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A crítica literária do [[renascimento]] desenvolveu ideias clássicas de unidade de forma e conteúdo num [[neoclassicismo]] literário. Ela surgiu em 1498, com a recuperação de textos clássicos, principalmente a tradução para o latim da Poética de Aristóteles por Giorgio Valla. O trabalho de Aristóteles, principalmente a Poética, foi a mais importante influência na crítica literária até o fim do século XVIII. Lodovico Castelvetro foi um dos mais influentes críticos renascentistas que escreveram trabalhos sobre a Poética.
===== Crítica do Século das Luzes =====
No século das luzes (séculos XVIII-XIX), a crítica literária se tornou mais popular. Neste período, a taxa de alfabetização começou a aumentar, e a leitura deixou de ser privilégio dos ricos ou dos eruditos. Com o crescimento do público letrado e a rapidez das impressoras, a crítica também se desenvolveu. A leitura deixou de ser vista somente como educacional ou como uma fonte sagrada para a religião; passou a ser também uma forma de entretenimento.<ref>{{citar livro|autor=Murray, Stuart|título=he Library: An Illustrated History|editora=New York: Skyhorse|ano=2009|páginas= pp. 132–133|id=ISBN 9781616084530. OCLC 277203534}}</ref> A crítica literária foi influenciada pelos valores da época, resultando numa escrita clara, precisa e objetiva.<ref>{{citar livro|autor=Regan, Shaun; Dawson, Books|título=Reading 1759: Literary Culture in Mid-Eighteenth-Century Britain and France|editora= Lewisburg [Pa.]: Bucknell University Press|ano=2013|páginas=pp. 125–130|id= ISBN 9781611484786}}</ref> Essas críticas foram publicadas em muitos jornais e revistas. Muitas obras de Jonathan Swift foram criticadas, incluindo "As viagens de Gulliver", que um crítico descreveu como "a detestável história dos Yahoos".<ref>{{citar livro|autor=Regan, Shaun; Dawson, Books|título=Reading 1759: Literary Culture in Mid-Eighteenth-Century Britain and France|editora= Lewisburg [Pa.]: Bucknell University Press|ano=2013|páginas=pp. 125–130|id= ISBN 9781611484786}}</ref>
===== Crítica romântica do século XIX =====
O movimento [[romantismo|romântico]] britânico do início do século XIX introduziu novas ideias [[estética]]s nos estudos literários, incluindo a ideia de que o objeto da literatura não precisa ser, sempre, bonito, nobre, perfeito, mas que a literatura pode elevar um assunto comum à condição de [[Sublime (estética)|sublime]]. O [[romantismo na Alemanha]], que aconteceu logo após o desenvolvimento tardio do [[classicismo]] na Alemanha, enfatizou uma estética de fragmentação e o humor. O final do século XIX trouxe renome a autores mais conhecidos por sua crítica literária que por suas obras literárias, como [[Matthew Arnold]].
===== A nova crítica =====
Não obstante a importância dos movimentos estéticos antecedentes, as ideias atuais sobre crítica literária derivam quase inteiramente da nova direção imprimida no início do século XX. Nessa época, o [[formalismo russo]] e, logo em seguida, a [[neocrítica]] dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, vieram a dominar o estudo e a discussão de literatura. Ambas as escolas enfatizavam a análise cuidadosa de pequenas passagens dos textos, desprezando temas como discussão generalista, especulação sobre a [[intencionalidade autoral]], biografia e psicologia do autor, e [[estética da recepção]]. Essa ênfase na forma e na atenção precisa "às palavras em si" persistiu, mesmo após o declínio dessas escolas críticas.
===== Teoria =====
Em 1957, [[Northrop Frye]] publicou o influente [[Anatomia da Crítica]]. Em suas obras, Frye observou que alguns críticos tendem a abraçar uma [[ideologia]], e a julgar peças literárias baseados na aderência a essas ideologias. Este tem sido um ponto de vista frequente entre pensadores conservadores modernos. E. Michael Jones, por exemplo, argumenta, em seu "Degenerados modernos", que [[Stanley Fish]] foi influenciado pelos seus [[adultério]]s ao rejeitar a literatura clássica que condenava o adultério.<ref>{{citar livro|autor=Jones, E. Michael|título= Degenerate Moderns: Modernity as Rationalized Sexual Misbehaviour|editora=San Francisco: Ignatius Press|ano=1991|páginas= pp. 79–84|id=ISBN 0898704472. OCLC 28241358}}</ref> [[Jürgen Habermas]], em "Conhecimento e interesse" (1968), descreveu a teoria crítica literária nos estudos literários como uma forma de [[hermenêutica]]: conhecimento via interpretação para compreender o significado dos textos humanos e expressões simbólicas, incluindo a interpretação de textos que interpretam outros textos.
 
No ambiente literário britânico e estadunidense, a neocrítica foi mais ou menos dominante até o final da década de 1960. Nessa época, os departamentos de literatura das universidades inglesas e estadunidenses começaram a testemunhar a ascensão de uma teoria literária mais explicitamente filosófica, influenciada pelo [[estruturalismo]] e, logo após, pelo [[pós-estruturalismo]] e outros tipos de [[filosofia continental]]. Isso continuou até meados da década de 1980, quando o interesse pela "teoria" atingiu seu pico. Posteriormente, muitos críticos, embora sem dúvida ainda influenciados pelo trabalho teórico, passaram a simplesmente interpretar literatura, ao invés de explicitamente falar sobre metodologia e presunções filosóficas.
===== História do livro =====
Relacionada a outras formas de crítica literária, a história do livro é um campo de investigação interdisciplinar sobre os métodos da bibliografia, [[história cultural]], [[história da literatura]] e teoria da mídia. Preocupado principalmente com a produção, circulação e recepção de textos e suas formas materiais, a história do livro busca conectar formas de textualidade com seus aspectos materiais.
 
Entre os temas da história da literatura em que a história do livro pode atuar, estão: o desenvolvimento da autoria como profissão, a formação de leitores, as restrições da censura e dos direitos autorais, e a economia da forma literária.
===== Estado atual =====
Hoje, o interesse por teoria literária e filosofia continental coexiste, nos departamentos de literatura das universidades, com uma crítica literária mais conservadora que a neocrítica provavelmente aprovaria. Discordâncias quanto aos objetivos e métodos da crítica literária, que caracterizaram ambas as posições tomadas pelos críticos durante a "ascensão" da teoria, declinaram. Muitos críticos acham que, agora, eles têm uma maior pluralidade de métodos e abordagens para escolher.
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