Isabel de Valois, Rainha de Espanha: diferenças entre revisões

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===Casamento e Morte===
[[File:Felipe&Elisabeth.jpeg|thumb|left|miniaturadaimagem|Rei [[Filipe II de Espanha]] e [[Isabel de Valois, Rainha de Espanha|Isabel de Valois]].]]
As casas reais da [[Espanha]] e da [[França]] eram rivais tradicionais. No século XVI, as tensões entre os reinos ficaram bastante acirradas, devido às campanhas expansionistas empreendidas pelo rei francês [[Francisco I de França|Francisco I]] contra o imperador [[Carlos I de Espanha|Carlos V]], e vice-versa. Durante a década de 1550, [[Filipe II de Espanha|Filipe II]] travou uma série de conflitos militares contra os Valois por causa do seu direito aos países baixos espanhóis. Como a Inglaterra se recusou a lhe prestar apoio, já que a rainha [[Maria I de Inglaterra|Maria I]] estava morta, Filipe procurou apaziguar os desentendimentos através da velha política matrimonial. Seu filho e herdeiro, [[Carlos, Príncipe das Astúrias|Carlos]], então com 14 anos em 1559, contrairia matrimônio com uma das filhas da rainha mãe, [[Catarina de Médici]], Isabel ou [[Margarida de Valois|Margarida]]. Como esta última ainda era uma criança, então Isabel, que também tinha 14 anos, foi escolhida. Entretanto, antes que as negociações fossem concluídas, Filipe, recém-enviuvado, decidiu ele mesmo desposar a princesa. Tendo apenas um filho, de saúde mental e física comprometida, o rei precisava assegurar a sucessão. Assim, em 22 de junho de 1559 foi celebrado em [[Paris]] o casamento por procuração. Seis meses depois, Isabel pisava em território espanhol, não como princesa das Astúrias, e sim como rainha da Espanha.
 
O casamento entre Isabel de Valois e [[Filipe II de Espanha]] foi um dos triunfos políticos da coroa francesa. Segundo o biógrafo do rei, Henry Kamen, a nova rainha afetou profundamente a vida pessoal e política de Filipe:
O primeiro pretendente de Isabel de Valois foi [[Eduardo VI de Inglaterra|Eduardo VI da Inglaterra]], mas ele faleceu em julho de [[1553]]. Pensou-se então no seu casamento com o infante [[Carlos de Espanha, Príncipe das Astúrias|Carlos]], mas as clausulas do [[Tratado de Cateau-Cambrésis]] estipularam o casamento com [[Filipe II de Espanha]], que acabara de ficar viúvo. O rei Filipe se converteu no esposo da jovem Isabel, que tinha apenas quatorze anos. A cerimónia, por procuração, teve lugar em [[22 de junho]] de [[1559]] em [[Paris]]. Isabel pisaria em território espanhol pela primeira vez em [[6 de janeiro]] de [[1560]] ao chegar a [[Roncesvalles]]. Em [[2 de fevereiro]] deste mesmo ano celebrou-se a missa de velações em [[Guadalajara (Espanha)|Guadalajara]] com Isabel e Filipe presentes. Era a primeira vez que ambos os esposos se viam face a face. Se casaram no [[Palacio do Infantado]], nesta mesma cidade.
 
{{Quote|Isabel era uma adolescente de cabelos negros e olhos brilhantes, com imensa vivacidade e energia, que mais que compensava sua falta de beleza natural. Ela trouxe de volta para Filipe a energia de sua juventude. Ele lhe dedicava muito tempo e chegava mesmo a discutir seu trabalho com ela. Apesar disso, há alguma dúvida se eles tinham um relacionamento emocional profundo. Todos os relatos otimistas sobre amor emanaram de uma única fonte: os embaixadores franceses que estavam ansiosos para demonstrar a seu governo que o casamento era um sucesso.}}
[[File:Felipe&Elisabeth.jpeg|thumb|left|miniaturadaimagem|Rei [[Filipe II de Espanha]] e [[Isabel de Valois, Rainha de Espanha|Isabel de Valois]]]]
 
Existem alguns relatos que Filipe matinha relacionamentos extraconjugais enquanto era casado com Isabel, assim como manteve em seus casamentos anteriores. Contudo, a vida doméstica do casal parecia ser bastante harmoniosa aos olhos do observador, o que dava embasamento para as afirmações dos embaixadores franceses de que o rei amava sua rainha. A verdade, entretanto, era que Isabel se ressentia muito das infidelidades do marido e chegou a ficar gravemente doente por causa disso.
Em maio de [[1564]] se anunciou a primeira gravidez da rainha. Os médicos prescreviam as costumeiras tisanas, orações, amuletos e [[sangria]] que, na verdade, enfraqueciam-na. Três meses depois, Isabel abortou gêmeas.
 
Em 1564 Isabel de Valois, aos 18 anos, engravidou pela primeira vez, tendo abortado com apenas três meses de gestação. Em 1565, ela sofreu novo aborto, em consequência de uma febre, contraída após a rainha ter visto Eufrásia de Guzmán das janelas do [[Palácio em Madrid]], grávida de Filipe. Isabel ficou doente por semanas e o rei se compadeceu bastante do estado da esposa. A afeição entre ambos foi então crescendo. Ainda naquele ano, o embaixador francês Saint-Sulpice observou que Filipe demonstrava por Isabel “verdadeira amizade e perfeita boa vontade, o que a faz tão satisfeita e feliz como jamais poderia ser”. O monarca, inclusive, chegava a compartilhar segredos políticos e ideias com sua consorte, algo que ele não fazia na companhia de outros homens de seu círculo. Parece que essa reaproximação e demonstração de afeto surtiram efeitos positivos no relacionamento do casal, pois no final de 1565 a rainha estava novamente grávida. Segundo o embaixador francês, “durante a noite de trabalho de parto e durante o próprio parto, ele [Filipe] nunca deixou de segurar uma de suas mãos, confortando-a e encorajando-a da melhor maneira que sabia ou podia”. Em 16 de agosto de 1566 nasceu [[Isabel Clara Eugênia da Espanha|Isabel Clara Eugênia]]. O desapontamento por não ser um menino foi logo esquecido diante da graciosidade e perfeição do bebê. A infanta Isabel seria uma das filhas favoritas de Filipe II.
Antes do atraso de uma nova gravidez, a rainha mandou trazer a [[Madrid]] os restos de [[Eugênio II de Toledo|São Eugênio]], primeiro bispo de [[Paris]] e mártir. Em [[12 de agosto]] de [[1566]] veio ao mundo a primeira filha de Felipe e Isabel, que recebeu o nome de [[Isabel Clara Eugênia da Espanha|Isabel Clara Eugênia]]: Isabel pela sua mãe, Clara pelo modo que estava o dia de seu nascimento e Eugênia pelo santo ao qual sua mãe suplicou na hora do parto. Isabel desenvolveu [[febre puerperal]] após o parto, mas se recuperou totalmente.
 
Contudo, por maior que fosse a alegria que o rei pudesse sentir com a sua filha, o reino ainda precisava de um segundo herdeiro. Em outubro de 1567 nasceu outra menina, batizada de [[Catarina Micaela da Espanha|Catarina Micaela]]. A pressão para que a rainha gerasse um menino era grande. Poucas semanas depois do nascimento de Micaela, Isabel de Valois engravidou mais uma vez. Sua saúde, porém, deteriorou-se muito. Faleceu com apenas 23 anos, em 3 de outubro de 1568, durante o parto prematuro de um bebê do sexo masculino. O rei Ficou bastante arrasado com a perda de sua esposa. A morte da rainha deixou um grande vazio na corte. Sua entourage foi desfeita, assim como foram adotadas medidas econômicas para saldar os seus gastos. Filipe teve que reconhecer que sua mulher era muito consumista, “comprava de forma extravagante e seus gastos com festas e passeios eram impressionantes”, além de encomendar “quantidades infinitas de pratas e joias dos artistas da corte”. Diz-se também que Isabel jamais usava o mesmo vestido duas vezes. Esse comportamento não era algo que o rei estava desposto a tolerar numa próxima consorte. Com a morte de Dom Carlos, Filipe II precisava de um novo herdeiro e urgia a necessidade de um novo casamento, aquele que seria o último de sua carreira marital. Dessa vez, ele decidiu procurar por uma noiva no seio de sua própria família, os [[Casa de Habsburgo|Habsburgo]]. Assim, Filipe se casou novamente com sua sobrinha [[Ana de Áustria, Rainha de Espanha|Ana de Áustria]], na qual deu à luz ao herdeiro [[Filipe III de Espanha]].
Em outubro de [[1567]] nasceu a segunda filha que se chamou [[Catarina Micaela de Espanha|Catarina Micaela]]. Após o nascimento, Isabel teve febre. Filipe mostrou grande desapontamento com o nascimento de outra menina e não compareceu ao batismo da criança. Isabel amava muito suas duas filhas e passava o tempo que podia com elas.
 
Em maio de [[1568]] a rainha ficou grávida novamente. Ela passou a gravidez relaxando, jogando cartas, jogando dados, aproveitando piadas de seus tolos e assistindo peças até setembro de 1568, quando ficou doente, ganhou muito peso. Ela estava desmaiando com frequência, com ataques trêmulos e fraqueza e dormência no lado esquerdo. Ela não conseguia dormir e não conseguia comer. Em [[3 de outubro]] os médicos a sangraram e aplicaram cistos enquanto o rei a consolava. Várias horas depois, ela sofreu o nascimento prematuro de uma menina de cinco meses de gestação, que viveu uma hora e meia. A bebê foi batizada e recebeu o nome de Joana.
 
Os médicos pensaram que com a expulsão do feto a saúde da rainha melhoraria, mas se equivocaram, já que poucas horas depois do aborto, Isabel faleceu.
 
Muitos afirmaram que seu enteado, [[Carlos de Espanha, Príncipe das Astúrias|Carlos]], nutria um amor secreto por ela, uma das razões que o levou à loucura.