Maurícia: diferenças entre revisões

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{{Info/País
|nome_nativo = ''République de Maurice'' <small>([[Língua francesa|francês]])</small><br />''Republic of Mauritius'' <small>([[Língua inglesa|inglês]])</small><br>''Republik Moris'' <small>([[Crioulo de Maurício|crioulo mauriciano]])</small>
|nome_longo_convencionalnome_longo_convencionmal = República da Maurícia / de Maurício
|preposição = da/do
|nome_pt = Maurícia<sup>[[Português europeu|PE]]</sup> / Maurício<sup>[[Português brasileiro|PB]]</sup>
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|longitude = 57°31′E
|maior_cidade = Port Louis
|língua_oficial = nenhuma ''([[de jure]])''<br/>[[Crioulo deda MaurícioMaurícia|crioulo mauriciano]]'' ([[de facto]])'', [[Língua francesa|francês]] e [[Língua inglesa|inglês]]
|tipo_governo = [[República]] [[Parlamentarismo|parlamentarista]]
|título_líder1 = [[Lista de presidentes da Maurícia|Presidente]]
|nome_líder1 = [[Barlen Vyapoory]]
|título_líder2 = [[Lista de primeiros-ministros dasda ilhas MaurícioMaurícia|Primeiro-ministro]]
|nome_líder2 = [[Pravind Jugnauth]]
|evento_tipo = [[História da Maurícia|Independência]]
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|rodapé = <font size=3><sup>1<sup> Inglês é a única língua citada na Constituição. Porém, a extensa maioria da população é fluente apenas em [[Língua crioula]] e o [[língua francesa|francês]] é compreendido até mesmo nas áreas rurais.</font>
}}
{{PEPB|Maurícia|Maurício}} (em [[Língua inglesa|inglês]] ''Mauritius'', em [[Língua francesa|francês]] ''Maurice'', em [[Crioulo de Maurício|crioulo mauriciano]] ''Moris''), oficialmente '''República da Maurícia''' ou '''República de Maurício''' (em [[Língua inglesa|inglês]] ''Republic of Mauritius'', em [[Língua francesa|francês]] ''République de Maurice'', em [[Crioulo de Maurício|crioulo mauriciano]] ''Repiblik Moris'')<ref>{{citar web|url = http://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5519&Itemid=478&cod_pais=MUS&tipo=ficha_pais&lang=pt-BR|título = Ministério das Relações Exteriores do Brasil|data = |publicado = }}</ref>, é um país insular do [[oceano Índico]], a cerca de 2.000 km da costa sudeste do continente africano. O país inclui as ilhas de [[Ilha Maurícia|MaurícioMaurícia]] e [[Ilha Rodrigues|Rodrigues]], a 560 quilómetroskm a leste dasda Ilhasilha MaurícioMaurícia, e as ilhas exteriores ([[Agalega]] e as ilhas [[Cargados Carajos]], conhecida oficialmente como ''Saint-Brandon''). O país também reivindica o [[Arquipélago de Chagos]], que faz parte do [[Território Britânico do Oceano Índico]], e também reivindica a ilha de [[Tromelin]], que faz parte das [[Terras Austrais e Antárticas Francesas]]. As ilhas de MaurícioMaurícia e Rodrigues fazem parte das [[Ilhas Mascarenhas]], junto com a vizinha [[Reunião (ilha)|Reunião]], um [[departamento ultramarino francês]]. A área do país é de 2.040 km². A capital e maior cidade é [[Port Louis]]. O país é membro da [[Commonwealth]], da [[Francofonia]] e da [[União Africana]].
 
Anteriormente uma colónia holandesa (1638–1710) e uma colónia francesa (1715–1810), as Maurícias tornaram-se uma possessão colonial britânica em 1810 e assim permaneceu até 1968, ano em que alcançou a independência. A colónia da Coroa Britânica de Maurício incluiu os territórios atuais das Ilhas MaurícioMaurícia, Rodrigues, as ilhas exteriores de Agalega, Saint-Brandon, Arquipélago de Chagos e [[Seychelles]]. Os territórios mauricianos gradualmente evoluíram com a criação de uma colônia separada de Seychelles em [[1903]] e a excisão do arquipélago de Chagos em [[1965]]. A soberania sobre o arquipélago de Chagos é disputada entre Maurício e [[Reino Unido]]. O Reino Unido extirpou o arquipélago do território mauriciano em 1965, três anos antes da independência da [[Mauritânia]]. O Reino Unido gradualmente despovoou a população local do arquipélago e alugou a sua maior ilha, [[Diego Garcia]], aos [[Estados Unidos]]. O acesso ao arquipélago é proibido a turistas ocasionais, os media e os seus antigos habitantes. As Maurícias também reivindicam a soberania sobre a ilha de Tromelin á França.
 
O povo mauriciano é multiétnico, multirreligioso, multicultural e multilingue. O governo da ilha segue o [[Sistema Westminster|sistema parlamentarista de Westminster]], as Maurícias são altamente classificadas em democracia , em liberdade económica e política. O [[Índice de Desenvolvimento Humano]] das Maurícias é o mais alto de África. Juntamente com as outras ilhas Mascarenhas. As Maurícias são conhecidas pela sua flora e fauna variadas, com muitas espécies endémicas da ilha. A ilha é amplamente conhecida como a única casa conhecida do [[dodô|dodo]], que, juntamente com várias outras espécies de aves, foi extinta por atividades humanas relativamente pouco depois do assentamento da ilha. As Maurícias são o único país da África onde o [[hinduísmo]] é a religião mais praticada. A administração usa o [[Língua inglesa|inglês]] como idioma principal, embora não haja um idioma oficial definido e sejam também usados pela população o [[Língua francesa|francês]] e o [[Crioulo de Maurício|crioulo mauriciano]].
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Em [[1507]], os navegadores portugueses chegaram à ilha desabitada e estabeleceram uma base de visitantes. Diogo Fernandes Pereira, navegador português, foi o primeiro europeu conhecido a desembarcar nas Maurícias. Ele nomeou a ilha de "Ilha do Cirne". Os portugueses não ficaram muito tempo porque não estavam interessados nessas ilhas.<ref>http://www.govmu.org/English/ExploreMauritius/Pages/History.aspx#dutch</ref>
 
Em [[1598]], uma esquadra holandesa comandado pelo almirante Wybrand Van Warwyck desembarcou em Grand Port e nomeou a ilha "de "Maurício" em homenagem ao príncipe [[Maurício de Nassau]], da República Holandesa, governante de seu país. Os holandeses estabeleceram uma pequena colônia na ilha em [[1638]], da qual exploraram árvores de ébano e introduziram cana-de-açúcar, animais domésticos e veados. Foi a partir daqui que o navegador holandês [[Abel Tasman]] partiu para descobrir a parte ocidental da Austrália. O primeiro assentamento holandês durou vinte anos. Várias tentativas foram feitas posteriormente, mas os assentamentos nunca se desenvolveram o suficiente para produzir dividendos, fazendo com que os holandeses abandonassem aso Ilhas Maurícioarquipélago em [[1710]].
 
===Colonização francesa===
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De 1767 a 1810, exceto por um breve período durante a Revolução Francesa, quando os habitantes estabeleceram um governo virtualmente independente da França, a ilha era controlada por funcionários nomeados pelo governo francês. Jacques-Henri Bernardin de Saint-Pierre viveu na ilha de 1768 a 1771, depois voltou para a França, onde escreveu Paul et Virginie, uma história de amor que tornou a Ilha de França famosa onde quer que a língua francesa fosse falada. Dois famosos governadores franceses foram o visconde de Souillac (que construiu o Chaussée em Port Louis e encorajou os fazendeiros a se estabelecerem no distrito de Savanne), e Antoine Bruni d'Entrecasteaux (que cuidava para que os franceses no Oceano Índico tivessem sua sede na Maurícia em vez de Pondicherry na Índia).<ref>Port Louis, A tropical City, Auguste Toussaint. ISBN 0 04 969001 9</ref>
 
Charles Mathieu Isidore Decaen foi um general de sucesso nas [[Guerras Revolucionárias Francesas]] e, de certa forma, um rival de [[Napoleão Bonaparte]]. Governou a Ilha de França e a Reunião de 1803 a 1810. O cartógrafo e explorador naval britânico [[Matthew Flinders]] foi preso e detido pelo General Decaen na ilha, em violação de uma ordem de Napoleão. Durante as [[Guerras Napoleônicas]], Maurício tornou-se uma base a partir da qual os corsários franceses organizaram ataques bem-sucedidos a navios comerciais britânicos. Os ataques continuaram até 1810, quando uma expedição da [[Marinha Real Britânica|Marinha Real]] liderada pelo Comodoro Josias Rowley, R.N., um aristocrata anglo-irlandês, foi enviada para capturar a ilha. Apesar de vencer a Batalha de Grand Port, a única vitória naval francesa sobre os britânicos durante essas guerras, os franceses não conseguiram impedir que os britânicos pousassem em Cap Malheureux três meses depois. Eles formalmente entregaram a ilha no quinto dia da invasão, em 3 de dezembro de 1810, em termos que permitiam aos colonos manter suas terras e propriedades e usar a língua francesa e a lei da França em questões criminais e civis. Sob o domínio britânico, o nome da ilha foi revertido para Maurício"Mauritius".<ref>http://www.govmu.org/English/ExploreMauritius/Pages/History.aspx#dutch</ref>
 
===Colônia britânica===
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A [[escravidão]] foi abolida em 1835, e os donos das ''[[plantations]]'' finalmente receberam dois milhões de libras esterlinas em compensação pela perda de seus escravos que haviam sido importados da África e Madagascar durante a ocupação francesa. A abolição da escravatura teve importantes impactos na sociedade, economia e população da ilha. Os fazendeiros trouxeram um grande número de trabalhadores contratados da Índia para trabalhar nos campos de cana-de-açúcar. Entre 1834 e 1921, cerca de meio milhão de trabalhadores contratados estavam presentes na ilha. Eles trabalhavam em fazendas de açúcar, fábricas, em transporte e em canteiros de obras. Além disso, os britânicos trouxeram 8.740 soldados indianos para a ilha. [[Aapravasi Ghat]], na baía de Port Louis e agora um patrimônio da humanidade pela UNESCO, foi a primeira colônia britânica a servir como um importante centro de recepção de escravos e servos para o trabalho de plantação britânico.<ref>http://www.govmu.org/English/ExploreMauritius/Pages/History.aspx#dutch</ref>
 
Uma figura importante do século XIX foi Rémy Ollier, jornalista de origem mista. Em [[1828]], a barreira racial foi oficialmente abolida nas Maurícias, mas os governadores britânicos deram pouco poder às pessoas de cor e nomearam apenas brancos como altos funcionários. Rémy Ollier fez uma petição à rainha Vitória para permitir que os coros no conselho de governo se tornassem possíveis alguns anos depois. Ele também fez Port Louis se tornar um município para que os cidadãos pudessem administrar a cidade através de seus próprios representantes eleitos. Uma rua foi nomeada em sua homenagem em Port Louis, e seu busto foi erguido no Jardin de la Compagnie em 1906. Em 1885, uma nova constituição foi introduzida nas Ilhas Maurício. Criou posições eleitas no conselho de governo, mas a franquia restringia-se principalmente às classes francesa e crioula.<ref>A short History of Mauritius, P.J. Barnwell & A. Toussaint</ref>
 
Os trabalhadores trazidos da índia nem sempre eram tratados de forma igualitária, e um alemão, Adolph von Plevitz, fazia-se o protetor não oficial desses imigrantes. Ele misturou-se com muitos dos trabalhadores e, em 1871, ajudou-os a escrever uma petição que foi enviada ao governador Gordon. Uma comissão foi designada para investigar as queixas feitas pelos imigrantes indianos, e em 1872 dois advogados, nomeados pela Coroa Britânica, foram enviados da Inglaterra para fazer uma investigação. Esta Comissão Real recomendou várias medidas que afetariam a vida dos trabalhadores indianos durante os próximos cinquenta anos.<ref>A short History of Mauritius, P.J. Barnwell & A. Toussaint</ref>
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A [[Primeira Guerra Mundial]] estourou em agosto de 1914. Muitos mauricianos se ofereceram para lutar na Europa contra os alemães e na Mesopotâmia contra os turcos. Mas a guerra afetou muito menos as Maurícias do que as guerras do século XVIII. Pelo contrário, a guerra de 1914-18 foi um período de grande prosperidade devido a um boom nos preços do açúcar. Em 1919, surgiu o Sindicato de Açúcar da Maurícia, que incluía 70% de todos os produtores de açúcar.
 
A década de 1920 assistiu ao surgimento de um movimento "retrocessionista" que favoreceu a retrocessão das Maurícias para a França. O movimento entrou em colapso rapidamente porque nenhum dos candidatos que queria que Maurícioo país fosse devolvido à França foi eleito nas eleições de 1921. Devido à recessão do pós-guerra, houve uma queda acentuada nos preços do açúcar. Muitos latifúndios fecharam e marcou o fim de uma era para os magnatas do açúcar, que não apenas controlavam a economia, mas também a vida política do país. Raoul Rivet, o editor do jornal Le Mauricien, fez campanha para uma revisão da constituição que daria à classe média emergente um papel maior na administração do país. Os princípios de Arya Samaj começaram a se infiltrar na comunidade hindu, que clamava por mais justiça social.<ref>Mauritius in the making across the censuses 1846–2000, Monique Dinan. ISBN 99903-904-6-0</ref>
 
Os anos 30 viram o nascimento do Partido Trabalhista, lançado pelo Dr. Maurice Curé. Emmanuel Anquetil reuniu os trabalhadores urbanos enquanto Pandit Sahadeo se concentrava na classe trabalhadora rural. O Dia do Trabalho foi celebrado pela primeira vez em 1938. Mais de 30.000 trabalhadores sacrificaram o salário de um dia e vieram de toda a ilha para participar de uma reunião gigantesca no Champ de Mars.<ref>L'ile Maurice: Vingt-Cinq leçons d'Histoire (1598–1998), Benjamin Moutou. ISBN 99903-929-1-9</ref>
 
No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, muitos mauricianos se ofereceram para servir sob a bandeira britânica na África e no Oriente Próximo, lutando contra os exércitos alemão e italiano. Alguns foram para a Inglaterra para se tornarem pilotos e pessoal de terra na Royal Air Force. MaurícioA Maurícia nunca foi realmente ameaçado, mas vários navios britânicos foram afundados fora de Port Louis por submarinos alemães em 1943.
 
Durante a Segunda Guerra Mundial, as condições eram difíceis no país; os preços das commodities dobraram, mas os salários dos trabalhadores aumentaram apenas de 10 a 20%. Houve agitação civil e o governo colonial esmagou todas as atividades sindicais. No entanto, os trabalhadores da Belle Vue Harel Sugar Estate entraram em greve em 27 de setembro de 1943. Policiais finalmente atiraram contra a multidão e mataram três trabalhadores, incluindo um menino de dez anos e uma mulher grávida, Anjaly Coopen.<ref>Our Struggle, 20th Century Mauritius, Seewoosagur Ramgoolam, Anand Mulloo</ref><ref>http://www.lexpress.mu/node/203804/</ref>