António de Ataíde, 1.º Conde da Castanheira: diferenças entre revisões

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D. '''António de Ataíde''', 1.º [[conde da Castanheira]] ([[1500]]<ref name=":1">{{citar livro|url=https://run.unl.pt/handle/10362/11437|título=Martim Afonso de Sousa e a sua linhagem: a elite dirigente do Império Português nos reinados de D. João III e D. Sebastião|ultimo=Pelúcia|primeiro=Alexandra|editora=Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa|ano=2007|local=Lisboa|página=100 (n. 377), 100 (n. 378), 101, 159, 140, 159 (n. 109), 160, 161, 161, 164, 142 (n. 13), 158 (n. 96)|páginas=|acessodata=11-09-2019}}</ref> - 7 de outubro de [[1563]])<ref>{{Citar web|titulo=Monumentos|url=http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2442|obra=www.monumentos.gov.pt|acessodata=2019-09-01|lingua=en}}</ref>, foi um fidalgo e estadista português do século XVI. Como vedor da Fazenda de D. João III, promoveu o regime de capitanias-donatarias no Brasil e, mais tarde, a criação do governo-geral.
 
== Infância e Juventude ==
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Seu pai, D. Álvaro de Ataíde, senhor da Castanheira, casara pela segunda vez, perto do final do século XV, já em idade avançada<ref name=":0" /> (os primeiros [[Álvaro Gonçalves de Ataíde, 1.º Conde de Atouguia|condes de Atouguia]], pais de D. Álvaro de Ataíde, haviam casado quase 90 anos antes, no ano de 1412) com D. Violante de Távora (n. ? - f. [[1555]]), já viúva (sem filhos) de Rui de Sousa Cide. Quer D. Álvaro de Ataíde, quer o seu sogro Pedro de Sousa tinham estado exilados em Espanha por mais de uma década, por terem participado na conspiração de setores da nobreza contra o rei D. João II, só tendo regressado ao reino na sequência da amnistia decidida por D. Manuel I.
 
Entre os irmãos de D. Violante de Távora destacaram-se Lopo de Sousa, que sucedeu na casa paterna e foi 2.º senhor do Prado, tendo casado com D. Brites de Albuquerque (são os pais de [[Martim Afonso de Sousa]], futuro capitão-mor da armada e da terra do Brasil e governador da Índia portuguesa) e João de Sousa, último prior ou abade de [[Rates]], o qual, com Mécia Rodrigues de Faria, foi pai - entre outros filhos ilegítimos - de [[Tomé de Sousa]] (c. [[1503]]-[[1573]], mais provavelmente em [[1579]]), futuro 1.º [[governador-geral do Brasil]]. OD. condeAntónio dade CastanheiraAtaíde viria assim a ter, entre os seus primos co-irmãos da família Sousa do Prado, dois destacados governadores do Império português, cuja carreira ele aliás muito ajudaria a impulsionar.
 
Ficou órfão paterno aos 5 anos de idade, pelo que muito precocemente começou a sua vida de cortesão ("''eu comecei a servir a el Rei nosso senhor sendo de muito pouca idade''", escreveria ele em 10 de janeiro de 1557<ref name=":1" />) Recebeu a primeira educação no [[Paço Real da Ribeira]], sendo o futuro [[João III de Portugal|D. João III]] ainda príncipe, e tendo ambos quase a mesma idade, ficaram muito amigos desde a infância.
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Quando D. Manuel I, depois da morte da rainha D. Maria, resolveu casar de novo, com D. Leonor de Áustria, que estava prometida como noiva para o herdeiro, as relações entre o rei e o filho ficaram tensas e D. António de Ataíde foi proscrito da corte<ref name=":1" />. Porém. logo que D. João III subiu ao trono, em Dezembro de [[1521]], Ataíde regressou a uma situação de favor, com o novo rei designando-o para importantes missões diplomáticas, não obstante ter o futuro conde da Castanheira pouco mais de 20 anos de idade. Foi assim nomeado [[embaixador]] em [[Paris]] para tratar de negócios relativos à delicada relação com a França. Também representou D João III, ao longo da década seguinte, em outras tarefas diplomáticas, incluindo embaixadas a [[Reino de Castela|Castela]] e na [[Alemanha]].
 
Em 1525, com apenas 25 anos de idade, foi nomeado membro do Conselho do rei (mas só viria a exercer efetivamente 5 anos mais tarde) a a 11 de abril de 1530<ref name=":1" /> foi feito vedor da Fazenda, passando a partir daí a exercer influência na corte pela via burocrática formal, além da via informal da sua estreita amizade com o rei. 1530 foi assim o ano do maior impulso para a carreira política de Ataíde, nas suas próprias palavras "''no ano de 1530 me meteu Sua Alteza no seu conselho e nele...quis Nosso Senhor que fizesse grandes serviços a S. A. e esta terra''<ref name=":1" />".
 
A sua rápida ascensão na corte deveu-se também, muito provavelmente, à necessidade régia de contar com um favorito na máquina do governo capaz de filtrar com eficiência o acesso dos cortesãos ao soberano e de limitar o peso político da alta nobreza.
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Nos anos seguintes, D. António continuou a se afirmar como um promotor consequente da valorização do Brasil no quadro do império luso e, nomeadamente, da criação do regime de capitanias-donatarias brasileiras.
 
Voltou a ter papel decisivo na nomeação do primo Martim Afonso de Sousa para um novo alto cargo no Império, desta vez na Índia, para onde este foi nomeado em novembro de 1533 como [[Capitão-mor do mar|capitão-mor do mar da Índia]], ou seja, o segundo lugar na hierarquia do império asiático de Portugal, tendo para lá partido em março do ano seguinte<sup>[1]</sup>. Já uns meses antes, em 1 de fevereiro de 1533, D. João III escrevera ao seu vedor da Fazenda, elogiando o orgulho que este tinha no parentesco com Martim Afonso, que reforçaria "''as coisas do meu serviço''"<sup>[ref name=":1]<" /sup>.
 
Pouco tempo após a sua chegada à Índia, em 24.12.1534, o mesmo Martim Afonso de Sousa iria escrever ao primo a partir de [[Cochim]], intercedendo por um parente comum, que usava Ataíde como último apelido, num texto que dá uma imagem muito concreta do ambiente que se vivia entre as linhagens portuguesas do século XVI: ''"[Heitor de Sousa de Ataíde] não tem outrem senão a Vossa Senhoria e vai-se ele já pondo como o sol e é necessário socorrer-lhe; e lembro-vos que [ele] põe o Ataíde acima do Sousa, que ele não pode fazer mais pelos Ataídes''"<sup>[</sup><ref name=":1" />.
 
Em 1541, o conde da Castanheira (que desde 1532 estava explicitamente encarregado dos assuntos da Índia<sup>[1]</sup>) voltaria a impulsionar a nomeação de Martim Afonso, desta vez para um cargo ainda mais elevado, o de (12.º) [[Lista de governadores da Índia Portuguesa|governador da Índia]]. O peso político de D. António foi decisivo para contrariar a oposição ao nome de Martim Afonso por parte de outro influente fidalgo, o [[Francisco de Paula de Portugal e Castro|1.º conde de Vimioso]]. Segundo o cronista [[Diogo do Couto]], Ataíde tinha ganhado o embate porque ele "''então mandava em tudo''"<sup>[1]</sup>. Deste modo, a ascensão politica de um primo em Lisboa pôde favorecer a carreira do outro primo no Império, ao longo de várias décadas.
 
D. António de Ataíde interveio mais uma vez, de forma direta, na política brasileira da coroa em 1549, e novamente em prol de um seu outro primo co-irmão (desta vez, oriundo de uma linha não legítima) do lado Sousa Chichorro. Tratou-se então da nomeação do 1.º [[Estado do Brasil|governador-geral do Brasil]], que recaiu em [[Tomé de Sousa]], pessoapersonagem que - além de parente - lhe era pessoalmente muito próximapróximo. O conde da Castanheira, além da intervenção decisiva para a nomeação de Tomé de Sousa também compôs o regimento outorgado ao governador e pouco.

Pouco tempo depois, receberia de D. João III a doação, de juro e herdade, da capitania das ilhas de [[Itaparica]] e Tamarandiva, situadas na entrada da [[Baía de Todos-os-Santos|Baía de Todos os Santos]]. Essa doação coroou duas décadas e meia de atenção dedicada por Ataíde à colônia brasileira, sendo responsável pelo esboço e pela execução de uma nova política da coroa portuguesa para o Brasil.
 
Outra área das possessões ultramarinas onde a política do conde da Castanheira se notabilizou foi a das praças portuguesas em Marrocos, em que os seus muitos pareceres sempre aconselharam o recuo, ao mesmo tempo que preconizavam que se concentrassem os recursos lusos no Estado da Índia<sup>[1]</sup>. D. João III foi da mesma opinião e decidiu abandonar várias praças no norte de África.