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===== '''Cirurgia por fetoscopia''' =====
[[Ficheiro:SAFER - Skin-over-biocellulose for Fetoscopic Repair of spina bifida.png|borda|esquerda|miniaturadaimagem|'''SAFER - Skin-over-biocellulose for Antenatal FEtoscopic Repair''']]
Atualmente, existem duas formas de correção da mielo por fetoscopia: a totalmente percutânea, sem "cortes", apenas "furos", e a "assistida por laparotomia", onde se realiza a abertura da barriga da gestante e o útero é exteriorizado, para só então ser realizada a fetoscopia. A técnica ficou assistida por laparotomia (''laparotomy assisted''), ela é sem dúvidas menos arriscada para a gestante; mas para o feto o resultado de longo prazo é o mesmo do estudo MOMS. Pois, a técnica de correção do defeito no bebe é a técnica neurocirúrgica clássica, uma variação da tecnica que é realizada a ceu aberto '''(vide texto abaixo'''). Ou seja, o que muda é apenas a via de abordagem, e não a correção em si.
 
AindaPara nãoo existeestudo consenso sobre qual dasdestas duas técnicas serácomparando consagradacom ea paratécnica do istoMOMS, foi criada uma base de dados internacional através de um '''Consórcio Internacional para Correção por Fetoscopia da Mielomeningocele'''[[Espinha bífida#cite%20note-22|<sup>[6]</sup>]]. Este consórcio foi criado pelo Prof. Kypros Nicolaides, diretor da Fundação Medicina Fetal[[Espinha bífida#cite%20note-23|<sup>[7]</sup>]] em Londres, em 2017, durante o Congresso Mundial em Lubliana (Slovenia), sendo que seus fundadores foram Dra. Denise A. Lapa<ref>{{Citar periódico|ultimo=Lapa|primeiro=Denise Araujo|data=2019-06-29|titulo=Endoscopic fetal surgery for neural tube defects|url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1521693418302402|jornal=Best Practice & Research Clinical Obstetrics & Gynaecology|doi=10.1016/j.bpobgyn.2019.05.001|issn=1521-6934}}</ref>, do Hospital Israelita Albert Einstein em São Paulo, no Brasil; Prof. Michael Belfort, do Texas Children's Hospital, em Houston nos Estados Unidos; e Dra. Elena Carreras, Hospital Vall' Hebron em Barcelona, na Espanha[[Espinha bífida#cite%20note-24|<sup>[8]</sup>]].
 
 
 
==== '''Técnica SAFER - ''Skin-over-biocellulose for Antenatal FEtoscopic Repair''''' ====
A técnica SAFER consiste em aplicar uma película (''patch'') de biocelulose sobre a lesão, após soltar a medula que está presa à pele, para que ela volte ao canal medular. Além da celulose, os musculos e a aponeurose também estão sendo suturados sobre para proteger ainda mais a medula. Esta modificação recente melhorou muito os resultados quanto a cicatrização da pele, e mesmo quando não há pele suficiente, e se coloca uma pele artificial a cicatrização também é excelente. A vantagem de usar a biocelulose é que ela induz o próprio feto a formar a principal camada que faltava, a duramater<sup>[[Cirurgia fetal#cite%20note-4|[4]]]</sup>, que vai proteger a medula exposta e fazer parar o vazamento do [[líquor]]. Os principais benefícios para o bebê são a melhor preservação dos movimentos do membros inferiores, da bexiga e a maior reversão do Chiari. Na técnica SAFER, 90% dos bebes apresentam reversão dos efeitos sobre o cérebro do vazamento de [[líquor]], o cerebelo volta para sua posição normal, levando a reversão do Chiari 2.
 
A técnica brasileira é a única que utiliza a biocelulose ''(patch)'' como substituto de duramater; e vários serviços no mundo já adotaram esta técnica: Londres, Los Angeles, Milão, Tel Aviv e Santiago do Chile. Quando se compara a técnica SAFER à técnica neurocirúrgica clássica, na qual se fecham as três camadas que faltam: a duramater, o músculo/aponeurose e a pele; a vantagem é que na técnica SAFER, o feto se corrige sozinho, formando uma nova durameter ou neoduramater. Ao contrário do que precisa acontecer quando se opera a mielo após o nascimento, que é a parada imediata da perda de liquor, pois isso aumenta o risco de infecção; na cirurgia antes do nascimento esta não é uma urgência, pois o liquido amniotico protege o feto, o principal objetivo é a preservação das funções da medula espinhal. Este pensar fora da caixa, desafia muitos conceitos pré-estabelecidos no campo da neurocirurgia, e por isso muitos ainda acreditam que o tipo de correção realizada na fetoscopia não tão bom, quando na verdade ele é melhor, pois a auto-reparação fetal causa muito menos inflamação preservando mais a medula, e a cessação do vazamento de líquor já ocorre 48 a 72 horas depois da cirurgia. A melhor preservação da medula já havia sido demonstrada em 2012, em estudo experimentais e agora foi definitivamente demonstrada em fetos humanos (vide tabela abaixo que compara os resultados entre a técnica clássica e a SAFER.<ref name=":02">{{Citar periódico|ultimo=Pedreira|primeiro=D. a. L.|data=2016-08-01|titulo=Fetoscopic repair of spina bifida: safer and better?|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27273812|jornal=Ultrasound in Obstetrics & Gynecology: The Official Journal of the International Society of Ultrasound in Obstetrics and Gynecology|volume=48|numero=2|paginas=141–147|doi=10.1002/uog.15987|issn=1469-0705|pmid=27273812|coautores=E. A.}}</ref>
 
No entanto, por se tratar de uma técnica inovadora, muitas '''informações equivocadas''' acabam sendo difundidas, como por exemplo, que o tipo de correção do defeito é pior e que se torna necessário operar o bebe novamente ao nascer, este é um grande mito pois a correção é definitiva. Nesta técnica, mais bebês tem hidrocefalia, também é um mito, pois os números estão próximos do estudo MOMS, e mesmo assim os resultados de longo-prazo ainda são melhores. Todos os benefícios referentes a neuroproteção da cirurgia fetal foram comprovados através do seguimento de longo-prazo, pois mais de 50 fetos operados por essa técnica já tem mais de 30 meses de idade (Tabela'''vide tabela'''). A única duvida que ainda resta ehé quanto a melhor idade gestacional para operar. Intuitivamente pensamos que quanto mais cedo se opera o bebebebê, menos funções neurológicas são perdidas, porem além disto não ter sido comprovado até o momento, os riscos da prematuridade quando o bebê nasce abaixo de 26 semanas são bem conhecidosaltos, e as sequelasrepercussões neurológicas dasconsequentes as complicações da prematuridade (hemorragia intra-craniana, retinopatia, broncodisplasia pulmonar, etc) podem ser '''muito mais severasgraves''' que as da própria mielo.
 
==== '''Controvérsias''' ====
A discussão atual é sobre o tipo de técnica de fetoscopia a ser utilizado, sendo que a técnica SAFER estaestá demostrando oos que havia sido inferido ha algunsresultados anosencontrados pelonos seuestudos autorexperimentais, que ela eé mais segura pra mãe e melhor para o feto ''(SAFER and better''). [[Espinha bífida#cite%20note-25|<sup>[9]</sup>]]
[[Ficheiro:ComparacaoMOMSsafer.png|esquerda|miniaturadaimagem|603x603px|'''Comparação entre técnica MOMS versus SAFER (Julho 2019)''']]
 
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==== '''Critérios de cirurgia fetal''' ====
Como os riscos maternos são menores na cirurgia fetal por fetoscopia, suas indicações puderam ser ampliadas. Na tabela abaixo você encontra as principais diferenças entre a fetoscopia e a céu aberto. Como na fetoscopia pela técnica SAFER não é necessário expor o útero, abrindo a barriga da mãe, ela não tem ainda um limite superior de idade gestacional para a realização da cirurgia. No presente momento, tem se considerado seu limite superior como 28 semanas o que evita os riscos de prematuridade extrema, inerente a qualquer cirurgia fetal.
Como os riscos maternos são menores na cirurgia fetal por fetoscopia, suas indicações puderam ser ampliadas.
{| class="wikitable"
| colspan="3" |Vantagens da correção da mielomeningocele pela técnica fetoscopica ([[Cirurgia fetal|técnica SAFER]]) comparada a tecnica a céu aberto[[Usuário(a):Denise Pedreira/Testes#cite%20note-5|<sup>[5]</sup>]]:
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|Sim
|}
A cirurgia após o nascimento fica reservada para os casos onde existem contraindicações para cirurgia fetal, ou diagnóstico é feito tardiamente na gravidez (após 30 semanas) ou ainda quando não se diagnosticou antes de nascer. A correção do defeito na coluna deve ser realizada logo nos primeiros dias de vida, idealmente até 72 horas depois do nascimento. Quando a correção é feita apenas depois do nascimento, a [[hidrocefalia]] necessita de tratamento em ate 9'''090% dos casos, quando se opera o bebe antes do nascimento esse numero cai para 40%'''. Esse tratamento é realizado através de uma cirurgia onde se implanta uma válvula ("shunt") que drena o excesso de líquor que está sendo produzido no cérebro para a barriga do bebê, onde ele é reabsorvido.
 
Esta cirurgia para o tratamento da [[hidrocefalia]] é denominada [[Hidrocefalia|derivação ventrículo-peritoneal]] (DVP) e permite que se coloque um fino "tubo" (cateter) plástico dentro do ventrículo cerebral, derivando o líquor para a cavidade peritoneal do bebe. A cirurgia para a colocação da válvula não é complexa, porem se houver infecção ou obstrução do cateter, isto pode levar a problemas neurológicos mais graves. Atualmente existe uma forma menos invasiva de tratamento da hidrocefalia chamada de '''terceiro ventriculostomia''' (TVT), trata-se de uma cirurgia neuro endoscópica onde não se implanta material sintético para permitir a drenagem do líquor, reduzindo muito as chances de infecção ou de obstrução a esta drenagem.