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Revisão das 05h55min de 16 de agosto de 2019

Carreta Furacão é o nome de um "trenzinho da alegria" que se tornou largamente conhecido no Brasil. Criado em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, seus membros personificam figuras populares dos quadrinhos e da TV. Suas performances viralizaram na internet e o grupo acabou sendo a inspiração para a formação de muitos outros pelo país.

O Carreta Furacão foi criado em 2007 pelo casal Wellington e Fabiana Cardoni,[1] como um grupo de animação de festas infantis no formato de um "trenzinho da alegria", um tipo de atração popular comum no interior do Brasil, onde um trenzinho ou carreta decorado segue pelas ruas tocando música acompanhado de palhaços e dançarinos.[2] Em Ribeirão são uma tradição há mais de 30 anos, havendo vários em atividade, além de uma associação: Associação de Trenzinhos de Ribeirão, a única do gênero no país.[3] Com a boa recepção que vinha tendo, o Carreta passou a ser requisitado para animar outros eventos. Atualmente faz parte da Dominium, empresa de trenzinhos comandada pelo casal Cardoni.[4] Segundo Fabiana, no início "só fazia escolinha, festa de criança, mas os pais começaram a querer ir junto e o trenzinho começou a ficar curto. Depois disso, a Carreta Furacão passou a animar casamentos, despedidas de solteiro, formaturas e até festa de cachorro. [...] A escolha por figuras do universo infantil e do mundo dos super-heróis envolve um apego emocional e uma estratégia para atingir pessoas de várias idades. Quisemos pegar de várias épocas e o Fofão a gente achou interessante para pegar os pais das crianças, eu sempre gostei dele".[5] A empresa mantém cinco Carretas, cada uma com uma equipe independente.[1] Ocasionalmente ocorrem mudanças no elenco.[6]

Suas apresentações ocorrem nas ruas, acompanhando um trenzinho que leva até 150 pessoas, executando coreografias dançadas, malabarismos e acrobacias ao som de música.[7][1][2] Divulgadas em vídeo pela internet e pelas redes sociais a partir de 2010, as apresentações do grupo rapidamente ganharam fãs por todo o Brasil.[2][8][9] No primeiro vídeo que se tornou viral, o Capitão América, Fofão, Mickey, Popeye e um palhaço dançavam ao som da música "Vem Dançar o Mestiço", de Leandro Lehart.[3] Outros personagens também se alternam nas apresentações, como Dô e Goku.[10]

Ainda em 2010 apareceram no programa Pânico na TV, no programa da Eliana e no programa Qual o seu Talento do SBT,[3] e em 2011 já eram um fenômeno de popularidade na web, com milhões de visualizações no YouTube. Em 2016 foram objeto de uma grande quantidade de matérias na imprensa brasileira, consagrando-os na cena da música e cultura popular do país.[11][7] [12][8] Neste ano, o vídeo de "Vem Dançar o Mestiço" já tinha mais de 100 milhões de visualizações,[13] e segundo reportagem de O Imparcial, o fenômeno era tão grande que existiam petições nas redes sociais pedindo a apresentação do grupo em diversas cidades.[14]

Em 2016 foram convidados para participar de um videoclipe da banda paulista Quarup,[15] gravaram um vídeo promocional do filme Contrato Vitalício, produzido pelo Porta dos Fundos,[16] um vídeo do Ministério da Saúde para a campanha de vacinação infantil,[17] e serviram de tema para um jogo para smartphones, "Carreta Furacão — The Legend", desenvolvido por Eduardo Lira no Game Lab da Universidade do Estado do Amazonas,[9][18] que em poucos meses teve mais de 100 mil downloads.[3] Também em 2016 fizeram a primeira turnê, apresentando-se em vários estados do Brasil.[6] Em 2018 foram contratados pelos Postos Ipiranga para estrelar um comercial da campanha "Pergunta Lá".[19] Entre 2016 e 2018, de acordo com matéria na Revista Revide, sua popularidade chegou a "níveis estratosféricos", quando "centenas de milhares de internautas deram início a petições para receber a atração em diversas cidades brasileiras".[20]

O grupo nesta altura havia sido também absorvido pela cultura dos gifs e memes, ilustrando piadas sobre todos os assuntos,[12][8][3] e segundo estudo de Piccoli & Lasta, chegam à categoria de "memes epidêmicos", aqueles caracterizados "pela sua vasta replicabilidade em várias redes e sites, atingindo indivíduos digitais diversos e de vários lugares do mundo, inclusive, tendo como característica principal um alto compartilhamento".[21] Para Caio Menezes, "o trenzinho Carreta Furacão é um dos memes mais amados da internet brasileira. [...] Tanto que depois da viralização da Carreta Furacão, outros vídeos de trenzinhos espalhados pelo Brasil começaram a pipocar no YouTube".[22] Para Caio Amaral, do Núcleo de Criatividade Digital da FAESA, "a Carreta Furacão atingiu em cheio a cibercultura e caiu no gosto popular, principalmente pela propagação dos memes e gifs. Sem contar que na Cultura da Convergência, qualquer assunto acaba sendo relacionado com a Carreta Furacão. Passando pela ameaça de ataque do Estado Islâmico ao Brasil, ao filme Mad Max, brinquedos infantis, e até história em quadrinhos".[3]

O Carreta Furacão já faz parte da cultura de Ribeirão Preto.[12] Sua marca e imagem estão em camisetas, estampas, bonecos, brinquedos e outros produtos,[21] e segundo Clenon Ferreira foi um dos responsáveis pela popularização dos trenzinhos da alegria no Brasil.[23] Referindo-se à mistura de referenciais no Carreta, relacionando-a ao conceito de antropofagia cultivado pelos modernistas, Luís Feitosa disse: "A comicidade dos personagens de trenzinhos está nessa espécie de antropofagia, ao importar personagens da cultura pop e inseri-los em um contexto brasileiro. Temos o Popeye dançando funk enquanto o Capitão América finge uma batucada. [...] E o Mickey tupiniquim cai no samba. No Brasil, Disney, Marvel e tudo o que vier lá de fora viram feijoada. Ainda tem a cachaça para acompanhar".[24]

O grupo foi o ponto de partida para a produção de uma pesquisa acadêmica, liderada por Gabriel Mendes Dias, que estudou a atividade dos trenzinhos da alegria no interior de São Paulo, e que se transformou em um documentário, intitulado Rebolão! Mas sua irmã gosta. Segundo Dias,

"Era uma ideia antiga minha, desde quando descobri que eram vários trenzinhos que faziam isso, além do Carreta Furacão. [...] Descobrimos que os trenzinhos são como tribos urbanas, vimos que aquilo parecia ser grande e fomos investigar qual a dimensão do fenômeno. Não é só um trenzinho que dá uma volta e pronto, ele se estendia para outra dimensão da vida desses jovens, que não fazem isso por interesse financeiro, mas porque vivem aquilo de verdade, como uma balada, uma festa, enfim, uma cultura de rua mesmo".[25]

Em 2011 o nome do grupo foi patenteado, e desde então é o único que pode usá-lo. Em 2016 a presença do Fofão levou a acusações de plágio pelo criador do personagem, Orival Pessini, e depois a sua imagem no grupo foi modificada, assim como seu nome, que passou a ser Fonfon. O próprio Carreta sustentou processos na Justiça após sua popularização ter desencadeado a formação de grupos idênticos em vários outros pontos do Brasil.[8]

Ligações externas

Referências

  1. a b c "Carreta Furacão: o fenômeno". Programa Pânico, 25/04/2016
  2. a b c “Carreta Furacão apreendida pela polícia por perturbação do sossego". Tribuna da Região, 18/04/2019
  3. a b c d e f Amaral, Caio. "Carreta Furacão e Cultura da Convergência". Núcleo de Criatividade Digital — FAESA, 03/05/2016
  4. Capanema, Rafael. "30 fatos que talvez você não saiba sobre a Carreta Furacão". BuzzFed, 20/04/2016
  5. "Carreta Furacão: Sucesso em meio a memes e polêmicas". Educativa FM, 16/05/2016
  6. a b Santos, Arnaldo. "De Ribeirão Preto para os Trending Topics: conheça a Carreta Furacão". Jornalismo UNAEP, 26/06/2018
  7. a b Souza, Felipe. "Fenômeno da web, Carreta Furacão se apresentará sem Fofão em protesto na Paulista". BBC. 17/04/2016
  8. a b c d "Carreta Furacão faz sucesso em meio a memes engraçados e polêmicas". O Globo, 16/05/2016
  9. a b Fagundes, Gabriel. "Resenha: Carreta Furacão The Legend". Super Interessante, 04/07/2018
  10. "Murilo vira integrante da Carreta Furacão". The Noite com Danilo Gentili, 28/06/2016
  11. Terto, Amauri. "Fenômeno na internet, Trenzinho Carreta Furacão vira game para smartphones". The Huffington Post, 30/03/2016
  12. a b c Drewanz, Patrícia. "Não é sobre memes: Carreta Furacão ganha documentário.". Vix, s/d.
  13. Gomes, Pedro. "Furacão em Hollywood? Carreta invade filmes no Youtube". Revista Revide, 22/04/2016
  14. "O sucesso da Carreta Furacão na Internet". O Imparcial, 27/06/2016
  15. "Banda paulista lança clipe com participação do Trenzinho Carreta Furacão". Uai, 15/04/2016
  16. "Porta dos Fundos dança com Carreta Furacão". Band Entretenimento, 17/06/2016
  17. "Com Carreta Furacão, Ministério da Saúde anuncia campanha de vacinação". Correio do Estado, 13/09/2016
  18. "Você precisa conhecer este jogo inspirado na ‘Carreta Furacão". Catraca Livre, 31/03/2016
  19. Ferreira, Matheus. "Posto Ipiranga aposta em Carreta Furacão para novo comercial da campanha Pergunta Lá". Geek Publicitário, 06/02/2018
  20. "Caiu na rede é meme". Revista Revide, 24/05/2018
  21. a b Piccoli, Clara Garnier Pires & Lasta, Elisangela. "Segura Essa Transformação, Mon Amour: Análise Sobre Memes Transmídias da Internet". In: XX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul. Porto Alegre, 20-22/06/2019
  22. Menezes, Caio. "Inspirado na Carreta Furacão, filme mostra a cultura dos trenzinhos no Brasil". iG, 14/04/2016
  23. Ferreira, Clenon. "Conheça as histórias dos artistas da Carreta da Alegria". O Popular, 22/12/2018
  24. Feitosa, Luís. "A Carreta Furacão e o redescobrimento do Brasil". Varal Diverso — Guia cultural e gastronômico de Ribeirão Preto, 10/06/2016
  25. "Carreta Furacão e outros trenzinhos inspiram documentário". Diário de Pernambuco, 12/04/2016