Gueorgui Júkov: diferenças entre revisões

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Como Júkov sabia montar, ele foi posto na [[cavalaria]] e recebeu um primeiro treinamento em [[Kaluga]], na caserna do 189º Batalhão de Infantaria de Reserva.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=52}} Em setembro, após um mês de formação inicial, ele foi transferido para o 10º Regimento de Dragões de Novgorod,{{sfn|Chaney|1996|p=485}} que se encontrava estacionado perto de [[Carcóvia]]. O treinamento da cavalaria durou mais oito meses, e em março de 1916 os recrutas partiram para a frente da guerra, no contexto da preparação da [[ofensiva Brusilov]]. Júkov, contudo, foi selecionado para ser treinado como sub-oficial, e então enviado para [[Izium]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=57}} Após seu exame final ele foi feito segundo sub-oficial (posto muitas vezes traduzido como "segundo sargento") e enviado ao seu regimento, que lutava na frente sudoeste da guerra.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=63}}[[Ficheiro:Zhukov young officier.jpg|miniaturadaimagem|A [[Primeira Guerra Mundial]] levou Júkov a ser conscrito pelo [[Exército Imperial Russo]] (c. 1915).|247x247px|esquerda]]Sua unidade, o 10º Regimento de Cavalaria, era parte da 10ª Divisão de Cavalaria, ela mesma uma subdivisão do 3º Corpo de Cavalaria, que formava a ala esquerda do 9º Exército. Logo em seu desembarque em [[Kamianets-Podilskyi|Kamianets-Podilski]], em 15 agosto de 1916, o esquadrão de Júkov foi atacado por um avião austríaco, que deixou mortos e feridos.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=65}} O primeiro feito de armas de Júkov, em setembro, foi a captura de um oficial alemão próximo a Bistritsa (oeste da [[Bucovina]]), feito que lhe valeu sua primeira [[Cruz de São Jorge (Rússia)|Cruz de São Jorge]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=65}} Em outubro de 1916, durante uma patrulha de reconhecimento, a explosão de uma [[mina terrestre]] deixou três feridos, incluindo Júkov, que entrou em [[coma]]. Ao recobrar a consciência no dia seguinte, ele foi evacuado para Carcóvia, onde permaneceu até dezembro. Ele recebe uma segunda Cruz de São Jorge por esse incidente, que lhe deixou ligeiramente surdo e sofrendo vertigens, e foi transferido para um esquadrão da reserva. Ao todo, ele passou apenas cinco semanas na frente da guerra.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=66}}
 
Em suas memórias, Júkov afirma que ele foi gradualmente influenciado pelas idéias revolucionárias que ganhavam força sob o impacto da guerra, sugerindo uma lenta conversão ao [[comunismo]].{{sfn|Roberts|p=17-18|2012}} Quanto à [[Revolução Russa de 1917]], ele registra três episódios principais. Segundo ele, em 8 de março de 1917, o primeiro dia da [[Revolução de Fevereiro]], o seu esquadrão teria se amotinado, formado um comitê de soldados, e encarcerado seus oficiais, eventos esses que alguns autores julgam pouco verossímeis.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=71-72}} De todo modo, durante o mês de março Júkov foi eleito presidente do [[soviete]] de seu esquadrão, e indicado para representarepresentá-lo junto ao soviete do regimento.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=75}} Enfim, segundo ele, a sua participação na [[Revolução de Outubro]] consistiu no fato de que o esquadrão sob sua liderança "adotou a plataforma [[bolchevique]] e se recusou a se ucranizar",{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=76}}{{Sfn|Chaney|1996|p=485}} obrigando-o a se esconder dos nacionalistas ucranianos que apoiavam [[Symon Petliura]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=77}} No contexto da desintegração do exército russo (iniciada em 10 de novembro) e da proclamação da independência da [[Ucrânia]] (20 de novembro), Júkov retornou a Moscou em 30 de novembro de 1917, mas, em vista da [[Fome russa de 1921|fome]] que assolava a capital russa, em janeiro de 1918 ele retornou à casa de seus pais em Strelkovka.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=85}}
 
=== Guerra Civil Russa ===
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Iniciada a [[Guerra Civil Russa]], em janeiro de 1918 Júkov decide se juntar à [[Guardas Vermelhos|Guarda Vermelha]].{{Sfn|Zhukov|1991|p=34|loc=t. 1}} Mas no início de fevereiro ele cai gravemente doente, com [[tifo exantemático]], e a partir de abril tem [[febre tifoide]] recorrente. Segundo ele, "então só pude cumprir o meu desejo de lutar nas fileiras do [[Exército Vermelho]] seis meses depois, quando, em agosto de 1918, me alistei como voluntário no 4º Regimento da 1ª Divisão de Cavalaria de Moscou".{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=34}} Contudo, em sua autobiografia de 1938 ele escreve ter se alistado em 1 de outubro de 1918, e estudos recentes apontam essa data como mais provável.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=86-87}} Pela segunda vez, Júkov foi incorporado à cavalaria, prestando novo juramento.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=89}}[[Ficheiro:Georgy Zhukov 3.jpg|miniaturadaimagem|left|O jovem oficial Júkov, já parte do [[Exército Vermelho]] (c. 1920).|227x227px|alt=]]O 4ª Regimento da Divisão de Cavalaria de Moscou foi fundado em 10 de outubro de 1918, e assentado em um campo de manobra a noroeste da capital soviética. A unidade permaneceu lá por oito meses, sujeita à fome e à deserção, e sofrendo da faltas de equipamentos e de supervisão. Como as antigas fileiras do exército foram abolidas, Júkov era então um simples "soldado vermelho",{{#tag:ref|Em russo: красноармеец.|group="nota"}} mas depois de algumas semanas foi feito comandante de esquadrão.{{#tag:ref|Em russo: Комот.|group="nota"}}{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=94-95}}
 
Em 1º de março de 1919 Júkov foi aceito como membro do [[Partido Comunista da União Soviética]],{{Sfn|Chaney|1996|p=485}} o que lhe ajudaria em sua carreira militar. Em 17 de maio, sua divisão foi reagrupada e enviada para [[Ierchov]], posta à disposição do comandante [[Mikhail Frunze]] para combater o [[Exército Branco]] do almirante [[Aleksandr Kolchak|Aleksandr Koltchak]].{{sfn|Roberts|p=23|2012}} Seu regimento avançou primeiro para o [[Distrito Ostrovski]], onde combateu até julho,{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=102-103}} e depois foi enviado para o sul, para combater a ala direita das tropas do Generalgeneral [[Anton Ivanovich Denikin]], comandadas por [[Pyotr Nikolayevich Wrangel|Piotr Wrangel]], que em junho conquistara [[Tsaritsyno (distrito)|Tsaritsino]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=103}}{{Sfn|Zubov|2009|p=746}}
 
Em 12 de outubro de 1919 o 4º Regimento da Divisão de Cavalaria Moscou foi transferido para [[Akhtúbinsk|Vladimirovka]], e em 26 de outubro ele enfrentou os [[cossacos]] e [[calmucos]] do 1º Regimento de Kuban do Exército Branco. Durante a batalha que se seguiu, uma granada explodiu sob o ventre do cavalo de Júkov, que teve sua perna e lado esquerdo feridos por estilhaços. Desmontado e isolado, ele foi salvo pelo [[comissário político]] Anton Ianin, que o levou de [[telega]] para [[Saratov]]. Júkov passou um mês no hospital dessa cidade,{{sfn|Roberts|p=23|2012}} e, mais uma vez afetado pelo tifo, convalesceu por um mês na casa de seus pais.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=104-105}}{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=52}} Em dezembro de 1919 ele foi selecionado pela célula comunista de sua divisão para realizar o treinamento de oficiais de cavalaria, e enviado para Starojilovo, perto de [[Riazan]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=104-105}}[[Ficheiro:Г.К. Жуков с женой Александрой Диевной. 1920-е годы.jpg|miniaturadaimagem|307x307px|Júkov e sua primeira esposa, Alexandra Dievna (década de 1920).|alt=]]Em meados de julho os aspirantes foram agrupados com seus colegas das escolas de infantaria de Moscou e de Tver, para formar uma brigada mista destinada a combater. Em agosto de 1920 sua brigada foi enviada para [[Kuban]] com a missão de controlar a região, e Júkov serviu como adjunto de um comandante de companhia. Em suas memórias Júkov evoca operações contra as "gangues de Fostikov e Krijanovski" e também discussões políticas com os agricultores, um trabalho de propaganda que foi acompanhado do conserto de celeiros, cabanas e poços, e de outros trabalho de reabilitação executados pelos militares na região. Mas sua realidade foi provavelmente mais violenta, pois os [[cossacos de Kuban]] sofreram uma severa repressão anti-[[kulak|culaque]] por terem apoiado o Exército Branco: entre 300 e 500 mil cossacos foram executados ou deportados entre 1919 e 1921, de um total de aproximadamente 4,5 milhões.{{Sfn|Zubov|2009|p=746}}
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Após o armistício de 15 de setembro de 1939 entre o Japão e a URSS, Gueorgui Konstantínovich se estabeleceu em Ulã Bator, aguardando o fim das negociações. Sem muitos compromissos de trabalho, ele faz vir sua família, e participou de caçadas com [[Khorloogiin Choibalsan|Horloogiin Choibalsan]], o primeiro secretário do Partido Revolucionário do Povo Mongol.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=255}}
 
Retornando a Moscou, em 2 de junho de 1940 Júkov conheceu pessoalmente Josef Stalin, que lhe convocou para discutir a batalha de Halhin-Golie,{{sfn|Alexieff|2017|p=9}}{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=166-167}}{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=258-259}} e nos dias 3 e 13 de junho assistiu às reuniões do [[Politburo do Partido Comunista da União Soviética|Politburo]]. [[Ficheiro:Georgy Zhukov 6.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|240x240px|O Comissário de Defesa [[Semyon Timoshenko|Semion Timoshenko]] (à esquerda, com uniforme de Marechal) e seu Chefe de Estado-Maior, Generalgeneral Júkov (1940).]] Algumas semanas depois, Júkov foi um dos três primeiros promovido ao recém-criado posto de General do Exército,{{#tag:ref|Em russo: Генерал армии|group="nota"}}{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=167}} e nomeado chefe do Distrito Militar Especial de Kiev, o principal comando ao longo da fronteira ocidental russa.{{Sfn|Chaney|1996|p=486}} Uma vez na Ucrânia, ele buscou melhorar a disciplina, o treinamento e a supervisão de suas tropas, e a partir de 28 de junho foi chamado a envolver suas tropas contra o [[Reino da Romênia]], durante a ocupação soviética da [[Bessarábia]] e da parte norte da Bucovina. Com os romenos tentando evacuar seus equipamento para além do [[rio Prut]], Júkov tomou a iniciativa e decidiu-se por lançar [[Paraquedistas militares|paraquedistas]] sobre os entroncamentos ferroviários de [[Belgrado]], [[Cahul]] e [[Izmail]], efetivamente frustrando a fuga inimiga.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=171}} Por essa época, Júkov conheceu [[Nikita Khrushchov]].{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=238}}
 
Desde o verão de 1940, o [[Pacto Molotov-Ribbentrop|pacto de não-agressão germano-soviético]] foi marcado por tensões diplomáticas. Além de atritos relacionados à [[Finlândia]], a [[Alemanha Nazi]] colocara sob sua tutela a [[Reino da Hungria (1920-1946)|Hungria]], a [[Eslováquia]] e a Romênia, e seu comportamento nos [[Bálcãs|Balcãs]] era fonte de crescente preocupação. Embora os soviéticos não tivessem provas disso, [[Adolf Hitler]] havia encarregado o Generalgeneral [[Erich Marcks]] de elaborar planos tendo como objetivo tático a [[Linha A-A]] (o chamado Plano Marcks, um antecedente da [[Operação Barbarossa]]).{{Sfn|Kay|2006|p=31}}
 
Nesse contexto perturbador, em 23 de dezembro de 1940 os principais generais soviéticos e o Politburo se reuniram em Moscou para uma conferência militar. Júkov falou em 25 de dezembro, palestrando sobre "o caráter das operações ofensivas modernas", tema de um relatório que ele escreveu com [[Hovhannes Bagramyan|Hovhannes Bagramian]] e [[Maksim Purkaiev]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=277-278}} A reunião terminou com duas simulações de ataque alemão à URSS. A primeira, de 2 a 6 de janeiro de 1941, teve Júkov à frente do time azul (os alemães) e [[Dmitry Pavlov|Dmitri Pavlov]] comandando a equipe vermelha (os soviéticos), assistido em particular por [[Ivan Konev]]. A segunda aconteceu de 8 a 11 de janeiro, invertendo-se os papéis. Timoshenko, Budionni, Meretskov, Kulik, Golikov, Chápochnikov e [[Nikolai Vatutin]] foram os árbitros. Esses exercícios terminam no primeiro caso com a vantagem dos azuis, e no segundo caso com uma vitória mais clara dos vermelhos.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=282-283}} Para além de seus resultados, as análises desses exercícios fornecem aos líderes soviéticos informações valiosas: eles poderiam manter um grande número de unidades ao longo da fronteira (na [[Linha Molotov]]), sem perigo delas serem cercadas; o deslocamento e o posicionamento de tropas, de ambos os lados, levariam vários dias para serem completados; um ataque alemão se concentraria ao sul dos [[pântanos de Pinsk]]; e uma forte contra-ofensiva, partindo da Ucrânia ocidental em direção ao sul da Polônia, daria a vitória aos soviéticos.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=283-285}}[[Ficheiro:Georgy Zhukov 7.jpg|miniaturadaimagem|250x250px|Júkov enquanto Chefe do Estado-Maior do Exército Vermelho (1941).]]
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[[Ficheiro:Georgy Zhukov 8.jpg|miniaturadaimagem|Júkov em campanha (1941).|250x250px|esquerda]] Às 13h, Stalin informou a Júkov que o Politburo decidira enviá-lo para a Frente Sudoeste como representante da Stavka, por considerar que os comandantes da linha de frente não tinham experiência e estavam desnorteados.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 1|p=246}} Simultaneamente, os marechais Chápochnikov e Kulik foram enviados à Frente Ocidental, e Vatutin substituiu Júkov na chefia do Estado-Maior General. No final da tarde Júkov chegou a Kiev, que acabara de ser bombardeada, e à noite ele e Nikita Khrushchov chegaram a [[Ternopil]].{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=326-327}}
 
Na manhã de 23 de junho Júkov não conseguiu contatar várias grandes unidades da frente de batalha. Apesar de tudo ele ordenou contra-ataques com os cinco corpos mecanizados que tinha à disposição,{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=867}} incluindo o 9º Corpo do Majormajor-Generalgeneral Rokossovski. Embora tenham atrasado os alemães, entre 26 e 30 de junho elas foram destroçadas pelo [[1.º Grupo Panzer (Alemanha)|1º Panzergruppe]] do Generalgeneral [[Paul Ludwig Ewald von Kleist|Paul von Kleist]], durante a [[Batalha de Lutsk-Brody-Rovno]]. No dia 26 de junho Júkov, Timoshenko e Vatutin reuniram-se com Stalin, para cuidar da Frente Ocidental, cujo cerco parecia iminente nos [[Batalha de Białystok-Minsk|bolsões de Białystok e Minsk]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=331}} Entre 27 e 28 de junho Júkov ordenou várias vezes, às tropas dessa frente, de contra-atacarem, mas sem qualquer resultado prático. No dia 29, a cúpula dos militares foi alvo da cólera de Stalin: Kuznetsov foi rebaixado, Meretskov preso, Pavlov e Vladimir Klimovskikh executados.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=342}} Por esses dias Alexandra Dievna e suas filhas foram evacuadas para [[Samara (Rússia)|Kuibishev]], onde mais tarde se juntaram a elas a mãe de Júkov a uma de suas tias.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=338}}
 
Em 10 e 11 de julho, a Stavka e o Estado-Maior foram movidos para um abrigo antiaéreo. Júkov ordenou uma série de contra-ataques que beiravam o suicídio, nos quais os corpos mecanizados soviéticos foram aniquilados: em [[Lépiel]] de 6 a 11 de julho, contra o flanco do [[3.º Grupo Panzer (Alemanha)|3º Grupo Panzer]] do Generalgeneral [[Hermann Hoth]]; em [[Jlóbin]] no dia 13, contra o [[2.ª Divisão Panzer (Alemanha)|2º Grupo Panzer]] do Generalgeneral [[Heinz Guderian]]; na Ucrânia entre 10 e 14 de julho, em uma operação em [[Novohrad-Volinski]]; perto de [[Pskov]] de 14 a 18 do mesmo mês, contra o [[LVI Corpo de Exército (Alemanha)|LVI Corpo de Exército]] do Generalgeneral [[Erich von Manstein]] (Operação Soltsi-Dno).{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=351}}
 
Em 10 de julho, Júkov convenceu Stalin a posicionar as tropas da reserva em duas linhas para proteger a capital, a primeira no [[Rio Duína do Norte|Duina]] e no [[Dniepre]] (passando pela [[linha de Stalin]], [[Polotsk]], [[Vitebsk]], [[Orsha]], [[Mogilev]] e [[Mazir]]), e a segunda passando por [[Nével]], Smolensk, [[Roslavl]] e [[Gomel]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=332-333}} Em 14 de julho, Stalin autorizou Júkov a formar uma "Frente da Reserva" com novos exércitos. No dia 16 de julho, Smolensk foi tomada pelos alemães, e Júkov foi confrontado por um Stalin furioso. De 21 a 26 de julho um contra-ataque planejado por Júkov foi lançado em torno de Smolensk, e enfim interrompeu a marcha do Grupo de Exércitos Centro.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=357}}{{sfn|Stahel|2009|p=285; 348}}
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=== Protegendo Moscou (1941) ===
{{Artigo principal|Batalha de Moscovo}}Estabilizada momentaneamente a situação em Leningrado, em 5 de outubro de 1941 Stalin chamou Júkov de volta a Moscou. Desde 30 de setembro os alemães haviam retomado a ofensiva no centro da linha de frente, pressionando e cercando as unidades da Frente Ocidental (sob o comando de Ivan Konev), da Frente da Reserva (comandadas por Budionni), e da [[Frente de Briansk]] (lideradas por Ieremenko), a oeste de [[Viazma]] e em ambos os lados de [[Briansk]]. Júkov foi enviado para lá, e, na noite do dia 6, viajou de carro para se juntar ao Estado-Maior da Frente Ocidental, instalado perto de Gjatsk. No dia 7, sempre por estrada e viajando durante a noite, é a vez da Frente da Reserva em [[Obninsk]], e depois de Budionni em Maloiaroslavets. Ele encontrou unidades sem liderança e agindo de maneira desordenada.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=419-420}} No dia 9 de outubro, Júkov foi novamente designado para o comando da Frente da Reserva.{{sfn|Chaney|1996|p=486}} As chuvas da ''rasputitsa''{{#tag:ref|A rasputitsa (em russo: распутица, literalmente "estação das estradas ruins") designa o período em que, por causa da neve derretida ou das chuvas, uma grande parte das terras planas são transformadas em um mar de lama. O fenômeno afeta particularmente as estradas quando elas não são pavimentadas.|group="nota"}} tornam tudo lamacento, diminuindo consideravelmente a mobilidade. No dia 10, Júkov recebe também o comando da Frente Ocidental, e decide montar seu Estado-Maior perto de Moscou, abandonando seu plano para se deslocar para [[Arzamás]]. A Frente da Reserva foi absorvida pela Frente Ocidental no dia 12. Por essa época Júkov tomou como amante uma jovem cirurgiã assistente, a primeira -tenente Lida Zakharova.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=424}}
[[Ficheiro:Разгром немецких войск под Москвой (1942) документальный фильм.webm|miniaturadaimagem|250x250px|thumbtime=20:27|Filme documentário soviético de 1942, mostrando Júkov na liderança da [[Batalha de Moscovo|defesa de Moscou]].]]
Júkov organiza a defesa de Moscou aplicando os mesmos métodos usados em Leningrado, no mês anterior. Tropas sobreviventes foram reforçadas pelas divisões de milícias populares (trabalhadores e estudantes), recrutas (nascidos em 1921, 1922 e 1923, mobilizados por antecipação{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=430}} e enviados para o combate por vezes sem instruções ou uniforme), e dispostas em um arco, partindo de [[Tver|Kalinin]], ao norte, até Kaluga, no sul, passando por [[Volokolamsk]] e [[Mojaisk]], enquanto as forças alemãs ainda buscavam reduzir os bolsões de Viazma e Briansk. O Grupo de Exércitos Centro alemão, contudo, retomou a ofensiva no dia 12 de outubro. No dia 13, a [[4.ª Divisão Panzer (Alemanha)|4ª Divisão Panzer]] do Generalgeneral [[Erich Hoepner]] tomou Kalinin, enquanto 2º Exército Blindado do Generalgeneral Guderian chegou a Kaluga. Naquela noite, o [[Teatro Bolshoi]] foi evacuado para [[Kuybyshev|Kuibishev]] (incluindo trajes, conjuntos e poltronas), e no dia 16 é a vez do governo, do [[Internacional Comunista|Comintern]] e das embaixadas partirem, instalando-se 900 quilômetros mais a leste. Dirigentes moscovitas fogem, e a cidade assiste a saques maciços; cargas explosivas são colocadas no metrô e em pontes, estações ferroviárias e instalações elétricas e sanitárias.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=421}} No dia 19, o estado de sítio é proclamado na capital, e a ordem é restaurada.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=427-429}} Mojaisk (a 100 km de Moscou) caiu no dia 18, e no dia 22 foi a vez de [[Naro-Fominsk]]: o comandante local e seu ''politruk'' são fuzilados em frente às suas tropas, e Júkov ordena um contra-ataque, resultando em uma batalha de oito dias que bloqueia os alemães. A mesma coisa ocorreu em Volokolamsk no dia 23, onde Rokossovski escapou por pouco da execução, por ter recuado. No dia 28 de outubro os alemães chegaram a [[Tula (Rússia)|Tula]], mas no dia 30 foram parados pela defesa soviética e pela lama, que os privava de combustível, munições e alimentos.
 
Em 1º de novembro Júkov foi novamente convocado por Stalin, que indagava se, por ocasião do 24º aniversário da Revolução de Outubro, seria possível organizar um desfile militar. Júkov respondeu afirmativamente, pois a frente de batalha encontrava-se estável e aguardava a chegada da neve. Em 7 de novembro, sob a neve, desfilaram vários regimentos na [[Praça Vermelha]], diante de Budionni em seu cavalo e de Stalin, posicionado na tribuna do [[Mausoléu de Lenin|Mausoléu Lenin]]. A tropa desfila e parte para a frente de batalha.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=431}}
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Júkov previu a retomada da ofensiva alemã uma vez que o solo estivesse congelado, incluindo um ataque particularmente duro na linha de [[Rjev]]-Volokolamsk-[[Istra]], e especialmente dois ataques nos flancos, no norte, perto do [[Canal de Moscou|canal Volga-Moscou]] (na fronteira com a [[Frente de Kalínin]], comandada por Konev) e no sul, perto de Tula (junto à Frente Sudoeste, de Timoshenko). Embora Júkov tenha se queixado ao Comando Supremo da falta de coordenação com as frentes vizinhas, ele reforçou ambos os flancos, fazendo recuar seus 16º e 50º exércitos e concentrando atrás deles as suas principais unidades de cavalaria e blindados.{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=440}}
 
Em 13 de novembro Júkov teve a certeza de um ataque alemão a partir do 15. Mas no dia 14 Stalin ordenou um ataque preventivo com unidades de cavalaria e blindados junto a Volokolamsk e [[Serpukhov]], recusando os argumentos Júkov.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=441-442}} No dia 15, com temperaturas de -10 °C, o ataque do Grupo de Exércitos Centro alemão ocorreu como previsto, no norte e no centro, avançando no eixo Kalinin-[[Klin (Oblast de Moscou)|Klin]]-Moscou e atingindo o 13º Exército perto de Volokolamsk. O contra-ataque da cavalaria soviética no dia 17 bloqueou os alemães por dois dias. Ainda no dia 17, Júkov recebeu ordens de destruir todos os edifícios numa faixa de 20 a 30 km de ambos os lados das estradas para Moscou, medida de defesa com graves consequências paras os civis.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=444}} Ao sul, no dia 18, Guderian recomeçou o avanço, contornando Tula por [[Novomoskovsk (Rússia)|Stalinogorsk]], em direção a [[Kashira]]. Gradualmente, Júkov recebeu reforços: algumas unidades siberianas (três divisões de infantaria e duas blindadas) e seis exércitos (em processo de treinamento). As comportas de uma barragem sobre o [[Rio Istra|Istra]] foram abertas, inundando temporariamente o vale. No sul, o 2º Grupo Panzer de Guderian foi bloqueado permanentemente antes Kashira, pelo 1º Corpo de Cavalaria da Guarda liderado por [[Pável Belov]], enquanto no norte o 3º Grupo Panzer, do Generalgeneral [[Georg-Hans Reinhardt]], foi empurrado para [[Iakhroma]] pelo 1º Exército de Choque "Kuznetsov", em 1º de dezembro.
 
Em 29 de novembro Stalin concordou com a proposta de contra-ofensiva de Júkov, que ainda carecia ser planejada. A frente norte alemã se deteve em [[Krasnaia Poliana]], a 20 km dos [[MKAD|limites de Moscou]], e um regimento alemão chegou até mesmo a [[Khimki]], na parada final do [[Elétrico| bonde]] moscovita. O avanço alemão no norte também estacionou, Reinhart em [[Lobnya|Lobnia]] no dia 2 de dezembro, e Hoepner em 6 de dezembro. Júkov lançou os dez exércitos da Frente Ocidental em um contra-ataque, empurrando os alemães frontalmente. Os combates duram até 6 de janeiro de 1942, com uma temperatura variando entre -10 e -30 ° C. Com a neve profunda (até 80 cm) limitando o movimento, e o reabastecimento bloqueado nos caminhos de ferro, os objetivos são vilas e cidades que podem servir abrigo.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=460}} Em 13 de dezembro de 1941, o retrato de Júkov é estampado na primeira página do Pravda, que anuncia a derrota dos alemães em Moscou.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=464}} De fato, tendo perdido quase todos os seus veículos, por volta de 15 de dezembro as forças blindadas alemãs ameaçando Moscou estão em retirada, rumo às posições que ocupavam em outubro.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=460}}
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No dia 12 de setembro, Júkov foi chamado de volta a Moscou. De acordo com as suas memórias, no dia seguinte ele e Vassilevski propuseram a Stalin a idéia de um grande cerco, no que viria a constituir a [[Operação Urano]].{{sfn|Roberts|p=5, 167|2012}}{{#tag:ref|A autoria da [[Operação Urano]] também é reivindicada pelo Escritório de Operações do Estado-Maior Geral desde a época de Stalin, por [[Sergei Chtemenko]]{{Sfn|Shtemenko|1971|p=430}}, em 1971, e por Andrei Ieremenko{{Sfn|Eremenko|1963|p=48}} em suas memórias publicadas em 1963 (ambos em um contexto de difamação do papel de Jukov).|group="nota"}} A idéia consistia em reunir longe dos flancos inimigos as forças necessárias, e em seguida forçar o [[6.º Exército (Alemanha)|6º Exército alemão]], comandado por [[Friedrich Paulus]], em uma luta urbana contra o [[62º Exército da União Soviética|62º Exército soviético]], comandado por [[Vassili Chuikov]] e que vinha sendo regularmente renovado. Assim, as forças posicionadas longe de Stalingrado poderiam atacar os flancos alemães, tirando vantagem da fraca preparação do exército germânico para o inverno russo e da fragilidade das tropas romenas que protegiam os flancos alemães, desprovidas do equipamento necessário para deter os blindados soviéticos.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 2|p=71-72}}
 
Para isso, seriam necessárias seis semanas de preparativos. Entre o final de setembro e o início de outubro foi criada uma nova Frente Sudoeste, que é confiada a Vatutin; a Frente de Stalingrado se torna a [[Frente do Don]], chefiada por Rokossovski; a Frente do Sudeste se torna a nova Frente de Stalingrado, sob o comando de Ieremenko; e a integração entre o conjunto de operações soviéticas é amplamente reforçada. Em 6 de outubro, os três líderes da linha de frente são informados. Júkov examinou o terreno em torno [[Serafimovich]], inspecionou as frentes do Sudoeste e do Don e repassou os planos de ataque com os comandantes locais, enquanto Vassilevski fazia o mesmo com a Frente de Stalingrado.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=516-519}} A operação foi adiada duas vezes por Júkov, e enfim lançada em 19 de novembro. As posições do [[Exércitos romenos na Batalha de Estalinegrado|3º Exército romeno]], comandado pelo Generalgeneral [[Petre Dumitrescu]], foram descobertas imediatamente. A operação levou a uma decisiva vitória soviética, e no dia 23 os dois flancos da ofensiva se reencontram em [[Kalach-na-Donu]], completando o cerco de 290.000 tropas alemãs.{{Sfn|Bering|2012}}{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=520}}
 
=== Operação Marte (1942) ===
{{Artigo principal|Operação Marte (Batalha de Estalinegrado)}}Na noite do dia 19 de novembro de 1942, Júkov deslocou-se para [[Torópets]], no posto de comando da Frente de Kalínin, controlada por Purkaiev, e em seguida partiu para a Frente Ocidental, reunindo-se com Konev.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=521}} Ao mesmo tempo em que planejava a contra-ofensiva na região do Don, ele convencera Stalin a deixá-lo liderar uma grande ofensiva em Moscou, utilizando as tropas dessas duas frentes, que são as mais poderosas do Exército Vermelho. Vassilevski foi encarregado de executar a Operação Urano, que, avançando até [[Rostov-sobre-o-Don]], daria lugar à [[Operação Saturno]]. Júkov reservou-se primeiro a execução da [[Operação Marte (Batalha de Estalinegrado)|Operação Marte]], que consistia em cercar o saliente de Rjev, e em seguida a execução da Operação Júpiter, que deve chegar a Smolensk. Quatro grandes operações são assim preparadas, cada uma prevendo um cerco.{{Sfn|Glantz|2005|p=}}
[[Ficheiro:RIAN archive 602161 Center of Stalingrad after liberation.jpg|miniaturadaimagem|Centro de [[Stalingrado]] em fevereiro de 1943, pouco após sua liberação. A [[Batalha de Stalingrado]] foi o maior conflito da [[Segunda Guerra Mundial]], e a cidade foi grandemente arrasada.|250x250px]]
A chuva levou a um adiamento da Operação Marte, do 12 para 28 de outubro. Quatro exércitos (o 20º no leste, o 39º no norte e o 41º e o 22º exércitos no oeste) foram encarregados de furar a linha de defesa inimiga, seguidos por três corpos de blindados e um corpo de cavalaria. O efetivo soviético era três vezes maior do que o de seu alvo, o 9º Exército alemão do Generalgeneral [[Walter Model]] (15 divisões de infantaria, cinco divisões [[Panzer]] e uma de cavalaria) e três divisões de blindados do Grupo de Exércitos Centro. A terceira batalha por Rjev, apelidada "viagem de inverno" pelos alemães{{Sfn|Kageneck|2002|p=155}} e "moedor de carne de Rjev" pelos soviéticos, começou em 25 de novembro, sob a neve e a -10 °C. Os exércitos soviéticos avançam lentamente por quatro dias, e sua progressão foi interrompida pela chegada de reservas alemãs; os alemães contra-atacaram, isolando e em seguida destruindo dois corpos soviéticos. Confiante, Júkov persistiu, lançando outros três exércitos ao ataque, e depois um ataque geral. Apesar de submeter suas tropas a uma situação atroz,{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=525-527}} o massacre durou até 20 de dezembro e não resultou em progresso. Enquanto Vassilevski obteve uma vitória pouco custosa em Stalingrado, as tropas de Júkov sofreram pesadas baixas, contabilizando cerca de 100.000 mortos, 230.000 feridos e doentes e 1.600 blindados destruídos.{{Sfn|Glantz|2005}}
 
Júkov menciona esses combates em suas memórias, dedicando-lhes três páginas e meia (contra vinte páginas para a Operação Urano). Nelas, ele culpa Konev pela derrota e apresenta as batalhas como um elaborado ardil para impedir os alemães de fortalecerem sua posição em Stalingrado.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=521}} De fato, em 29 de dezembro de 1942 Júkov retornou a Moscou e foi recebido por Stalin, que não o censurou, convencido de que Marte havia servido a Urano ao imobilizar parte das forças alemãs. Nesse mesmo mês, ele estampa pela primeira vez a capa da revista [[Time (revista)|Time]], que anuncia:
Linha 218:
A partir de informações provenientes do Diretorado Principal de Inteligência (GRU){{#tag:ref|Em russo: Гла́вное разве́дывательное управле́ние, abrevido ГРУ (GRU).|group="nota"}} e de [[Ultra]], os soviéticos anteciparam um ataque iminente a ser lançado pelas unidades mecanizadas alemãs na região. Esse ataque, que consistiria na [[Operação Cidadela]], avançaria em duas frentes pelos lados do saliente, na tentativa de cercar as forças soviéticas.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=559-560}}
 
Em 8 de abril, Júkov enviou a Stalin um relatório preliminar, dando sua opinião sobre a reação soviética a esse duplo cerco alemão:<blockquote>"Para que o inimigo se desintegre em nossas defesas, além das medidas para fortalecer as defesas anti-tanque das frentes Central e Voronej, nós devemos nos retirar o mais rapidamente possível dos setores passivos e reforçar as reservas da Stavka, a fim de poder utilizar, nos eixos ameaçados, trinta regimentos anti-tanques, todos os regimentos de canhões autopropulsados e tantos aviões quanto possível. [...] Eu considero imprudente lançar um ataque preventivo nos próximos dias. Seria mais apropriado deixar o inimigo se esgotar em nossas defesas e destruir seus tanques, e, só então, depois de trazer novas reservas, passar para a ofensiva geral [...]".{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=561}}</blockquote>[[Ficheiro:Kursk 1943 Plan-fr.svg|miniaturadaimagem|230x230px|Com a [[Operação Cidadela]], a [[Alemanha Nazi|Alemanha Nazista]] esperava cortar o saliente de Kursk e cercar as tropas soviéticas. A [[Batalha de Kursk]], que se seguiu, foi a maior batalha de veículos blindados jamais ocorrida, e a com o maiores perdas aéreas em um só dia.]]Júkov então elaborou um plano mais complexo, e, tendo convencido Vassilevski e [[Alexei Antónov]], no dia 12 o trio apresentou a idéia a Stalin. Vatutin e Khrushchov defendiam um ataque preventivo soviético, mas Stalin por fim deixou-se convencer pelo plano de Júkov, que previa primeiro uma defesa ativa, e depois uma dupla contra-ofensiva: para Oriol, no norte ([[Operação Kutuzov]]), e para a Carcóvia, no sul ([[Operação Ofensiva Estratégica Belgorod-Carcóvia|Operação Rumiantsev]]).{{#tag:ref|Também chamada Operação Ofensiva Estratégica Belgorod-Carcóvia (em russo: Белгородско-Харьковская стратегическая наступательная операция) e, pelos alemães, Quarta Batalha de Carcóvia.|group="nota"}} Logo depois, Júkov foi enviado, com [[Sergei Chtemenko]], ao Cáucaso, para expulsar os alemães da [[Península de Taman]]. No dia 14 desse mês ele se juntou a Rokossovski na Frente Central, na expectativa do ataque alemão previsto primeiro para o dia 15, depois para o dia 19, e que termina por não acontecer. Ciente do papel que a defesa desempenhará, Júkov cuida de inspecionar as posições soviéticas na região. Então ele então foi enviado para a Frente Ocidental, em 26 de maio, voltou a Moscou por cinco dias, até 5 de junho, e depois seguiu para as frentes Sudoeste e Sul. De 16 a 28 de junho ele participou de reuniões da Stavka, em Moscou, e no dia 30 se dirigiu para a Frente de Briansk. Em 4 de julho os alemães começaram a se mover, e Júkov retornou ao posto de comando da Frente Central, junto a Rokossovski.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=562-565}}[[Ficheiro:Konev e Zukov, estate 1943.jpg|miniaturadaimagem|199x199px|Júkov (à direita) teve papel decisivo na ação soviética na [[Batalha de Kursk]]. Na foto, ele e [[Ivan Konev]] (ao centro) se reúnem com oficiais na região (verão de 1943).|esquerda]] A ofensiva alemã começou no princípio da manhã do dia 5 de julho, e Júkov respondeu imediatamente com uma contra-preparação de artilharia e o envio de 600 aeronaves para abater as pistas da [[Luftwaffe]]. Ambas iniciativas falharam.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=566}} Para o norte do saliente, a Frente Central bloqueou em poucos dias o 9º Exército alemão (comandado por Model), que tocara apenas a primeira linha de defesa soviética. Ao sul do saliente, a Frente de Voronej (gerida por Vatutin, supervisionado por Vassilevski) teve dificuldade em parar o ataque do [[4.º Exército Panzer (Alemanha)|4º Exército Panzer]] (liderado pelo Generalgeneral [[Hermann Hoth]]) e do [[Destacamento de Exército Kempf]] (chefiada pelo Generalgeneral [[Hubert Lanz]]), comandado por von Manstein, que quebrou a segunda linha de defesa e ameaçava a terceira. Na noite de 8 de julho, Júkov, Vassilevski e Stalin concordaram em realocar unidades da [[Frente da Estepe]] (confiada por Konev e mantida em reserva pela Stavka) a fim de desencadear uma contra-ofensiva no norte. No dia 9, Júkov dirigiu-se para a Frente de Briansk, que, juntamente com o 11º Exército da Guarda (comandado por Bagramian) da Frente Ocidental, executaria a parte mais dura do assalto planejado. Durante o ataque, Júkov dirigiu-se para linha de frente, a fim de observar as posições alemãs, quando foi alvejado por morteiros alemães. Uma das granadas explodiu a cerca de quatro metros dele, deixando-lhe permanente surdo de um ouvido e com dores crônicas em uma das pernas.{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=568-569}}
 
A contra-ofensiva soviética começou no dia 12, com uma intensa concentração de artilharia que durou duas horas e meia. A infantaria então perfurou as defesas alemãs, outras tropas guardaram os flancos da brecha aberta, e os blindados avançaram. Oriol foi reconquistada no dia 5 de agosto, enquanto o 9º Exército alemão recuava a fim de restaurar uma linha de defesa perto de Briansk. Em 13 de julho, Júkov foi enviado por Stalin à Frente de Voronej, ao sul do saliente, para parar a ofensiva alemã vinda do sul, que perfurara a terceira linha de defesa. Nos dias 13 e 14 ele juntou-se a Vassilevski a ao comando do 5º Exército de Tanques da Guarda (comandado pelo Majormajor-Generalgeneral [[Pável Rôtmistrov]]). Ele ordenou que o 69º Exército recuasse, evitando ser cercado, e a manobra foi executada em ordem, uma novidade para os soviéticos desde o início do conflito.{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=572}}
 
No dia 17, os blindados alemães param e começam a retornar às suas posições iniciais,{{sfn|Manstein|2017|p=501}} enquanto Júkov organizava a planejada Operação Rumiantsev. O ataque frontal empenhou cinco exércitos provenientes das frentes de Voronej e da Estepe, que depois de uma poderosa concentração de artilharia atacaram sucessivamente de 3 a 8 de agosto, perfurando as defesas inimigas. Quatro corpos mecanizados atacaram em seguida, alargando a brecha; e enfim avançaram os tanques do 1º Exército (chefiado por Katukov) e 5º Exército de Tanques da Guarda (comandado por Rôtmistrov). Von Manstein contra-atacou com seus blindados, mas acabou por perder 75% deles para esses dois exércitos mecanizados soviéticos. Em 23 de agosto, Carcóvia foi retomada.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=575-576}}
Linha 237:
Em 23 de dezembro, Vatutin lançou sua frente ao ataque, seguido em 5 de janeiro de 1944 por Konev, ambos novamente sob a coordenação de Júkov. A onda de calor retardou os soviéticos, e embora Jitomir tenha sido retomada em 1º de janeiro e Kirovogrado no dia 8, o 8º Exército alemão, que recuava, conseguiu lançar contra-ofensivas que acabaram por parar o avanço soviético em ambos os lados.{{Sfn|Manstein|2017|p=560}} Contudo, Hitler proibiu suas tropas de recuar, e os soviéticos viram a oportunidade de cerca-los e formar um bolsão alemão em torno de [[Kórsun-Shevtchênkivski]]. Em 9 de janeiro, Júkov propôs ao Estado-Maior que as tropas de Vatutin e Konev cercassem os alemães: o duplo avanço ocorreu entre 25 e 26 de janeiro, isolando cerca de 56.000 soldados alemães, um episódio que ficaria conhecido como o "caldeirão de Tcherkassi". Manstein respondeu engajando dois corpos de blindados, entre os dias 4 e 15 de fevereiro, mas que não conseguiram romper o cerco. Em 12 de fevereiro, as tropas cercadas nessa "pequena Stalingrado" conseguiram romper o cerco, o que resultou na ira de Stalin e no rebaixamento de Júkov. Stalin transferiu o comando da operação a Konev, e em 18 de fevereiro ele foi homenageado no comunicado de vitória publicado em toda a URSS.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=595-601}}
 
Em 29 de fevereiro de 1944, Vatutin foi ferido por [[partisan]]s ucranianos, e veio a morrer duas semanas depois. Stalin nomeou Júkov seu substituto, em 2 de março, dando-lhe o comando da [[Primeira Frente Ucraniana]]. As frentes vizinhas (Rokossovski no norte e Konev no sul) não se encontravam mais sob seu comando.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=602-603}} Com os oito exércitos desta frente, Júkov conduz então a operação Proskurov-Chernovtsi, em que aplica plenamente a táticas de operações profundas: um exército de choque rompe as linhas inimigas em 4 de março, e Júkov introduz seu 4º Exército de Tanques e o 3º Exército de Tanques da Guarda a fim de explorar a brecha, surpreendendo Manstein e abortando seu contra-ataque com o 1º Exército de Tanques da Guarda. Assim as tropas de Júkov atravessam os rios [[Rio Bug Ocidental|Bug]], [[Rio Dniestre|Dniestre]] e [[Rio Prut|Prut]], chegam ao sopé dos [[Cárpatos]], e, junto com as tropas de Konev, cercam o 1º Exército Panzer (comandado pelo Generalgeneral [[Hans-Valentin Hube]]) em [[Kamianets-Podilskyi|Kamianets-Podilski]]. Manstein, pouco antes de ser demitido por Hitler, em 30 de março, ordenou a esse exército que escapasse, não para o sul, onde os tanques soviéticos o esperavam, mas para o oeste,{{Sfn|Manstein|2017|p=586-592}} cortando o fornecimento Júkov entre 27 de março e 6 de abril). Apesar deste revés, em 22 de abril de 1944 Júkov foi condecorado com a primeira [[Ordem da Vitória]].{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=605-609}}
 
=== Operação Bagration (1944) ===
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De 5 a 7 de abril, ele reuniu os líderes de suas tropas afim de planejar o ataque a Berlim, e o plano resultante previa um ataque frontal a partir da margem esquerda do Oder.{{sfn|Le Tissier|1996|p=36-37}} O ataque ocorreria à noite, duas horas antes do amanhecer, iluminado por 143 holofotes de uso anti-aéreo. Quatro exércitos se deslocariam para o norte de Berlim, junto ao rio [[Rio Elba|Elba]]; o 2º Exército de Tanques da Guarda entraria na cidade pelos subúrbios do nordeste; dois exércitos (5º de Choque e 8º da Guarda) pelo leste de Berlim; o 1º Exército de Tanques da Guarda pelos subúrbios do sul; e dois exércitos (69º e 33º) avançariam para [[Zossen]], apoiados por três exércitos da 1ª Frente Ucraniana (3º Exército da Guarda, e 3º e 4º Exércitos de Tanques da Guarda) e chegariam a [[Potsdam]] e [[Brandemburgo|Brandenburgo]], no sudoeste.
 
Para chegar a Berlim, era preciso conquistar as [[colinas de Seelow]] no primeiro dia, os subúrbios berlinenses no quarto dia, cercar a cidade no sexto dia, e alcançar o Elba no dia décimo quinto dia, isso é, no [[Dia do Trabalhador]].{{Sfn|Lopez|2010|p=440}} O 9º Exército alemão os opunha, reconstruído com recursos da reserva ([[Volkssturm]], cadetes de escolas militares, membros da [[Juventude Hitlerista]], convalescentes da [[Reichsarbeitsdienst]], dentre outros) e liderado pelo Generalgeneral [[Theodor Busse]]. A superioridade soviética era de seis para um, em carros; de sete para um, em infantaria; de dez para um, em aviação; e de onze para um, em artilheria.{{Sfn|Lakowski|1994|p=69}}{{Sfn|Lopez|2010|p=444}}
 
Um reconhecimento foi realizado em 14 e 15 de abril de 1945,{{Sfn|Lopez|2010|p=466}} e, no dia 16 às 4h, Júkov lançou sua Primeira Frente Bielorussa ao ataque, precedida de uma enorme preparação de artilharia que durou 30 minutos (mais de 15.000 canhões, morteiros e foguetes, mas ineficazes porque as duas primeiras linhas alemãs haviam sido quase totalmente evacuadas durante a noite),{{Sfn|Lopez|2010|p=470-472}} e levantou uma enorme poeira que dificultaria a visibilidade durante a operação. As tropas terminaram encalhadas em um vale pantanoso e coberto de minas terrestres, no sopé das colinas de Seelow, de onde a terceira linha alemã atirava com suas baterias anti-tanques. Por volta do meio-dia, Stalin anunciou a Júkov que Konev o havia ultrapassado no sul do [[rio Neisse]].{{Sfn|Lopez|2010|p=444}}{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 2|p=285}} Júkov decidiu então utilizar o 1º Exército de Tanques da Guarda, mas isso resultou em um enorme engarrafamento com as unidades do 8º Exército da Guarda.{{Sfn|Lopez|2010|p=485-487}} O ataque consumiu grande número de obuses e as baixas foram pesadas,{{Sfn|Haskew|2018a}} mas apesar disso os soviéticos avançaram. À noite, Júkov contatou Stalin e este informou-o que ordenaria a Konev atacar Berlim pelo sul. O ataque de Júkov foi retomado em 17 de abril, às 6 da manhã, e Seelow foi tomada.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 2|p=285-286}} No dia 18, Konev atacou Berlim pelo sul, encontrando dificuldades. As tropas de Júkov rapidamente tomaram [[Münchberg]] e avançaram rumo a Berlim.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 2|p=288-290}}
Linha 279:
 
=== As capitulações alemãs (1945) ===
{{Artigo principal|Instrumento da rendição alemã}}Em 30 de abril de 1945, por rádio, a [[Chancelaria do Reich]] pediu um cessar-fogo para negociar.{{Sfn|Beevor|2002|p=507}} No dia 1 de maio, às 3h50min, o Generalgeneral [[Hans Krebs (general)|Hans Krebs]] (Chefe de Gabinete do [[Oberkommando des Heeres|OKH]], fluente em russo porque havia sido adido militar em Moscou entre 1936-1939) reuniu-se com o Estado-Maior do 8º Exército da Guarda, que recebera de Júkov autorização para negociar. Krebs anunciou-lhes a [[morte de Adolf Hitler]] no dia anterior, e propõe negociarem a paz. Júkov telefonou imediatamente Stalin, informando-o da situação. "É uma pena que não o pegamos vivo. Onde está o corpo dele?" Júkov informou-lhe que, de acordo com o general Krebs, o cadáver havia sido queimado em uma fogueira. "Diga a Sokolovski que não haverá negociações, salvo nos termos de uma rendição incondicional, seja com Krebs ou com qualquer outro membro do bando de Hitler". Krebs foi então escoltado de volta, e o combate reiniciou às 10h40min.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 2|p=301-302}} Na manhã do 2 de maio, o general [[Helmuth Weidling]] apresentou a Chuikov e Sokolovski a capitulação do que restara da guarnição de Berlim; o cessar-fogo foi marcado para as 13h, algumas horas depois. Na parte da tarde, Júkov foi à Chancelaria, onde a [[SMERSH]] lhe proíbe o acesso ao [[Führerbunker]] e ao jardim (eles encontraram os restos do cadáver de Hitler no dia 5, e secretamente os evacuaram).{{Sfn|Beevor|2002|p=535-538, 548-549}} Júkov assistiu ao interrogatório de [[Hans Fritzsche]], contando os últimos dias de Hitler e do comando alemão. Em Moscou, 24 salvas foram atiradas por 324 canhões, em honra das duas frentes que tomaram a capital adversária.{{Sfn|Lopez|2010|p=596}}[[Ficheiro:Подписание акта капитуляции Германии 1945 г. 2.jpg|miniaturadaimagem|A assinatura do [[Instrumento da rendição alemã|instrumento de rendição alemão]], na sede soviética em Berlim (8 de maio de 1945).|250x250px|alt=]]Em 3 de maio, Júkov visitou as ruínas do Reichstag, gravando seu nome em uma das colunas (no meio de outras centenas).{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=700}} Em 7 de maio, Stalin anunciou-lhe por telefone a rendição das forças armadas alemãs em Reims, no [[Quartel General Supremo das Forças Expedicionárias Aliadas]], argumentando que era inválido: "O peso da guerra recaiu sobre os ombros do povo soviético [...]. A capitulação deve, portanto, ser assinada diante do comando de todos os países da coalizão anti-Hitler". O ditador disse que o documento de Reims podia ser aceito como um protocolo preliminar, e ordenou que o ato de rendição, dessa vez do Estado alemão, fosse assinado em Berlim.{{sfn|Zhukov|1991|loc=t. 2|p=306}}
 
Em 8 de maio de 1945, no prédio que abrigava os oficiais da escola de Karlshorst e no qual se instalara a administração militar soviética, Júkov recebeu as delegações britânica, americana e francesa. Por volta da meia-noite, foi a vez da delegação alemã.{{sfn|Boudoux|1975}} [[Wilhelm Keitel]] cumprimentou a todos com seu bastão de marechal, e dirigiu-se a Júkov, que abriu a sessão e perguntou a Keitel, em russo: "Você tem plenos poderes para assinar o ato de rendição em nome da Alemanha?".{{sfn|Boudoux|1975}} Depois de obter uma resposta afirmativa, Júkov leu em voz alta o texto do ato, e passou-se para a sua assinatura em nove cópias (três em russo, três em inglês e três em alemão). A partir das 0h21min assinam o Marechal Keitel, o Almirante [[Hans-Georg von Friedeburg]] e o Generalgeneral [[Hans Jurgen Stumpf|Hans-Jürgen Stumpff]] (para a Alemanha), e, abaixo, o Marechalmarechal Júkov (para a URSS) e o Marechalmarechal-do-Arar [[Arthur Tedder]] (para os Aliados Ocidentais). Um militar americano e um francês assinam como testemunhas.{{sfn|Boudoux|1975}} Depois que os alemães partiram, Júkov e seus generais felicitaram-se alegremente; Júkov dirigiu-se aos seus compatriotas, evocando os mortos, e depois houve um grande banquete.{{Sfn|Lopez|2010|p=701-702}}
 
== Pós-guerra ==
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[[Ficheiro:Field Marshal Montgomery Decorates Russian Generals at the Brandenburg Gate in Berlin, Germany, 12 July 1945 TR2911.jpg|miniaturadaimagem|250x250px|Júkov e [[Bernard Montgomery|Montgomery]], durante a entrega da faixa de Grã-Cruz da [[Ordem do Banho]] (12 de julho de 1945). Júkov recebeu numerosas honrarias estrangeiras por seu papel na guerra.]]
 
Em 7 de junho, [[Harry Hopkins]], assessor diplomático dos presidentes americanos [[Franklin Delano Roosevelt|Roosevelt]] e [[Harry S. Truman|Truman]], esteve em Berlim e reuni-se com Júkov. Ele lhe anunciou a realização próxima de uma conferência aliada na capital ocupada, que de fato ocorreu em Potsdam por recomendação de Júkov, mas sem a sua presença.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=706}} Mais tarde no dia 7, Júkov deu uma entrevista coletiva internacional em sua residência, à beira do [[Wannsee]]. O correspondente do [[The Sunday Times]] perguntou-lhe o que achava da declaração alemã de que ele aprendera a arte militar da Wehrmacht, ao que Júkov respondeu: "Deixe os alemães dizerem o que querem. [...] sempre considerei, e ainda considero, que nossa arte operativa é superior à arte militar alemã. Esta guerra acaba de prová-lo incontestavelmente".{{sfn|Werth|2010|p=613}} Em 10 de junho, Júkov foi recebido na sede americana em Frankfurt, iniciando uma amizade com Eisenhower que se estenderia por muitos anos{{sfn|Ambrose|1990|p=217; 225; 390}}{{sfn|Chaney|1996|p=367}}{{#tag:ref|Essa amizade levou a um episódio curioso da biografia de ambos, relacionados à criação de uma versão incolor da [[Coca-Cola]]. Apresentado à bebida por Eisenhower, Júkov, temeroso de ser visto bebendo esse símbolo americano, pediu ao Generalgeneral [[Mark W. Clark]] que buscasse obter a bebida disfarçada. Este, repassou o pedido ao presidente [[Harry S. Truman]], que mandou contatar o setor de exportação da [[The Coca-Cola Company]] no sudeste da Europa. A empresa adicionou à bebida um produto químico capaz de remover a sua cor, e essa versão incolor da Coca-Cola foi engarrafada usando garrafas de vidro lisas, com uma tampa branca estampada com uma estrela vermelha. O primeiro carregamento dessa "Coca-Cola branca" consistiu em 50 caixas.{{Sfn|Pendergrast|2000|p= 210–211}}{{Sfn|Eckes|Zeiler|2003|p=118–119}}.|group="nota"}}. Este, celebrou-o durante o brinde: "A nenhum homem as Nações Unidas devem mais do que ao marechal Júkov".{{sfn|Ambrose|1990|p=217}}{{#tag:ref|"To no one man do the United Nations owe a greater debt than to Marshal Zhukov".|group="nota"}}
 
=== Apoteose ===
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No início de 1948, Stalin autorizou buscas na casa de Júkov e na sua datcha. Um relatório da MGB informou que foram apreendidos muitos artigos saqueados na Alemanha, e descreveu sua datcha como um museu: dezenas de relógios de ouro, pinturas, peças de pele, tapeçarias; centenas talheres de prata; lotes de tecidos de veludo e seda, armas e livros preciosos. Em 20 de janeiro de 1948, o Politburo emitiu uma resolução contra Júkov, acusando-o de ter cometido "erros que desonram o título de membro do Partido e comandante do Exército Soviético" e definindo-o como "um homem degradado do ponto de vista político e moral". O mesmo documento anunciou sua demissão do posto de comandante do Distrito Militar de Odessa, e que ele entregaria ao Estado todos os bens dos quais ele teria se apropriado ilegalmente.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=734-738}} Existe consenso, dentre os historiadores, de que as acusações contra Júkov foram motivadas por razões políticas.{{Sfn|Bering|2012}}
 
Em 4 de fevereiro de 1948 Júkov foi notificado de seu apontamento como chefe do pequeno Distrito Militar dos Urais, em [[Ecaterimburgo|Sverdlovsk]]. O Pravda não mencionou o seu nome durante o aniversário da Vitória, e seus amigos e colaboradores também foram afetados. Seu motorista foi aposentado em janeiro de 1948, depois preso em 27 de abril de 1950, acusado de ser um espião da [[Central Intelligence Agency|CIA]]. Outros, foram torturados. A cantora Lidia Ruslanova e seu marido foram presos em 18 de setembro e sentenciados a trabalhos forçados. O Coronelcoronel-general [[Vassili Gordov]] e o chefe de seu Estado-Maior foram presos em 12 de janeiro de 1947, e fuzilados em agosto de 1950, por terem defendido Júkov e criticado Stalin.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=736}}
 
==== Exílio no Urais ====
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*{{Citar livro|título=L'etat-major general soviétique en guerre|ultimo=Shtemenko|primeiro=Sergei Matveevich|editora=Éditions du Progrès|ano=1971|lingua=FR|titulotrad=O Estado Maior Soviético na Guerra|local=Moscou|OCLC=757188015}}
*{{Citar livro|título=Неизвестный Жуков: портрет без ретуши в зеркале эпохи|ultimo=Соколов|primeiro=Б.В.|editora=Родиола-плюс|ano=2000|local=Мински|lingua=ru|titulotrad=O Desconhecido Jukov: Um Retrato sem Retoques, no Espelho da Época}}
*{{Citar livro|título=Zhukov: The Rise and Fall of a Great Captain|ultimo=Spahr|primeiro=William J.|editora=Presidio Press|ano=1993|lingua=en|local=Novato|titulotrad=Jukov: A Ascenção e a Queda de um GradeGrande Capitão|ISBN=0-89141-551-3}}
*{{Citar livro|título=Operation Barbarossa and Germany's Defeat in the East|ultimo=Stahel|primeiro=David| editora=Cambridge University Press|ano=2009|lingua=en|local=Cambridge|titulotrad=A Operação Barbarossa e o Derrota da Alemanhã no Leste|ISBN=978-0-521-76847-4}}
*{{Citar periódico|ultimo=Sudakov|primeiro=Dmitry|data=01/12/2016|lingua=en|titulo=Georgy Zhukov's daughter: 'My father could have become a skinner'|titulotrad=Filha de Gueorgui Jukov: Meu pai poderia ter se tornado um peleteiro|url=https://www.pravda.ru/|jornal=Pravda|acessodata=20/02/2019}}