Palácio Nacional de Mafra: diferenças entre revisões
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{{
{{Info/Edifício
|nome =Palácio Nacional de Mafra
|imagem =Mafra May 2013-2.jpg
|legenda =Fachada principal do palácio
|imagens_tamanho =300
|tipo =Convento e [[palácio]] [[Rei|real]]
|estilo =[[Barroco joanino]]
|arquiteto =[[João Frederico Ludovice]],
|engenheiro =[[Manuel da Maia]]
|função_inicial =religiosa: convento [[Ordem dos Frades Menores|franciscano]] masculino
residencial: palácio real
|função_atual =religiosa: [[Igreja (edifício)|igreja]] paroquial
cultural: [[museu]]
militar: [[quartel]]
|proprietário_atual =[[Estado português]]
|visitantes ={{formatnum:274255}} <small>(2014)</small>
|website ={{URL|http://www.palaciomafra.pt}}
|ano_de_classificação =1910
|numero_igespar =69940
|numero_sipa =6381
|classificação_pt ={{MN}}
|pm_designação =Real Edificio de Mafra - Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada
|critérios =iv
|inscrição =2019
|ID =1573
|cidade =[[Mafra (Portugal)|Mafra]]
|país =[[Portugal]]
|coord_título =s
|latd=38 |latm=56 |lats=12 |latNS=N
|longd=9 |longm=19 |longs=35 |longEW=W
|mapa_dinâmico_zoom =13
|data_início =1717
}}
O '''Palácio Nacional de Mafra''' localiza-se no concelho de [[Mafra (Portugal)|Mafra]], no [[distrito de Lisboa]], em [[Portugal]], a cerca de 25 quilómetros de [[Lisboa]]. É composto por um palácio e [[mosteiro]] monumental em [[Estilo arquitetónico|estilo]] [[barroco joanino]], na vertente alemã. Os trabalhos da sua construção iniciaram-se em 1717 por iniciativa do rei {{lknb|d=s|João|V|de Portugal}}, em virtude de uma promessa que fizera em nome da descendência que viesse a obter da rainha [[Maria Ana de Áustria, Rainha de Portugal|D. Maria Ana de Áustria]].
O edifício ocupa uma área aproximada de quatro [[hectare]]s ({{fmtn|37790|[[Metro quadrado|m²]]}}). Construído em pedra [[lioz]] abundante na região de Mafra é constituído por {{formatnum:1200}} divisões, mais de {{formatnum:4700}} portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões.<ref>http://www.palaciomafra.gov.pt/pt-PT/Geral/ContentList.aspx</ref>
Está classificado como [[Classificação do património em Portugal#Monumento Nacional|Monumento Nacional]] e declarado [[Património Mundial|Património Mundial da Humanidade]] pela [[Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura|UNESCO]].
A sua construção é tema da obra ''[[Memorial do Convento]]'', de [[José Saramago]].
== Classificações ==
Foi classificado como Monumento Nacional em 1910. Foi um dos finalistas da iniciativa [[Sete Maravilhas de Portugal]] a 7 de julho de 2007. Foi classificado pela [[Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura|UNESCO]] como [[Património Mundial|Património Mundial da Humanidade]] a 7 de julho de 2019 durante a 43.ª sessão em [[Baku|Bacu]].<ref>{{Citar web|titulo=UNESCO World Heritage Centre - nominations to be examined at the 43rd session of the World Heritage Committee (2019)|url=https://whc.unesco.org/en/newproperties/|obra=UNESCO World Heritage Centre|acessodata=2019-07-07|lingua=en}}</ref>
==Basílica==
A [[basílica]] é uma obra de enormes dimensões que, num só edifício de grande escala, consegue reunir uma igreja, um convento e um palácio. Sendo a obra de maior referência no reinado de {{lknb|d=s|João|V|de Portugal}}, o chamado [[período joanino]]. Numa altura em que Portugal vivia uma monarquia absoluta, esta obra nasce mais por necessidade política, usando o [[Ciclo do Ouro|ouro vindo do Brasil]]. Desta forma, {{nowrap|D. João V}} vai criar uma marca do seu reinado e mudar o paradigma da artes em Portugal.<ref>Borges, Nelson Correia (1993), História da Arte em Portugal Do Barroco ao Rococó, Volume 9. Lisboa. Publicações Alfa, pp. 59-62</ref>
Destinado à [[Ordem dos Frades Menores|Ordem de São Francisco]], o Convento foi pensado inicialmente para 13 frades, mas o projeto foi sendo sucessivamente alargando para 40, 80 e finalmente uma comunidade de 300 religiosos e palácio real.
É escolhido para seu arquiteto [[João Frederico Ludovice]], ourives arquiteto e engenheiro militar prussiano que estudara arquitetura em [[Península Itálica|Itália]]. João Frederico Ludovice dirige a obra até 1730 e para sua conclusão deixa seu filho João Pedro Ludovice também arquiteto formado na escola de risco Mafrense.
Por vontade do Rei, a cerimónia da sagração da Basílica foi realizada no ano de 1730, a 22 de
Trezentos e vinte e oito frades arrábidos ingressaram então na comunidade de Mafra, vindos de diversos conventos na região mandados extinguir por Decreto Real.
Já no reinado de [[José I de Portugal|D.
No reinado de
A
==Palácio==
[[
[[Imagem:Palácio Nacional de Mafra (1853).jpg|thumb|esquerda|[[Litografia]] do palácio de 1853]]
Há quem defenda que a obra se construiu por vias de uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei padecia. O nascimento da princesa [[Maria Bárbara de Bragança|Maria Bárbara]] determinou o cumprimento da promessa. Este [[palácio]] e [[convento]] barroco domina a vila de Mafra.
O trabalho começou a 17 de novembro de 1717 com um modesto projeto para abrigar 13 [[frade]]s franciscanos, mas o [[Ciclo do Ouro|ouro do Brasil]] começou a entrar nos cofres portugueses; {{nowrap|D. João V}} e o seu arquiteto, [[João Frederico Ludovice|Johann Friedrich Ludwig]] (Ludovice) (que estudara na [[Península Itálica|Itália]]), iniciaram planos mais ambiciosos. Não se pouparam a despesas. A construção empregou 52 mil trabalhadores e o projeto final acabou por abrigar 300 frades, num espaço de {{fmtn|40000|[[Metro quadrado|m²]]}} com um palácio real e uma das mais belas bibliotecas da [[Europa]], decorada com [[mármore]]s preciosos, [[Madeira (material)|madeiras]] exóticas e incontáveis obras de [[arte]]. A basílica foi consagrada no 41º aniversário do rei, em 22 de outubro de 1730, calhado a um domingo, com festividades de oito dias.
No convento consumiam-se por ano 120 pipas de vinho, 70 pipas de azeite, quase 10 toneladas de arroz e 600 vacas. Junto ao Convento ficava o Jardim da Cerca, com horta e pomar, tanques de água e vários campos de jogo para lazer.<ref>http://www.palaciomafra.gov.pt/pt-PT/conventomenu/ContentList.aspx</ref>
Para a sua construção vieram técnicos de toda a [[Europa]]. Esta mão de obra especializada teve uma importante missão na realização do projeto de [[Ludovice]]. Assim vai receber vários tipos de contribuições, podendo ser uns mais activos e outros mais ilusórios. As ideias patentes neste Convento foram inspirado nos grandes palacetes urbanos do [[Barroco|Barroco internacional]], tendo como referência [[Basílica de São Pedro|São Pedro de Roma]], muito devido a [[Carlo Fontana|Carlos Fontana]] e a passagem do arquitecto por [[Roma]]. Em suma, Mafra é um bom exemplo de erudição, de boa arquitectura, de boa construção em termos de pura engenharia, conjugando a citação clássica com a necessidade de a apresentar enquanto espectáculo.<ref>Borges, N. C. (1993). ''História da Arte em Portugal. Do Barroco ao Rococó''. Volume 9. Lisboa: Alfa, p. 63</ref>
O palácio era popular para os membros da família real, que gostavam de caçar na tapada. Hoje em dia decorre aqui um projeto para a preservação dos [[lobo]]s ibéricos. O [[mosteiro]] passou a ser usado por forças militares desde
No palácio, pode-se visitar a [[farmácia]], com belos potes para [[medicamento]]s e alguns instrumentos [[cirurgia|cirúrgicos]], o [[hospital]], com dezasseis cubículos privados de onde os pacientes podiam ver e ouvir missa na [[capela]] adjacente, sem saírem das suas camas. No andar de cima, as sumptuosas salas do palácio estendem-se a todo o comprimento da fachada [[
[[Imagem:Basílica de Mafra - Interior.jpg|thumb|[[Basílica]] do palácio]]
Algumas das divisões do palácio são: sala de Diana, sala do trono, torreão norte, galeria principal, sala das descobertas, sala dos destinos, sala da guarda, sala da bênção, sala dos camaristas, torreão sul, oratório sul, sala de [[D. Pedro V]], sala de música, sala de jogos, sala da caça, sala de jantar, salão grande dos frades e cela fradesca.<ref>http://www.palaciomafra.gov.pt/pt-PT/palaciomenu/salas/ContentList.aspx</ref>
Ao centro, a imponente fachada é valorizada pelas torres da
O real edifício de Mafra é um organismo complexo, delimitado nos seus ângulos por duas [[torre]]s-blocos, de [[Arquitectura militar de Portugal|linguagem militar]], onde vamos encontrar os palácios do rei e da rainha, tendo a igreja como ponto central. O convento ocupa a parte de trás do edifício, ou seja, a fachada principal é destinada ao rei, e na sua parte posterior é que vai surgir o convento.
{{Panorama|Panorama Palácio Nacional de Mafra Terreiro D. Joao V. Foto 2016 Wolfgang Pehlemann DSC00846.jpg|1000px|Fachada principal do Palácio Nacional de Mafra em 2016}}
==Colecções
O espólio do Palácio Nacional de Mafra inclui peças provenientes do [[Convento de Nossa Senhora e Santo António]], predominantemente do
====Cerâmica====
[[Imagem:Sala dos Destinos.jpg|thumb|Sala dos Destinos]]
[[Imagem:Palácio de Mafra - Salão amarelo.jpg|thumb|Sala Amarela]]
[[Imagem:Palácio de Mafra - Salão.jpg|thumb|Sala do Trono]]
[[Imagem:MafraPalace-Library.jpg|thumb|Biblioteca]]
A colecção de cerâmica divide-se no núcleo conventual, com peças em faiança branca para uso quotidiano (pratos, taças, galheteiros, púcaros, etc.), fabricadas em olarias locais, com a inscrição MAFRA. Foram encomendadas e pagas por {{nowrap|D. João V}} para os 300 frades que habitaram o Real Convento de Mafra. Da antiga botica conventual, existem alguns canudos e mangas para as preparações medicinais.
O outro núcleo, relativo ao palácio, compreende cerâmica utilitária e decorativa proveniente da Casa Real, destacando-se a porcelana decorativa de origem francesa e oriental dos séculos XVIII e XIX.<ref>http://www.palaciomafra.gov.pt/pt-PT/Colecoes/ceramica/ContentList.aspx</ref>
====Escultura====
A coleção de escultura compreende toda a estatuária da
====Ourivesaria====
A colecção inclui ourivesaria civil e religiosa muito diversificada, de origem portuguesa, italiana e também britânica, datada dos séculos XVIII e XIX.
Cálices e relicários do
No âmbito do palácio, o espólio compreende bacias, castiçais, leiteiras, escrivaninhas.<ref>http://www.palaciomafra.gov.pt/pt-PT/Colecoes/colecoes_ourivesaria/ContentList.aspx</ref>
====Metais====
A colecção de metais inclui os utensílios religiosos de uso na basílica como relicários, castiçais, cruzes, turíbulos e navetas, caixas para hóstias, lampadários executados em Itália, tocheiros e gradeamento em ferro e bronze da capela do Santíssimo Sacramento da autoria de René Michel Slodtz (escultor) ou das banquetas de altar encomendadas por
Existem também objectos de uso quotidiano do convento, como castiçais e palmatórias, bacias, jarros e bilhas, braseiras, entre outros.
A colecção é completa com os objectos de uso palaciano, como candeeiros, castiçais, travessas, pratos e utensílios de cozinha.<ref>http://www.palaciomafra.gov.pt/pt-PT/Colecoes/colecoes_metais/ContentList.aspx</ref>
====Mobiliário====
Do mobiliário da época Joanina pouco resta pois a maior parte do mobiliário, tapeçarias e obras de arte foram transportadas aquando da [[Transferência da corte portuguesa para o Brasil|ida da Corte para o Brasil]] na época das
Assim, os ambientes atuais do palácio são fundamentalmente do
No palácio real, destacam-se uma cama de aparato Império, em mogno e com bronzes, as respectivas mesas de cabeceira de meados do séc. XIX, adquirida pela
Quanto ao mobiliário conventual, consiste essencialmente em camas, bancos, mesas e estantes pertencentes às celas fradescas, e que foram posteriormente utilizados pela Corte após a extinção das Ordens Religiosas.
Destacam-se três estantes do mestre entalhador da Casa das Obras e Paços Reais António Ângelo, encomenda de
====Pintura====
Para os altares da Real Basílica, para as diversas capelas e áreas conventuais, como a portaria e o refeitório, dom {{nowrap|D. João V}} encomendou uma coleção de pintura religiosa que se conta entre as mais significativas do
A colecção de pintura abrange Mestres da Escola Italiana da 1ª metade do
Também [[Sebastiano Conca]] (1680-1764) com a tela “Imaculada Conceição”, tema de particular devoção da ordem fransciscana.
Mafra tornou-se o maior centro difusor do gosto romano da época, quer pela quantidade de obras, quer pela diversidade de artistas que para aqui trabalharam.
A colecção integra ainda pintores portugueses do
De destacar, também as marinhas executadas pelo rei D. Carlos e um retrato de
====Têxteis/
Para ornamentar a Real Basílica de Mafra, {{nowrap|D. João V}} fez encomenda de ornamentos e [[Veste litúrgica|paramentos]] em França e em Itália (Génova e Milão).
A colecção é composta por paramentos nas cinco cores litúrgicas (carmesim, branco, preto, roxo, verde).
Segundo especificação do rei, os paramentos deveriam ser de “...seda, não adamascada nem lavrada, mas sim forte, e de muita dura [... ] bordados a seda cor de ouro a mais parecida que puder ser com o mesmo ouro."
A importância desta colecção deve-se também ao grande número de peças que a compõem. Como exemplo, o paramento usado na procissão do Corpo de Deus, tem 25 casulas, 8 dalmáticas, 12 capas bordadas, 70 pluviais, para além de panos de estante, capas de missal, pano de púlpito, umbelas, entre outros. Para a maior parte dos conjuntos existiam ainda dosséis, estandartes, pavilhões de sacrário, etc.
Foi ainda encomendada toda a “roupa branca” de sacristia, como albas, roquetes, cotas, toalhas, corporais, sanguíneos, etc.<ref>http://www.palaciomafra.gov.pt/pt-PT/Colecoes/colecoes_texteis/ContentList.aspx</ref>
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==Carrilhões==
O
Foram realizados por dois fundidores de sinos dos Países Baixos: Willelm Witlockx, um dos mais respeitados fundidores de sinos em Antuérpia e Nicolaus Levache, um fundidor de
Este conjunto único inclui também o maior conjunto conhecido de sistemas de relógios e de cilindros de melodia automática; ambas as torres de Mafra possuem mecanismos automáticos de toque (quatro cilindros rotativos com cavilhas e alavancas) Este é um marco mundial para o estudo, quer da música automática quer da relojoaria. Estes complexos engenhos são capazes de tocar de modo intermutável de entre cerca de dezasseis diferentes e complexas peças de música, em qualquer momento. Os cilindros melódicos de Mafra foram executados pelo famoso De Beefe, construtor de relógios dos Países Baixos da primeira metade do
==Biblioteca
O maior [[tesouro]] de Mafra é a sua [[biblioteca]], com chão em [[mármore]], estantes em estilo [[rococó]] e uma coleção de mais de {{formatnum:30000}} livros com encadernações em couro gravadas a [[ouro]], incluindo uma segunda edição de ''[[Os Lusíadas]]'' de [[Luís de Camões]]. Abrange áreas de estudo tão diversa como a [[medicina]], [[farmácia]], [[história]], [[geografia]] e viagens, [[filosofia]] e [[teologia]], [[direito canónico]] e [[direito civil]], [[matemática]], [[história natural]], [[sermonária]] e [[literatura]].
Situada ao fundo do segundo piso, a estrela do palácio, rivaliza em grandiosidade com a Biblioteca da [[Abadia de Melk]], na [[Áustria]]. Desenhada por [[João Frederico Ludovice]], sendo as estantes de autoria de [[Manuel Caetano de Sousa]], tem 88 metros de comprimento, 9,5 metros de largura e 13 metros de altura. O magnífico pavimento é revestido de mármore rosa, cinzento e branco. As estantes de madeira em estilo rococó, situadas em duas filas laterais e separadas por um varandim, contêm milhares de volumes encadernados em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental dos séculos XV ao XIX. Entre eles, muitas jóias bibliográficas, como [[incunábulo]]s. Muitos deste volumes foram encadernados na oficina local. A biblioteca de Mafra é também conhecida por acolher [[morcego]]s, que ajudam a preservar as obras.<ref>Informação fornecida por Palácio Nacional de Mafra</ref>
{{Referências}}
==Bibliografia==
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==Ligações externas==
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* {{Link-igespar|69940|Palácio Nacional de Mafra}}
{{Património Mundial em Portugal|collapsed}}
{{Palácios de Portugal}}
{{Controle de autoridade|colapsar}}
{{DEFAULTSORT:Palacio Nacional Mafra}}
[[Categoria:Mafra (freguesia)]]
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