Eneida: diferenças entre revisões

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== Uma epopeia por encomenda ==
[[Imagem:Aeneas' Flight from Troy by Federico Barocci.jpg|thumb|esquerda|270pxupright=1.5|''Eneias abandona Troia em chamas'',<br> <small>[[Federico Barocci]], [[1598]], [[Galleria Borghese]], Roma.</small>]]
 
Virgílio já era ilustre pelas suas ''[[Bucólicas]]'' ([[37 a.C.]]), um poema pastoril, e ''[[Geórgicas]]'' ([[30 a.C.]]), um poema agrícola.<ref name=GLEESON-WHITE/> Então, o imperador [[Augusto]] encomendou-lhe a composição de um poema épico que cantasse a glória e o poder do [[Império Romano]]. Um poema que rivalizasse e quiçá superasse [[Homero]], e também que cantasse, indiretamente, a grandeza de [[César (título)|césar]] Augusto.<ref name=GLEESON-WHITE/> Assim Virgílio elaborou um trabalho que, além de labor linguístico e conteúdo poético, é também [[propaganda]] [[política]].<ref name=GLEESON-WHITE/>
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== Ambição de Virgílio ==
Virgílio, ao escrever esta epopeia, inspirou-se em [[Homero]] (''Imitatio''), tentando superá-lo: [[Virgílio]] empenhou-se em fazer da Eneida o poema mais perfeito de todos os tempos. De certa forma, a primeira metade (seis primeiros cantos) da Eneida tenta superar a [[Odisseia]], enquanto a segunda tenta superar a [[Ilíada]]. A primeira metade é um poema de viagem e a segunda um poema [[bélico]].
 
== Personagens ==
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=== Humanos ===
[[Imagem:Iapyx removing arrowhead from Aeneas.jpg|thumb|280pxupright=1.5|[[Eneias]] ferido por uma flecha, curado pelo médico [[Iapige]], com o filho [[Ascânio]] e assistido por [[Vênus (mitologia)|Vênus]], pintura<br><small>Pintura em parede, século I a.C., [[Pompeia]], atualmente no [[Museu Arqueológico Nacional de Nápoles]]</small>]]
 
A Eneida tem doze capítulos — a metade do número de capítulos da Odisseia.
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=== Deuses ===
* [[Apolo]], deus do Sol, da profecia, da poesia, das artes, da música, da cura, da justiça, da lei, da ordem, do tiro ao alvo e da peste.
* [[Éolo]], deus dos ventos
* [[Juno]], mulher de Júpiter, opositor de Eneias
* [[Júpiter (mitologia)|Júpiter]], o rei dos deuses
* [[Mercúrio (mitologia)|Mercúrio]], o deus mensageiro
* [[Neptuno (mitologia)|Neptuno]] , deus dos mares
* [[Vénus (mitologia)|Vénus]], deusa do amor e da beleza, coadjuvante de Eneias
 
== Tempo da diegese ==
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=== II- Eneias narra a Dido o último dia de Troia ===
Dido solicita a Eneias que lhe relate a queda da lendária cidade de Troia. Ele conta o célebre [[episódio]] do [[Cavalo de Troia]]. E conta como se deu a batalha durante a noite. Como o incêndio começou a devorar a cidade. No desespero, Eneias decide lutar até morrer. [[Vênus (mitologia)|Vênus]], sua mãe, aparece e lhe diz: "vai procurar o teu pai, a tua mulher e teu filho e abandona a cidade".
 
A cidade é tomada pelos gregos. Eneias procura sua mulher, Creusa, gritando pelas ruas à sua procura. Encontra o espectro dela. Com muita ternura o fantasma de Creusa diz-lhe uma [[profecia]]: "que ele irá ter muitos infortúnios mas acabará por conseguir fundar uma nova cidade".
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=== IV- Os amores de Dido e seu fim trágico ===
[[Imagem:Heinrich Friedrich Füger 006.jpg|thumb|300pxupright=1.5|''Morte de Dido'', por <br><small>[[Heinrich Friedrich Füger,]], [[1792]], [[Museu do ErmitageHermitage]], [[São Petersburgo]]</small>]]
 
A rainha [[Dido]], segundo a Eneida de [[Virgílio]], após ouvir a narração do fim de [[Troia]] e das viagens e peripécias de [[Eneias]], influenciada por Vênus, deusa do amor e mãe de Eneias, vê-se completamente apaixonada pelo herói. Ela convida os troianos (Eneias e seus companheiros) para uma [[caçada]]. No meio de uma tempestade, abrigados em uma caverna, Dido e Eneias se amam. Entretanto Júpiter envia [[Mercúrio (mitologia)|Mercúrio]] a Eneias para lhe lembrar que seu destino é encontrar o [[Lácio]] e fundar uma nova cidade que substitua a cidade de Troia destruída e que governe as demais cidades do mundo. Eneias tenta sair de Cartago sem que Dido se aperceba. Sentindo-se abandonada, enganada e vilipendiada, furiosa e ensandecida pelo amor não retribuído, ela se suicida enquanto partem os navios troianos e Eneias ainda pôde ver a fumaça da pira funérea saindo de seu palácio.
 
=== V- Os jogos fúnebres ===
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=== VI- Descida de Eneias ao Mundo dos Mortos ===
[[Imagem:Joseph Mallord William Turner 004.jpg|thumb|200pxupright=1.5|esquerda|''Eneias e a [[sibila]] de [[Cumas]]'', por <br><small>[[William Turner]].</small>]]
 
Este é um dos episódios mais famosos da Eneida. Depois de Eneias ter partido da [[Sicília]] fez escala em [[Cumas]]. Nesse local consulta uma sacerdotisa (uma [[sibila]] - Antesantes o termo era empregado como nome próprio e com o tempo passou a ser usado como comum para todas aquelas que servissem a um deus) de [[Apolo]]. Ele tem um desejo intenso (em sonhos seu pai o havia conclamado a fazê-lo) de falar uma última vez com seu pai para lhe pedir conselho sobre a viagem. Obtém permissão de descer ao mundo dos mortos (este episódio faz lembrar outras descidas famosas ao mundo dos mortos: o episódio de [[Orfeu]] e [[Eurídice]], a ''nekya'' de Odisseu, no canto XI da Odisseia. No mundo dos mortos vê vários espectros. Um deles o de Dido que, ladeada por seu primeiro esposo, não lhe responde.
 
O seu pai [[Anquises]] dá-lhe importantes informações sobre a sua viagem e faz uma longa profecia sobre o futuro glorioso de Roma.
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== Simbologias da Eneida ==
[[Imagem:Bol-aeneas.jpg|thumb|270pxupright=1.5|''[[Eneias]] na corte de [[Latino (mitologia)|Latino]]'', óleo<br><small>Óleo em tela de [[Ferdinand Bol]], [[1661]]-[[1663]] ca, [[Rijksmuseum]], em [[Amsterdam]]</small>]]
 
A Eneida simboliza o poder do [[Império Romano]], sob o comando de [[Augusto]].
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Em verso, há as seguites traduções da Eneida:
 
''A Eneida de P. Vergílio Marão traduzida do latim em verso solto português'' por [[Leonel da Costa]] Lusitano, de 1638. Composta em decassílabos não rimados, não chegou a ser impressa nem publicada. O manuscrito autógrafo está hoje na Biblioteca Nacional de Portugal, mas pertenceu ao poeta árcade e tradutor de poesia grega e latina Antônio Ribeiro dos Santos (o árcade "Elpino Duriense").
publicada. O manuscrito autógrafo está hoje na Biblioteca Nacional de Portugal, mas pertenceu ao poeta árcade e tradutor de poesia grega e latina Antônio Ribeiro dos Santos (o árcade "Elpino Duriense").
 
Os primeiros versos desta tradução de Leonel da Costa: