Joaquim Marques Lisboa: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 32:
 
A transferência da família Marques Lisboa para a povoação de Rio Grande ocorreu em 1800. Francisco Marques Lisboa possuía propriedades na cidade de [[Rio Grande (Rio Grande do Sul)|São Pedro do Rio Grande]] e na antiga vila e atual município de [[São José do Norte]], separada de Rio Grande pelo canal que liga a [[Lagoa dos Patos]] ao [[Oceano Atlântico]] onde, a princípio, dedicou-se ao comércio, que começava a crescer como atividade básica da povoação. Primeiro por iniciativa de um grupo de comerciantes e depois com reconhecimento oficial, organizou e dirigiu um serviço de [[praticagem]] e salvamento de navios, chegando a desempenhar as funções de Patrão-Mor e Prático da Barra do Rio Grande. Muito se tem discutido se o futuro Almirante teria nascido não em Rio Grande, mas na vila vizinha de São José do Norte.<ref>COSTA, Didio Iratim Afonso da. O berço de Tamandaré. Revista Marítima Brasileira. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, ano LXIV, n. 4, 5 e 6, p. 285-291, 1944. </ref> À medida que sua projeção crescia no cenário nacional, exacerbava-se a polêmica, com cada uma das localidades almejando ser a terra natal de Marques Lisboa. Sem a existência cabal de uma certidão de nascimento, acredita-se que ele tenha nascido em Rio Grande pois, em dezembro de 1883, a Câmara de Vereadores de Rio Grande havia enviado a Tamandaré um telegrama congratulando o Imperador pelo restabelecimento de sua saúde. Em seu despacho telegráfico de resposta, Tamandaré aproveitou a oportunidade para saudar a Câmara Municipal do lugar de seu nascimento, declarando, oficialmente, ser essa a cidade onde nasceu.<ref name=":4">{{citar web |url=http://www.revistanavigator.com.br/navig6/art/N6_art5.pdf |título=O Despertar|publicado=Revista Navigator |acessodata=24 de abril de 2019}}</ref>
 
[[Ficheiro:Nau Pedro I.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|441x441px|Nau Pedro I durante as batalhas da independência. ]]
Joaquim Marques Lisboa nasceu num meio que lhe seria muito propício a vida relacionada com as lides marinheiras. Bastante jovem, em 1813, e em companhia dos pais, faria sua primeira viagem por mar, para o Rio de Janeiro<ref>COSTA, Didio Iratim Afonso da. O berço de Tamandaré. In:Subsídios para a História Marítima do Brasil – Extratos do Arquivo do Almirante Tamandaré. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1950. v. 8, p. 1-18.</ref> onde, após o regresso de seu pai, ficou aos cuidados de sua irmã, Maria Eufrásia, e de seu marido, José Antônio Lisboa, até a conclusão do curso primário, no colégio do Professor Carvalho.<ref name=":2">{{citar livro|título=Marquês de Tamandaré, Patrono da Marinha (Seu Perfil Histórico)|ultimo=Lima|primeiro=José Francisco de|editora=Serviço de Documentação da Marinha|ano=1982|local=Rio de Janeiro|páginas=45|acessodata=04/2019}}</ref> Aos 13 anos, Joaquim regressa à terra natal, no mesmo barco em que viera para a Corte. Em 1821, num dos veleiros do pai e agora sozinho, retorna à Corte, para dar prosseguimento a seus estudos, quando teve a chance do contato ainda mais próximo com as lides marinheiras, auxiliando o capitão da embarcação, durante toda a viagem. Ainda adolescente, mesmo tendo de vencer a enorme resistência de seu pai, passa a trabalhar no sentido de convencê-lo a que pudesse atender ao esforço de guerra que partira do Imperador. Em 1822, após muita insistência, a 22 de novembro, Francisco requer para seu filho a honra de servir, na Esquadra que se preparava para lutar nas Guerras de Independência, contra as forças portuguesas estacionadas na [[Bahia]]. Deferido seu requerimento em 4 de março de 1823, o jovem Joaquim iniciou sua carreira na incipiente Marinha como Voluntário da Armada Imperial<ref>GUEDES, Max Justo. Sesquicentenário da entrada de Tamandaré para o serviço naval. Navigator – subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, n. 7, p. 39, 1973.</ref>, ainda em formação, a bordo da Fragata ''Niterói'' sob o comando de [[João Taylor|John Taylor]]<ref name="achy" /> , em cujo mastro tremulava o pavilhão do [[Thomas Cochrane, 10º Conde de Dundonald|Almirante Cochrane]].<ref name=":3" />
 
Linha 81:
Sua carreira, usada como exemplo até os dias atuais, é um excelente material de estudo para melhor compreender o Brasil do século XIX.<ref>{{citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|titulo=Simpósio Comemorativo do Bicentenário do Almirante Tamandaré|url=|jornal=NAVIGATOR Subsídios para a História Marítima do Brasil - V.3 - N.6 - Dezembro de 2007|acessodata=}}</ref>
 
Ao longo de toda sua vida militar, inúmeros fatos beiram o mítico, no entanto muitos autores ressaltam, para além de seus feitos heroicos, que apesar de sua proximidade com o Imperador D. Pedro II nunca galgou cargos políticos, o que era comum a época, atuando de forma exclusiva no campo militar, fato curioso pois lutou pelo Estado Imperial em todas as intervenções militares internas e externas.<ref name=":1">{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/772545444|título=Tamandaré|ultimo=Brazil. Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha.|data=2009|editora=Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha|edicao=1a. ed|local=Rio de Janeiro|isbn=9788570470850|oclc=772545444}}</ref> Seu despertar para a vida no mar se deu após uma viagem sozinho ao Rio de Janeiro a bordo de um navio da Companhia de seu pai, onde desempenhou o papel de piloto auxiliando o capitão, nos ofícios do mar. Na época, a política fervilhava num caldeirão dando chance ao jovem rapaz de se alistar como voluntário e iniciar sua jornada na Armada Nacional, que o levou até o mais alto posto da hierarquia naval. Mudanças políticas se iniciaram no Reino do Brasil com o retorno do Rei D. João VI para Portugal, deixando seu filho, o Príncipe Regente [[Pedro I do Brasil|D. Pedro]], em solo brasileiro para governar em nome da coroa. Porém, incomodado com as decisões tomadas pelas Cortes de Lisboa, D. Pedro resolve desobedecê-las. Contribuindo assim, para a separação política com a proclamação da Independência do Brasil e fazendo-se coroar como seu Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo com o título de D. Pedro I. Como voluntário a bordo da ''[[Niterói (fragata)|Niterói]]'', tomou parte em vários combates navais no litoral da então província da [[Bahia]]. Lá, teve seu batismo de fogo em 4 de maio de 1823, quando a Esquadra brasileira chocou-se com velas inimigas, de mais de 70 navios, que se dirigiam ao Maranhão. Dias mais tarde, perseguiu os portugueses em fuga, apresando 17 navios inimigos e levando a bandeira imperial até quase a embocadura do [[Rio Tejo|Tejo]], a bordo da fragata ''Niterói.''<ref name=":4" /> Apenas 13 embarcações conseguiram alcançar [[Lisboa]].[[Ficheiro:Nau Pedro I.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|441x441px|Nau Pedro I (ao centro). Capitânia da armada |alt=]]Ao retornar da importante missão de que fora incumbida a Fragata ''Niterói'', Marques Lisboa foi matriculado em março de 1824 na Academia Imperial de Marinha, no Rio de Janeiro. Entretanto, os acontecimentos internos iriam exigir a presença da Esquadra em diferentes pontos do país com a finalidade de impor a autoridade do Governo Central, contra as manifestações revolucionárias. Mal refeitos dos desgastes das [[Guerra da Independência do Brasil|Guerras de Independência]], alguns navios seguiram para [[Pernambuco]], para debelar a revolução chefiada por [[Manuel de Carvalho Pais de Andrade|Manoel de Carvalho Pais de Andrade]], que tinha como objetivo, reunir as várias Províncias do Nordeste à proclamar a República e constituir a [[Confederação do Equador]]. Assim que soube que em breve uma Divisão Naval seguiria para o Norte, a fim de reprimir os focos revolucionários manifestados em várias Províncias daquela região do País, Marques Lisboa solicitou ao Almirante Cochrane, seu embarque em um dos navios que comporiam a referida Divisão. Apesar da recusa de [[Francisco Vilela Barbosa]], então Ministro da Marinha, Cochrane não se deixou abater e levou tal solicitação diretamente ao Imperador, a quem fez questão de apresentar o jovem Joaquim. Com argumentos bastante consistentes, o Imperador não teve outra alternativa, senão ceder e a 30/07/1824, uma Resolução Imperial chegou a Academia, nomeando o voluntário Joaquim Marques Lisboa para embarcar a bordo do [[Navio-almirante|Capitânia]] da Esquadra, a [[Pedro I (nau)|Nau ''Pedro I'']]. Assim, o jovem voluntário, deixou a Academia para onde nunca mais retornaria. Tendo os revoltosos sido silenciados, a frota continuou na região apagando outros possíveis focos de revolução. Joaquim desempenhou com esmero todas as missões que lhe foram incumbidas<ref name=":1" />, retornando, após mais de um ano depois, ao [[Rio de Janeiro|Rio de Janeiro.]]
 
Ao retornar da importante missão de que fora incumbida a Fragata ''Niterói'', Marques Lisboa foi matriculado em março de 1824 na Academia Imperial de Marinha, no Rio de Janeiro. Entretanto, os acontecimentos internos iriam exigir a presença da Esquadra em diferentes pontos do país com a finalidade de impor a autoridade do Governo Central, contra as manifestações revolucionárias. Mal refeitos dos desgastes das [[Guerra da Independência do Brasil|Guerras de Independência]], alguns navios seguiram para [[Pernambuco]], para debelar a revolução chefiada por [[Manuel de Carvalho Pais de Andrade|Manoel de Carvalho Pais de Andrade]], que tinha como objetivo, reunir as várias Províncias do Nordeste à proclamar a República e constituir a [[Confederação do Equador]]. Assim que soube que em breve uma Divisão Naval seguiria para o Norte, a fim de reprimir os focos revolucionários manifestados em várias Províncias daquela região do País, Marques Lisboa solicitou ao Almirante Cochrane, seu embarque em um dos navios que comporiam a referida Divisão. Apesar da recusa de [[Francisco Vilela Barbosa]], então Ministro da Marinha, Cochrane não se deixou abater e levou tal solicitação diretamente ao Imperador, a quem fez questão de apresentar o jovem Joaquim. Com argumentos bastante consistentes, o Imperador não teve outra alternativa, senão ceder e a 30/07/1824, uma Resolução Imperial chegou a Academia, nomeando o voluntário Joaquim Marques Lisboa para embarcar a bordo do [[Navio-almirante|Capitânia]] da Esquadra, a [[Pedro I (nau)|Nau ''Pedro I'']]. Assim, o jovem voluntário, deixou a Academia para onde nunca mais retornaria. Tendo os revoltosos sido silenciados, a frota continuou na região apagando outros possíveis focos de revolução. Joaquim desempenhou com esmero todas as missões que lhe foram incumbidas<ref name=":1" />, retornando, após mais de um ano depois, ao [[Rio de Janeiro|Rio de Janeiro.]]
 
A partir de 1825, já na [[Guerra da Cisplatina|Campanha Cisplatina]] (1825 a 1828), o jovem Joaquim participava de seu primeiro conflito na região platina. Estava embarcado na Canhoneira ''Leal Paulistana'' sob o comando do Primeiro-Tenente Antonio Carlos Ferreira. A guerra teve inicio para Tamandaré em 8 de fevereiro de 1826, no que ficou conhecido como o Combate de Corrales. Mais tarde, no mesmo ano retornou para a Fragata ''Niterói'', sob o comando de [[James Norton]], atuando no bloqueio dos portos de [[Buenos Aires]] e destacou-se de tal forma ao longo dos combates que se seguiram que, a 31 de julho de 1826, foi designado para comandar a Escuna ''Constança'', figurando em sua carreira naval, como seu primeiro comando. Vale a pena ressaltar que possuía apenas 18 anos na data da designação. Depois de uma mal fadada investida por terra a Vila de Carmem de Pantagones, na tentativa de controlar a entrada do Rio Negro, voltou à luta no [[Rio da Prata|Estuário do Prata]], embarcado na Fragata Príncipe Imperial, Capitânia da Divisão Naval encarregada do serviço de comboio de 18 navios mercantes. Participaria também do salvamento de 280 companheiros da corveta ''Duquesa de Goiás'', que encalhara e se partira ao meio. A expedição à [[Patagónia|Patagônia]] não teve êxito, com a perda de navios e vidas e da prisão de muitos brasileiros, inclusive dele próprio. Caiu prisioneiro junto a 93 homens. Contudo o inimigo argentino não contava com o comando e astúcia do jovem oficial que combinado com seu imediato da ''Constança,'' planejou e executou a tomada do comando do navio-prisão, o Brigue ''Anna''. A escolta que os acompanhava não percebeu que a tripulação havia tombado para os brasileiros até que em manobra ousada fizeram vela e navegaram, em fuga, para Montevidéu, onde chegou em agosto de 1827, embarcando na corveta ''Maceió'' e partindo para nova expedição à Patagônia. Fora promovido a Primeiro-Tenente, no dia 12 de outubro de 1827 e com vinte anos de idade, assumiu o comando da [[Escuna]] ''Bela Maria'', com ela travando intenso combate de artilharia, que culminaria com o aprisionamento do navio argentino ''Ocho de Febrero'' e vencendo, demonstrou o seu espírito humanitário com o inimigo, o que lhe valeu o reconhecimento dos vencidos (1828). Após o final da guerra ainda passou mais 2 anos em águas do Rio da Prata, sendo em 1831, mandado de volta para o Rio de Janeiro.<ref name=":0" />
[[Ficheiro:Salvamento da Ocean Monarch.jpg|miniaturadaimagem|Salvamento da Ocean Monarch|394x394px]]
 
 
Desde a abdicação do Imperador D. Pedro I, em 1831, em nome de seu filho, dedicou-se constantemente a combater os focos revoltosos por todo o país, indo de norte a sul. Ainda em 1831, combate no nordeste, em Pernambuco, Pará, Recife e Ceará e em abril de 1833, doente, desembarcou da ''Rio da Prata'', baixando à enfermaria do Arsenal de Marinha, em [[Salvador]], de onde retornaria ao Rio de Janeiro. Foi nomeado para comandar o [[Brigue]] ''Cacique'' em fevereiro de 1834, do qual solicitou exoneração em julho de 1834. Após servir na Corveta ''Príncipe Imperial'', em abril de 1835, foi novamente nomeado Comandante do Brigue ''Cacique'', assumindo seu comando em [[Belém (Pará)|Belém]], para onde se deslocou na Fragata ''Campista'', a fim de combater na [[Cabanagem]], participando do bloqueio a capital paraense, que se encontrava dominada pelos revolucionários. Em 22 de outubro de 1836, foi promovido a Capitão Tenente. Deixou o comando do Brigue ''Cacique'' em julho de 1837, por se encontrar doente, partiu para o Rio de Janeiro a fim de tratar-se, não sem antes, quando de sua passagem pela Bahia, combater outro foco rebelde, a [[Sabinada]]. Em maio de 1838, foi nomeado para servir na flotilha que combatia, no Rio Grande do Sul, os [[Farrapo|Farrapos]]. A fim de evitar que os rebeldes da [[Guerra dos Farrapos|Farroupilha]] recebessem recursos do exterior, foi, em março de 1839, nomeado para comandar o brigue-barca ''29 de Agosto'', que fazia parte das forças navais em Montevidéu. Retornando ao Rio de Janeiro em agosto de 1839, assumiu o comando do Brigue 3 de maio, e partiu para combater, no [[Maranhão]], outro foco de insurreição, a [[Balaiada|Balaida]]. A 02 de dezembro de 1839, era promovido a [[Capitão de fragata|Capitão de Fragata]] e, em outubro de 1842, nomeado para embarcar na Fragata ''Constituição'', Capitânia da Divisão que foi à Nápoles, com a finalidade de conduzir ao Brasil a Imperatriz D. [[Teresa Cristina de Saxe-Coburgo-Gota e Bragança|Tereza Cristina]]. Em 1847, foi promovido a [[capitão de mar e guerra|Capitão de Mar e Guerra]] Graduado. Em novembro de 1847, foi nomeado para comandar o Vapor ''D. Afonso'', em construção na [[Grã-Bretanha]], primeiro navio misto - a vela e a vapor - de grande porte da [[Armada Imperial Brasileira|Armada brasileira]]. Mesmo tendo a bordo o príncipe de [[Joinville (Haute-Marne)|Joinville]], [[Francisco Fernando de Orléans]], os Duques de Aumale e o Chefe da Esquadra Almirante [[John Pascoe Grenfell]], em agosto de 1848, lançou-se ao resgate da Galera ''Ocean Monarch'', que carregava imigrantes de [[Liverpool]] para [[Boston]] e que se incendiara próximo ao porto, resgatando 156 pessoas.<ref name="achy" /> Como forma de agradecimento, o Governo Britânico ofereceu à Marques Lisboa um cronômetro de ouro cravejado de brilhantes, com uma inscrição. No ano seguinte, recebeu autorização para aceitar o presente. Promovido a Capitão de Mar e Guerra, em 14 de março de 1849. Em 6 de março de 1850, ao regressar de Pernambuco, onde havia acabado de combater a [[Revolução Praieira|Revolta Praieira]], a bordo do ''D. Afonso'', socorreu a [[Vasco da Gama (nau 1792)|Nau ''Vasco da Gama'']] que, após uma forte tempestade na região do Rio de Janeiro, perdeu seu mastro, o que a deixou ao sabor da tempestade. Devido as complicações do momento Joaquim Marques Lisboa não consegue abordar a Nau de imediato, mas iria permanecer durante toda a noite nas proximidades, esperando uma oportunidade para socorrer a embarcação, o que conseguiu ao raiar do dia seguinte.<ref name="achy" /> Em reconhecimento por seu esforço, a Colônia portuguesa no Rio de Janeiro, presenteou-o com uma espada de ouro, adquirida por subscrição.[[Imagem:Visconde de Tamandaré.jpg|thumb|left|Visconde de Tamandaré ([[S. A. Sisson]]).]]
Linha 183 ⟶ 180:
== Testamento do Almirante Tamandaré ==
 
A historiografia oficial omite todo o primeiro parágrafo deste documento alterando-lhe com isso o sentido do texto.{{carece de fontes|data=abril de 2017}} Em 23 de setembro de 1893, Tamandaré assim dispôs:
 
{{cquote|''Não havendo a Nação Brasileira prestado honras fúnebres de espécie alguma por ocasião do falecimento do Imperador, o senhor [[Pedro II do Brasil|D. Pedro II]], o mais distinto filho desta terra, tanto por sua moralidade, alta posição, virtudes, ilustração, como pela dedicação no constante empenho ao serviço da Pátria durante quase 50 anos que presidiu a direção do Estado, creio que a nenhum homem de seu tempo se poderá prestar honras de tal natureza, sem que se repute ser isso um sarcasmo cuspido sobre os restos mortais de tal indivíduo pelo pouco valor dele em relação ao elevadíssimo merecimento do grande Imperador.''}}
Linha 207 ⟶ 204:
Cumprindo o desejo expresso pelo Almirante Joaquim Marques Lisboa em seu testamento jazem, desde o dia 17 de dezembro de 1994, em solo da cidade de Rio Grande (RS) seus restos mortais e de sua esposa. Na tarde do dia 10 de dezembro, teve início a cerimônia do traslado, que revestiu-se do cerimonial devido ao Patrono da Marinha do Brasil. Retiradas as urnas do Monumento Almirante Tamandaré, na Praia de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro, foram cobertas com a bandeira do Império, atendendo a um pedido que fizera à sua filha Maria Eufrásia. “Quero ir coberto com a bandeira que defendi em toda a minha vida”. As urnas foram conduzidas pela Fragata ''Niterói'', por levar esse nome o primeiro navio da Marinha em que ele embarcou, escoltada pela Corveta Inhaúma e pelo Contratorpedeiro Espírito Santo com escalas nos portos de Santos, Paranaguá, Itajaí e São José do Norte, onde foram alvo de homenagens das autoridades locais. A Fragata Niterói aportou em Rio Grande, Estado da Federação onde nasceu e formou seu caráter de brasileiro e homem de bem, às 17 horas do dia 16 de dezembro. As urnas permaneceram em vigília pública até as 10 horas do dia seguinte, quando foram conduzidas em cortejo até o panteão construído no 5<sup>o</sup> Distrito Naval. Resgata-se uma dívida, cultua-se um Chefe, dignifica-se seu repouso eterno e dá-se testemunho à Nação brasileira do valor de um Homem.<ref>{{citar livro|título=Aqui jaz o velho marinheiro|ultimo=Guimarães|primeiro=Jacir Roberto|editora=Revista Marítima Brasileira|ano=1995|local=Rio de Janeiro|páginas=21-31|acessodata=}}</ref>
== Memória do Mundo da UNESCO ==
[[Ficheiro:Tamandaré 1.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Arquivo Tamandaré livro nº 1]]
O Arquivo da Marinha possui em seu acervo uma Coleção catalogada de aproximadamente 1500 documentos de sua correspondência, denominada "Arquivo Tamandaré", que consiste num fundo de 1492 documentos divididos em 17 livros, sendo uma rica fonte de material histórico sobre o Patrono da Marinha do Brasil. O início da coleta se deu em 1949, quando a Marinha anunciou a compra de documentos e objetos pelo então Ministério da Marinha, junto a Leon Victor Louis Robichez, viúvo de Luiza Marques Lisboa Robichez, neta do Marquês de Tamandaré; entre eles 153 ofícios do Ministro da Marinha da Guerra do Paraguai, o Encalhe do Jequitinhonha, Diplomas de promoções e nomeações de Joaquim Marques Lisboa entre outros inúmeros documentos de valor incalculável para a Marinha e para a História do Brasil.<ref>{{citar periódico|ultimo=GAMA|primeiro=Edina Laura Nogueira da|data=julho/2011|titulo=Arquivo do Almirante Tamandaré: um caminhar pela história naval brasileira|url=|jornal=Anais do XXVI Simpósio Nacional de História|acessodata=agosto de 2019}}</ref> Esses documentos, muito importantes para a historiografia brasileira, foram apresentados em 2010, pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, à Mesa Diretora do Comitê da Memória do Mundo da UNESCO e, por ela, nominados como "Memória do Mundo-Brasil", passando então a fazer parte de um Registro do Patrimônio Documental, semelhante ao existente para lugares considerados como de valor universal, incluídos na lista do Patrimônio Mundial da Humanidade, da UNESCO.<ref>{{Citar web|titulo=Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco|url=http://mow.arquivonacional.gov.br/index.php/acervos-brasileiros/registro-nacional/122-registro-nacional-do-brasil-do-programa-mem%C3%B3ria-do-munod-da-unesco.html|obra=mow.arquivonacional.gov.br|acessodata=2019-05-23}}</ref>{{Referências|col=2}}]
 
{{Referências|col=2}}
 
{{Tópicos sobre o Império do Brasil}}