Mestre Ataíde: diferenças entre revisões

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O estilo de Ataíde está perfeitamente alinhado com as grandes tendências da Europa, de onde vinham todas as referências visuais e conceituais da arte colonial brasileira. Como se disse antes, essas tendências se aglutinavam no que se convencionou chamar de estilo [[Barroco]], na verdade um feixe de tendências muito diversificadas. De qualquer forma, Ataíde se encaixa na definição mais usual do Barroco: um estilo que prima pelo luxo ostensivo na escolha dos materiais, pela opulência das cores, preferindo os fortes contrastes; pelo dinamismo no desenho e na composição; pelo amor à glória, ao exagero, à [[retórica]] e ao [[drama]], e pelo utilitarismo, usualmente com uma ou mais finalidades simbólicas e instrutivas embutidas na sua rica visualidade.<ref>Costa, Maria Cristina Castilho. ''A imagem da mulher: um estudo de arte brasileira''. Senac, 2002. pp.</ref><ref name="Hauser">Hauser, Arnold. ''The Social History of Art'', Vol. II. Routledge, 1999, pp. 62-63</ref>
 
Ataíde é usualmente mais lembrado pela pintura de tetos de várias igrejas e capelas pela região mineira; neles pintou [[Cristo]] e sua [[Virgem Maria|Mãe]], os santos e mártires, cenas bíblicas e epifanias gloriosas, e para ambientá-los, criou complexas arquiteturas ilusionísticas e molduras decorativas cheias de guirlandas, rocalhas e coros de anjos, com a graça ''flamboyant'' típica do mais puro Rococó. Mas também deixou obras de cavalete e painéis menores, de qualidade mais intimista, às vezes até mais tocantes e próximos da gravidade do Barroco, e não menos valiosos do que seus grandes tetos.<ref name="Itaú"/><ref name="Paiva"/>
 
Há, porém, dilemas ainda mal resolvidos na caracterização do seu estilo. Na grande escala, o [[Barroco]] e o [[Rococó]] são [[Estilo (arte)|estilo]]s mal delimitados e têm gerado antigas, vastas e inconclusivas polêmicas,<ref>Oliveira, Myriam Andrade Ribeiro. [http://books.google.com/books?id=Cw_po7q15qQC&printsec=frontcover&dq=aleijadinho&hl=pt-BR&ei=wLgrTLeZCYaKlwe0ovGrCQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CCkQ6AEwAQ#v=onepage&q=aleijadinho&f=false ''Rococó religioso no Brasil e seus antecedentes europeus'']. Cosac Naify Edições, 2003, pp. 17-21</ref> e assim, no caso particular de Ataíde, ele é descrito ora como um barroco, ora como um rococó, ou como uma combinação de ambos.<ref name="Itaú"/><ref name="Campos"/><ref>Morato, p. 2</ref> Disse Adalgisa Campos, sintetizando o problema, que os aspectos formais das obras de Ataíde revelam "a inspiração do artista em seu meio — salientando uma coloração tropical vibrante e figuras humanas mestiças – expressando através da forma rococó uma espiritualidade barroca".<ref name="Paiva"/> Mas essas incertezas não importam para a valorização de Ataíde como artista, pois é consenso que seu talento era superlativo, independentemente da escola à qual quisermos atribuí-lo. Nas palavras de Lélia Coelho Frota, "como a de todo artista de boa envergadura, a obra de Ataíde, em última análise, não se deixa prender a rótulos de escola ou de períodos. Transcende-os, é contemporânea de si mesma".<ref name="Itaú"/>