1932, o general Bertoldo Klinger comandava a Circunscrição Militar de Mato Grosso e, durante as preparações para o levante, prometia levar 5 mil soldados e copiosa munição daquele estado para engrossar as fileiras da tropas paulistas. Contudo, com a súbita exoneração do general ocorrida em 8 de julho, por conta de uma carta em termos ofensivos enviada no dia 1º daquele mês ao Ministro da Guerra [[Augusto Inácio do Espírito Santo Cardoso|Augusto Espírito Santo Cardoso]], ficou comprometida as conspirações em curso no Mato Grosso, bem como a adesão total ao levante das unidades do Exército sediadas naquele estado, em especial, aquelas unidades situadas em [[Cuiabá]] e na região de [[Corumbá]], que ficaram alheias a situação e acabaram por permanecerem leais ao governo federal ou tiveram seus oficiais comandantes presos na ocasião da deflagração do conflito. Em substituição ao general Klinger, o coronel de engenharia Oscar Saturnino de Paiva foi nomeado interinamente ao comando daquela Circunscrição Militar. Contudo, Saturnino de Paiva veio a também aderir ao levante deflagrado em São Paulo no dia seguinte, o que em muito facilitou a aliança entre os paulistas e aquelas unidades do Exército e da Força Pública Mato-grossense. O coronel também participou da cerimônia de criação do novo estado e da posse do seu governador aclamado, Vespasiano Martins, ocorrida na tarde de 11 de julho de 1932.<ref name=":17" /><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref>{{citar web|url=http://www.seer.ufms.br/index.php/AlbRHis/article/viewFile/4056/3239|título=A posse do dr Vespasiano Martins na Interventoria do Estado|publicado=UFMS|data=2013}}</ref><ref name=":25">{{citar periódico|ultimo=Klinger|primeiro=Bertholdo|data=1934|titulo=Memorial de Klinger|url=https://memoria.bn.br|jornal=Revista Brasileira|pagina=238-242|acessodata=2018-01-31|wayb= 20180216185443|urlmorta= sim}}</ref>
[[Image:Combatentes sul-mato-grossenses durante a Revolução Constitucionalista de 1932.jpg|thumb|220px|Combatentes sul-mato-grossenses durante a Revolução Constitucionalista de 1932]]
 
O setor respectivo ao estado de Maracaju então comandado pelo coronel Oscar Saturnino de Paiva foi entregue ainda no mês de julho para o coronel Francisco Jaguaribe de Mattos, que a princípio de setembro veio a ser substituído pelo coronel Nicolau Bueno Horta Barbosa.<ref>{{citar notícia|url=http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=763900&pesq=Nicolau%20Horta%20Barbosa|título=O commando da Circumscripção Militar de Matto Grosso|data=1932-09-05|edição=07988|publicado=A Gazeta|acessodata=2018-06-01|página=1|idioma=pt}}</ref> O coronel Saturnino de Paiva veio a assumir no mês seguinte o comando do destacamento paulista respectivo ao denominado setor leste de combate, situado na região de Campinas.<ref name=":17" />Desde os primeiros combates o destacamento constitucionalista de Maracaju assumiu a ofensiva para garantir posições estratégicas para o controle da região. À leste, aquela tropa desbaratou uma coluna de soldados federais em [[Paranaíba|Santana do Paranaíba]], e também outra vinda de [[Goiás]], com vários elementos tendo sido presos. Também repeliram forças federais em [[Três Lagoas]] e [[Porto XV de Novembro]]. Ao norte, em [[Coxim]], também debelaram uma coluna vinda de Cuiabá, composta por duas Cia reduzidas do 16º B.C. e do 1º B.C. da Força Pública, que visavam a tomada de Campo Grande. Mais ao sul, em [[Bela Vista]], os rebeldes tomaram a cidade após súbita resistência do interventor municipal Mário Garcia e do comandante do 10º R.C.I. que inicialmente haviam declarado apoio a Revolução. A oeste, os combates foram mais intensos, tendo as tropas revolucionárias tomado a cidade de [[Corumbá]], a [[Base Fluvial de Ladário]], [[Porto Esperança]], o [[Forte Coimbra]] e, por fim, [[Porto Murtinho]], em 12 de setembro de 1932, onde lá desbarataram a flotilha liderada pelo monitor fluvial ''Pernambuco'' e o destacamento governista comandado pelo coronel do Exército Leopoldo Nery da Fonseca Junior. As batalhas pela tomada de Porto Murtinho e Porto Esperança foram os feitos mais notáveis daquelas tropas no conflito, cuja vitória também garantiu para os rebeldes o controle de toda a região atualmente contemplada pelo Estado do Mato Grosso do Sul. Além disso, garantiram o acesso ao [[Oceano Atlântico]] pelo [[Rio Paraguai]], ao [[Rio Paraná]] e a fronteira brasileira com a Bolívia e o Paraguai para viabilizar a entrada de recursos bélicos em favor das tropas revolucionárias, uma vez que o [[Porto de Santos]] estava sob bloqueio da esquadra naval governista. Ainda em meados de setembro, parte daquela força mato-grossense viria dar reforço na frente sul e frente leste paulista de combate, com o Batalhão Visconde de Taunay junto com uma unidade de artilharia se deslocando para [[Capão Bonito]] para combater tropas gaúchas. O controle da região sul do então Estado do Mato Grosso viabilizou o acesso dos revolucionários ao estrangeiro, algo que até então estava restringido, inclusive por meio dele conseguiram realizar o translado dos novos aviões adquiridos dos EUA. A atuação das tropas de Maracaju foi mais tarde reconhecida como notável pelos comandantes paulistas.<ref name=":17" /><ref name=":19">MIRANDA, Alcibíades (coronel). A Rebelião de São Paulo. Curitiba: scp, 1934, 249p. v.2</ref><ref name=":23" /><ref name=":24" /><ref name=":25" />