Literatura comparada: diferenças entre revisões
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'''Literatura Comparada''' é o ramo da [[Teoria Literária]] que estuda, através
Em outras palavras, a Literatura Comparada pode ser compreendida como um campo interdisciplinar cujos “praticantes” estudam literatura transversalmente às fronteiras nacionais, ao tempo, às línguas, aos gêneros, aos limites entre a [[Literatura]] e as demais artes, assim como qualquer outra disciplina (literatura e psicologia, filosofia, ciências, história, arquitetura, sociologia e política).
A Literatura Comparada, doravante LC,
===Surgimento===
A expressão “Literatura Comparada” surge no século XIX e usa-se da comparação de estruturas com a finalidade de extrair leis gerais da literatura. Consagrada academicamente na [[França]], tem sua primeira cátedra em [[Lyon]], em 1887, seguida por [[Sorbonne]], 1910. Mas apenas nos primeiros decênios do século XX, ela ganha estatura de disciplina reconhecida, tornando-se objeto de ensino regular nas grandes universidades européias e norte-americanas e dotando-se de bibliografia específica e público especializados.
Suas grandes representações foram a Escola Francesa (criada nos princípios de fonte e influência), a Escola Americana (despojada de inflexões nacionalistas, grande ecletismo, fácil absorção de noções teóricas), Escola Soviética (compreensão da literatura como produto da sociedade).
O conceito de Weltliteratur (“literatura mundial”) proposto ainda no século XVIII por [[Johann Wolfgang von Goethe|Goethe]] (escritor, romancista, dramaturgo e filósofo alemão), corresponde assim a este intuito que pretende evitar um isolacionismo literário, sublinhando ainda a continuidade relativamente ao modelo anterior de uma “república das letras" (República das letras é uma expressão cunhada na Itália e que designa um espaço imaginário no qual estão todos os textos produzidos pelo Ocidente desde a Antiguidade, isto é, desde os gregos), no interior da qual os pressupostos nacionalistas eram relativamente pouco atuantes. Pelo contrário, a LC desenvolver-se-á e sistematizar-se-á adentro do que poderemos designar como um “paradigma nacionalista”, o que explica que ela seja considera
A LC nasceu em um âmbito em que cada nação fechava-se dentro de si mesma e era necessário combater esse [[isolacionismo]] nacionalista. Ela ficou um longo tempo limitada aos estudos de autores em relação biográfica.
A Escola Americana, verbi gratia, era vernaculamente alinhada às visões internacionalistas de Goethe e Posnett (possivelmente refletindo o desejo pós-guerra de uma
A LC pressupõe a existência e a prática de uma atitude comparativa que, no entanto, apresenta um âmbito e um escopo muito mais amplos e ambiciosos, se bem que metodologicamente menos consistentes. Reconhecendo que a comparação se configuraria como um meio, uma metodologia de analise e estudo e não como algo fechado em si.
Surgida de uma necessidade de evitar o fechamento em si das nações recém constituídas e com uma intenção de [[cosmopolitismo]] literário, a LC deixa de exercer essa função “internacionalista” para converter-se em uma disciplina que põe em relação diferentes campos científicos.
A atitude comparativa foi central, por exemplo, para que a literatura e a cultura latinas se pensassem nas suas relações e especificidades face à literatura e cultura gregas; ou na forma como a Idade-Média integrou e reformulou essa herança clássica, diversificando-a através das específicas direções que viriam a constituir as várias literaturas nacionais.
Não deveremos confundir a área dos estudos de recepção com o “velho” estudo de fontes e influências: não só porque a tônica não é já a da produção (o autor), mas sim a da recepção (o leitor e suas diversas configurações), mas, sobretudo, porque se passa a insistir quer no caráter dinâmico da história literária quer nas relações culturais que o literário pressupõe. Bem como o caráter universal da literatura.
=== Crise ===
Desvinculando-se da exclusividade dos estudos franceses e de uma postura clássica, [[René Wellek]] em 1958, no 2º Congresso da recém-criada Association Internationale de Littérature Comparée, polemicamente intitula a sua conferência “The crisis of comparative literature” (Wellek, 1959). A “crise” diagnosticada e analisada por Wellek, e que ele faz radicar na fundamentação historicista e positivista do modelo comparatista tradicional, levará a que, progressivamente, se assista a uma clara renovação dos objetos e métodos da disciplina, protagonizada pela crescente importância da [[Teoria literária]] nos estudos literários em geral e na Literatura Comparada em particular.
Para Wellek, a LC estava restringindo-se a analise de fragmentos e estudos de fontes e influencias, com isso, geraria um enorme desprestigio da área. Defendia, ainda, que a analise focasse no texto em si e não em questões externas e contextuais.
Conforme, Guillén (1985), “as fronteiras de uma nação não rasuram nem conseguem esbater as passagens culturais e mais especificamente literárias que estão na base de qualquer dita ‘literatura nacional’” .
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Uma das atuações da LC é o campo da tradução. Relacionados de modo muito forte com esta área, os estudos de tradução afirmam-se progressivamente como zona cujo crescente impacto e fundamentação teórica tem inclusivamente levado à sua defesa como área comparatista privilegiada.▼
=== Áreas de Atuação ===
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Há marcas em muitas partes do mundo de que a disciplina vem prosperando, especialmente na Ásia, na América Latina e no Mediterrâneo. As atuais tendências da LC também refletem a crescente importância dos estudos culturais nos campos da literatura.
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Em síntese, a LC parece poder surgir como espaço reflexivo privilegiado para a tomada de consciência do caráter histórico, teórico e cultural do fenômeno literário, quer insistindo em aproximações caracterizadas por fenômenos “transtemporais” e supranacionais quer acentuando uma dimensão especificamente cultural, visível, por exemplo, em áreas como os estudos de tradução ou os estudos intersemióticos. Daqui decorrem três tendências centrais para o entendimento das perspectivas atuais do comparatismo: uma tendência multidisciplinar (e mesmo eventualmente interdisciplinar); uma tendência interdiscursiva, visível no desenvolvimento das relações com áreas como a história, a filosofia, a sociologia e a antropologia; finalmente, uma tendência intersemiótica, que tenta colocar o fenômeno literário no quadro mais alto das manifestações artísticas humanas. De todas elas ressalta um aspecto comum: o de que a LC situa-se na área particularmente sensível da “fronteira” entre nações, línguas, discursos, práticas artísticas, problemas e conformações culturais. E esta colocação faz dela um campo de indagações particularmente fértil para a colocação de problemas que, se tomados em absoluto, dificilmente poderão encontrar uma formulação epistemológica significativa.▼
▲Em síntese, a LC parece poder surgir como espaço reflexivo privilegiado para a tomada de consciência do caráter histórico, teórico e cultural do fenômeno literário, quer insistindo em aproximações caracterizadas por fenômenos “transtemporais” e supranacionais quer acentuando uma dimensão especificamente cultural, visível, por exemplo, em áreas como os estudos de tradução ou os estudos
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BASSNET, Susan, 1992, Comparative Literature. An Introduction, Oxford, Blackwell
BORGES, J.L. O Escritor Argentino e a Tradição. In: Obras Completas de Jorge Luis Borges, volume I. São Paulo: Globo, 1999, p. 288-296.
CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura Comparada. São Paulo, Ática, 1986.
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== Ver também ==
* [[Associação Portuguesa de Literatura Comparada]]
*[[Associação Brasileira de Literatura Comparada]]
== Ligações ==
* [http://aplc.org.pt/ Associação Portuguesa de Literatura Comparada]
*[[Associação Internacional de Literatura Comparada]]
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