Imigração portuguesa no Brasil: diferenças entre revisões

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Portugal ficou de fora do processo de [[industrialização]] que se alastrava pela Europa no início do século XX. Mantendo-se essencialmente agrícola, a economia portuguesa não conseguia absorver o grande número de pessoas libertas das atividades agrícolas e de subsistência, resultando numa massa numerosa de trabalhadores que não encontrava trabalho nem no campo, nem na indústria (esta praticamente inexistente). Em consequência, a emigração para o Brasil aparecia como a única alternativa viável. Somado a isso, perseguições políticas, a ausência de [[liberdade de expressão]] e, sobretudo, o [[serviço militar]] obrigatório de longos seis a sete anos eram também razões que pesavam na hora de decidir abandonar Portugal. O governo português não restringia nem estimulava a emigração. Via-a como sendo parcialmente necessária, vez que a remessa de divisas que os imigrantes mandavam para seus familiares que ficaram em Portugal tornou-se essencial para o equilíbrio do [[balanço de pagamentos]] e da saúde financeira do Estado português.<ref name="emigracao1"/><ref name="emigracao">{{Citar web |url=http://www.uff.br/nemic/_arquivos/prod/34.pdf |titulo=A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA PARA O BRASIL |acessodata=2015-05-03 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20160303191857/http://www.uff.br/nemic/_arquivos/prod/34.pdf |arquivodata=2016-03-03 |urlmorta=yes }}</ref>
 
Após a I Guerra Mundial, iniciou-se um novo período de forte atração imigratória, com picos entre 1926 e 1929, quando foram registradas entradas médias anuais de 38 mil portugueses no Brasil. Entre 1919 e 1930 entraram no Brasil 337.723 portugueses, 35,7% dos imigrantes, bem a frente do segundo lugar, os italianos, com 116.211 imigrantes, ou 12,3%. A partir de 1930, o governo brasileiro passou a dar preferência ao trabalhador nacional e iniciou diversas medidas para diminuir o fluxo migratório. O governo de [[Getúlio Vargas]] era marcadamente nacionalista. Em 12 de dezembro de 1930, um mês após assumir o governo, Vargas suspendeu por um ano a concessão de vistos para passageiros de terceira classe no Brasil, sendo que quase todos os imigrantes eram passageiros dessa classe. A posterior lei de cotas foi a medida mais dura para o controle de imigrantes.<ref name="sangue1"/> O Decreto-lei nº 406/1938, de forma inédita, concedeu ao governo o “direito de limitar ou suspender, por motivos econômicos ou sociais, a entrada de indivíduos de determinadas raças ou origens, ouvido o Conselho de Imigração e Colonização”.
 
====Segunda metade do século XX====
 
Após o recuo da imigração nas décadas de 1930 e 1940, em decorrência da política antiemigratória do [[Estado Novo (Brasil)|Estado Novo]] de [[Getúlio Vargas]], a imigração portuguesa para o Brasil aumentou na [[década de 1950]].<ref name="Memória"/> Com a Resolução nº 34/1939, os portugueses foram excluídos da cota de imigração que afetou todas as outras nacionalidades. O favorecimento concedido aos imigrantes portugueses foi reforçado pelo Decreto-lei nº 3.175/1941, que suspendeu a concessão de vistos temporários e permanentes, mas estabeleceu exceção aos portugueses e nacionais de países das Américas. Esse decreto vigorou até 1945 e, na época, o Ministério da Justiça e Negócios Interiores estabeleceu as exceções na emissão de vistos, dando certa discricionariedade, a fim de admitir somente os imigrantes considerados “desejáveis” ao país. Nesse sentido, os portugueses, por serem brancos e católicos, eram favorecidos. A Constituição de 1946 aumentou ainda mais o status privilegiado dos portugueses, porquanto a sua naturalização passou a exigir somente a residência por um ano, idoneidade moral e sanidade física (para os outros imigrantes, se exigiam dez anos de residência).<ref name="Memória"/>
 
Só entre 1951 e 1960, entraram no Brasil 235.635 portugueses.<ref name="500 anos"/> A retomada da imigração em larga escala animou a relação entre os dois países, que assinaram, em 1953, o Tratado de Amizade e Consulta. Todavia, após 1960, cada vez menos portugueses chegaram ao país. Se, anteriormente, a maioria dos portugueses que imigravam escolhiam o Brasil, entre 1960 e 1967, 62% dos emigrantes portugueses optaram pela França, onde a economia se desenvolvia. Entre 1961 e 1967, somente 54.767 portugueses imigraram para o Brasil e míseros 4.605 entre 1981 e 1991.<ref name="500 anos"/> Foi o fim da histórica imigração em massa de portugueses para as terras brasileiras.<ref name="Memória">http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742017000100512 MEMÓRIAS E DIREITOS NA IMIGRAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL DO SÉCULO XX</ref>
 
====Características====