Clarice Lispector: diferenças entre revisões

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=== Infância ===
[[Imagem:Avenida Marquês de Olinda nos anos 1930 - Recife, Pernambuco, Brasil.jpg|miniatura|Avenida Marquês de Olinda nos anos [[1930]], emno [[Recife]], para onde se mudou aos cinco anos.]]
 
Em Maceió, a família continuou a viver em condições precárias e enfrentou alguns conflitos decorrentes das dificuldades econômicas e culturais. Para sustentar a família, Pedro tornou-se um pequeno [[mascates|mascate]], comprando roupas velhas e usadas em áreas carentes para revendê-las aos comerciantes da cidade,{{sfn|Lispector|2006|p= 82|loc=São Paulo}} e também deu algumas aulas particulares de [[língua hebraica]] para os filhos de alguns vizinhos e vendia cortes de [[linho]]. A situação melhorou somente quando Pedro, ao lado de José, passou a fabricar sabão, como fez na Ucrânia.{{sfn|Lispector|2006|p= 96|loc=São Paulo}}
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Por volta dessa época, mudaram-se para a rua [[Imperatriz Teresa Cristina]]. Em 1930, na terceira série, Clarice ingressou no Colégio Hebreu-Iídiche-Brasileiro, onde aprendeu hebraico e [[língua iídiche|iídiche]]. O estado de Mania agravou-se, e Clarice escreveu, para tentar agradá-la, contos e peças,{{sfn|Lispector|2005|p=138|loc=Rio de Janeiro}} mas em [[21 de setembro]] de 1930, aos quarenta e dois anos, Mania Lispector morreu e foi sepultada no Cemitério Israelita do Barro. Em homenagem à mãe, Clarice compôs sua primeira peça para piano.
 
=== Adolescência ===
[[Imagem:Ginásio Pernambucano - Recife - Pernambuco - Brasil.jpg|miniatura|[[Ginásio Pernambucano]], onde Clarice ingressou após concluir o curso primário.]]
Em 15 de dezembro, seu pai deu início ao processo de nacionalização, solicitando um documento inicial. Em 17 de junho de [[1931]], encaminhou um pedido de naturalização. Em [[1932]], Clarice, aos doze anos, foi aprovada, ao lado da irmã Tania e da prima Bertha, no [[Ginásio Pernambucano]].{{sfn|Ferreira|1999|p=54}} Em [[1933]], decidiu tornar-se escritora quando “[tomou] posse da vontade de escrever ... [viu-se] de repente num vácuo. E nesse vácuo não havia quem pudesse [ajudá-la]”.{{sfn|Lispector|1994|pp=304: Escrever}} Em sua última entrevista em vida, disse que de sua formação literária: “misturei tudo. Eu lia romance para mocinhas, livro cor-de-rosa, misturado com [[Fiódor Dostoiévski|Dostoiévski]]. Eu escolhia os livros pelos títulos e não pelos autores. Misturei tudo. Fui ler, aos treze anos, Hermann Hesse, ‘''[[O Lobo da Estepe]]''’, e foi um choque. Aí comecei a escrever um conto que não acabava nunca mais. Terminei rasgando e jogando fora”.<ref name="lerner1977">{{citar entrevista |sobrenome= Lispector|nome= Clarice|entrevistadolink= |entrevistador= Júlio Lerner|titulo= Panorama com Clarice Lispector|indicativo= TV Cultura|local= Rio de Janeiro|data= 1977}}</ref><ref>Vídeo: {{citar web | url=http://www.theparisreview.org/blog/2014/12/10/it-changes-nothing/ | título= entrevista com Clarice Lispector | publicado=www.theparisreview.org }}. [[TV Cultura]], fevereiro de 1977.</ref><ref>{{citar web |url= http://www.revistabula.com/503-a-ultima-entrevista-de-clarice-lispector/|título= A última entrevista de Clarice Lispector|acessodata= 27 de outubro de 2014|autor= Carlos Willian Leite|data= |publicado= Revista Bula}}</ref> A família mudou-se para uma casa própria na avenida Conde da Boa Vista.
 
Em [[7 de janeiro]] de [[1935]], com 14 anos, mudou-se com a família para o [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], no navio inglês ''Highland Monarch'',{{sfn|Gotlib|2008|p= 105}} onde seu pai esperava dar prosseguimento aos avanços de seu negócio e conseguir bons maridos para suas filhas nos círculos judaicos cariocas. Elisa, entretanto, ficou ainda alguns meses emno Recife trabalhando, indo para o Rio de Janeiro pouco mais tarde e prestando concurso para o [[Ministério do Trabalho e Emprego|Ministério do Trabalho]]. Apesar de ter conquistado as melhores notas, não havia vagas, e ingressou no cargo graças à amizade da família com o [[político]] [[Agamenon Magalhães]], então ministro do trabalho e anteriormente professor de [[geografia]]<ref>{{citar livro| autor= Cláudio Roberto de Sousa| título= Agamenon Magalhães, a política como paixão | versão= | editora= Folha de Pernambuco | data= | url= https://www.ufpe.br/agencia/clipping/index.php?option=com_content&view=article&id=8800:agamenon-magalhaes-a-politica-como-paixao&catid=63&Itemid=237 | acessadoem = 29 de outubro de 2014|ref=harv}}</ref> de Clarice e Tania. Em [[1938]], Tania também tornou-se funcionária pública.<ref name="kaufmannmoser2006">{{citar entrevista |sobrenome= Kaufmann|nome= Tania Lispector|entrevistadolink= |entrevistador= Benjamin Moser|titulo= Entrevista com Tania Lispector Kaufmann|indicativo= |local= Rio de Janeiro|data= 1 de agosto de 2006|acessodata=}}</ref>
=== Adolescência ===
Em [[7 de janeiro]] de [[1935]], com 14 anos, mudou-se com a família para o [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], no navio inglês ''Highland Monarch'',{{sfn|Gotlib|2008|p= 105}} onde seu pai esperava dar prosseguimento aos avanços de seu negócio e conseguir bons maridos para suas filhas nos círculos judaicos cariocas. Elisa, entretanto, ficou ainda alguns meses em Recife trabalhando, indo para o Rio de Janeiro pouco mais tarde e prestando concurso para o [[Ministério do Trabalho e Emprego|Ministério do Trabalho]]. Apesar de ter conquistado as melhores notas, não havia vagas, e ingressou no cargo graças à amizade da família com o [[político]] [[Agamenon Magalhães]], então ministro do trabalho e anteriormente professor de [[geografia]]<ref>{{citar livro| autor= Cláudio Roberto de Sousa| título= Agamenon Magalhães, a política como paixão | versão= | editora= Folha de Pernambuco | data= | url= https://www.ufpe.br/agencia/clipping/index.php?option=com_content&view=article&id=8800:agamenon-magalhaes-a-politica-como-paixao&catid=63&Itemid=237 | acessadoem = 29 de outubro de 2014|ref=harv}}</ref> de Clarice e Tania. Em [[1938]], Tania também tornou-se funcionária pública.<ref name="kaufmannmoser2006">{{citar entrevista |sobrenome= Kaufmann|nome= Tania Lispector|entrevistadolink= |entrevistador= Benjamin Moser|titulo= Entrevista com Tania Lispector Kaufmann|indicativo= |local= Rio de Janeiro|data= 1 de agosto de 2006|acessodata=}}</ref>
 
Passam a primeira semana no Rio de Janeiro na residência de um casal judaico no bairro [[Flamengo (bairro do Rio de Janeiro)|Flamengo]] e depois moram em uma casa antiga perto do Campo de São Cristóvão. Estabilizam-se na cidade logo em seguida, ocupando parte da casa 341 da rua Mariz e Barros, no bairro da Tijuca. Clarice então estudava o quarto ano do ginásio no colégio Sílvio Leite, na mesma rua de sua casa.
 
Em [[1936]], terminou o [[ginásio (escola)|ginásio]] e ingressou, em [[2 de março]] de [[1937]], em uma escola preparatória, a [[Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro]], então chamada de Universidade do Brasil. A decisão causou estranhamento na época, tanto por Clarice ser mulher quanto por não pertencer à elite carioca, mas era justificada por seus desejos de mudanças sociais: “o que eu via [emno Recife] me fazia como me prometer que não deixaria aquilo continuar”.
 
De acordo com ela, “como eu não tinha orientação de nenhuma espécie sobre o que estudar, fui estudar advocacia”. Apesar da relutância do pai, que temia mudanças estressantes na filha, ela seguiu com seus planos e tinha um objetivo: “Minha ideia ... era estudar advocacia para reformar as penitenciárias”.