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Rollo
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==Nome==
A denominação Rolão é a versão em latim do seu verdadeiro nome em nórdico antigo, Hrólfr,<ref>Neveux, François & Ruelle,Claire. ''A brief history of the Normans: the conquests that changed the face of Europe''. Robinson, 2008. p 58</ref> cujo significado é "lobo famoso".<ref>Bouet, Pierre. ''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''.Tallandier. 2016.p 67</ref> Nas fontes medievais islandesas, Rolão é referido como Göngu-Hrólfr ou Ganger-Hrolf, de tradução "Hrólfr, o Andarilho".<ref>Merrony, Mark. ''The Vikings Conquerors, Traders and Pirates.'' Periplus, 2004. p 46</ref> Teria recebido esse apelido por ser tão grande e nenhum cavalo conseguir carregá-lo, sendo forçado a andar a pé.<ref>Ferguson, Robert. ''The Hammer and the Cross: A New History of the Vikings.'' Penguin UK, 2009. Capítulo 9.</ref> É também sugerido que esta alcunha deve-se ao fato de que ele não tinha residência fixa, ser sem terra. Em escandinavo antigo existe a expressão ''gongumadr'' onde o prefixo ''gongu'' significa erranteviajante e ''madr'' homem.<ref>Boyer, Regis. ''Les Vikings.'' Plon,1992. p 205</ref> Em documentos normandos ducais, escritos em latim, o seu nome é encontrado também como Rollonem ou Rolphus.<ref>Bouet, Pierre. ''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''. Tallandier. 2016. p 67</ref> Na crônica em verso Roman de Rou (Romance de Rou), escrita no século XII pelo poeta normando [[Wace]] edurante encomendadao por um descendentereinado de Rolão, o rei [[Henrique II de Inglaterra]], (descendente de Rollo) foi usada a variante ortográfica ''Rou''.<ref> Harper-Bill, Christopher & Vincent, Nicholas. ''Henry II: New Interpretations.'' Boydell Press, 2007. p 77.</ref><ref>Burgess, Glyn Sheridan & Van Houts, Elisabeth M. C. ''Roman de Rou''. Boydell Press: 2004. p 11 (Introdução)</ref> Esta designação influenciou o nome de regiões na Normandia tais como [[Roumare]] e [[Rouville (Seine-Maritime)]].<ref>Bouet, Pierre. ''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''.Tallandier. 2016.p 67</ref> Segundo historiadores medievais, após converter-se a religião cristã RolãoRollo adotou o nome Roberto devido ao seu padrinho de batismo ser [[Roberto I de França]]. <ref>Crouch, David. ''The Normans: The History of a Dynasty''. A&C Black, 2006. p 8</ref>
 
== Conquista da Normandia ==
A [[França]], assim como outras regiões, sofria com [[Expansões viquingues|constantes ataques]] dos povos [[viquingues]] que a saqueavam impondo-se pela força. Diferentemente de alguns outros viquingues, a verdadeira intenção de Rolão era encontrar um local para se fixarmilitar. Assim, dianteDiante da força invasora o Rei Francês [[Carlos III de França|Carlos, o Simples]] com a ajuda de [[Bernardo, o Dano]]<ref>Dudo von Saint-Quentin, ''De gestis Normanniae ducum seu de moribus et actis primorum Normanniae ducum'', J. Lair (Hg.), ''Mémoire de la Société des Antiquaires de Normandie'', Band XXIII, 1865, S. 189–190. Die Liste der Begleiter Rollos ist umstritten, aber seine Erwähnung durch Dudo fügt Bernhards Erscheinen auf dieser Liste eine gewissen Glaubwürdigkeit zu.</ref><ref>Wilhelm von Jumièges, ibid, S. 88. [[Flodoardo|Flodoard von Reims]] stellt ihn hier als einen normannischen Anführer aus der Region von Bayeux dar</ref> concordou em entregar uma ampla região costeira ao controle viquingue em troca da interrupção das invasões e saques. Esse acordo foi selado em [[911]], no [[Tratado de Saint-Clair-sur-Epte]], que concedeu a RolãoRollo a região emonde tornose daencontra a [[cidade]] do [[Ruão]], posteriormente denominada [[Normandia]] em referência à origem geográfica do povo que a ocupou.
 
Todos os Reis Franceses se ressentiam da "perda" da Normandia e a relação com os duques que a controlavam nunca foi totalmente pacífica, embora estes fossem vassalos daqueles.
 
Em 927, RolãoRollo passou o [[feudo]] da Normandia para seu filho [[Guilherme I da Normandia|Guilherme Espada-Longa]]<ref>Chamado '''Viljâlmr Langaspjôt''' nas [[Saga (literatura)|saga]]s [[Escandinávia|escandinavas]].</ref>. O seu tataraneto [[Guilherme I de Inglaterra|Guilherme da Normandia]] tornou-se rei de [[Inglaterra]] ao conquistá-la em 1066, fazendo de RolãoRollo o ascendente indireto de todos os monarcas Ingleses da [[dinastia plantageneta]].
 
Após alguns séculos, o Rei [[João de Inglaterra|João sem Terra]] da Inglaterra, irmão de [[Ricardo I de Inglaterra|Ricardo Coração de Leão]], que como seus ascendentes também era conde da Normandia acabou por perder o controle daquela região para [[Filipe III de França]], filho de [[Luís IX de França|São Luís]].
 
== Origens ==
Existem divergências entre os historiadores sobre a origem do fundador da Normandia, pois as fontes medievais se contradizem quanto à sua nacionalidade e família. O cronista franco [[Riquero]] em sua obra ''Histórias'' (''Histoires''), composta entre 992 e 998, escreveu que RolãoRollo era filho de Ketill.<ref>Bouet, Pierre. ''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''.Tallandier. 2016.pp 68</ref> <ref>Crouch, David. ''The Normans: The History of a Dynasty''. A&C Black, 2006. p 4</ref> Esta filiação é aceita pelo historiador David Crouch<ref>Crouch, David. ''The Normans: The History of a Dynasty''. A&C Black, 2006. p 5</ref>, enquanto o biógrafo do RolãoRollo, Pierre Bouet, afirma que Riquero confundiu a paternidade de RolãoRollo com a de outro chefe viquingue, Bjorn, o qual era filho de Ketil Flatnef.<ref>Bouet, Pierre. ''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''.Tallandier. 2016.p 68</ref>
 
No final do {{séc|X}}, o monge Dudo de Saint Quentin relatou na ''História dos Normandos'' (''Historia Normannorum'') que RolãoRollo era oriundo da Dinamarca.<ref>Hagger, Mark S.''Norman Rule in Normandy, 911-1144''. Boydell & Brewer, 2017. p 45</ref> A obra foi encomendadaescrita pelonos tempos do neto de RolãoRollo, [[Ricardo I da Normandia]], e o cronista teve acesso a informações através da esposa de Ricardo, [[Gunora de Crépon|Gunora]] <ref>Van Houts, Elizabeth.''The Normans in Europe''. Manchester University Press, 2000. p 59</ref> e, principalmente, o meio-irmão do duque, [[Rodúlfo de Ivry]].<ref>Van Houts, Elizabeth. ''Scandinavian Influence in Norman Literature of the Eleventh Century''. In: Anglo-Norman Studies VI: Proceedings of the Battle Conference 1983. Editado por Reginald Allen Brown. Boydell & Brewer, 1984. p 109</ref> Segundo Dudo, RolãoRollo era filho de um nobre e tinha por irmão Gurim. Após a morte do pai, eles foram ameaçados de expulsão e confisco de propriedades pelo rei. Os irmãos deram início a uma revolta a qual desencadeou uma guerra que durou cinco anos. Ao ser derrotado numa emboscada, na qual Gurim morreu, RolãoRollo foi forçado a exilar-se na ilha de Escanza com seus seguidores.<ref>Bouet, Pierre. ''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''.Tallandier. 2016.pp 65-66</ref>
 
O especialista em Escandinávia medieval Regis Boyer considerou esta origem como provável e classificou a Normandia como uma conquista dinamarquesa, uma vez que a arqueologia e [[toponímia]] indicam que os homens que integravam o exército do RolãoRollo e ajudaram a colonizar o ducado eram, em sua maioria, da Dinamarca.<ref>Boyer, Regis. ''Les Vikings.'' Plon,1992. p 67; p 205 </ref> David Crouch afirma que quando a tradição histórica normanda foi escrita, o termo ''dinamarquês'' era muito abrangente em seu significado e uso. Os dinamarqueses exerciam supremacia sobre grande parte dos reinos nórdicos, sendo provável que os cronistas não faziam distinção entre aqueles, os suecos, e os noruegueses. <ref>Crouch, David. ''The Normans: The History of a Dynasty''. A&C Black, 2006. p 257</ref>
 
Em 1090, o monge beneditino Godofredo Malaterra afirmou que RolãoRollo saiu da Noruega com sua grande frota para pilharmedir osforças reinoscom reis cristãos.<ref>Van Houts, Elizabeth.''The Normans in Europe''. Manchester University Press, 2000. p 52 </ref> No {{séc|XII}}, o historiador inglês [[Guilherme de Malmesbúria]] declarou que RolãoRollo pertencia a uma linhagem nobre e decadente norueguesa.<ref> Sønnesyn, Sigbjørn Olsen. ''William of Malmesbury and the Ethics of History''. Boydell Press, 2012. p 113</ref> Na mesma época, o cronista [[Benoît de Sainte-Maure]] na ''Crônica dos Duques da Normandia'' (''Chronique des ducs de Normandie'') relatou que RolãoRollo nasceu em Fasge. Este lugar tem sido interpretado como sendo Faxe, na ilha Zelândia (Dinamarca) ou Fauske, localizada no distrito de [[Hologalândia]] (Noruega).<ref>Melberg, Hȧkon. ''Origin of the Scandinavian Nations and Languages: An Introduction''. Livro 1, Parte 1. Norway, 1951.pp 538-9; 590</ref>As sagas islandesas [[Heimskringla]] e Orkneyinga, compostas no {{séc|XIII}}, foram as primeiras a se referir a ele como "o Andarilho ou Caminhante". As mesmas fontes afirmam que RolãoRollo nasceu em Møre, oeste da Noruega, no final do {{séc|IX}} e que seus pais eram o jarl RognualdoRognuald Eysteinsson e sua esposa Ragnilda Hrólfsdóttir. As sagas relatam que tinha três irmãos: Hallad, Einar e Hrollaug. Ele teria sido banido da Noruega pelo rei [[Haroldo I da Noruega]] após roubarse gadorebelar econtra praticara saquestirania nodo reinomonarca. <ref>Douglas, David Charles. ''Time and the hour: some collected papers of David C. Douglas.'' Eyre Methuen, 1977. pp 121-125</ref><ref>Bouet, Pierre. ''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''.Tallandier. 2016. pp 68-72</ref> Outro manuscrito deste período, ''[[História da Noruega (livro)|História da Noruega]]'' (''Historia Norwegiæ'') descreveu o papel importante de seu pai RognualdoRognuald e familiares na colonização das ilhas [[Órcades]], no norte da Escócia.<ref>Bouet, Pierre. ''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''.Tallandier. 2016. p 68</ref>
 
O relato das sagas de que RolãoRollo era norueguês é aceito pelos historiadores David Charles Douglas e Torgrim Titlestad. Eles argumentam que resta pouca dúvida quanto à ascendência norueguesa do líder normando, devido a abundância de detalhes sobre sua vida e família na literatura norueguesa e islandesa medieval, enquanto que nas fontes dinamarquesas do mesmo período, tais como as de [[Saxão Gramático]], não existem quaisquer menções a ele.<ref>Titlestad, Torgrim. ''Viking Legacy.'' Saga Bok AS, 2018. Capítulo III</ref><ref>Douglas, David Charles. ''Time and the hour: some collected papers of David C. Douglas.'' Eyre Methuen, 1977. pp 124-125</ref>David Crouch considera estas sagas como tradições históricas muito tardias e pouco confiáveis no tocante à eventos do {{séc|IX}}.<ref>Crouch, David. ''The Normans: The History of a Dynasty''. A&C Black, 2006. p 1</ref> De acordo com a arqueóloga Marika Mägi, a autenticidade histórica das narrativas nórdico-islandesas é muito debatida. As informações contidas nas sagas devem ser tratadas com cautela, pois são registros de eventos transmitidos através de gerações pela tradição oral, mas provavelmente baseiam-se em fatos históricos. <ref>Mägi, Marika. ''The Role of the Eastern Baltic in Viking Age Communication across the Baltic Sea''. BRILL, 2018. p 142</ref>
 
Na opinião de Pierre Bouet, a questão de suas origens do fundador da Normandia é complexa, dadas as realidades políticas, culturais e territoriais da Europa do norte no {{séc|IX}}. A Dinamarca, a Noruega e a Suécia ainda não eram diferenciadas enquanto unidades políticas, pois não havia ainda um governo centralizado nem fronteiras bem estabelecidas. Além disso, os povos escandinavos da época falavam a mesma língua e o nome nórdico de Rolão,Rollo (Hrólfr,) era bastante comum por toda ana Escandinávia bem como nas colônias viquingues.<ref>Bouet, Pierre. ''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''.Tallandier. 2016. pp 63-67</ref>
 
==Relações Familiares==
Casou-se com a nobre franca [[Poppa de Bayeux]], filha de Berengário II da Nêustria, com quem teve [[Guilherme I da Normandia]] e Adela (nome nórdico: Gerloc ou Gerlaug) a qual casou com [[Guilherme III da Aquitânia]] ''"o Cabeça de Estopa"''.<ref>Crouch, David. ''The Normans: The History of a Dynasty''. A&C Black, 2006. p 9</ref>
De acordo com cronistas medievais, RolãoRollo casou-se em [[912]], após a sua conversão ao cristianismo, com [[Gisela de França]], filha de [[Carlos, o Simples|Carlos III de França]] "o Simples".<ref>Crouch, David. ''The Normans: The History of a Dynasty''. A&C Black, 2006. p 25</ref> O casamento e a existência da princesa suscitam debates entre os historiadores. <ref>Bouet, Pierre.''Rollon: Le chef viking qui fonda la Normandie''.Paris: Tallandier. 2016. p 120</ref> A união não gerou filhos. <ref>Neveux, François & Ruelle,Claire. ''A brief history of the Normans: the conquests that changed the face of Europe''. Robinson, 2008. p 90</ref>
 
== Na cultura popular ==