Jardim Duque da Terceira: diferenças entre revisões

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O nivelamento do «Jardim de Baixo» apenas foi conseguido na década de 1920, por proposta do vereador [[Eduardo de Abreu]] que para tal se socorreu de um projecto elaborado pelo então major [[Eduardo Gomes da Silva]]. A obra iniciou-se em 1922, ficando concluída em meados de 1923, altura em que aquela plataforma ganhou a configuração que ainda mantém. Por esta altura o Jardim ganhou nova vitalidade, especialmente pelo empenhamento de [[Henrique Brás]], ao tempo presidente da Câmara Municipal, invertendo-se a degradação que então se verificava no asseio e na decoração.<ref name="CE"/> A zona mais próxima do Convento de São Francisco, hoje conhecida pelo «Jardim de Cima», era então uma mata, em boa parte abandonada e com árvores secas a necessitar de limpeza e reposição.
 
Em 1925, novamente sob a presidência de Henrique Brás, o coreto, que havia sido construído em 1887, ganhou a sua presente configuração, com a actual cobertura metálica e gradeamento. Nesse mesmo ano foi transferido para a localização actual o chamado «babão», fontanário decorativo em [[mármore]] que depois de uma curta passagem pela Praça Velha em 1879, e após vários anos desmontado à guarda do Conselho da Agricultura, se encontrava inicialmente instalado no «bosque», ou seja no actual «Jardim de Cima», ocupando uma posição central, sensivelmente frente à porta da Igreja de Nossa Senhora da Guia. Ficava assim completo o «Jardim de Baixo» na sua presente configuração. O coreto era a esse tempo local principal de atracção da cidade, com concertos noturnosnocturnos da banda militar, e a partir de 1900 das filarmónicas, num jardim que para esse efeito era iluminado.
 
A transição entre o «Jardim de Baixo» e o «Jardim de Cima» é feita por um talude que tem como elementos decorativos pequenos muretes em «pedra queimada», ou seja em grandes pedras de [[bagacina]] basáltica castanho-avermelhada, de aspecto rústico, entre os quais estão plantados diversos arbustos. A construção desta estrutura foi concluída em 1928, ano em que a pedido de um particular foi construído o quiosque em madeira ainda existente na extremidade sul daquela zona, destinado a venda de doçaria e bebidas.<ref name="CE"/> Em 1929 foi aprovada a construção de um aviário, para aves decorativas, projecto que não se concretizou, mas que levou à criação do espaço que depois seria a estufa fria do jardim, hoje a casa de chá e restaurante ali existente. No extremo sul desta área subsiste do tempo dos franciscanos, um conjunto de quatro painéis de azulejos, datados de cerca de 1740, que representam passagens da [[Parábola do Filho Pródigo]], e estão enquadrados num espaço sobranceiro ao quiosque, com banquetas e muros.<ref name="CE"/>
 
A plataforma superior, o «Jardim de Cima», que inicialmente foi zona de aclimatação e depois bosque, começou a ganhar a presente configuração em 1922, com a abertura dos primeiros caminhos. Contudo, apenas na década de 1940 passou a ser jardim, com a criação dos canteiros e do pequeno lago ali existente. Foi nessa década que se instalaram os taludes relvados, um novo tanque, a escadaria de acesso ao «Tanque do Preto», os bancos de jardim e a [[pérgula]] que serviu de estufa fria até à construção da actual casa de chá. No início da passagem existe um tanque rectangular sobre cujo bordo sul está instalada uma famosa estátua, o «Preto do Jardim», que ostenta na cabeça um [[Cocar (indígena)|cocar de índio brasileiro]]. O «Tanque do Preto» já ali existia, provindo da cerca do antigo Convento de São Francisco, alimentado inicialmente pela levada da Ribeira dos Moinhos, eservindo coma oágua seuque negrocorre, compor [[Cocarum (indígena)|cocar]]cano brasileirosaído da boca dda estátua, sendopara regar as culturas que ali se faziam. A estrutura é o que resta do sistema de rega da antiga cerca dos franciscanos. Nas décadas de 1950 e 1960 realizaram-se no relvado confinante com a pérgula sessões teatrais e de cinema, muito frequentadas no verão.<ref name="CE"/>
 
A partir da plataforma onde se localiza o «Tanque do Preto» parte uma ampla e sinuosa escadaria que liga o jardim à [[Alto da Memória|Memória]]. A ligação à Memória foi construída em 1898, por iniciativa de [[Silva Sarmento]], que por duas vezes foi presidente da Câmara Municipal entre 1896 e 1898, ficando designada por «Passagem Silva Sarmento», topónimo que se mantém. O projecto, considerado ao tempo como caro, veio permitir uma ligação pedonal entre a baixa da cidade e o Bairro de São João de Deus e o Outeiro, ao mesmo tempo que aproveita a ampla paisagem sobre a cidade que sele se desfruta. Ao tempo tinha como atractivo adicional a presença das rodas das azenhas da [[Ribeira dos Moinhos (Angra do Heroísmo)|Ribeira dos Moinhos]], já que seguia ao longo daquela levada, da qual hoje pouco resta. Após ser estabelecida a ligação à plataforma da «Memória», ao longo da encosta, a área total do jardim aumentou para 17&nbsp;500&nbsp;m<sup>2</sup>. Acompanha esta elegante escadaria uma serpenteante alameda de plátanos, que ladeiam, ensombram e refrescam os degraus que gradualmente se elevam sobre a cidade, até ao admirável miradouro de horizontes dilatados e panorâmicas deslumbrantes, verdadeiro ''ex-libris'' da cidade de Angra do Heroísmo.<ref name="siaram"/>