Marquês de Condorcet: diferenças entre revisões

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Talvez conheçamos Condorcet mais pelos autores que se apropriaram dele, como [[Comte]], [[Marx]] e boa parte dos progressistas do [[século XIX]], do que por sua própria obra. Mas analisando-a podemos encontrar aspectos vigentes e incontáveis autores que se utilizam dele para formulação das ideias de perfectibilidade e de progresso do homem. Ainda hoje vemos uma forte influência de seu pensamento nas grandes ações do homem. O que pensar de uma sociedade que busca levar o bem estar de toda a população e busca [[instrução]] para todos, além do pensamento de Condorcet para a [[sociabilização]] do conhecimento? E ao pensar na degradação da natureza pelo homem imagina-se por que o homem não faz nada para evitar sua destruição completa, não só da [[natureza]], como da própria humanidade, por conseguinte. A fé no progresso tão presente no pensamento iluminista, e ultimado no pensamento de Condorcet, está presente ainda nos dias de hoje. Ao não se fazer nada em questões tão críticas, vê-se a real fé que os homens têm no progresso, que ele ainda vai arranjar uma saída, ainda vai dar um jeito de resolver tudo. Enfim que o progresso achar a solução e o homem caminhará sempre para sua perfectibilidade infindável.
 
=== Contribuição para o Arqueofeminismo ===
Marquês de Condorcet, Marie Jean Antoine Nicolas de Caritat, foi um matemático, filósofo, político e revolucionário francês que viveu de 17 de setembro de 1743 a 28 de março de [[1794]]. Nasceu na comuna de [[Ribemont]], na região administrativa de Altos da França, no departamento de Aisne. Era de família aristocrática e religiosa. Não passou muito tempo com seu pai, que faleceu pouco após o seu nascimento. Foi criado por sua mãe, mulher muito devota, com grande ajuda de um tio bispo e dos jesuítas de Reims. Ao fazer 15 anos, se mudou para Paris, para estudar no Colégio de Navarra, onde teve contato direto com os pensadores e matemáticos da época.
 
Ainda jovem, se tornou ateu e forte apoiador das ideias laicizas, principalmente no ensino. Aos 36 anos ingressou na [[Academia das Ciências de Paris|Academia das Ciências]] e, posteriormente, foi eleito deputado à Assembleia Legislativa, como membro da Comissão de Instrução Pública. Foi um revolucionário girondino, portanto, durante o período do Terror, em julho de 1973, liderado pelos jacobinos de [[Maximilien de Robespierre|Robespierre]], foi perseguido e capturado. Cerca de 3 dias após a sua captura, foi encontrado morto em sua cela – acredita-se que tenha sido suicídio, e que tenha preferido se envenenar ao morrer na guilhotina. Condorcet apresentava naquela época, ideias muito a frente de seu tempo, e defendeu com persistência os direitos das mulheres, o voto feminino, a igualdade entre sexos e o direito dos judeus e protestantes, além de se posicionar de forma fortemente contrária a pena de morte e a escravatura.
 
Em 3 de julho de [[1790]], publicou o texto “Sobre a admissão do direito de cidadania às mulheres” que explica o direito de [[cidadania]] às mulheres na [[Assembleia Nacional Francesa|Assembléia Nacional]]. Na primeira página do texto, dissertou:
 
“… os direitos dos homens resultam simplesmente do fato de serem seres racionais e sensíveis, suscetíveis de adquirir ideias de moralidade e de raciocinar sobre essas ideias. As mulheres que têm, então, as mesmas qualidades, têm necessariamente os mesmos direitos. Ou nenhum indivíduo da espécie humana tem verdadeiros direitos, ou todos têm os mesmos; e aquele que vota contra os direitos do outro, seja qual for a sua religião, cor ou sexo, desde logo abjurou o seu próprio.” (Sobre a Admissão do Direito de Cidadania às Mulheres, CONDORCET, 1790, p.01)
 
“Diz-se que nenhuma mulher fez qualquer descoberta importante na ciência, ou deu provas da posse do gênio em artes, literatura, etc. Mas, por outro lado, não se tem intenção de afirmar que os direitos de cidadania sejam concedidos apenas aos homens de gênio. Acrescenta-se que nenhuma mulher tem o mesmo grau de conhecimento, o mesmo poder de raciocínio, que certos homens. Mas, o que resulta disso? Só que, com exceção de um número limitado de homens excepcionalmente esclarecidos, a igualdade é absoluta entre as mulheres e o restante dos homens; Que esta pequena classe à parte, inferioridade e superioridade são igualmente divididos entre os dois sexos” (Sobre a Admissão do Direito de Cidadania às Mulheres, CONDORCET, 1790, p.01)
 
Com tal texto, Condorcet inspirou duas [[Feminismo|feministas]] famosas do arqueofeminismo, [[Olympe de Gouges]] e [[Mary Wollstonecraft]], e seus famosos textos, respectivamente: “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã” e “Uma defesa dos direitos da mulher”. Outra famosa escritora que se diz influenciada pelas obras de Condorcet foi [[Simone de Beauvoir]], de autoria de frases como:
 
"No dia em que for possível à mulher o amor não em sua fraqueza, mas em sua força, não para escapar de si mesma, mas para se encontrar, não para se abater, mas para se afirmar. Naquele dia o amor se voltará para ela, assim como para o homem, a fonte de vida e não de perigo mortal. Enquanto isso, o amor representa em sua forma mais tocante a maldição que confina a mulher em seu universo feminino, mulher mutilada, insuficiente em si mesma"
 
Condorcet e seu trabalho foram umas das forças iniciais mais importantes para o feminismo moderno dado que, na época, as mulheres possuíam quase nenhuma [[Representação (filosofia)|representatividade]] na sociedade, além de seu papel como mãe. Ele serviu como voz de muitas mulheres injustiçadas, em tempos que tais mulheres, muitas vezes, nem conheciam ou acreditavam em seu próprio potencial, levando em conta o [[machismo]] fortemente instalado no período.
 
== Ver também ==
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* CARITAT, Marie Jean Antoine Nicolas. ''Ensaio de um quadro histórico do espírito humano''. Editora Unicamp, Campinas. 1993
* FERREIRA, Pedro Peixoto. ''Religião e progresso em Condorcet: gênio, técnica e apocalipse''. 2002
*''Marie-Jean-Antoine-Nicolas Caritat, Marquis de Condorcet, Sobre a Admissão do Direito de Cidadania às Mulheres''
 
== Ligações externas ==
*[http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k41719c Condorcet, Jean-Antoine-Nicolas de Caritat (1743-1794 ; Marquis de). (em francês)]
*[http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k47181k Condorcet, Jean-Antoine-Nicolas de Caritat (1743-1794 ; marquis de). Sentimens d'un républicain, sur les Assemblées provinciales et les Etats-généraux : suite des Lettres d'un citoyen des Etats-Unis à un français, sur les affaires présentes / por Condorcet (em francês)]
{{Commons|Marquis de Condorcet}}
 
* ''[https://oll.libertyfund.org/titles/condorcet-on-the-admission-of-women-to-the-rights-of-citizenship Marie-Jean-Antoine-Nicolas Caritat, Marquis de Condorcet, On the Admission of Women to the Rights of Citizenship:]''
{{Portal3|França|História}}
* ''[https://www.ecodebate.com.br/2017/03/27/condorcet-e-o-direito-cidadania-das-mulheres-marco-feminismo-moderno/ Condorcet e o direito à cidadania das mulheres: marco do feminismo moderno]''
* [https://pgl.gal/condorcet-grande-defensor-do-laicismo-no-ensino/ Condorcet, O Grande Defensor do Laicismo no Ensino]
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