Plotino: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
incluindo seção sobre Enéadas; melhorando a seção Hipóstases; outros ajustes.
Linha 17:
|influências=[[Vladimir Soloviov]], [[Agostinho]], [[Porfírio]], [[Jâmblico]], [[Juliano, o Apóstata]], [[Hipátia]], [[Hiérocles de Alexandria]], [[Proclo]], [[Damáscio]], [[Simplício da Cilícia|Simplício]], [[Boethius]], [[Pseudo-Dionísio]], [[João Escoto Eriugena]], [[Alcindi]], [[Avicenna]], [[Boaventura]], [[Gemisto Pletão]], [[Arthur Schopenhauer]], [[Henri Bergson]], [[Arthur Drews]], [[Cristianismo]], [[Gnosticismo]], [[Renascimento]]
}}
'''Plotino''' ({{langx|grc|Πλωτῖνος}}; {{langx|la|'''''Plotinus'''''}}; {{circa|204/[[205]]}} - [[270]]) foi um dos principais filósofos de língua grega do mundo antigo. Seu professor [[Amônio Sacas]] era da tradição [[Platonismo|Platônicaplatônica]].<ref name="Stanford1">Stanford Encyclopedia of Philosophy [http://plato.stanford.edu/entries/plotinus/ ''Plotinus''].</ref> Os historiadores do {{séc|XIX}} cunharam o termo [[neoplatonismo]] que foi aplicado a ele e à sua filosofia, muito influente durante toda a [[Antiguidade Tardia|antiguidade tardia]]. Muitas das informações biográficas sobre Plotino vêm de seu discípulo [[Porfírio]], que escreveu o prefácio da sua edição das [[Enéadas|''Enéadas'']].
 
Os escritos de Plotino inspiraram [[Metafísica|metafísicos]] e [[Misticismo|místicos]] [[Paganismo|pagãos]], [[Filosofia islâmica clássica|islâmicos]], [[Filosofia judaica|judaicos]], [[Filosofia cristã|cristãos]] e [[Gnosticismo|gnósticos]].
 
Em sua filosofia, exposta nas Enéadas, existem três princípios: o ''[[Uno (Plotino|Uno]]'', o [[Nous|o ''Intelecto'',]] e a [[wiktionary:psyche#EnglishAnima mundi|''Alma'' do Mundo]].<ref>{{citar web|título=Who was Plotinus?|url=http://www.abc.net.au/rn/philosopherszone/stories/2011/3237626.htm}}</ref> A originalidade do pensamento de Plotino está em sua releitura de [[Platão]] e [[Aristóteles]] sobre a natureza do [[Intelecto]] e sobre o "além do Intelecto", ou seja, o Uno. Segundo Plotino, o homem, parte do mundo sensível, deve partir, através da introspecção, da Alma do Mundo para o Intelecto, depois do Intelecto para o Uno, alcançado assim uma união mística com o Deus por excelência.
 
== Biografia ==
Linha 46:
== Principais idéias ==
 
=== O Uno ===
Plotino ensinou que existe um ser supremo, totalmente transcendente o "Uno"; além de todas as categorias do [[ser]] e não-ser. Seu Uno "não pode ser qualquer coisa existente", nem é simplesmente a soma de todas as coisas [comparado a doutrina dos [[Estoicismo|estoicos]] da descrença na não-existência material], mas "é antes de tudo existente". Plotino identificou o Uno com o conceito de 'Bom' e o princípio da "Beleza". [I. 6.9]
 
Linha 56:
[[Ficheiro:Plotinus and disciples.jpg|miniaturadaimagem|Plotino com seus discípulos]]
 
=== EmanaçãoAs emanações do Uno ===
Plotino parece oferecer uma alternativa para a ideia da ortodoxia [[Cristianismo|cristã]], a idéia de uma criação ''ex nihilo'' (do nada), apesar de Plotino nunca mencionar o cristianismo em qualquer de suas obras. A metafísica da Emanação, no entanto, assim como a metafísica da Criação, confirma a absoluta transcendência do Uno ou do Divino, como a fonte de Ser de todas as coisas que ainda permanecem transcendentes dele em sua própria natureza; O Uno não é de modo algum afetado ou diminuído por essas emanações, assim como o Deus cristão de nenhuma maneira é afetado por "nada" exterior. Plotino, usando uma analogia venerável que se tornaria crucial para a metafísica (em grande parte neoplatônica), compara o Uno ao Sol, que emana a luz indiscriminadamente, sem diminuir a si mesmo, ou a reflexão de um espelho que de modo algum diminui ou altera a maneira do objeto sendo refletido.
 
A primeira emanação é o ''[[Nous]]'' (Mente Divina, ''[[Logos]]'', Ordem, [[PensamentoIntelecto]], [[Razão]]), identificado metaforicamente com o [[Demiurgo]] de Platão no ''[[Timeu (diálogo)|Timeo]]''. Ele é a primeira [[Vontade]] na direção do [[Bem (filosofia)|Bem]].

A partir do Nous procede oa [[Anima mundi|Alma do Mundo]] (''anima mundi''), que Plotino subdivide em superior e inferior, identificando o aspecto inferior da Alma com a [[Natureza]]. A partir do Mundo a Alma procede para as [[Alma|almas humanas]] individuais, e, por último, a [[Matéria]], no nível mais baixo do [[Ser]] e, portanto, o nível menos [[Perfeição|aperfeiçoado]] do [[Cosmos|Cosmo]]. Apesar dessa avaliação do mundo material, Plotino afirmou, em síntese, a natureza divina da criação material, pois, em última análise, ela deriva do Uno, através do Nous e da Alma do Mundo. É pelo Bem ou por meio de Beleza que devemos reconhecer o Uno, inicialmente na Matéria e depois nas Formas.<ref>I.6.6 and I.6.9</ref>
 
A natureza essencialmente [[Devoção|devocional]] da filosofia de Plotino pode ser evidenciada por seu conceito de união [[Êxtase|extásica]] com o Uno (''[[henosis]]''). Porfírio aforma que Plotino alcançou tal união por quatro vezes, durante os anos que o conheceu. Isso pode estar relacionado à [[Iluminação (espiritual)|iluminação]], libertação, e outros conceitos de [[Misticismo|união mística]].
Linha 70 ⟶ 72:
| largura = 30%
}}
ParaSegundo Plotino, a autêntica [[felicidade humana]] consiste da identificação com o que é melhor no universo. Como para ele a [[felicidade]] está além de qualquer coisa física, Plotino salienta que a Fortuna ([[Sorte]]) não controla a verdadeira felicidade, e, portanto, " ... não existe nenhum ser humano que não tenha potencialmente ou efetivamente a capacidade que temos para atingir a felicidade" (Eneadas I. 4.4). O conceito de felicidade em Plotino constitui uma de suas maiores contribuições ao pensamento ocidental, Ele foi um dos primeiros pensadores a introduzir a idéia de que a [[eudaimonia]] (felicidade) é atingível apenas através da consciência.
 
A natureza do verdadeiro ser humano, para Plotino, é uma capacidade contemplativa e incorporal da Alma do Mundo, superior a todas as coisas corpóreas. Segue-se daí que a verdadeira felicidade humana não é dependente do mundo físico, mas sim da capacidade autêntica e metafísica do ser humano, através da Razão. "Pois o homem, e especialmente o proficiente, não é o complemento da alma e do corpo: a prova é que o homem pode ser desvinculado do corpo e desprezar seus bens" (Eneadas I. 4.14). O ser humano que alcançou a felicidade não por ser perturbado pela doença, o desconforto, etc., pois seu foco recairá sobre as coisas superiores. A autêntica felicidade humana é atingida pela utilização de sua mais autêntica capacidade de contemplação. Mesmo na ação física diária, o ato de florescimento humano "... é determinado pelos estágios superiores da alma" (Eneadas III.4.6). Mesmo em seus mais dramáticos argumentos, Plotino considera (quando o proficiente está sujeito a extremos de tortura física, por exemplo) que isso só fortalece sua alegação de que a verdadeira felicidade é metafísica, já que o homem verdadeiramente feliz entenderá que o que está sendo torturado é apenas um mero corpo, e não o eu consciente, e a felicidade pode persistir.
 
Plotino oferece uma descrição detalhada de uma pessoa que atingiu [[eudaimonia]]. "A vida perfeita" envolve um homem que domina a razão e a contemplação (Eneadas I. 4.4). Uma homem feliz não oscila entre a felicidade e a tristeza, como muitos dos contemporâneos de Plotino acreditavam. Os [[estoicos]], por exemplo, pressupondo que a felicidade é a contemplação, questionavam a capacidade de alguém ser feliz se for mentalmente incapaz ou mesmo se estiver dormindo. Plotino descarta esta afirmação argumentando que a alma e o verdadeiro ser humano não dormem e nem mesmo existem no tempo, e que um homem que tenha alcançado a eudaimonia não deixará de usar sua maior e mais autêntica capacidade apenas porque seu corpo experimenta desconforto no reino físico. "...O vontade do proficiente é definida sempre e somente por dentro" (Eneadas I. 4.11).
Linha 78 ⟶ 80:
==Hipóstases==
[[Ficheiro:Porphyry and Plotinus.jpg|miniaturadaimagem|Pórfiro e Plotino, imagem medieval.]]
[[Hipóstase]] (em grego antigo: ὑπόστᾰσις - hypostasis, "substância"[1]) é um termo grego que pode se referir à natureza de algo, ou a uma instância em particular daquela natureza. Plotino dividia o universo em três Hipóstases: o ''[[Uno (Plotino)|Uno]], o ''[[Nous]]'' e a [[Alma do Mundo]].
Plotino dividia o universo em quatro [[Hipóstase]]s: O ''Uno'', o ''[[Nous]]'' (ou Mente), a ''[[Alma]]'' e a ''[[Matéria]]''.
 
''Uno'' - primeira hipóstase
 
Segundo Plotino, o Uno refere-(unidade) é o "além do Intelecto" e se refere a Deus, dado que sua principal característica é a indivisibilidade. "É em virtude do Uno [unidade] que todas as coisas são coisas." (Plotino, Enéada VIEnéadas, I.6.9º tratado)
 
''Nous'' - segunda hipóstase
 
Plotino descreveu ''Nous'' (Mente Divina, [[Intelecto]], [[Razão]]) como uma emanação do Uno.
''Nous'', termo filosófico grego que não possui uma transcrição direta para a língua portuguesa, e que significa atividade do intelecto ou da razão em oposição aos sentidos materiais. Muitos autores atribuem como sinônimo a ''Nous'' os termos "Inteligência" ou "Pensamento".
 
''Nous'' é um termo filosófico grego, relacionado à atividade do intelecto ou da razão em oposição aos sentidos materiais, que não possui uma transcrição direta para a língua portuguesa. O significado ambíguo do termo é resultado de sua constante apropriação por diversos filósofos, para denominar diferentes conceitos e ideias. ''Nous'' refere-se, dependendo do filósofo e do contexto, algumas vezes a uma faculdade mental ou característica, outras vezes correspondente a uma qualidade do universo ou de Deus. Autores posteriores atribuiram como sinônimos a ''Nous'' os termos [[Intelecto]]", [[Inteligência]] ou [[Pensamento]].
 
* Homero usou o termo ''nous'' significando atividade mental em termos gerais, mas no período pré-socrático o termo foi gradualmente atribuído ao saber e a razão, em contraste aos sentidos sensoriais.
* Anaxágoras descreveu ''nous'' como a força motriz que formou o mundo a partir do caos original, iniciando o desenvolvimento do cosmo.
* Platão definiu ''nous'' como a parte racional e imortal da alma. É o divino e atemporal pensamento no qual as grandes verdades e conclusões emergem imediatamente, sem necessidade de linguagem ou premissas preliminares.
* Aristóteles associou ''nous'' ao intelecto, distinto de nossa percepção sensorial. Ele ainda dividiu-o entre nous ativo e passivo. O passivo é afetado pelo conhecimento. O ativo é a eterna primeira causa de todas as subsequentes causas no mundo.
* Plotino descreveu nous como sendo umas das emanações do ser divino
 
''Alma do Mundo'' - terceira hipóstase
 
Segundo Plotino, a partir do Nous procede a [[Anima mundi|Alma do Mundo]] (''anima mundi'').
Na Teosofia, a alma é associada ao 5º princípio do Homem, Manas, a Alma Humana ou Mente Divina. Manas é o elo entre o espírito (a díade Atman-Budhi) e a matéria (os princípios inferiores do Homem).
 
Na [[Teosofia]], a Alma é associada ao 5º princípio do Homem, Manas, a Alma Humana ou Mente Divina. Manas é o elo entre o Ospírito (a díade Atman-Budhi) e a Matéria (os princípios inferiores do Homem). Assim, a constituição sétupla do Homem, aceita na Teosofia, adapta-se facilmente a um sistema com três elementos: espírito, alma e corpo., Sendosendo a almaAlma o elo entre o espíritoEspírito e o corpoCorpo do homem.
 
==As Enéadas==
''Matéria'' — Esta seria a quarta e última hipóstase, mas não menos importante.
 
As [[Enéadas]] ({{lang-grc|Ἐννεάδες}}) são a coleção de escritos de Plotino, editada e compilada por seu discípulo [[Porfírio]] por volta de [[270]]. A obra é formada por 54 tratados divididos em 6 capítulos, compostos de 9 partes cada um e, por isso, chamados ‘''Enéadas’'', pois nove, em grego, é ''ennéa''. <ref>{{citar livro|titulo=Tratado das Enéadas|ultimo=Sommernan|primeiro=Américo|editora=Polar Editorial|ano=2000|local=São Paulo|paginas=12|acessodata=03/10/2016}}</ref>
A Matéria é a parte concreta dessa teoria que explica a origem de tudo. Matéria é qualquer substância que ocupa lugar no espaço. Do latim, materia (substância física), é qualquer coisa que possui massa. É tudo que tem volume, podendo se apresentar no estado sólido, líquido ou gasoso.{{Referências}}
{{Referências}}
 
==Ligações externas==