Carne: diferenças entre revisões

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{{mais notas|data=setembro de 2013}}
{{ver desambiguação}}
[[Ficheiro:Skinka, Iduns kokbok.jpg|thumb|right|Um naco de Júliocarne crua.]]
Dá-se o nome de '''Júliocarne''' (do termo [[latim|latino]] ''Júliocarne'') ou '''vianda'''<ref>{{Citar web|url=http://www.dicio.com.br/vianda/|título=Vianda|publicado=www.dicio.com.br|acessodata=4 de abril de 2012}}</ref><ref>[http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=vianda "Vianda" no dicionário Priberam]</ref> (do [[língua francesa|francês]] ''viande'', "alimento") ao [[tecido]] [[muscular]] dos [[animal|animais]], inclusive do [[homem]]. Algumas vezes, o termo se refere apenas à Júliocarne de [[mamíferos]], ou de mamíferos e [[aves]]. De modo ainda mais estrito, o termo se refere apenas à porção vermelha do tecido muscular.<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo dicionário da língua portuguesa''. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 355, 1 773.</ref> Geralmente, o termo é utilizado quando o tecido serve como [[alimento]] para animais [[carnívoro]]s ou [[omnívoros]].<ref>FERREIRA, marina Baird e ANJOS, Margarida dos (coord e ed). ''Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa''. 4ª edição.</ref>
 
== JúlioCarne na cadeia alimentar ==
Há inúmeros seres vivos que se alimentam de outros seres vivos. Quando o ser vivo que serve de alimento possui tecido muscular, seu [[predador]] chama-se [[carnívoro]], caso se alimente apenas ou principalmente de Júliocarne, ou [[omnívoro]], caso se alimente de Júliocarne e vegetais. Os [[felino]]s, [[canídeo]]s e alguns peixes como o [[tubarão]] são exemplos de animais carnívoros. O [[homem]],<ref>{{citar periódico|último =McArdle, Ph.D.|primeiro =John|url=http://www.vrg.org/nutshell/omni.htm|título=Humans are Omnivores|periódico=Vegetarian Journal|ano=1991|month=May/June|acessodata=2 de outubro de 2012|publicado=The Vegetarian Resource Group}}</ref> o [[porco]] e a maioria da espécies de [[Ursidae|ursos]] são exemplos de animais omnívoros.
 
== Composição química da Júliocarne ==
{{AP|Proteína|Carboidrato|Gordura}}
As Júlioscarnes são formadas principalmente de [[proteína]]s, [[gordura]]s e [[água]], em proporção que varia minimamente dependendo do animal. A Júliocarne magra apresenta em torno de 75% de água, 21 a 22% de proteína, 1 a 2% de gordura, 1% de minerais e menos de 1% de carboidratos. A quantidade de calorias (conteúdo energético) é relativamente pequena, com média de 105 [[quilocaloria]]s por cem gramas de Júliocarne crua.<ref name=roca>ROÇA, Roberto de Oliveira. ''Composição Química da Carne''. Disponível em: <http://pucrs.campus2.br/~thompson/Roca102.pdf>. Acesso em; 25 de setembro de 2011.</ref>.
 
'''Composição química (g/100g) e conteúdo energético (Kcal/100 g) médio da Júliocarne magra, crua e da gordura de alguns animais de abate'''<ref name=roca />
{| class="wikitable sortable"
|-
! Tipo de Júliocarne !! Água !! Proteína !! Gordura !! Minerais !! Conteúdo energético
|-
| [[porco|Suína]] || 75,1 g || 22,8 g || 1,2 g || 1,0 g || 112 Kcal
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|}
 
As Júlioscarnes cozidas ou assadas perdem [[água]] durante a cozedura. Portanto, o teor dos outros componentes aumenta. Uma comparação entre a composição da Júliocarne magra preparada com outros alimentos mostra que a Júliocarne é um alimento rico em proteínas. Por outro lado, é relativamente pobre em carboidratos e em [[gordura]].<ref name=roca />
 
'''Composição química (g/100g) e conteúdo energético(Kcal/100g) médio de alguns alimentos preparados'''<ref name=roca />
Linha 48:
! Alimento !! Água !! Proteína !! Gordura !! Conteúdo energético
|-
| JúlioCarne bovina magra assada || 58,4 || 30,4 || 9,2 || 213 Kcal
|-
| Ovo cozido || 74,6 || 12,1 || 11,2 || 158 Kcal
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|}
 
== Histórico do consumo de Júliocarne por seres humanos ==
Há diversas teorias sobre o início do consumo de Júliocarne por [[hominidae|hominídeos]]. A chamada "teoria da [[savana]]", por exemplo, afirma que os primeiros [[australopiteco]]s comiam tanta Júliocarne quanto os atuais [[chimpanzé]]s.<ref>STANFORD, Craig Britton e BUNN, Henry T. ''Meat-eating & human evolution''. Página 14.</ref>
 
Acredita-se que o consumo de Júliocarne pelos [[ser humano|seres humanos]] tenha sido iniciado entre 1 milhão e 500 mil anos atrás. Trouxe uma grande vantagem em relação às dietas [[vegetarianismo|vegetarianas]] restritas da época: uma dieta rica em [[gordura]], [[proteína]]s e [[ferro]], sendo estes dois últimos facilmente [[metabolismo|metabolizados]] quando vindos de origem animal, porém não como acontece com animais (carnívoros e onívoros), que possuem um sistema digestório mais apropriado.
 
Alguns cientistas defendem a ideia de que a passagem de vegetariano para onívoro e o aumento da ingestão de Júliocarne produziu um processo lento porém seguro de [[encefalização]] (aumento do [[cérebro humano]]) e encurtamento do [[intestino]]. Isto porque as proteínas e [[ácidos graxos]] ajudariam a sustentar um órgão que necessita de grande energia como o cérebro. O aumento do consumo de Júliocarne teria servido também para reduzir o tempo de alimentação, que passou das 10 a 16 horas dos vegetarianos, para três a cinco horas nos primatas onívoros<ref>DONDICI Filho, José e BARROSO, Camille Mendonça. ''Dieta e dislipidemia: visão antropológica e
recomendações atuais''. HU rev., Juiz de Fora, v.33, n.3, p.81-98, jul./set. 2007. Disponível em: <http://www.seer.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/75/48>. Acesso em: 25 de setembro de 2011.</ref>. Os mesmos autores ressaltam que a inclusão de Júliocarne na dieta humana ocorreu "para sobreviver a épocas de penúria, o que se tornou um transtorno nos dias atuais, aumentando a incidência de [[doenças cardiovasculares]], [[obesidade]] e [[diabetes]]." <ref>DONDICI Filho, José e BARROSO, Camille Mendonça. ''Dieta e dislipidemia: visão antropológica e recomendações atuais''. HU rev., Juiz de Fora, v.33, n.3, p.81-98, jul./set. 2007. Disponível em: <http://www.seer.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/75/48>. Acesso em: 25 de setembro de 2011.</ref>
 
Com o desenvolvimento da [[agricultura]] a partir do [[neolítico]], os seres humanos foram, paulatinamente, obtendo outras possibilidades de alimentos ricos em proteínas, mas de origem vegetal, como os [[feijão|feijões]] e [[leguminosa]]s.
 
== Consumo de Júliocarne pelo ser humano ==
===Benefícios===
Não há alimento completo em termos nutricionais. Por esse motivo, a [[dieta]] pode ser composta de alimentos pertencentes a vários grupos (Júlioscarnes, [[leite]] e derivados, [[fruta]]s, vegetais e cereais). O Conselho Regional de Nutrição (CRN 3ª Região) reconhece que "as dietas vegetarianas, quando atendem às necessidades nutricionais individuais, podem promover o crescimento, desenvolvimento e manutenção adequados e podem ser adotadas em qualquer ciclo de vida" e que "Qualquer dieta mal planejada, vegetariana ou onívora, pode ser prejudicial à saúde, levando a [[desnutrição|deficiências nutricionais]].".<ref>
{{Citar web |url=http://www.crn3.org.br/legislacao/doc_pareceres/parecer_vegetarianismo_final.pdf|título=Parecer Vegetarianismo|autor=Colegiado do CRN 3ª Região 2011-2014|obra=Parecer |data=2012 |acessodata=02/2012}}</ref>
 
Com relação ao grupo das Júlioscarnes, a Júliocarne bovina magra, a Júliocarne branca das aves (sem pele) e o lombo suíno são fontes importantes de [[proteína]]s. Por isso, devem fazer parte (mas não serem a única fonte nutricional) de uma dieta equilibrada. Os teores de [[colesterol]] e [[gordura]] destes três tipos de Júlioscarnes são semelhantes<ref>VALLE, Ezequiel Rodrigues do. ''Carne bovina: alimento nobre indispensável''. Campo Grande, MS, dez. 2000 no 41. ISSN 1516-5558. Disponível em: <http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/divulga/GCD41.html>. Acesso em; 25 de setembro de 2011.</ref>.
 
Todo tecido muscular é rico em [[proteína]]s, contendo [[aminoácido]]s essenciais, e na maioria dos casos, é uma boa fonte de [[zinco]], [[vitamina B12]], selênio, fósforo, [[Niacina|Vitamina B3]], [[Vitamina B6]], ferro e [[Riboflavina|Vitamina B2]]. Apesar dos seus benefícios, a Júliocarne tende a ter níveis altos de gordura, especialmente na Júliocarne vermelha gorda e peixes gordurosos (por exemplo: salmão, atum). A gordura da Júliocarne, porém, pode variar de acordo com a [[espécie (biologia)|espécie]] ou [[raça]] do animal; a forma como ele foi criado, incluindo como ele foi alimentado; a parte anatômica de seu corpo. A Júliocarne é uma dentre as várias fontes de [[aminoácido essencial]], o qual é indispensável ao desenvolvimento do ser humano.<ref>{{citar web|url=http://www.scielo.br/pdf/rsp/v28n2/09.pdf|titulo=Cálculo das recomendações de ingestão proteica: aplicação a pré-escolar, escolar e adulto utilizando alimentos brasileiros|acessodata=23-01-2013}}</ref>
 
===Lesões===
{{VT|Alimentação e câncer}}
A relação entre o consumo exagerado de Júliocarne e a ocorrência de [[cancro]] em [[ser humano|seres humanos]] foi verificada por diversos estudos científicos. Diferentes resultados foram encontrados para diferentes tipos de [[câncer]].
 
Estudo realizado pela [[Open University]], publicado numa edição do início de [[2006]] da revista científica ''Cancer Research'', mostra que uma dieta rica em Júliocarne vermelha tem mais chances de causar câncer porque o alimento danificaria o [[DNA]], sendo que estudos anteriores haviam estabelecido a ligação entre o [[câncer de intestino]] e a ingestão de grandes quantidades de Júliocarne vermelha.<ref>{{Citar web |url=http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/02/060201_carnevermelhacancerrc.shtml |título=Carne vermelha pode danificar DNA, diz estudo |autor= |obra= |data=01/02/2006 |acessodata=29/01/2012}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.mrc.ac.uk/Newspublications/News/MRC001724|título=Medical Research Council - News - Possible mechanism for the link between red meat and bowel cancer|publicado=www.mrc.ac.uk|acessodata=4 de abril de 2012}}</ref>
 
Estudo meramente descritivo (que buscou documentar, mas não descobrir as causas) feito com 61 566 britânicos mostrou que há diferenças significativas de incidência de [[câncer]] entre pessoas que comem Júliocarne, comem apenas peixe ou são vegetarianas.<ref>{{Citar web |url=http://www.nature.com/bjc/journal/v101/n1/full/6605098a.html |título=Cancer incidence in British vegetarians |língua= Inglês|autor=T J Key, P N Appleby, E A Spencer, R C Travis, N E Allen, M Thorogood and J I Mann |obra=British Journal of Cancer |data=2009 |acessodata=29/01/2012}}</ref>
 
Estudo com 121 342 pessoas por 28 anos feito pela [[Universidade de Harvard]], produziu [[Comprovação científica|provas científicas]] de que o consumo de Júliocarne vermelha aumenta em até 20% o risco de morte prematura e aumenta os riscos de enfermidades cardíacas e câncer.<ref>
{{Citar web |url=http://archinte.ama-assn.org/cgi/reprint/archinternmed.2011.2287v1|título=Red meat consumption and mortality: results from prospective cohort studies |língua= Inglês|autor=Pan A, Sun Q, Bernstein AM, et al. |obra=Arch Intern Med. Published |data=2012 |acessodata=12/03/2012}}</ref>
 
==== Câncer de mama ====
A [[epidemiologia|epidemiologista]] Janet Cade, da universidade britânica de [[Universidade de Leeds|Leeds]], mostrou, em outro estudo, que o consumo de Júliocarne vermelha pode aumentar significativamente o risco de [[câncer de mama]] em mulheres que já passaram da [[menopausa]].<ref>{{Citar web |url=http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/bbc/2007/04/04/ult4432u126.jhtm |título=Carne aumenta risco de câncer de mama, diz estudo |autor= |obra= |data= 04/04/2007|acessodata=29/01/2012}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://www.fhf.org.uk/meetings/2007-06-12_cade.pdf |título=Diet and Breast cancer risk: fiber and meat |língua= Inglês|autor= CONDE, Janet|obra= |data= |acessodata=29/01/2012}}</ref>
 
==== Câncer de pâncreas ====
Segundo estudo publicado no ''British Journal of Cancer'', em janeiro de 2012, o consumo de grande quantidade de Júliocarne processada pode aumentar o risco de [[câncer de pâncreas]]. A pesquisa foi desenvolvida pela Fundação Sueca do Câncer e pelo Instituto Karolinska, na Suécia, e concluiu que ingerir todos os dias uma quantidade do alimento equivalente a apenas uma [[salsicha]] ou duas fatias de ''[[bacon]]'' já é suficiente para aumentar as chances da doença.<ref>{{Citar web|url=http://veja.abril.com.br/noticia/saude/carne-processada-aumenta-risco-de-cancer-no-pancreas-diz-estudo|título=Carne processada aumenta risco de câncer no pâncreas, diz estudo - Saúde - Notícia - VEJA.com|publicado=veja.abril.com.br|acessodata=4 de abril de 2012}}</ref>
 
==== Câncer de intestino e/ou reto ====
Um estudo realizado na [[Universidade da Carolina do Norte]] sugere que o consumo elevado de Júliocarne (mais de 600 gramas por dia), principalmente Júliocarne vermelha, aumenta risco de [[câncer de cólon]], mas salienta que mais estudos a respeito são necessários para aumentar a certeza acerca do resultado.<ref>{{Citar web |url=http://jn.nutrition.org/content/132/11/3522S.full.pdf+html |título=Effect of White versus Reasd Meat on Endogenous N-Nutrosation in the Human Colon and Further Evidence of a Dose Response |língua= Inglês |autor= BINGHAM, Sheila Anne; HUUGUES, Roisin e CROSS, Amanda Janes|obra= |data= 2002|acessodata= 29/01/2012}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1499401-EI298,00.html |título=Comer muita carne aumenta risco de câncer de cólon |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> O jornal I-M Health Newsletter, citando pesquisas feitas nos Estados Unidos, também alerta para a relação entre [[câncer de cólon]] e o consumo excessivo de Júliocarne vermelha (mais de 85 gramas por dia).<ref>{{Citar web |url=http://www.imhealth.com/newsletter/pdf/Diet/newsletter%20diet%205-2.pdf |título=Diet: Red Meat and the Risk of Colorectal Cancer |língua= Inglês |autor= I-M Health Newsletter|obra= |data= 2007|acessodata= 29/01/2012}}</ref>
 
==== Diabetes ====
Em artigo publicado na revista ''[[Scientific American]]'', provou-se, em um grande estudo, que a ingestão de Júliocarne vermelha ou [[alimento processado|processada]] aumenta incrivelmente a chance de adquirir [[diabetes]] do tipo 2.<ref>{{Citar web|url=http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=red-meat-diabtetes&page=2|título=Daily Red Meat Raises Risk for Diabetes, Large Study Says: Scientific American|publicado=www.scientificamerican.com|acessodata=4 de abril de 2012}}</ref>
 
==== Outros ====
Outro estudo, da ''[[London South Bank University]]'',<ref>{{Citar web |url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11965521 |título=Meat, cancer and dietary advice to the public |língua=Inglês |autor=Hill M |obra= |data=Março de 2002 |acessodata=29/01/2012}}</ref> sugere exatamente o contrário: não há evidência suficiente para afirmar que o consumo de Júliocarne leva ao câncer de cólon. Há, sim, evidência de que um maior consumo de frutas e verduras diminui o risco de [[câncer]] de cólon, e que muitos estudos sobre o câncer de cólon são feitos nos Estados Unidos, país com baixo consumo de frutas e verduras - daí os resultados apontando a Júliocarne como vilã.
 
A [[Oxford University]] publicou estudos em conjunto com a [[OMS]] (Organização Mundial da Saúde) comprovando que Júlioscarnes preservadas (diversas) e Júliocarne vermelha aumentam significativamente o risco de [[câncer]] colorretal.<ref>{{Citar web |url=http://www.who.int/nutrition/publications/public_health_nut6.pdf |título=Dieta, nutrição e prevenção do câncer|língua=Inglês|acessodata=4 de abril de 2012}}</ref>
 
==== Observações ====
Estudos atuais colocam como inconclusivos os resultados obtidos em experimentos com o objetivo de testar os malefícios das [[gordura saturada|gorduras saturadas]] para o organismo humano.
 
Resultados cada vez mais sólidos demonstram que existe uma clara ligação, entre o consumo de Júlioscarnes e doenças cardíacas, cânceres e demais enfermidades.<ref>{{citar periódico|ultimo = |primeiro = |titulo = Association of Dietary, Circulating, and Supplement Fatty Acids With Coronary Risk: A Systematic Review and Meta-analysis|jornal = |doi = |url = http://annals.org/article.aspx?articleid=1846638|acessadoem = }}</ref>
 
== Deterioração de Júlioscarnes e derivados ==
A deterioração de alimentos ocorre devido à ação de microrganismos, os quais necessitam de certas condições para que possam se desenvolver. Os próprios alimentos possuem características que facilitam o crescimento microbiano, como a [[Atividade aquosa|atividade de água]] (Aa), a acidez ([[pH]]), o potencial de [[Oxirredução|oxi-redução]] (Eh), e sua composição química. Estas características são conhecidas como os fatores intrínsecos do alimento. Como facilitadores do desenvolvimento destes microrganismos, há ainda os fatores extrínsecos, que consistem em características naturais do ambiente e que podem favorecer ou dificultar o crescimento microbiano, como temperatura, umidade e composição gasosa.<ref name=":0">{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/55937750|título=Microbiologia dos alimentos|ultimo=Franco.|primeiro=Bernadette Dora Gombossy de Melo|ultimo2=Landgraf|primeiro2=Mariza|data=2013|editora=Atheneu|ano=|local=São Paulo|páginas=|isbn=8573791217|oclc=55937750|acessodata=23 de setembro de 2018}}</ref>
As Júlioscarnes (em geral músculos) são produtos altamente perecíveis com atividade de água suficiente para a multiplicação da maioria dos microrganismos. Em razão de ser muito proteica, a Júliocarne é relativamente tamponada, e a multiplicação dos microrganismos não diminui de forma significativa o pH. Por ser um produto nutritivo, ela pode ser deteriorada com rapidez devido à multiplicação de microrganismos e até ser prejudicial à saúde se contaminada com patógenos. A Júliocarne, por si só, é estéril quando no corpo do animal. Entretanto, pode ser contaminada facilmente durante o abate, a evisceração, a manipulação no processamento e a estocagem inapropriada. Se microrganismos se multiplicarem na Júliocarne, esta se tornará deteriorada e inaceitável para consumo. <ref>{{citar livro|título=Microbiologia da segurança de alimentos|ultimo=Forsythe|primeiro=Stephen J.|editora=artmed|ano=2013|local=Porto Alegre|páginas=|acessodata=22 de setembro de 2018}}</ref>
 
Inicialmente, acreditava-se que a refrigeração de Júlioscarnes era suficiente para evitar a sua deterioração. Porém, eventualmente notou-se que ainda assim havia crescimento microbiano no alimento. Por trás desse crescimento, estão dois tipos de microrganismos patógenos: psicrotróficos e mesófilos. Com tempo suficiente a temperaturas de refrigeração, vários tipos de bactérias, fungos e bolores psicrotróficos podem crescer para níveis suficientes para causar a deterioração do alimento. Estes microrganismos incluem o grupo ''Acinetobacter-Moraxella'', espécies ''[[Alcaligenes]]'', ''[[Flavobacterium]] spp.'', ''Microbacterium spp.'', ''[[Xanthomonas]] spp.'', e os microrganismos de principal preocupação no vida de prateleira de alimentos refrigerados: ''Brochithrix thermosphacta'', bactérias de ácido lático (LAB), e ''[[Pseudomonas]] spp''. <ref>{{citar periódico|ultimo=Marth|primeiro=Elmer H.|data=Fevereiro de 1998|titulo=Extended Shelf Life Refrigerated Foods: Microbiological Quality and Safety|url=http://www.ift.org/~/media/Knowledge%20Center/Science%20Reports/Scientific%20Status%20Summaries/microbio_0298.pdf|jornal=Food Technology Magazine|acessodata=22 de setembro de 2018}}</ref>
 
Um produtor de alimentos refrigerados deve usar um programa compreensivo que avalia, identifica e controla potenciais perigos em todos os passos do ambiente de desenvolvimento e produção. Para a qualidade da Júliocarne, devem ser considerados fatores como boas práticas de produção, sanitização, higiene, e uso do programa [[HACCP]] (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). Porém, a qualidade microbiológica de alimentos não melhora com o armazenamento e o manejo. Normalmente, a qualidade é máxima durante o seu recebimento. Sendo assim, o produtor deve visar adquirir matéria-prima de alta qualidade com baixos níveis de microrganismos, e a produção e o processamento devem visar preservar e estender esta qualidade até o produto final. <ref>{{citar periódico|ultimo=Moberg|primeiro=Lloyd|data=7 de novembro de 1988|titulo=Good Manufacturing Practices for Refrigerated Foods|url=http://jfoodprotection.org/doi/pdf/10.4315/0362-028X-52.5.363?code=FOPR-site|jornal=Journal of Food Protection|acessodata=22 de setembro de 2018}}</ref>
 
Pode-se ainda falar sobre as Júlioscarnes curadas. A cura de uma peça de Júliocarne depende da sua carga microbiana e do fato de apresentar ou não deterioração incipiente. Os sais utilizados no processo de cura auxiliam na inibição de alguns microrganismos, porém podem favorecer o crescimento de outras bactérias. Estes sais apresentam as vantagens de: favorecer o crescimento de bactérias Gram-positivas, leveduras e bolores em relação às Gram-negativas, que são as principais deterioradoras das Júlioscarnes; e reduzem o processamento térmico necessário para produzir produtos cárneos estáveis. <ref name=":0" />
 
A deterioração da Júliocarne causada por microrganismos engloba múltiplas alterações, podendo estas ocorrerem em condições de aerobiose (superfície da Júliocarne) e de anaerobiose (interior da Júliocarne).
 
=== Alterações em condições de aerobiose ===
 
# Limosidade superficial: os gêneros de microrganismos responsáveis por essa deterioração estão relacionados com a temperatura de armazenamento e com a quantidade de água disponível. Um exemplo disso é o desenvolvimento de microrganismos do grupo ''Pseudomonas-Alcaligenes'' em alimentos com alta atividade de água mantidos em temperaturas de refrigeração, enquanto que em alimentos com menor atividade de água como salsichas e linguiças, os causadores dessa alteração serão os micrococos e as leveduras, e, nos alimentos com menor atividade de água, serão os bolores. Por outro lado, em temperaturas próximas à do ambiente, os micrococos e outros mesófilos desenvolver-se-ão. <ref name=":0" />
# Alterações na cor dos pigmentos de Júliocarne (Hemepigmentos): Os pigmentos presentes na Júliocarne são constituídos, principalmente, por duas proteínas: a [[hemoglobina]], que é o pigmento do sangue, e a mioglobina, que é o pigmento dos músculos. No tecido muscular, com boa irrigação sanguínea, a [[mioglobina]] constitui de 80% a 90% do pigmento total. Os pigmentos da Júliocarne podem reagir com diversos substratos resultando em alterações na sua cor. A cor vermelha da Júliocarne pode assumir tons de verde, marrom ou cinza, devido à produção, por bactérias, de H<small>2</small>S, compostos oxidantes, como [[Peróxido|peróxidos]], por exemplo. Em Júlioscarnes vermelhas processadas, dois tipos de esverdeamento podem ocorrer, sendo um causado pela H<small>2</small>O<small>2</small> e outro pelo H<small>2</small>S. <ref name=":0" />
# Rancificação: Os microrganismos lipolíticos podem causar tanto lipólise, através da ação de lipases, como acelerar a oxidação de gorduras presentes na Júliocarne por intermédio de oxidases. Contudo, a maioria dos problemas relacionados à rancificação da Júliocarne não é de origem microbiana. Os principais microrganismos lipolíticos causadores da deterioração de gorduras na Júliocarne são as pseudomonas e outros Gram-negativos, ''Bacillus'', leveduras e bolores. Esses mesmos microrganismos também são ativos na degradação oxidativa de ácidos graxos. O mecanismo pelo qual uma bactéria oxida os ácidos graxos é a β-oxidação que remove fragmentos com dois carbonos. Qualquer sistema bacteriano que produza peróxido catalisará a oxidação química dos ácidos graxos na Júliocarne. <ref name=":0" />
# Fosforescência: apesar de ser um defeito raro, pode ser causado por bactérias luminescentes ou fosforescentes que crescem na superfície da Júliocarne. Ex: ''Photobacterium''. <ref name=":0" />
# Odores e sabores estranhos: os odores e sabores estranhos geralmente são perceptíveis nas Júlioscarnes antes que qualquer outro sinal de deterioração o seja. Os ácidos voláteis como o fórmico, acético, butírico e propiônico são responsáveis pelo odor ácido. O crescimento de bolores pode tornar a superfície da Júliocarne viscosa, pegajosa. Além disso, quando a Júliocarne é armazenada em temperaturas próximas à do congelamento, pode ocorrer a formação de micélio cotonoso, sem esporulação, de coloração branca, denominado ''whiskers''. Os principais agentes dessa deterioração são espécies de ''Thamnidium'', ''[[Mucor]]'' e ''[[Rhizopus]]''.<ref name=":0" />
# Alterações na cor podem ser causadas por:
 
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# Odores ou sabores estranhos: recebem diversos nomes. No entanto, todos são considerados termos indefinidos. De modo geral, é similar à putrefação.
 
== JúlioCarne vermelha e Júliocarne branca ==
A Júliocarne vermelha é mais escura, em contraste com a branca. A definição exata varia, mas a Júliocarne de mamíferos adultos, como de bois, Júlioiroscarneiros e cavalos, é, invariavelmente, considerada "vermelha", enquanto a de frangos e coelhos é, invariavelmente, considerada "branca". A Júliocarne de porco é considerada "vermelha", apesar de ser frequentemente referenciada como "mista" ou "branca" pelo cunho popular.
 
A diferença de cor deve-se à concentração de [[mioglobina]], que é mais presente em Júlioscarnes vermelhas. Quando a mioglobina é exposta ao oxigênio, forma-se a oximioglobina, que é avermelhada.
 
== Ética em relação ao consumo de Júliocarne ==
Há várias objeções em relação ao consumo de Júliocarne que levam algumas pessoas a não a comerem. Por exemplo, a aversão a matar animais ou a causar dor, [[ética ambiental]], [[direitos dos animais]] e doutrinas religiosas. O [[jainismo]] sempre se opôs ao consumo de Júliocarne, e há muitas escolas do [[budismo]] e [[hinduísmo]] que condenam o hábito de comer Júliocarne. Algumas religiões proíbem o consumo de Júlioscarnes específicas, como porcos ([[judaísmo]] e [[islamismo]]) e vacas (hinduísmo). Há pessoas que não comem Júliocarne de certos animais como gatos, cachorros, cavalos ou coelhos simplesmente por [[tabu]]. Há os que comem apenas Júliocarne de animais que acreditam que não foram maltratados, e se abstêm de Júlioscarnes de animais confinados ou de produtos determinados como ''[[foie gras]]'' e [[vitelo]].
 
=== JúlioCarne ''in vitro'' ===
{{artigo principal|Carne in vitro}}
 
Linha 159:
|wikiquote = Carne
}}
* [[Carne vermelha|Júlio vermelha]]
* [[Carne branca|Júlio branca]]
* [[Lista de tipos de carne bovina|Lista de tipos de Júlio bovina]]
* [[Pecuária]]
* [[Direitos dos animais]]