Rudolf Hess: diferenças entre revisões

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Enquanto convalescia, Hess solicitou autorização para treinar para piloto de aeronaves, e, após uma licença no período do Natal com a sua família, partiu para Munique. Recebeu treino básico em [[Oberschleißheim]] e na [[Base Aérea de Lechfeld]] entre Março e Junho de 1918, e treino avançado em [[Valenciennes]], França, em Outubro. Em 14 de Outubro entrou para a [[Jagdstaffel 35]]b, um esquadrão de caças bávaro equipado com biplanos [[Fokker D.VII]]. Durante o serviço neste esquadrão, não chegou a entrar em acção pois a guerra terminou a 11 de Novembro de 1918.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|pp=9–12}}
[[FicheiroFile:KarlHaushofer RudolfHess.jpg|thumb|Hess (à direita) com o seu professor de [[geopolítica]], [[Karl Haushofer]], c. 1920]]
Hess foi dispensado das forças armadas em Dezembro de 1918. A situação financeira da família sofreu um forte revés, pois os seus negócios no [[Egipto]] foram expropriados pelos britânicos.{{sfn|Hess|1987|pp=27–28}} Hess entrou para a [[Sociedade Thule]], um grupo [[Movimento Völkisch|''Völkisch'']] [[Antissemitismo|anti-semita]] de extrema-direita, e um ''[[Freikorps]]'', uma de muitas organizações paramilitares de voluntários activas na Alemanha na altura.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|p=13–14}} A Baviera testemunhou conflitos frequentes, muitos deles sangrentos, entre grupos de extrema-direita como os''Freikorps'' e forças de esquerda, numa luta pelo controlo do estado durante este período.{{sfn|Evans|2003|pp=156–159}} Na Primavera de 1919, Hess era um daqueles que participava em combates de rua, e liderava um grupo que distribuía milhares de panfletos anti-semitas em Munique.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|p=14}}{{sfn|Evans|2003|p=177}}
 
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Hess e alguns homens das SA fizeram reféns alguns dignitários na noite de 8 de Novembro, levando-os para uma casa a cerca de 50 km de Munique. Quando Hess saiu por breves instantes para fazer um telefonema, no dia seguinte, os homens convenceram o motorista a ajudá-los a fugir. Hess, sem saber o que fazer, telefonou a Ilse Pröhl, que lhe levou uma bicicleta para que ele pudesse regressar a Munique. Passou então um tempo com os Haushofer e depois fugiu para a [[Áustria]], mas eles convenceram-no a voltar. Hess foi preso e condenado a 18 meses de prisão pelo seu papel na tentava de golpe-de-estado que, mais tarde, ficou conhecido como [[Putsch da Cervejaria]]. Hitler foi condenado a cinco anos de prisão, e o NSDAP e a SA foram ilegalizadas.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|pp=18–19}}{{sfn|Shirer|1960|pp=70, 73}}
 
[[FicheiroFile:Bundesarchiv Bild 146-1972-001-07, München, Zirkus Krone, Rede Hitler.jpg|thumb|Hitler discursa num comício do partido em Munique, 1925]]
 
Ambos homens foram para a [[Prisão de Landsberg]], onde Hitler começou a escrever as suas memórias, ''[[Mein Kampf]]'' ("A Minha Luta"), a qual ele ditava a Hess e a [[Emil Maurice]], também detido. Comercializado pelo editor [[Max Amann]], Hess e outros, o trabalho foi publicado em duas partes em 1925 e 1926. Mais tarde seria publicado num único volume, que se tornaria um ''best-seller'' após 1930.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|p=19}}{{sfn|Evans|2003|p=196}} Este livro, com a sua mensagem anti-semita, tornou-se tornou-se no pilar fundamental da plataforma política do NSDAP.{{sfn|Evans|2003|p=197}}
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No dia 30 de Janeiro de 1933, Hitler foi nomeado [[Chanceler da Alemanha|Chanceler do Reich]], o seu primeiro passo para alcançar o controlo ditatorial da Alemanha.{{sfn|Evans|2003|p=307}}{{sfn|Shirer|1960|pp=226–227}} Hess foi nomeado [[Delegado do Führer]] do NSDAP a 21 de Abril, tendo recebido o cargo de Ministro do Reich sem pasta, a 1 de Dezembro.{{sfn|Hess|1987|p=39}} Com escritórios na [[Casa Castanha (Munique)|Casa Castanha]] em Munique e outro em [[Berlim]], Hess era responsável por vários departamentos, incluindo o das relações com o exterior, finanças, saúde, educação e leis.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|pp=21–22}} Toda a legislação passava pelo seu gabinete para aprovação, excepto a que dizia respeito ao exército, polícia e política externa, e elaborava e co-assinava muitos dos decretos de Hitler.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=47–48}} Como organizador dos [[Reuniões de Nuremberg|comícios anuais de Nuremberga]], era ele que habitualmente fazia o discurso de abertura e apresentava Hitler. Hess também falava através da rádio e em comícios por todo o país, de tal forma frequentemente que os discursos foram compilados num livro em 1938.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=37, 60, 62}} Hess agia como delegado de Hitler em negociações com empresários e membros das classes mais abastadas.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|p=39}} Como Hess tinha nascido fora da Alemanha, Hitler escolheu-o para supervisionar os grupos do NSDAP, como o [[NSDAP/AO]], responsáveis pelos membros do partido a viver em outros países.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|p=67}} Hitler instruiu Hess a rever todas as decisões dos tribunais relacionadas com pessoas consideradas inimigas do partido. Recebeu autorização para aumentar as condenações de todos aqueles que ele achasse que tinham recebido condenações "ligeiras", e também tinha o poder para tomar "acções implacáveis" que ele visse serem necessárias. Aquelas acções passavem, muitas vezes, por enviar a pessoa para um campo de concentração ou mandá-la fuzilar.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|p=51}} Hess recebeu o posto de ''[[Obergruppenführer]]'' nas ''[[Schutzstaffel]]'' (SS) em 1934, o segundo posto mais alto na hierarquia da organização.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|p=25}}
 
[[FicheiroFile:Kfz-Standarte Rudolf Heß.svg|thumb|left|upright|Estandarte do veículo de Hess enquanto no cargo de Delegado do Führer]]
 
O regime nazi começou a sua perseguição aos judeus pouco depois da chegada ao poder. O gabinete de Hess foi parcialmente responsável por elaborar as [[Leis de Nuremberg|Leis de Nuremberga]] de 1935, leis estas que tinham sérias implicações para os judeus da Alemanha, proibindo o casamento entre não-judeus e judeus alemães e retirando a cidadania alemã aos não-[[Arianismo|arianos]]. O amigo e família de um amigo de Hess, Karl Haushofer, ficaram sujeitos a esta lei pois Haushofer tinha casado com uma mulher meia-judia, situação que Hess resolveu emitindo documentos isentando-os desta legislação.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|p=22}}{{sfn|Evans|2005|pp=543–544}}
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===Voo para a Escócia===
A sua rota inicial passava por [[Bona]]. Hess orientou-se por marcos terrestres para ir fazendo pequenas correcções à rota. Quando chegou à costa perto das [[ilhas Frísias]], virou para leste durante vinte minutos para ficar fora do alcance dos radares britânicos. Dirigiu-se então para uma direcção de 335 graus para atravessar o mar do Norte, a baixa altitude inicialmente, mas efectuando a maior parte da viagem a uma altitude de {{convert|5000|ft|m}}. Às 20h58, alterou o seu rumo para 245 graus, com a intenção de se aproximar da costa do [[Nordeste da Inglaterra]] perto da cidade de [[Bamburgh]], [[Northumberland]]. Como o sol ainda não se tinha posto quando fez a aproximação à costa, Hess voltou para trás, efectuando uma rota em zigzag, para a frente e para trás durante quarenta minutos até ficar escuro. Por esta altura, os tanques auxiliares do avião estavam no fim, e Hess decidiu deitá-los ao mar. Também por esta altura, às 22h08, a estação britânica [[Chain Home]] em Ottercops Moss perto de [[Newcastle upon Tyne]] detectou a sua presença e informou o [[Filter Room]] em [[Bentley Priory]]. Ao mesmo tempo que outras estações de radar o iam detectando, a sua aeronave recebeu o código "Raid 42".{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|pp=46–51}}
[[FicheiroFile:Rudolf Hess - Bf 110D Werk Nr 3869 - Wreckage - Bonnyton Moor.jpg|thumb|Destroços do [[Messerschmitt Bf 110]] de Hess]]
Dois [[Supermarine Spitfire|Spitfire]] do [[Esquadrão n.º 72 (RAF)|Esquadrão n.º 72]], [[Grupo n.º 13 (RAF)|Grupo n.13]] da [[RAF]] que já se encontravam em operação foram enviados para interceptar o avião de Hess, mas não conseguiram localizá-lo. Um terceiro Spitfire enviado de [[Acklington]] às 22h20, também fracassou na intercepção do Messerschmitt Bf 110; por esta altura já era noite cerrada e Hess teve de reduzir a sua altitude de tal forma que o voluntário de serviço na estação do [[Royal Observer Corps]] (ROC) em [[Chatton]] conseguiu identificá-lo como sendo uma aeronave Bf 110, e registou a sua altitude em {{convert|50|ft|m}}. Seguido por outras estações do ROC, Hess continuou o seu voo até à Escócia a alta velocidade e a baixa altitude, mas não conseguiu vislumbrar o seu destino, [[Dungavel House]], e dirigiu-se para a costa oeste para se orientar regressando depois a terra. Às 22h35, um [[Boulton Paul Defiant]] enviado do [[Esquadrão n.º 141 (RAF)|Esquadrão n.º 141]], da base de [[Air (Ayrshire)|Ayr]], iniciou a perseguição a Hess. A sua aeronave estava quase sem combustível, e assim decidiu subir a {{convert|6000|ft|m}} para saltar de pára-quedas, às 23h06. Fiou ferido num pé, ao sair da aeronave ou quando chegou ao chão. O Messerschmitt Bf 110 caiu às 23h09, a cerca de {{convert|12|mi|km}} a oeste de Dungavel House.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|pp=52–58}} Se não tivesse tido problemas para sair do avião, teria chegado ao seu destino.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|p=101}} Hess considerou a sua façanha como o momento de maior orgulho da sua vida.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|p=97}}
 
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===Captura===
Hess aterrou em Floors Farm, [[Eaglesham]], a sul de Glasgow, onde foi descoberto ainda a tentar libertar-se do pára-queda por um lavrador local, David McLean. Identificando-se como "''[[Hauptmann]]'' Alfred Horn", Hess disse que tinha uma mensagem importante para o duque de Hamilton. McLean levou Hess para a sua casa e contactou a unidade local da [[Home Guard]], que o veio buscar e lavar para a sua sede em [[Busby (East Renfrewshire)|Busby]]. Seguidamente, foi transportado para o posto de polícia de [[Giffnock]], ali chegando depois da meia-noite; foi revistado e os seus bens confiscados. Hess pediu por diversas vezes para se encontrar com o duque de Hamilton durante o interrogatório a que foi sujeito com a ajuda de um intérprete, pelo major Graham Donald, o comandante de região do [[Royal Observer Corps]]. Depois do interrogatório, Hess ficou foi levado para o [[Quartel de Maryhill]] em Glasgow, onde os seus ferimentos foram tratados. Por esta altura, alguns dos seus captores suspeitaram da verdadeira identidade de Hess, apesar de ele continuar a insistir que o seu nome era Horn.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=101–105}}{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|pp=58–61}}
[[FicheiroFile:Rudolph Hess BF-110.jpg|thumb|left|Parte da the fuselagem do Bf 110 de Hess. [[Imperial War Museum]] (2008)]]
Hamilton tinha estado de serviço como [[Wing commander]] em [[Aeroporto de Edimburgo|RAF Turnhouse]] perto de Edimburgo quando Hess chegou, e a sua estação tinha sido uma das que detectaram e seguiram o progresso do voo. O duque chegou ao quartel na manhã seguinte, e depois de examina os pertences de Hess, encontrou-se com o prisioneiro. Hess admitiu de imediato a sua verdadeira identidade e informou sobre a razão do seu voo. Hamilton disse a Hess que esperava continuar a conversa com a ajuda de um interprete; Hess sabia falar inglês mas estava a ter dificuldade em compreender Hamilton. Depois da reunião, Hamilton analisou os destroços do Messerschmitt na companhia de um oficial de informações, depois regressou a Turnhouse, onde contactou o Foreign Office para se encontrar com o primeiro-ministro [[Winston Churchill]], que estava em [[Ditchley]] para passar o fim-de-semana. Nessa noite, entraram em negociações preliminares, e Hamilton acompanhou Churchill a Londres no dia seguinte, onde se encontraram com membros do Gabinete de Guerra. Churchill enviou Hamilton com o especialista em assuntos exteriores, [[Ivone Kirkpatrick]], que já se tinha encontrado com Hess anteriormente, para identificar o prisioneiro, que, entretanto, tinha sido transferido para o [[Castelo de Buchanan]].{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=105–107}}{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|pp=61–58}} Hess, que tinha preparado longas notas para utilizar durante a reunião, falou com eles, detalhadamente, sobre os planos de expansão de Hitler e da necessidade de o Reino Unido deixar os nazis com livre espaço de actuação na Europa, em troca de terem permissão para manter as suas possessões ultramarinas. Kirkpatrick teve mais duas reuniões com Hess nos dias seguintes, enquanto Hamilton regressou às suas funções. Hess, para além de ter ficado desiludido com o aparente fracasso da sua missão, começou a reclamar que o seu tratamento médico não era o adequado e de que havia um plano para o envenenar.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=116–117, 124}}
 
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A Alemanha rendeu-se incondicionalmente a 8 de Maio de 1945. Hess, com acusações de crimes de guerra, recebeu ordem para comparecer no [[Julgamentos de Nuremberg|Julgamento de Nuremberga]] sendo transportado para [[Nuremberga]] a 10 de Outubro de 1945.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|p=97}}
 
===Julgamentos de NurembergNuremberga===
[[FicheiroFile:Rudolf Hess in Landsberg Prison.jpg|thumb|upright|left|Hess na sua cela, Novembro de 1945 na [[Prisão de Landsberg]] a aguardar pelo julgamento.]]
{{principal|Julgamento de Nuremberga}}
Os [[Aliados da Segunda Guerra Mundial]] realizaram vários tribunais e julgamentos militares, iniciados com um julgamento dos principais criminosos de guerra, entre Novembro de 1945 e Outubro de 1946. Hess fez parte do grupo dos primeiros 23 julgados, todos acusados de quatro crimes—conspiração para cometer crimes, crimes contra a paz, [[crimes de guerra]] e [[crimes contra a humanidade]].{{sfn|Evans|2008|p=741}}
 
À sua chegada a NurembergNuremberga, Hess não queria entregar os seus pertences, incluindo pedaços de comida que ele afirmava terem sido envenenados pelos britânicos; ele tencionava usá-los como sua defesa durante o julgamento. O comandante do local, coronel [[Burton C. Andrus]] do Exército dos Estados Unidos, informou-o de que não iria receber nenhum tratamento especial; as amostras foram seladas e confiscadas.{{sfn|Bird|1974|p=34}}{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=151–152}} Os diários de Hess evidenciam que ele não reconhecia a legitimidade do tribunal e que o resultado final era inevitável. Quando chegou estava magro, pesando {{convert|65|kg|sigfig=3}}, e com pouco apetite, mas estava determinado em ter uma boa saúde. Como um dos acusados, [[Robert Ley]], se tinha enforcado na sua cela a 24 de Outubro, os restantes prisioneiros eram vigiados constantemente.{{sfn|Sereny|1996|p=573}}{{sfn|Bird|1974|pp=37–38}} Por causa das suas anteriores tentativas de suicídio, Hess era algemado a um guarda sempre que saia da sua cela.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|p=153}}
 
Pouco depois da sua chegada, Hess começou a mostrar amnésia, facto que que pode ter sido fingido com a esperança de evitar a sentença de morte. Os médicos que examinaram Hess concluíram que não era louco e estava em condições de ser julgado.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=154–155}} Pelo menos dois dos examinadores, um médico britânico e um soviético, referiram que a amnésia de Hess seria falsa. O tribunal efectuou várias tentativas para reavivar a sua memória, como trazer à sua presença ex-secretárias e mostrar velhos documentários, mas Hess continuava sem mostrar qualquer reacção a estes estímulos.{{sfn|Bird|1974|pp=37–38}}{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=154–155}} Quando Hess recebeu permissão para fazer as sua defesa no tribunal a 30 de Novembro, admitiu ter fingido a falta de memória e de fazer parte de uma táctica.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|p=159}}{{sfn|Bird|1974|p=43}} A 31 de Agosto de 1946, falou de novo no tribunal, o último dia das alegações.{{sfn|Bird|1974|p=49}}
 
O processo de acusação a Hess ficou a cargo de [[Mervyn Griffith-Jones]] e teve início a 7 de Fevereiro de 1946. Ao basear-se nos discursos de Hess, Griffith-Jones tentou demonstrar que ele tinha conhecimento, e concordava com, os planos de Hitler de conduzir uma guerra de agressão violando o direito internacional. Griffith-Jones afirmou que, como Hess tinha assinado importantes decretos governamentais, como o que determinava o serviço militar obrigatório, as leis raciais de Nuremberga, e um decreto que incorporava os territórios polacos conquistados no Reich, então também partilhava da responsabilidade dos actos do regime. Griffith-Jones salientou que a altura escolhida para a viagem de Hess à Escócia, apenas seis semanas antes da [[Operação Barbarossa|invasão alemã da UNião Soviética]], só podia ser vista como uma tentativa de Hess de manter os britânicos fora da guerra. Hess acabou o julgamento mostrando, de novo, sintomas de amnésia, em Fevereiro.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=162–163}}
[[FicheiroFile:Rudolf hess.jpg|thumb|upright|Hess (à esq.) e [[Joachim von Ribbentrop]] nos Julgamentos de Nuremberga]]
A defesa de Hess foi apresentada entre 22 e 26 de Março pelo seu advogado, Alfred Seidl. Seidl argumentou que, embora Hess tenha aceitado a responsabilidade por muitos dos decretos que assinou, ele disse que estes assuntos faziam parte de trabalhos internos de um estado soberano e, portanto, fora da competência do tribunal de crimes de guerra. O advogado chamou a depor [[Ernst Wilhelm Bohle]], o homem que tinha sido chefe do NSDAP/AO, para testemunhar em nome de Hess. Quando Griffith-Jones o questionou sobre as actividades de espionagem da organização em vários partidos, Bohle afirmou que qualquer actividade de espionagem em tempo de guerra são realizadas sem permissão ou conhecimento. Seidl chamou mais duas testemunhas: o ex-presidente da câmara de [[Estugarda]], [[Karl Strölin]], e o irmão de Hess, Alfred, ambos negando as acusações de que o NSDAP/AO tinha espiado ou fomentado a guerra. Seidl apresentou um resumo da defesa a 25 de Julho, no qual tenta refutar a acusação de conspiração ao chamar a atenção que Hitler, sozinho, tinha tomado todas as decisões importantes. Acrescentou que Hess não podia ser considerado responsável por quaisquer acções efectuadas após ter saido da Alemanha em Maio de 1941. Entretanto, Hess afastou-se mentalmente do que estava a decorrer, recusando visitas da sua família e não querendo ler os jornais.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=165–171}}
 
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Spandau foi colocada sob o [[Conselho de Controle Aliado]], o órgão de gestão responsável pela ocupação militar da Alemanha. Era composto por quatro estados membros: Reino Unido, França, Estados Unidos e União Soviética. Cada país forneceu guardas para a prisão numa rotação mensal. Depois de os presos terem passado por exames médicos—Hess recusou que lhe examinassem o corpo, e teve que ser agarrado à força{{sfn|Sereny|1996|p=604}}—foi-lhes entregues roupas de prisioneiros e atribuído um número pelo qual seriam chamados durante a pena. Hess era o número 7. A prisão tinha uma pequena biblioteca, e os detidos podiam requisitar material de leitura adicional. O materiais de escrita estavam limitados; cada prisioneiro tinha direito a quatro folhas de papel, por mês, para escrever cartas. Não podiam falar entre eles sem pedir autorização e tinham de trabalhar na prisão, a limpar ou a tratar do jardim.{{sfn|Bird|1974|pp=68–71}} Os presos eram levados para o exterior para efectuarem uma hora de exercício diário, separados 9 m entre si. Algumas das regras foram ficando menos rígidas com o passar do tempo.{{sfn|Sereny|1996|p=604}}
 
[[FicheiroFile:Kriegsverbrechergefängnis Spandau - Wachablösung.JPG|thumb|left|Mudança de guarda na [[Prisão de Spandau]]]]
 
As visitas a Spandau eram permitidas e limitadas a meia hora por mês, mas Hess proibiu a sua família de o visitar até Dezembro de 1969, quando se tornou paciente no Hospital Militar Britânico em [[Berlim Ocidental]] devido a uma [[úlcera]] perfurada. Por esta altura, Wolf Rüdiger Hess tinha 32 anos de idade ee 69; desde a partida de Hess para a Escócia, em 1941, que não o viam . Após este problema de saúde, permitiu que a sua família o visitasse regularmente. A sua nora Andrea, que costumava levar fotografias e filmes dos seus netos, tornou-se uma das visitas mais apreciadas.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=186, 195}}{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|pp=100–101}} Os problemas de saúde mental e física de Hess foram agravando-se durante o cativeiro. Gritava de noite a queixar-se com dores de estômago. Continuava a reclamar que a sua comida estava envenenada e queixava-se de amnésia.{{sfn|Manvell|Fraenkel|1971|pp=186–187, 195}}{{sfn|Speer|1976|pp=193, 197, 234, 305}} Um psiquiatra que o examinou em 1957 achou que ele não estava assim tão doente que merecesse ser transferido para um hospital psiquiátrico.{{sfn|Speer|1976|p=314}} Em 1977, tentou suicidar-se de novo, mas sem sucesso.{{sfn|Nesbit|van Acker|2011|p=100}}