Patriarcado de Lisboa: diferenças entre revisões

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O '''Patriarcado de Lisboa''' é uma circunscrição eclesiástica da [[Igreja Católica]] em [[Lisboa]]. O título de [[Patriarca]] é atribuído ao [[prelado]] de Lisboa desde 1716. O Patriarcado foi ereto inicialmente como [[diocese]] no {{séc|IV}}. Em 10 de novembro de 1393 a '''Diocese de Lisboa''' foi elevada à condição de [[Arquidiocese|Arquidiocese Metropolitana]]. Torna-se Sé Patriarcal no dia 7 de novembro de 1716, o que consubstancia a máxima dignidade honorífica atribuível pela Igreja Católica a uma arquidiocese. Com a atribuição da dignidade Patriarcal ao [[Arcebispo de Lisboa]], este ultrapassa finalmente em importância o [[Arcebispo de Braga]] que, com o título de [[Primaz das Espanhas]], foi até [[1716]] o mais elevado clérigo existente em Portugal.
 
Por privilégio concedido por [[bula pontifícia]] o Patriarca de Lisboa é sempre nomeado [[cardeal]] pelo [[Papa]] no primeiro [[consistório]] realizado após a sua elevação à prelazia lisbonense ou, caso exista um Cardeal-Patriarca Emérito, após este perder a sua condição de Cardeal Eleitor. Após a elevação ao título de Cardeal o Patriarca de Lisboa adota o título de '''[[Cardeal-Patriarca]]'''. É um dos raros Patriarcados residenciais da Igreja Católica de [[rito latino]], em conjunto com o [[Patriarcado de Veneza]] e o [[Patriarcado latino de Jerusalém]], existindo somente mais um Patriarcado titular, o [[Patriarcado das Índias Orientais]].
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São Bispos Auxiliares de Lisboa [[Joaquim Augusto da Silva Mendes|D. Joaquim Augusto da Silva Mendes]], <small>[[S.D.B.]]</small>, (bispo titular de [[Diocese de Caliabria|Caliábria]]) e [[D. Daniel Batalha Henriques]] (bispo titular de Acquae Tibilitane).
 
Era antigamente a [[Coroa portuguesa]] que exercia o seu [[padroado]]<ref>[https://www.academia.edu/6741510/_O_padroado_r%C3%A9gio_na_diocese_de_Lisboa_durante_a_Idade_M%C3%A9dia_uma_institui%C3%A7%C3%A3o_in_diminuendo_Fragmenta_Historica_Hist%C3%B3ria_Paleografia_e_Diplom%C3%A1tica_1_2013_p._39-107 «O padroado régio na diocese de Lisboa durante a Idade Média: uma instituição in diminuendo», por Mário Farelo, Fragmenta Historica – História, Paleografia e Diplomática, 1 (2013), Universidade Nova de Lisboa, p. 39-107]</ref>.
 
==História==
===Origens===
Uma antiga tradição fala de [[Veríssimo]], [[Máxima]] e [[Júlia]], como [[mártires]] lisbonenses na perseguição de [[Diocleciano]] (viragem do {{séc|III}} para o IV). O certo é que, meio século depois, encontramos a diocese presidida por [[Potâmio de Olisipo]], primeiro bispo conhecido, que interveio nas polémicas doutrinais do [[Cristianismo]] de então (arianismo[[Arianismo]]).
 
No {{séc|V}} chegaram os [[bárbaros]]. Sob a monarquia [[visigótica]], os bispos de Lisboa participaram em vários concílios, de [[Concílios de Toledo|Toledo]], de Viarico no ano de [[633]] e Landerico no ano de [[693]]. Como sucedeu por toda a parte, data desta época a descentralização do culto, da cidade para os campos em redor, constituindo-se as primeiras paróquias rurais.
 
Dos princípios do {{séc|VIII}} a meados do XII, [[Lisboa]] esteve sob [[Invasão muçulmana da Península Ibérica|domínio muçulmano]]. Não se conhece nenhum dos seus bispos deste período, mas continuaram a existir cristãos na cidade e no seu território. Aquando da [[Cerco de Lisboa (1147)|tomada de Lisboa]] aos mouros, em 1147, existia um bispo [[moçárabe]] em Lisboa.
 
Depois da conquista, a diocese foi restaurada e o primeiro bispo foi o inglês [[Gilberto de Hastings|D. Gilberto de Hastings]], membro dos [[cruzados]]. Lisboa ficaria oficialmente ligada (sufragânea) à [[Arquidiocese de Santiago de Compostela|Arquidiocese de Compostela]] até ao fim do {{séc|XIV}}. Construiu-se a Sé, no local onde fora a mesquita e talvez antes a Sé visigoda, por volta do ano de [[1150]], sendo o único monumento [[românico]] que resta na [[capital]] portuguesa.
 
A Sé tinha o seu [[Cabido]] de cónegos que apoiavam o bispo e mantinham uma escola capitular. Nessa escola estudaria em menino [[Santo António de Lisboa]], já na viragem para o {{séc|XIII}}. Além da Sé e das paróquias que rapidamente se estabeleceram, provavelmente a partir de antigas comunidades moçárabes, [[Lisboa]] viu levantar-se por iniciativa de [[Afonso I de Portugal|D. Afonso Henriques]] o [[Igreja de São Vicente de Fora|Mosteiro de S. Vicente de Fora]] (por ficar fora das muralhas da altura). [[Vicente de Saragoça|São Vicente]] foi martirizado em [[Valência]] no {{séc|IV}}, e as suas relíquias foram depois muito veneradas pelos moçárabes no cabo algarvio que tem o seu nome. O primeiro rei português ordenou para que fossem trazidas para [[Lisboa]], ficando guardadas na Sé. O referido mosteiro foi um importante centro cultural e nele se formou também [[Santo António de Lisboa|Santo António]].
 
Em 1289 o bispo [[Domingos Anes Jardo|D. Domingos Jardo]] fundou o colégio dos Santos Paulo, Elói e Clemente, para o ensino de [[cânones]] e [[teologia]]. Pouco depois e, com intermitências, até ao {{séc|XVI}}, [[Lisboa]] dispôs de umada [[Universidade de Lisboa]] fundada por [[Dinis I de Portugal|D. Dinis]] com o apoio do [[clero]]. A Universidade só ensinou [[Teologia]] a partir do {{séc|XV}}, sendo até aí ministrada nos conventos dos [[dominicanos]] e [[franciscanos]], erigidos no {{séc|XIII}}. Na segunda década deste século nasceu em Lisboa Pedro Julião, mais tarde papa com o nome de [[Papa João XXI|João XXI]] {{nwrap|p.|1276|1277}}.
 
===Elevação a Arquidiocese===
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A elevação à dignidade de Sé Arquiepiscopal ocorreu em [[1394]] pela bula «''In eminentissimae dignitatis''» de [[Bonifácio IX]], sendo seu primeiro arcebispo [[João Anes (arcebispo)|D. João Anes]] ([[1394]]-[[1402]]), e tendo como sufragâneas [[diocese de Évora|Évora]], [[diocese da Guarda|Guarda]], [[diocese de Lamego|Lamego]] e [[diocese de Silves|Silves]], às quais se juntaram no século seguinte outras dioceses ultramarinas.
 
No {{séc|XVI}}, o [[Henrique I de Portugal|cardeal D. Henrique]], arcebispo de Lisboa, aplicou na diocese os decretos reformadores do [[Concílio de Trento]], e foi responsável pela fundação do seminário diocesano de Santa Catarina em [[1566]]. Era um estabelecimento modesto e os seus alunos frequentavam as aulas do grande [[colégio jesuíta de Santo Antão]].
 
Eram tempos de intensa vida religiosa, alimentada por muitas congregações religiosas e associações de piedade e caridade, ligadas a mosteiros, conventos e paróquias: a primeira [[Misericórdia]] foi fundada em [[1498]] numa capela do claustro da [[Sé de Lisboa]]. Desde o final do {{séc|XV}} não se permitiam divergências religiosas no país, mas a missão ultramarina pedia constantemente obreiros. Foram exemplos [[São João de Brito]] ([[Índia]]) e o [[Padre António Vieira]] ([[Brasil]]), ambos [[jesuítas]].
 
===Elevação a Patriarcado===
[[Imagem:D._Tomás_de_Almeida_(1670-1754).png|thumb|[[Tomás de Almeida|D. Tomás de Almeida]], o primeiro Patriarca de Lisboa]]
 
Na sequência da criação da [[freguesia da Capela Real]], em 1709, da sua elevação a colegiada sob a invocação de [[São Tomé]] pela bula «''Apostolatus ministerio''» de [[Clemente XI]] a [[1 de Março]] de [[1710]], e de ter sido elevada a igreja metropolitana e basílica patriarcal, dedicada a [[Nossa Senhora da Assunção]], pela bula áurea «''[[In supremo apostolatus solio]]''» de [[Clemente XI]], a [[7 de Novembro]] de [[1716]], a cidade de [[Lisboa]] e o território da diocese foram divididos em duas partes: o Patriarcado de Lisboa Ocidental com sede na capela régia, com o título de '''Santa Igreja Patriarcal''', e o arcebispado de Lisboa Oriental, com sede na antiga [[Sé de Lisboa]].
 
A [[3 de Janeiro]] de [[1718]], pela Bula «''Gregis dominici cura''», [[Clemente XI]] estabeleceu as respectivas dioceses sufragâneas: Lamego, Leiria, Funchal e Angra, para o Patriarcado de Lisboa Ocidental; Guarda, Portalegre, Cabo Verde, São Tomé e Congo, para o Arcebispado de Lisboa Oriental.
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* Os Patriarcas de Lisboa (tal como os restantes [[Bispo]]s e [[Arcebispo]]s portugueses), segundo privilégio pontifício concedido à Coroa Portuguesa ([[Padroado|Padroado Régio]]), eram nomeados pelos [[Reis de Portugal]] e posteriormente confirmados pelo [[Papa]]; o privilégio de nomeação (''apresentação'' segundo o Direito Canónico) continuou a ser exercido em Portugal pelo Governo da República até à Concordata de 1940, ficando o privilégio de apresentação reduzido ao Padroado Português do Oriente e cabendo a nomeação da maioria dos Bispos e Arcebispos ao [[Papa]] após consulta secreta ao Governo a fim deste, querendo, apresentar objecções políticas e assim inviabilizar a nomeação; a partir da Concordata de 2004 a nomeação dos Bispos e Arcebispos é exclusiva da [[Santa Sé]], devendo esta somente informar o Governo acerca da nomeação antes da respectiva divulgação.
 
* Os Patriarcas de Lisboa (tal como os restantes [[Bispo]]s e [[Arcebispo]]s portugueses), segundo privilégio pontifício concedido à Coroa Portuguesa ([[Padroado|Padroado Régio]]), eram nomeados pelos [[Reis de Portugal]] e posteriormente confirmados pelo [[Papa]]; o privilégio de nomeação (''apresentação'' segundo o Direito Canónico) continuou a ser exercido em Portugal pelo Governo da República até à Concordata de 1940, ficando o privilégio de apresentação reduzido ao Padroado Português do Oriente e cabendo a nomeação da maioria dos Bispos e Arcebispos ao [[Papa]] após consulta secreta ao Governo a fim deste, querendo, apresentar objecções políticas e assim inviabilizar a nomeação; a partir da Concordata de 2004 a nomeação dos Bispos e Arcebispos é exclusiva da Santa Sé, devendo esta somente informar o Governo acerca da nomeação antes da respectiva divulgação.
* Por privilégio papal todos os Patriarcas de Lisboa são automaticamente criados [[Cardeal|Cardeais]] no primeiro [[Consistório]] após a sua nomeação.
* Os Patriarcas de Lisboa têm os seus nomes numerados tal como os [[Rei de Portugal|Reis de Portugal]] e os [[Duque de Bragança|Duques de Bragança]].
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== Ver também ==
* [[Vigararias de Lisboa]]
 
 
{{Referências}}
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* {{Link|pt|2=http://www.patriarcado-lisboa.pt/site/index.php?cont_=40&id=923&tem=157|3=Patriarcado de Lisboa - Vigararias}}
* {{Link|pt|2=https://digitarq.arquivos.pt/details?id=1280536|3=Arquivo Nacional Torre do Tombo - Câmara Eclesiástica de Lisboa}}
* [https://www.academia.edu/6741510/_O_padroado_r%C3%A9gio_na_diocese_de_Lisboa_durante_a_Idade_M%C3%A9dia_uma_institui%C3%A7%C3%A3o_in_diminuendo_Fragmenta_Historica_Hist%C3%B3ria_Paleografia_e_Diplom%C3%A1tica_1_2013_p._39-107 «O padroado régio na diocese de Lisboa durante a Idade Média: uma instituição in diminuendo», por Mário Farelo, Fragmenta Historica – História, Paleografia e Diplomática, 1 (2013), Universidade Nova de Lisboa, p. 39-107]
 
{{Arquidioceses de Portugal}}