Aquenáton: diferenças entre revisões

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Etiqueta: Reversão
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== Origens familiares ==
 
Amenófis era filho de [[Amenófis III]], o nono rei da [[XVIII dinastia egípcia|XVIII dinastia]] e da rainha [[Tiy]]. Cresceu no palácio de [[Malaqata]], localizado a sul da cidade de [[Tebas (Egito)|Tebas]]. Durante o reinado do seu pai o Egito viveu uma era de paz, prosperidade e esplendor artístico. Não se sabe muito sobre a sua infância, dado que não era hábito entre os antigos Egípcios documentar a vida das crianças da família real. Teve provavelmente como preceptor [[Amenófis (filho de Hapu)|Amenófis]] e ao que parece enquanto jovem era fisicamente [[débil]], não lhe agradando as atividades relacionadas com a [[caça]] e o manejo de armas.
 
Amenófis não estava destinado a ser rei do Antigo Egito. Este lugar seria ocupado pelo seu irmão mais velho, o príncipe Tutemés, que era filho de Amenófis III com [[Giluchipa]], uma esposa secundária filha do rei de Mitani. Porém, Tutemés morreu antes do ano 30 do reinado do pai (possivelmente no ano 26) e Amenófis ascendeu à categoria de "Filho Maior do Rei", ou seja, herdeiro do trono.
 
As análises de DNA das múmias egípcias por [[Zahi Hawass]] confirmam Aquenáton como filho de Amenófis III e pai de [[Tutancâmon]], resgatando seu importante papel na história do Antigo Egito.<ref>''Rei Tut: segredo de família''. Artigo publicado por [[Zahi Hawass]] na revista [[National Geographic]] do Brasil de setembro de 2010 - ano 11, nº 126, págs. 44-69.</ref> No livro ''Akhenaton - a revolução espiritual do Antigo Egito'', de [[Roger Bottini Paranhos|Roger Paranhos]], o autor afirma que a mãe de Aquenáton seria mesmo a rainha [[Tié]] (ou Tii), e não a segunda esposa do faraó Amenófis III (ou Amenófis III), conhecida por Telika, que seria de origem asiática, como defendem alguns livros, no entanto, além das confirmações de Roger, as análises de DNA não parecem corroborar essa hipótese.
 
Amenófis tinha sido criado para ser sacerdote do templo de [[Heliópolis (Egito)|Heliópolis]], cidade do [[Baixo Egito]] que era o centro do culto do deus solar [[Rá]]. Quando o seu irmão faleceu é possível que também tenha herdado o cargo de sumo-sacerdote de [[Ptá]], deus associado aos artistas.<ref>J. Valiente Molla, [http://books.google.es/books?id=Yptd9gfvRAEC&client=firefox-a ''Diccionario de religiones comparadas'', pág. 104.]</ref>
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Aquenáton deixou-se absorver pelo sua devoção a Aton, ou talvez pela sua personalidade artista e pacifista, descuidando os aspectos práticos da administração do Egito. Perante este desinteresse, [[Ay (faraó)|Aye]] e o general [[Horemheb]], duas personalidades que mais tarde se tornariam faraós, desempenharam um importante papel no governo.
 
Entre o ano 8 e o ano 12 sabe-se que Aquenáton desencadeou uma perseguição aos antigos deuses, e em particular, aos deuses que estavam associados à cidade de [[Tebas (Egito)|Tebas]], [[Amom (deus)|Amom]], [[Mut]] e [[Quespisiquis]]. O faraó ordenou que os nomes destes deuses fossem retirados de todas as inscrições em que se encontravam em todo o Egito. Esta situação atingiu directamente não só os sacerdotes, mas a própria população. As descobertas da [[arqueologia]] mostram que os donos de pequenos objectos retiraram os [[hieróglifo]]s do deus Amon deles, numa atitude de autocensura, temendo represálias. Entretanto, em registros arqueológicos de funcionários do faraó, por exemplo, pode-se encontrar, por vezes, utensílios relacionados a antigas divindades politeístas e até mesmo nomes de pessoas que faziam menção ao antigos deuses. Isso pode ser um indício de que, mesmo sob a reforma monoteísta Aquenáton, havia certa tolerância religiosa.
 
No ano 12 ocorreu um grande festival em Aquetaton, cujo motivo exacto não se conhece. Seria talvez uma espécie de refundação da cidade de Aton. No palácio real foram recebidas delegações da Ásia, [[Líbia]], Núbia e das ilhas do [[Egeu]]. No livro ''Akhenaton - a revolução espiritual do Antigo Egito'', este evento teve por razão a co-regência com sua esposa [[Nefertiti]], que passou a adotar o título de [[Semencaré]].<ref group="nb">Não confundir o título com o nome do faraó. Semencaré significa ''o ká de Rá está firmemente estabelecido''. Panhesy, sacerdote de Heliópolis, casou-se com a filha mais velha de Aquenáton e Nefertiti, [[Meritaton]], e adotou o título de Semencaré, assumindo a regência logo após a morte de Nefertiti, daí a confusão que ainda existe sobre esse faraó.</ref>
 
O império que o Egito tinha construído ao longo das últimas décadas desintegrava-se aos poucos, possivelmente porque Aquenáton seria um pacifista, não desejando, portanto, manter reinos vassalos nem uma política militar imperialista. No [[Médio Oriente]], o Egito tinha os seus aliados e parece que o faraó não atendeu aos seus pedidos de ajuda, face à ameaça [[Hititas|hitita]]. Este povo acabariaacabará por conquistar o Médio Oriente, tomando os portos da [[Fenícia]]; os Mitânios, aliados do Egito, são varridos do mapa. Povos beduínos invadem a Palestina e conquistam [[Jerusalém]] e [[Megido]]. Ao sul, o Egito perde o controle sobre as minas de [[ouro]] da [[Núbia]] fundamentais para o comércio egípcio.
 
== A arte de Amarna ==
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O reinado de Aquenáton assistiu à emergência da chamada "arte amarniana", que se caracteriza por um lado pelo naturalismo (abundância de plantas, [[flor]]es e pássaros) e pela convivência familiar do faraó e por outro lado, por uma representação mais realista das personagens que por vezes atinge o ponto da caricatura. A arte oficial apresenta o rei com uma fisionomia andrógina, com um [[crânio]] alongado, lábios grossos, ancas largas e ventre proeminente.
 
Acreditava-se que Aquenáton era portador de algum tipo de deficiência ou portador de alguma doença genética rara que transmitiu aos seus descendentes, como a [[Síndrome de Marfan]] ou a [[síndrome de Fröhlich]]. Se este fosse o caso, Nefertiti e os altos dignitários também sofreriam de alguma destas doenças visto que surgem representados da mesma forma, o que em parte parece descartar esta hipótese. Contudo, essa hipótese foi posta ao chão com estudos detalhados desenvolvidos por análise de DNA pelo egiptólogo [[Zahi Hawass]], que excluiu a possibilidade dos rostos alongados e aparência feminilizada serem devidos a uma enfermidade congênita na arte do período de [[Amarna]] e entende que a sua aparência andrógina é uma característica estilística.<ref>''Rei Tut: segredo de família'', de [[Zahi Hawass]] - ''[[National Geographic]] do Brasil'', setembro de 2010 - ano 11, nº 126, pág. 64.</ref> Para alguns autores, esta iconografia seria uma manifestação artística que visava romper com os cânones do passado (tal como Aquenáton fizera no domínio religioso) e afirmar a singularidade da família real.
 
Atribui-se a Aquenáton igualmente talentos na poesia. O faraó teria sido autor do famoso "[[Grande Hino a Aton|Hino a Aton]]" que apresenta semelhanças com o [[Livro de Salmos|Salmo 104]] da [[Bíblia]].
 
== Últimos anos e sucessão ==
Aquenáton reinou por cerca de 17 anos. Aproximadamente no ano 15 do seu reinado surge um misterioso co-regente chamado [[Semencaré]]. Alguns egiptólogos acreditam que Semencaré era a rainha [[Nefertiti]] que assumiu atributos de faraó para tornar suave a transição de governo para o herdeiro do trono que, nessa época, deveria ter por volta de quatro anos de idade. Outros acreditam que ele era, na verdade, o filho mais velho de Aquenáton e irmão de [[Tutancâmon]], que lhe sucedeu.
 
Seja como for, nada se sabe sobre [[Nefertiti]] após o ano 15. Na opinião de [[Cyril Aldred]], [[Nefertiti]] morreu no ano 13 ou 14 do reinado de Aquenáton. Kia também teria desaparecido mais ou menos na mesma altura que [[Nefertiti]] e [[Meritaton]], filha de Aquenáton come [[Nefertiti]], tornou-se a primeira dama do reino.
 
Não se sabe ao certo sobre a morte de Aquenáton, a não ser que faleceu no 17.º ano de seu reinado. A sua múmia poderia talvez ter sido queimada ou colocada no [[Vale dos Reis]]. Suspeita-se que tenha sido assassinado a mando dos sacerdotes, prejudicados por sua administração austera. Uma múmia masculina encontrada na [[KV55|Tumba KV55]] é considerada como sendo a de Aquenáton.<ref>Alejandra Villasmil ([[Agência EFE]]), [http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL69091-5603,00-MUMIA+DE+NEFERTITI+AINDA+E+MISTERIO+DIZ+EGIPCIO.html Múmia de Nefertiti ainda é mistério, diz egípcio]. [[G1]], 13 de julho de 2007. "No documentário da "National Geographic", Hawass tenta confirmar se três múmias anônimas encontradas no Vale dos Reis são as de Nefertiti (múmia 35), de seu marido, Aquenáton (múmia 55), e a da mãe dele, a Rainha Tiye (múmia 35, como Nefertiti, já que estavam uma do lado da outra)"</ref>
 
[[Semencaré]] reinou por cerca de dois anos até que, aos oito anos de idade, o jovem [[Tutancâmon|Tutancaton]] foi elevado ao trono do Egito. Seu breve reinado (ele morreu quando tinha aproximadamente 18 anos de idade) foi marcado pela reaproximação da família real com o clero tebano do deus [[Amon]]. Tanto que o faraó recém entronizado trocou o seu nome para [[Tutancâmon]] (a imagem viva de [[Amon]]), selando uma certa paz com os [[sacerdotes]] de [[Tebas (Egito)|Tebas]] e com as antigas tradições egípcias. As radiografias feitas na múmia de Tutancâmon mostram um golpe no crânio, o que levanta a hipótese de ter sido [[Assassinato|assassinado]]. Tutancâmon foi sucedido por [[Aye]], que reinou três anos, e este por sua vez foi sucedido por [[Horemheb]].
 
== Notas ==