Cristão-novo: diferenças entre revisões
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'''Cristão-novo''' ou '''converso''' era a designação dada em [[Portugal]] e [[Espanha]] aos [[judeu]]s convertidos ao [[cristianismo]], em contraposição aos [[cristão-velho|cristãos-velhos]].
== Antecedentes ==
Sempre existiram minorias étnicas e religiosas em [[Portugal]], sendo os [[judeus]], [[mouros]] e, mais tarde, os contingentes mais expressivos. Os primeiros antecedem provavelmente as invasões dos segundos, tendo gozado muitas vezes de proteção e favorecimento régios, mercê das suas fortunas e atividades mercantis, e até da sua preponderância cultural. Inseridos num Portugal agro-pecuário e [[pesca|piscatório]], dedicar-se-ão aos ofícios ou a atividades liberais (comércio de capitais, ciência, medicina, farmácia, artesanato, ourivesaria, sapataria, alfaiataria e tecelagem) e gradualmente ao [[comércio]] e especialmente à finança, onde não conheciam grande concorrência, por ser vedado ao [[cristão]] a possibilidade de receita de [[juros]] através do [[crédito]] considerando tal [[usura]].
Ao longo da [[Idade Média]], habitaram preferencialmente - de acordo com as suas ocupações profissionais - nas maiores aglomerações urbanas do Reino, em bairros próprios ([[judiaria]]s; [[mouraria]]s no caso dos árabes ou mouros, menos numerosos), praticando o seu culto, falando o seu idioma e mantendo as suas tradições ancestrais. Diplomaticamente, mantinham fidelidade à Coroa, a ela se subordinando. À parte alguns incidentes, principalmente motivados por questões religiosas, a sua vida no Reino não correu nunca grandes riscos de ser posta em causa.
== Oposição entre cristãos novos e velhos ==
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O rei ainda condenou este processo mas não teve capacidade para o interromper. Depois houve uma tentativa de alargar estes estatutos de “limpeza de sangue” às ordens religiosas em todo o lado. O papa também se opôs mas acabou por ceder. A discriminação passou a ser institucionalizada<ref name=Publico/>.
A [[inquisição]] só é constituída em [[1478]]
== Expulsão da comunidade judaica de Portugal ==
Após a expulsão dos judeus de [[Espanha]] por [[Isabel I de Castela]] e [[Fernando II de Aragão]] em [[1492]], cerca de 60.000 judeus que recusaram-se a converter-se à [[Cristianismo|religião cristã]] emigraram para [[Portugal]]. [[João II de Portugal|D. João II]], influenciado por judeus importantes na Corte, acolhe-os, mas impõe-lhes o pagamento de oito [[Ducado (moeda)|ducados de ouro]]<ref group=nota>um ducado equivalia a aproximadamente 3,5g</ref>, quantia deveras elevada para a época, para permanecerem em terras lusitanas (os que não podiam pagar este valor viam metade dos seus bens confiscados para a Coroa). Pretendia-se a fixação de operários especializados, que faltavam em Portugal. Falecido D. João II, sucede-lhe [[Manuel I de Portugal|D. Manuel]], monarca que se revelou tolerante para com os judeus que não podiam pagar. No entanto, em Março de [[1497]], é imposta a expulsão da comunidade judaica de Portugal por meio de uma lei que entrou em vigor naquele mesmo ano. Para impedir a saída de tanta gente (e, consequentemente, de [[dinheiro|capital]]) do Reino, D. Manuel decreta a conversão forçada de muçulmanos e judeus ao Cristianismo no prazo de dez meses, criando assim o conceito de cristão-novo. Caso não o aceitassem, teriam que abandonar Portugal e as suas colónias ultramarinas. A medida foi uma tentativa de homogeneizar a religião na [[Península Ibérica]] e consta do acordo de casamento entre D. Manuel e a Infanta [[Isabel de Aragão e Castela, Rainha de Portugal|Isabel de Aragão]], à data herdeira dos [[Reis Católicos]].
Em Abril de [[1499]], um alvará proíbe a saída do Reino aos cristãos-novos. Todavia, não lhes era limitada a ascensão a cargos políticos ou administrativos e podiam casar-se com cristãos-velhos. No tempo de D. Manuel, o título de cristão-novo não era impedimento à admissão aos cargos eclesiásticos ou do Estado. Apesar de uma certa liberdade de consciência e de alguma protecção régia, a situação assumiu contornos dramáticos na [[Páscoa]] de [[1506]]. Em [[19 de Abril]], iniciou-se uma revolta popular impulsionada por [[Ordem dos Pregadores|frades dominicanos]] contra os cristãos-novos, que se prolongou por três dias. A multidão movida pelo [[fanatismo]] religioso perseguiu, violou, torturou e matou centenas de pessoas acusadas de serem judias. Este episódio, conhecido como o [[Massacre de Lisboa de 1506|Massacre de Lisboa]], acentuou o clima de crescente [[anti-semitismo]] em Portugal e levou muitas famílias a abandonar o Reino.
▲Em Abril de [[1499]], um alvará proíbe a saída do Reino aos cristãos-novos. Todavia, não lhes era limitada a ascensão a cargos políticos ou administrativos e podiam casar-se com cristãos-velhos. No tempo de D. Manuel, o título de cristão-novo não era impedimento à admissão aos cargos eclesiásticos ou do Estado. Apesar de uma certa liberdade de consciência e de alguma protecção régia, a situação assumiu contornos dramáticos na [[Páscoa]] de [[1506]]. Em [[19 de Abril]], iniciou-se uma revolta popular impulsionada por [[Ordem dos Pregadores|frades dominicanos]] contra os cristãos-novos, que se prolongou por três dias. A multidão movida pelo [[fanatismo]] religioso perseguiu, violou, torturou e matou centenas de pessoas acusadas de serem judias. Este episódio, conhecido como o [[Massacre de Lisboa de 1506|Massacre de Lisboa]], acentuou o clima de crescente [[anti-semitismo]] em Portugal e levou muitas famílias a abandonar o Reino.
== Perseguição da Inquisição ==
Alguns cristãos-novos, porém, permaneceram fieis à sua religião original (sendo assim denominados de [[marrano]]s ou [[criptojudeu]]s) e inventaram formas de esconder a sua convicção religiosa. As [[Alheira (culinária)|alheira]]s, um tipo de enchido de carne de [[galinha]] e outras aves, foram por exemplo criadas para imitar os tradicionais [[chouriço]]s de carne de porco, proibida aos judeus. O falhanço da seriedade de muitas conversões levou a que [[João III de Portugal|D. João III]] mandasse instalar a [[Inquisição]] em Portugal em [[1536]], e ao estabelecimento de uma política de distinção em relação aos cristãos-novos.
Sob o espectro
== Fim da perseguição ==
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== Cristãos-novos notáveis ==
[[Samuel Usque]] (que escreveu a famosa ''Consolação às Tribulações de Israel'' e a [[Bíblia de Ferrara]], dedicada a [[Gracia Mendes|Dona Gracia]], natural de Lisboa, [[mecena]]s e protetora dos judeus da [[Diáspora]] depois do [[Decreto de Alhambra]]), [[Pedro Nunes (matemático)|Pedro Nunes]] (matemático), [[Abraão Usque]] (editor e tradutor), [[Garcia de Orta]] (médico e naturalista), [[Abraão Pimentel]] (Rabino da Sinagoga Portuguesa de Amsterdã), [[Ribeiro Sanches]] (médico)
== Ver também ==
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* [[Massacre de Lisboa de 1506]]
* [[Inquisição portuguesa]]
* [[Limpeza de sangue]]
* [[Comunidades Judaicas de Portugal]]
* [[Judeus em Portugal]]
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== Bibliografia ==
* Diciopédia 2006 DVD-ROM, Porto Editora Multimédia
* VÁRIOS, Dicionário da História de Portugal vol. II – Direcção de Joel Serrão, Livraria Figueirinhas/Porto – pp. 232–235
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