Revolução Constitucionalista de 1932: diferenças entre revisões

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'''Revolução Constitucionalista de 1932''', também conhecida como '''Revolução de 1932''' ou '''Guerra Paulista''', foi o movimento armado ocorrido nos Estados de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], [[Mato Grosso do Sul]] e [[Rio Grande do Sul]], entre Julho e Outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar o [[Era Vargas#Governo Provisório (1930–1934)|governo provisório de Getúlio Vargas]] e convocar uma [[Assembleia Nacional Constituinte|Assembléia Nacional Constituinte]].<ref>CALMON, Pedro, O movimento constitucionalista. In: "História do Brasil". 2a ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1963. v. 6, cap. 37.</ref> O [[Golpe de Estado|golpe de estado]] decorrente da [[Revolução de 1930]] derrubou o então presidente da república, [[Washington Luís]]; impediu a posse do seu sucessor eleito nas [[Eleição presidencial no Brasil em 1930|eleições de março de 1930]], [[Júlio Prestes]]; depôs a maioria dos presidentes estaduais (atualmente se denominam governadores); fechou o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais; e, por fim, cassou a [[Constituição brasileira de 1891|Constituição de 1891]], até então vigente. [[Getúlio Vargas]], candidato derrotado nas eleições presidenciais de 1930 e um dos líderes do movimento revolucionário de 1930, veio a assumir a presidência do governo provisório nacional em novembroNovembro de 1930 com amplos poderes, colocando fim ao período denominado [[República Velha]], porém, sob a promessa de convocação de novas eleições e a formação de uma AssembleiaAssembléia Nacional Constituinte para a promulgação de uma nova Constituição.<ref>FIGUEIRA, J.G. de Andrade. A Federação dos Voluntários de São Paulo. São Paulo: scp, 1975. 17p.</ref> Contudo, nos anos subsequentes, essa expectativa deu lugar a um sentimento de frustração, dada a indefinição quanto ao cumprimento dessas promessas e acumulado ao ressentimento contra o governo provisório, principalmente no estado de São Paulo, com o fato de Getúlio Vargas governar de forma discricionária por meio de decretos, sem respaldo de uma Constituição e de um Poder Legislativo. Essa situação fez também diminuir a autonomia que os [[Ente federativo|estado]]s brasileiros gozavam durante a vigência da [[Constituição de 1891]], pois os interventores indicados por Vargas, em sua maioria tenentes, não correspondiam aos interesses dos grupos políticos locais e frequentemente entravam em atritos. Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas.<ref name="InfoEscola">{{citar web|url=http://www.infoescola.com/historia/revolucao-constitucionalista-de-1932/|data=3 de outubro de 2007|acessodata=2 de setembro de 2012|obra=|publicado=InfoEscola|ultimo=|primeiro=|autor=Miriam Ilza Santana|ano=|formato=|título=Revolução Constitucionalista de 1932|coautores=|mes=|páginas=|língua=|citação=}}</ref><ref name=":16">BARBOSA LIMA SOBRINHO, ''A verdade sobre a Revolução de Outubro-1930'', Editora Alfa-Omega, São Paulo, 1975</ref><ref>{{Citar web|url=http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/Revolucao1932|titulo=A revolução constitucionalista de 1932 {{!}} CPDOC|acessodata=2017-05-14|obra=cpdoc.fgv.br}}</ref>
 
O levante começou de fato em 9 de julhoJulho de 1932 e foi precipitado após a morte de quatro jovens por tropas getulistas em 23 de maio de 1932 durante um protesto contra o Governo Federal. Após a morte desses jovens, foi organizado um movimento clandestino denominado [[MMDC]] (iniciais dos nomes dos quatro jovens mortos: [[Mário Martins de Almeida|Martins]], [[Euclides Bueno Miragaia|Miragaia]], [[Dráusio Marcondes de Sousa|Dráusio]] e [[Antônio Américo Camargo de Andrade|Camargo]]) que começou a conspirar contra o governo provisório de Vargas, articulando junto com outros movimentos políticos uma revolta substancial. Houve também uma quinta vítima, [[Orlando de Oliveira Alvarenga]], que também foi baleado naquele dia no mesmo local, mas morreu meses depois. Nos meses precedentes ao movimento, o ressentimento contra o presidente ganhava força indicando uma possível revolta armada e o governo provisório passou a especular a hipótese de o objetivo dos revoltosos ser a [[secessão]] de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] do [[Brasil]]. No entanto, o argumento [[Separatismo|separatista]] jamais foi comprovado fidedigno, porém, ainda assim esse argumento foi utilizado na propaganda do governo provisório ao longo do conflito para instigar a opinião pública do restante do país contra os paulistas, obter voluntários na ofensiva contra as tropas constitucionalistas e ganhar aliados políticos nos demais estados contra o movimento de São Paulo.<ref name=":2">{{citar livro|titulo=A Revolução Paulista|ultimo=Del Picchia|primeiro=Menotti|editora=Revista dos Tribunais|ano=1932|local=São Paulo|paginas=10 a 37|acessodata=}}</ref>
 
Quando o estado de São Paulo precipitou a revolta contra o governo provisório de Vargas, seus líderes tinham a expectativa da automática adesão de outros estados brasileiros, dada a solidariedade manifestada por parte das elites políticas dos estados de [[Minas Gerais]], do [[Rio Grande do Sul]] e do então Mato Grosso. Assim, os políticos de São Paulo esperavam apenas um breve conflito militar com uma rápida marcha para o [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], até então a capital do país, para depor Getúlio. Logo, os revoltosos não organizaram um sistema defensivo em suas fronteiras contra possíveis ofensivas militares dos estados vizinhos. No entanto, a solidariedade daqueles estados não se traduziu em apoio efetivo, e, com a espera por parte dos paulistas pelos apoios supostamente prometidos, Getúlio Vargas teve tempo de articular uma reação militar de modo a sufocar a revolução ainda nos seus estágios iniciais, obrigando o [[São Paulo (estado)|estado de São Paulo]] a ter de improvisar em pouco tempo um amplo sistema militar defensivo em suas fronteiras contra a ofensiva de tropas de todos os estados brasileiros, com a exceção do Mato Grosso que se tornou o único estado aliado dos paulistas. Após quase três meses de intensos combates nos quatro cantos do estado, o conflito foi encerrado em 2 de outubro de 1932 com a rendição do Exército Constitucionalista.<ref name=":0" /><ref name=":1">{{citar livro|titulo=Contribuição para História da Revolução Constitucionalista|ultimo=Figueiredo|primeiro=Euclides de Oliveira|editora=Martins|ano=1954|local=São Paulo|páginas=|acessodata=|paginas=362}}</ref>