Joaquim Marques Lisboa: diferenças entre revisões

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Sua carreira, usada como exemplo até os dias atuais, é um excelente material de estudo para melhor compreender o Brasil do século XIX.<ref>{{citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|titulo=Simpósio Comemorativo do Bicentenário do Almirante Tamandaré|url=|jornal=NAVIGATOR Subsídios para a História Marítima do Brasil - V.3 - N.6 - Dezembro de 2007|acessodata=}}</ref>
 
Ao longo de toda sua vida militar, inúmeros fatos beiram o mítico, no entanto muitos autores ressaltam, para além de seus feitos heroicos, que apesar de sua proximidade com o Imperador D. Pedro II nunca galgou cargos políticos, o que era comum a época, atuando de forma exclusiva no campo militar, fato curioso pois lutou pelo Estado Imperial em todas as intervenções militares internas e externas.<ref name=":1">{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/772545444|título=Tamandaré|ultimo=Brazil. Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha.|data=2009|editora=Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha|edicao=1a. ed|local=Rio de Janeiro|isbn=9788570470850|oclc=772545444}}</ref> Seu despertar para a vida no mar se deu após uma viagem sozinho ao Rio de Janeiro a bordo de um navio da Companhia de seu pai, onde desempenhou o papel de piloto auxiliando o capitão, nos ofícios do mar. Na época, a política fervilhava num caldeirão dando chance ao jovem rapaz de se alistar como voluntário e iniciar sua jornada na Armada Nacional, que o levou até o mais alto posto da hierarquia naval. Mudanças políticas se iniciaram no Reino do Brasil com o retorno do Rei D. João VI para Portugal, deixando seu filho, o Príncipe Regente [[Pedro I do Brasil|D. Pedro]], em solo brasileiro para governar em nome da coroa. Porém, incomodado com as decisões tomadas pelas Cortes de Lisboa, D. Pedro resolve desobedecê-las. Contribuindo assim, para a separação política com a proclamação da Independência do Brasil e fazendo-se coroar como seu Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo com o título de D. Pedro I. Como voluntário a bordo da ''[[Niterói (fragata)|Niterói]]'', tomou parte em vários combates navais no litoral da então província da [[Bahia]]. Lá, teve seu batismo de fogo em 4 de maio de 1823, quando a Esquadra brasileira chocou-se com velas inimigas, de mais de 70 navios, que se dirigiam ao Maranhão. Dias mais tarde, perseguiu os portugueses em fuga, apresando 17 navios inimigos e levando a bandeira imperial até quase a embocadura do [[Rio Tejo|Tejo]], a bordo da fragata ''Niterói.''<ref name=":4" /> Apenas 13 embarcações conseguiram alcançar [[Lisboa]].[[Ficheiro:Nau Pedro I.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|441x441px|Nau Pedro I (ao centro). Capitânia da armada |alt=]]Ao retornar da importante missão de que fora incumbida a Fragata ''Niterói'', Marques Lisboa foi matriculado em março de 1824 na Academia Imperial de Marinha, no Rio de Janeiro. Entretanto, os acontecimentos internos iriam exigir a presença da Esquadra em diferentes pontos do país com a finalidade de impor a autoridade do Governo Central, contra as manifestações revolucionárias. Mal refeitos dos desgastes das [[Guerra da Independência do Brasil|Guerras de Independência]], alguns navios seguiram para [[Pernambuco]], para debelar a revolução chefiada por [[Manuel de Carvalho Pais de Andrade|Manoel de Carvalho PaisPaes de Andrade]], que tinha como objetivo, reunir as várias Províncias do Nordeste à proclamar a República e constituir a [[Confederação do Equador]]. Assim que soube que em breve uma Divisão Naval seguiria para o Norte, a fim de reprimir os focos revolucionários manifestados em várias Províncias daquela região do País, Marques Lisboa solicitou ao Almirante Cochrane, seu embarque em um dos navios que comporiam a referida Divisão. Apesar da recusa de [[Francisco Vilela Barbosa]], então Ministro da Marinha, Cochrane não se deixou abater e levou tal solicitação diretamente ao Imperador, a quem fez questão de apresentar o jovem Joaquim. Com argumentos bastante consistentes, o Imperador não teve outra alternativa, senão ceder e a 30/07/1824, uma Resolução Imperial chegou a Academia, nomeando o voluntário Joaquim Marques Lisboa para embarcar a bordo do [[Navio-almirante|Capitânia]] da Esquadra, a [[Pedro I (nau)|Nau ''Pedro I'']]. Assim, o jovem voluntário, deixou a Academia para onde nunca mais retornaria. Tendo os revoltosos sido silenciados, a frota continuou na região apagando outros possíveis focos de revolução. Joaquim desempenhou com esmero todas as missões que lhe foram incumbidas<ref name=":1" />, retornando, após mais de um ano depois, ao [[Rio de Janeiro|Rio de Janeiro.]]
 
A partir de 1825, já na [[Guerra da Cisplatina|Campanha Cisplatina]] (1825 a 1828), o jovem Joaquim participava de seu primeiro conflito na região platina. Estava embarcado na Canhoneira ''Leal Paulistana'' sob o comando do Primeiro-Tenente Antonio Carlos Ferreira. A guerra teve inicio para Tamandaré em 8 de fevereiro de 1826, no que ficou conhecido como o Combate de Corrales. Mais tarde, no mesmo ano retornou para a Fragata ''Niterói'', sob o comando de [[James Norton]], atuando no bloqueio dos portos de [[Buenos Aires]] e destacou-se de tal forma ao longo dos combates que se seguiram que, a 31 de julho de 1826, foi designado para comandar a Escuna ''Constança'', figurando em sua carreira naval, como seu primeiro comando. Vale a pena ressaltar que possuía apenas 18 anos na data da designação. Depois de uma mal fadada investida por terra a Vila de Carmem de Pantagones, na tentativa de controlar a entrada do Rio Negro, voltou à luta no [[Rio da Prata|Estuário do Prata]], embarcado na Fragata Príncipe Imperial, Capitânia da Divisão Naval encarregada do serviço de comboio de 18 navios mercantes. Participaria também do salvamento de 280 companheiros da corveta ''Duquesa de Goiás'', que encalhara e se partira ao meio. A expedição à [[Patagónia|Patagônia]] não teve êxito, com a perda de navios e vidas e da prisão de muitos brasileiros, inclusive dele próprio. Caiu prisioneiro junto a 93 homens. Contudo o inimigo argentino não contava com o comando e astúcia do jovem oficial que combinado com seu imediato da ''Constança,'' planejou e executou a tomada do comando do navio-prisão, o Brigue ''Anna''. A escolta que os acompanhava não percebeu que a tripulação havia tombado para os brasileiros até que em manobra ousada fizeram vela e navegaram, em fuga, para Montevidéu, onde chegou em agosto de 1827, embarcando na corveta ''Maceió'' e partindo para nova expedição à Patagônia. Fora promovido a Primeiro-Tenente, no dia 12 de outubro de 1827 e com vinte anos de idade, assumiu o comando da [[Escuna]] ''Bela Maria'', com ela travando intenso combate de artilharia, que culminaria com o aprisionamento do navio argentino ''Ocho de Febrero'' e vencendo, demonstrou o seu espírito humanitário com o inimigo, o que lhe valeu o reconhecimento dos vencidos (1828). Após o final da guerra ainda passou mais 2 anos em águas do Rio da Prata, sendo em 1831, mandado de volta para o Rio de Janeiro.<ref name=":0" />