Projeto Manhattan: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiqueta: Inserção de predefinição obsoleta
Linha 481:
 
== Legado ==
{{AP|Era Atômica|Corrida nuclear|Medicina nuclear|Guerra Fria}}
{{Artigo principal|Armas nucleares na cultura popular}}
Os impactos políticos e culturais do desenvolvimento de armas nucleares foram profundos e de longo alcance. William Laurence, do ''New York Times'', o primeiro a utilizar a expressão "[[Era Atômica]]",<ref name="laurence19450926">{{citar notícia | url=http://books.google.com/books?id=2fpLSlthuEMC&lpg=PA10&ots=vv5mTfKJUM&pg=PA10#v=onepage&f=false |título=Drama of the Atomic Bomb Found Climax in July 16 Test |obra=The New York Times |data=26 de setembro de 1945 |acessodata=16 de agosto de 2013 |autor =Laurence, William L.}}</ref> tornou-se o correspondente oficial para o Projeto Manhattan, na primavera de 1945. Em 1943 e 1944 ele tentou em vão convencer o Gabinete da Censura para permitir escrever sobre o potencial explosivo do urânio, e os funcionários do governo achavam que ele tinha ganhado o direito de informar sobre o maior segredo da guerra. Laurence testemunhado o teste ''Trinity''<ref>{{harvnb|Sweeney|2001|pp=204–205}}.</ref> e o bombardeio de Nagasaki e escreveu para as imprensas oficiais preparadas para eles. Ele passou a escrever uma série de artigos exaltando as virtudes da nova arma. Seus relatórios antes e depois dos bombardeios ajudaram a estimular a conscientização pública sobre o potencial da tecnologia nuclear e motivou o seu desenvolvimento nos Estados Unidos e da União Soviética.<ref>{{harvnb|Holloway|1994|pp=59–60}}.</ref>
 
[[Imagem:Aerial view of Niagara Falls Storage Site, Lewiston, New York (2002).jpg|thumb|esquerda|O Lake Ontario Ordnance Works (LOOW), próximo às [[Cataratas do Niágara]], tornou-se o principal repositório dos resíduos do Projeto Manhattan na [[Costa Leste dos Estados Unidos]].<ref>{{cite web |title= The Community LOOW Project: A Review of Environmental Investigations and Remediation at the Former Lake Ontario Ordnance Works |publisher= King Groundwater Science, Inc. |date= Setembro de 2008 |url= http://www.niagaracounty.com/Portals/4/Docs/CLP%20Final%20Report%20Sept%2008.pdf}}</ref> Todos os materiais radioativos armazenados no LOOW - incluindo [[tório]], [[urânio]] e a maior concentração mundial de rádio-226 - foram enterrados em uma "estrutura provisória de contenção de resíduos" (em primeiro plano) em 1991.<ref name="COE2">{{cite web |title= Niagara Falls Storage Site, New York |publisher= U.S. Army Corps of Engineers |date= 31 de agosto de 2011 |url= http://www.lm.doe.gov/Niagara/Fact_Sheet__Niagara_Falls_Storage_Site.pdf |archive-url=https://web.archive.org/web/20170223003831/http://www.lm.doe.gov/Niagara/Fact_Sheet__Niagara_Falls_Storage_Site.pdf |archive-date=23 de fevereiro de 2017}}</ref><ref name="Jenks">{{cite journal |last= Jenks |first= Andrew |date= Julho de 2002 |title= Model City USA: The Environmental Cost of Victory in World War II and the Cold War |url= https://www.researchgate.net/publication/249292863_Model_City_USA_The_Environmental_Cost_of_Victory_in_World_War_II_and_the_Cold_War |journal= Environmental History |volume= 12 |issue= 77 |page= 552}}</ref><ref name="DePalma">{{cite news |last= DePalma |first= Anthony |title= A Toxic Waste Capital Looks to Spread it Around; Upstate Dump is the Last in the Northeast |newspaper=The New York Times|date= 10 de março de 2004 |url= https://www.nytimes.com/2004/03/10/nyregion/toxic-waste-capital-looks-spread-it-around-upstate-dump-last-northeast.html}}</ref>]]
O Projeto Manhattan durante a guerra deixou um legado na forma de uma rede de [[Laboratório Nacional do Departamento de Energia dos Estados Unidos|laboratórios nacionais]]: o [[Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley]], [[Laboratório Nacional de Los Alamos]], [[Laboratório Nacional de Oak Ridge]], [[Laboratório Nacional de Argonne]] e [[Laboratório de Ames]]. Mais dois foram estabelecidos por Groves logo após a guerra, o [[Laboratório Nacional de Brookhaven]] em [[Upton (Nova Iorque)|Upton]], [[Nova Iorque (estado)|Nova Iorque]], e [[Laboratório Nacional Sandia]] em [[Albuquerque]], [[Novo México]]. Groves destinou US$72 milhões a eles, para atividades de pesquisa no ano fiscal de 1946-1947.<ref>{{harvnb|Hewlett|Anderson|1962|pp=633–637}}.</ref> Eles estariam na vanguarda do tipo de pesquisa em grande escala que [[Alvin Weinberg]], diretor do Laboratório Nacional de Oak Ridge, chamaria de ''[[Big Science]]''.<ref>{{harvnb|Weinberg|1961|p=161}}.</ref>
[[Imagem:Essais nucleaires manif.jpg|miniatura|esquerda|Manifestação contra [[testes nucleares]] em [[Lyon]], [[França]], nos anos 1980.]]
 
Os impactos políticos e culturais do desenvolvimento de armas nucleares foram profundos e de longo alcance. William Laurence, do ''[[The New York Times]]'', foi o primeiro a utilizar a expressão "[[Era Atômica]]",<ref name="laurence19450926">{{citar notícia | url=http://books.google.com/books?id=2fpLSlthuEMC&lpg=PA10&ots=vv5mTfKJUM&pg=PA10#v=onepage&f=false |título=Drama of the Atomic Bomb Found Climax in July 16 Test |obra=The New York Times |data=26 de setembro de 1945 |acessodata=16 de agosto de 2013 |autor =Laurence, William L.}}</ref> e tornou-se o correspondente oficial para o Projeto Manhattan, na primavera de 1945. Em 1943 e 1944, ele tentou, em vão, convencer o Gabinete da Censura paraa permitir escreverque ele escrevesse sobre o potencial explosivo do urânio, e os funcionários do governo achavam que ele tinha ganhado o direito de informar sobre o maior segredo da guerra. Laurence testemunhadotestemunhou o teste ''Trinity''<ref>{{harvnb|Sweeney|2001|pp=204–205}}.</ref> e o bombardeio de Nagasaki e escreveu para as imprensas oficiais preparadas para eles. Ele passou a escrever uma série de artigos exaltando as virtudes da nova arma. Seus relatórios antes e depois dos bombardeios ajudaram a estimular a conscientização pública sobre o potencial da tecnologia nuclear e motivou o seu desenvolvimento nos Estados Unidos e dana União Soviética.<ref>{{harvnb|Holloway|1994|pp=59–60}}.</ref>
O Laboratório de Pesquisa Naval há muito estava interessado na possibilidade de usar a energia nuclear para a propulsão de navios de guerra, e procurou criar seu próprio projeto nuclear. Em maio de 1946, Nimitz, agora [[Chefe de Operações Navais dos Estados Unidos|Chefe de Operações Navais]], decidiu que a marinha deveria sim trabalhar com o Projeto Manhattan. Um grupo de oficiais da marinha foi designado para Oak Ridge, o mais graduado dos quais era o capitão [[Hyman Rickover]], que se tornou assistente de diretor. Eles mergulharam no estudo da energia nuclear, lançando as bases para uma marinha de propulsão nuclear.<ref>{{harvnb|Hewlett|Duncan|1969|pp=74–76}}.</ref> Um grupo similar de militares da Força Aérea chegou a Oak Ridge, em setembro de 1946, com o objetivo de desenvolver [[Avião nuclear|aviões nucleares]].<ref>{{harvnb|Hewlett|Duncan|1969|pp=72–74}}.</ref> Sua [[Avião de propulsão nuclear|energia nuclear para a propulsão de aviões]] (NEPA) o projeto entrou em dificuldades técnicas formidáveis, e acabou sendo cancelado.<ref>{{harvnb|Hewlett|Duncan|1969|pp=490–493, 514–515}}.</ref>
 
O Projeto Manhattan, durante a guerra, deixou um legado na forma de uma rede de [[Laboratório Nacional do Departamento de Energia dos Estados Unidos|laboratórios nacionais]]: o [[Laboratório Nacional de Lawrence Berkeley]], [[Laboratório Nacional de Los Alamos]], [[Laboratório Nacional de Oak Ridge]], [[Laboratório Nacional de Argonne]] e [[Laboratório de Ames]]. Mais dois foram estabelecidos por Groves logo após a guerra, o [[Laboratório Nacional de Brookhaven]] em [[Upton (Nova Iorque)|Upton]], [[Nova Iorque (estado)|Nova Iorque]], e [[Laboratório Nacional Sandia]] em [[Albuquerque]], no [[Novo México]]. Groves destinou US$72 milhões de dólares a eles, para atividades de pesquisa no ano fiscal de 1946-1947.<ref>{{harvnb|Hewlett|Anderson|1962|pp=633–637}}.</ref> Eles estariam na vanguarda do tipo de pesquisa em grande escala que [[Alvin Weinberg]], diretor do Laboratório Nacional de Oak Ridge, chamaria de ''[[Big Science]]''.<ref>{{harvnb|Weinberg|1961|p=161}}.</ref>
A capacidade dos novos reatores para criar isótopos radioativos em até então nunca vistos em grandes quantidades acendeu uma revolução na [[medicina nuclear]], nos anos do pós-guerra. A partir de meados de 1946, o Oak Ridge começou a distribuir radioisótopos para hospitais e universidades. A maior parte dos pedidos são de [[iodo-131]] e de [[fósforo-32]], que foram utilizados no diagnóstico e tratamento de câncer. Além do medicamento, os isótopos também foram utilizados em pesquisas biológicas, industriais e de agrícolas.<ref>{{harvnb|Hewlett|Duncan|1969|pp=252–253}}.</ref>
 
O Laboratório de Pesquisa Naval há muito estava interessado na possibilidade de usar a energia nuclear para a propulsão de navios de guerra, e procurou criar seu próprio projeto nuclear. Em maio de 1946, [[Chester W. Nimitz]], agora [[Chefe de Operações Navais dos Estados Unidos|Chefe de Operações Navais]], decidiu que a marinha deveria sim trabalhar com o Projeto Manhattan. Um grupo de oficiais da marinha foi designado para Oak Ridge, o mais graduado dos quais era o capitão [[Hyman Rickover]], que se tornou assistente de diretor. Eles mergulharam no estudo da energia nuclear, lançando as bases para uma marinha de propulsão nuclear.<ref>{{harvnb|Hewlett|Duncan|1969|pp=74–76}}.</ref> Um grupo similar de militares da Força Aérea chegou a Oak Ridge, em setembro de 1946, com o objetivo de desenvolver [[Avião nuclear|aviões nucleares]].<ref>{{harvnb|Hewlett|Duncan|1969|pp=72–74}}.</ref> SuaSeu [[Aviãoprojeto de propulsão nuclear|energia nuclear para a propulsão de aviões]] (NEPA), ono projetoentanto, entrou emencontrou dificuldades técnicas formidáveis, e acabou sendo cancelado.<ref>{{harvnb|Hewlett|Duncan|1969|pp=490–493, 514–515}}.</ref>
 
A capacidade dos novos reatores para criar isótopos radioativos em até então nunca vistos em grandes quantidades acendeu uma revolução na [[medicina nuclear]], nos anos do pós-guerra. A partir de meados de 1946, o Oak Ridge começou a distribuir radioisótopos para hospitais e universidades. A maior parte dos pedidos são de [[iodo-131]] e de [[fósforo-32]], que foram utilizados no diagnóstico e no tratamento de câncer. Além do medicamento, os isótopos também foram utilizados em pesquisas biológicas, industriais e de agrícolas.<ref>{{harvnb|Hewlett|Duncan|1969|pp=252–253}}.</ref>
 
Ao entregar o controle para a Comissão de Energia Atômica, Groves se despediu das pessoas que trabalharam no Projeto Manhattan:
{{quote2quote|''Cinco anos atrás, a ideia do poder atômico era apenas um sonho. Vocês fizeram esse sonho uma realidade. Vocês tem aproveitado a mais nebulosa das ideias e asa traduziu para a atualidade. Vocês construíram as cidades onde elas não eram conhecidas antes. Vocês construíram usinas industriais de uma magnitude e com uma precisão até agora considerada impossível. Vocês construíram a arma que terminou a guerra e inúmeras vidas americanas assim foram salvas. No que diz respeito a aplicações em tempos de paz, vocês levantaram a cortina sobre perspectivas de um mundo novo''.<ref>{{harvnb|Hewlett|Anderson|1962|p=655}}.</ref>}}
 
{{referências|título=Notas|col=2|grupo=nota}}