História dos conceitos: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Albrecht Altdorfer - Schlacht bei Issus (Alte Pinakothek, München).jpg|280px|thumb|[[Reinhart Koselleck]], ao analisar ''[[A Batalha de Alexandre em Isso]]'', de [[Albrecht Altdorfer]], salienta o caráter supratemporal da pintura, o qual torna difícil a demarcação precisa de um evento histórico específico em sua imagem]]
 
A '''história dos conceitos''' (em alemão: ''Begriffsgeschichte'', [[Imagem:Ltspkr.png|10px]] <small>[[Multimédia:De-Begriffsgeschichte.ogg|ouvir]]</small>), também chamada de '''história conceitual''', é um campo da [[História]] voltado para a análise histórica dos conceitos. O surgimento da história dos conceitos como proposta metodológica no contexto alemão remete aos séculos XVIII e XIX,; no entanto, esta abordagem só adquire o estatuto de uma disciplina autônoma dentro da grande área da História em meados do {{séc|XX}}, quando a sua teoria e metodologia ésão sistematicamente estabelecidaestabelecidas em torno de alguns princípios centrais, tais como a distinção entre conceito e palavra, a utilização dos conceitos de [[sincronia]], [[diacronia]], [[semasiologia]] e [[onomasiologia]], ambos importados da [[linguística]], assim como a formulação do [[Sattelzeit]], entendido como um período histórico equivalente ao advento da [[modernidade]], no qual diversos conceitos sociais e políticos teriam passado por profundas transformações [[semântica]]s.
 
Os primeiros passos para a institucionalização do campo da história dos conceitos foram dados em 1955, com a fundação da revista ''[[Archiv für Begriffsgeschichte]]'' por [[Erich Rothacker]], e, no ano seguinte, com a fundação do ''[[Arbeitskreis für moderne Sozialgeschichte]]'', por [[Otto Brunner]]. Nesta primeira revista, foram anunciados em 1967 dois grandes projetos de pesquisa para a realização da história dos conceitos. OsO primeirosprimeiro deles, publicado em 1971, foi o ''Dicionário Histórico de Filosofia'' (''[[Historisches Wörterbuch der Philosophie]]''), coeditado por [[Joachim Ritter]], [[Karlfried Gründer]] e [[Gottfried Gabriel]].{{sfn|Jasmin|Feres Júnior|2006|p=22}} No ano seguinte, surgiu outro trabalho igualmente extenso e importante, o ''Conceitos Históricos Básicos'' (''[[Geschichtliche Grundbegriffe]]''), organizado por Bruner, [[Werner Conze]] e [[Reinhart Koselleck]]. A estesesses dois projetos, soma-se ainda um terceiro, o ''Manual de Conceitos político-sociais Básicos na França'' (''[[Handbuch politisch-sozialer Grundbegriffe in Frankreich]]''), anunciado em 1982, e editado por Rolf Reichardt e Eberhard Schmitt a partir de 1985.{{sfn|Richter|1987|p=249}} Influenciados por esta tradição alemã, outros projetos em história conceitual se desenvolveram-se a partir do {{séc|XX}}, tais como o ''Iberconceptos'', que reuniu pesquisadores da [[Península Ibérica]] e da [[América Latina]] com o propósito de realizar um estudo comparado dos conceitos sociais e políticos no mundo [[Ibero-América|Iberoamericano]], o ''Projeto de História Conceitual Europeia'', realizado por pesquisadores de diversas universidades europeias com o objetivo de analisar o desenvolvimento dos conceitos dentro do continente europeu, e o projeto ''História Conceitual Global da Ásia, 1860-1940'', que incorporou os princípios metodológicos da [[história global]] para elaborar uma história dos conceitos na Ásia entre meados do {{séc|XIX}} ao XX.
 
Após a sua institucionalização, a história dos conceitos deixou de se restringir ao contexto alemão e passou a integrar a agenda historiográfica de diversas universidades ao longo do mundo. Sua presença é particularmente visível no [[Brasil]], na [[Coreia do Sul]], e na [[Europa]] como um todo. Desde o seu surgimento, a história conceitual travou um importante diálogo com a [[história social]] e com a [[história das ideias]], utilizando alguns princípios da primeira na sua constituição disciplinar e realizando uma oposição à segunda em função de algumas limitações metodológicas da sua abordagem. Quando a proposta da história dos conceitos deixou de se restringir ao contexto alemão, ela passou a dialogar com outras disciplinas que se debruçavam sobre o mesmo tipo de fontes históricas, mas que o faziam seguindo perspectivas metodológicas distintas, como foi o caso da história dos discursos políticos. Mais recentemente, a história dos conceitos passou a ser incorporada por novas perspectivas historiográficas, como a história global, com o intuito de adaptar a sua abordagem de acordo com algumas das reivindicações contemporâneas da História, tais como a necessidade de superação do [[eurocentrismo]] e das análises conceituais pautadas exclusivamente nos [[Estado-nação|Estados nacionais]].