Gueorgui Júkov: diferenças entre revisões

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As derrotas do verão de 1941, durante a [[Operação Barbarossa|invasão da URSS]] pela [[Alemanha Nazi|Alemanha Nazista]], levaram Stalin a envia-lo às frentes mais sensíveis da guerra, na condição de representante da [[Stavka]]. Júkov assumiu então um papel-chave na [[Frente Oriental (Segunda Guerra Mundial)|Frente da Europa Oriental]], coordenando as tropas de seu país em várias grandes operações militares, primeiro na defesa e em seguida na contra-ofensiva soviéticas. Em particular, Júkov desempenhou um papel importante no início do [[Cerco a Leninegrado|cerco a Leningrado]], foi diretamente responsável pelo sucesso soviético na [[Batalha de Moscovo|batalha de Moscou]], preparou a [[Batalha de Stalingrado|contra-ofensiva em Stalingrado]], coordenou a parte norte da [[batalha de Kursk]], foi co-responsável pela recuperação da [[Ucrânia]] e controlou a metade sul da [[Operação Bagration]]. Nomeado comandante da principal frente soviética na guerra, Júkov liderou a ação decisiva da [[Ofensiva no Vistula–Oder|ofensiva no Vístula-Oder,]] e na sequência comandou as tropas soviéticas na [[Batalha de Berlim|conquista de Berlim]]. Diante dele, em [[Dia da Vitória na Europa|8 de maio de 1945]] o [[Oberkommando der Wehrmacht|Alto comando das Forças Armadas Alemãs]] assinou o [[Instrumento de rendição alemã|instrumento de rendição de seu país]], [[Fim da Segunda Guerra Mundial na Europa#Rendição das forças alemãs por Jodl e Keitel|pondo fim à guerra na Europa]].
 
Feito [[marechal da União Soviética]] em 1943 e gozando de imenso prestígio em seu país, Stalin, desconfiando de sua popularidade, demitiu-o de seus postos em 1946 e ostracizou-o. A morte de Stalin em 1953 permitiu a Júkov retornar à cena política, e ele ajudou a parar a tomada de poder de [[Lavrentiy Beria|Lavrenti Beria]]. Júkov tornou-se então vice-ministro (1953-1955) e ministro da Defesa (1955-1957), e membro do [[Politburo]] (1957), apoiando [[Nikita Khrushchov]] durante a [[desestalinização]]. Este, contudo, igualmente temeroso de seu prestígio, afastou-o definitivamente de seus cargos em 1957. Indignado com o papel a que fora relegado na versão da história da Segunda Guerra Mundial defundida pelo governo soviético, a partir de 1963 Júkov passou a escrever suas memórias. Repreendido, Júkov viu novamente sua sorte mudar com a ascensão de [[Leonid Brejnev]]. Suas memórias, publicadas em abril de 1969, tornaram-se um sucesso imediato, e permanecem "o mais influente relato pessoal da Grande Guerra Patriótica". Pai de quatro filhas e casado duas vezes, Júkov faleceu poucos anos depois. Seu funeral com honras militares foi dirigido pessoalmente por Brejnev, e suas cinzas encontram-se depositadas na [[Necrópole da Muralha do Kremlin]].
 
Por vezes brutal na liderança de suas tropas, e por ter contribuído decisivamente para defender o regime soviético durante a guerra, G. K. Júkov é por vezes alcunhado o "General de Stalin" e a "Sombra de Stalin". Contudo, ainda em vida ele recebeu as mais altas honrarias da União Soviética e dos outros [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|países Aliados]], dentre as quais quatro medalhas de [[Herói da União Soviética]], a insígnia de Chefe-Comandante da [[Legião do Mérito]], a Grã-Cruz da [[Legion d'Honneur|Legião de Honra]] e a Grã-Cruz da [[Ordem do Banho]]. Além disso, seu papel na Segunda Guerra Mundial tem levado historiadores a descrevê-lo como o principal responsável na derrota da Alemanha nazista, e por vezes como "o homem que derrotou Hitler".
 
== Família e primeiros anos ==
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Júkov manteve o direito de usar seu uniforme, sua datcha em Sosnovka, seu apartamento em Moscou, seu motorista e os hospitais que servem à ''[[nomenklatura]]''. Em 4 de março de 1958, ele foi aposentado sem o benefício de um posto de inspetor (como os outros marechais e generais), e se tornou por alguns anos uma [[persona non grata]]. Em sua vida privada, Alexandra Dievna descobriu sua amante Galina Semionova e sua filha Maria. Júkov passou então a dividir seu tempo entre os dois apartamentos, da Rua Granovski (Alexandra) e da Rua Gorki (Galina), mas a situação se deteriorou e ele divorciou-se de Alexandra em 18 de janeiro de 1965, para, no dia 22, casar-se com Galina.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=809}}
 
De 1960 a 1965, o Ministério da Defesa publicou os seis volumes de ''A História da Grande Guerra Patriótica'', muito crítico das decisões de Stalin, ignorando a ajuda dos EUA, e salientando o papel dos quadros do Partido, incluindo Khrushchov na Ucrânia e Stalingrado, e [[Andrei Jdanov]] em Leningrado. Júkov quase não foi mencionado, exceto quanto às derrotas do verão de 1941. Indignado, Júkov passou a escrever suas memórias. Preocupado, o Politburo convocou-o em 7 de junho de 1963, ameaçando excluí-lo do partido e prendê-lo, caso continuasse.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=816-817}}[[Ficheiro:Stamp Soviet Union 1976 4553.jpg|miniaturadaimagem|[[Selo postal]] de 1976 celebrando o "Marechal da União Soviética G. K. Júkov", morto em 1974.|243x243px|esquerda]]
 
A substituição de Khrushchov por [[Leonid Brejnev]] como chefe de Estado, em 1964, mudou gradualmente a situação.{{sfn|Chaney|1996|p=468}} Na noite de 8 de maio de 1965, Júkov e Galina compareceram à festa do vigésimo aniversário da vitória, no Kremlin. Brejnev leu um discurso elogiando Stalin, e a multidão ovacionou Júkov.{{sfn|Le Tissier|1996|p=258}}{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=820}}[[Ficheiro:Stamp Soviet Union 1976 4553.jpg|miniaturadaimagem|[[Selo postal]] de 1976 celebrando o "Marechal da União Soviética G. K. Júkov", morto em 1974.|243x243px|esquerda]]
 
Em agosto de 1965, Júkov assinou um contrato para a publicação de suas memórias. O trabalho foi dificultado por um infarto, em novembro, mas o manuscrito foi entregue no verão de 1966. Uma comissão do Comitê Central modificou-o consideravelmente, reforçando a presença do partido e de seus chefes. Foram também adicionadas referências a Brejnev, dizendo que Júkov teria buscado se aconselhar com ele em 1943 (época em que ele era um obscuro coronel).{{sfn|Roberts|p=300|2012}} O texto foi aprovado pessoalmente por Brejnev,{{sfn|Le Tissier|1996|p=258}} e o livro foi lançado em abril de 1969. Apesar da falta de publicidade, suas 300.000 cópias esgotaram-se em poucos meses,{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=822-825}}{{Sfn|Roberts|2012|p=300}} e Júkov recebeu mais de 10.000 cartas de leitores.{{Sfn|Spahr|1993|p=411}} Suas memórias tornaram-se "o mais influente relato pessoal da Grande Guerra Patriótica"{{sfn|Roberts|p=9|2012}}
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Fora da Rússia, muitos monumentos foram removidos após a queda da URSS, mas há exceções notáveis em Minsk (um busto desde 2007 no Parque Júkov, ladeado pela Avenida Júkov) e em Ulã Bator. Uma versão sem censura das memórias de Júkov foi publicada em 1990, e sua décima quarta edição foi lançada em 2010. Um total de sete milhões de cópias foram vendidas em 18 idiomas.{{Sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017|p=889}} [[Ficheiro:Badge of Order of Zhukov (Russia).png|miniaturadaimagem|Insígnia da Ordem de Júkov, honraria instituída pela Federação Russa em referência a Júkov.|167x167px]]
A biografia de Júkov tem recebido duradoura atenção, e ele tem sido designado de maneira contraditória, ora como o "General de Stalin"{{sfn|Roberts|p=5|2012}} e a "Sombra de Stalin",{{sfn|Granel|2013}}, ora como o "Marechal da Vitória".{{sfn|Sudakov|2016}} Críticos tendem a retrata-lo como um líder brutal, que comandava pelo medo e por ameaças e com pouca preocupação com o custo humano de suas vitórias, e que teria contribuído para estender a vida do regime de Stalin.{{sfn|Bering|2012}} Para outros, Júkov foi o principal responsável pela vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista,{{sfn|Martin|2012}}{{sfn|Harris|p=111|2002}} e portanto "o homem que derrotou Hitler".{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017}}{{sfn|Axell|2003}} Sobre o papel de Júkov no desfecho da Segunda Guerra Mundial, em particular, David Stahel define Júkov como "o mais vitorioso comandante de Stalin na guerra"{{sfn|Stahel|2009|p=421}}, Otto Preston Chaney como "o mais condecorado e respeitado militar da Rússia"{{sfn|Chaney|1996|p=xix}}, ao passo que, para Tony Le Tissier, Júkov foi "indiscutivelmente a mais notável figura militar a emergir no lado soviético" durante a guerra.{{sfn|Le Tissier|1996|p=3}} Outros historiadores vão mais adiante, e o britânico Geoffrey Roberts afirma que Júkov é "amplamente considerado o arquiteto-chefe da vitória soviética sobre Hitler" e o homem que "demonstrou ao mundo todo que a máquina de guerra de Hitler não era invencível"{{sfn|Roberts|p=4|2012}}. Para ele, a maior parte da crítica especializada concorda com o historiador americano Harrison E. Salisbury, que descreveu Júkov como "o mestre da arte da guerra em massa no século XX".{{sfn|Roberts|p=9|2012}}. Esse ponto de vista é também partilhado pelo historiador John Erickson, que escreveu que “até agora, o maior soldado produzido pelo século XX é o marechal Gueorgui Júkov, da União Soviética. No cálculo mais simples, ele é o general que nunca perdeu uma batalha".{{sfn|Roberts|p=9|2012}} Contudo, o próprio Roberts acautela que "Júkov não era nem o herói perfeito da lenda, nem o vilão puro e simples retratado por seus desafetos. [...] ele foi um grande general, um homem de imenso talento militar, e alguém abençoado com a força de caráter necessária para lutar e vencer guerras bárbaras. Mas ele também cometeu muitos erros, erros pagos com as vidas de milhões de pessoas [...]. O que o distinguiu foi sua excepcional determinação em vencer".{{sfn|Roberts|p=12, 311|2012}}
A biografia de Júkov tem recebido duradoura atenção, e ele tem sido designado de maneira contraditória, ora como o "General de Stalin"{{sfn|Roberts|p=5|2012}} e a "Sombra de Stalin",{{sfn|Granel|2013}}, ora como o "Marechal da Vitória".{{sfn|Sudakov|2016}}
Críticos tendem a retrata-lo como um líder brutal, que comandava pelo medo e por ameaças e com pouca preocupação com o custo humano de suas vitórias, e que teria contribuído para estender a vida do regime de Stalin.{{sfn|Bering|2012}} Para outros, Júkov foi o principal responsável pela vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista,{{sfn|Martin|2012}}{{sfn|Harris|p=111|2002}} e portanto "o homem que derrotou Hitler".{{sfn|Lopez|Otkhmezuri|2017}}{{sfn|Axell|2003}} Sobre o papel de Júkov no desfecho da Segunda Guerra Mundial, em particular, David Stahel define Júkov como "o mais vitorioso comandante de Stalin na guerra"{{sfn|Stahel|2009|p=421}}, Otto Preston Chaney como "o mais condecorado e respeitado militar da Rússia"{{sfn|Chaney|1996|p=xix}}, ao passo que, para Tony Le Tissier, Júkov foi "indiscutivelmente a mais notável figura militar a emergir no lado soviético" durante a guerra.{{sfn|Le Tissier|1996|p=3}} Outros historiadores vão mais adiante, e o britânico Geoffrey Roberts afirma que Júkov é "amplamente considerado o arquiteto-chefe da vitória soviética sobre Hitler" e o homem que "demonstrou ao mundo todo que a máquina de guerra de Hitler não era invencível"{{sfn|Roberts|p=4|2012}}. Para ele, a maior parte da crítica especializada concorda com o historiador americano Harrison E. Salisbury, que descreveu Júkov como "o mestre da arte da guerra em massa no século XX".{{sfn|Roberts|p=9|2012}}. Esse ponto de vista é também partilhado pelo historiador John Erickson, que escreveu que “até agora, o maior soldado produzido pelo século XX é o marechal Gueorgui Júkov, da União Soviética. No cálculo mais simples, ele é o general que nunca perdeu uma batalha".{{sfn|Roberts|p=9|2012}} Contudo, o próprio Roberts acautela que "Júkov não era nem o herói perfeito da lenda, nem o vilão puro e simples retratado por seus desafetos. [...] ele foi um grande general, um homem de imenso talento militar, e alguém abençoado com a força de caráter necessária para lutar e vencer guerras bárbaras. Mas ele também cometeu muitos erros, erros pagos com as vidas de milhões de pessoas [...]. O que o distinguiu foi sua excepcional determinação em vencer".{{sfn|Roberts|p=12, 311|2012}}
 
== Condecorações ==
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|[[File:Именная шашка.png|44px]]
|Arma honoraria – espada com o Emblema emblema da URSS.{{Sfn|Presidential Library|2019}}
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