Embargo dos Estados Unidos a Cuba: diferenças entre revisões

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Além das críticas aos direitos humanos em Cuba, os Estados Unidos detêm US$ 6 bilhões em ações financeiras contra o governo cubano.<ref>{{citar web|url=http://jasonpoblete.com/2008/08/04/us-claims-against-cuba-buyer-beware/|titulo=U.S. Claims Against Cuba Buyer Beware|data=|acessodata=08.11.2019|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> A posição pró-embargo é que o embargo dos Estados Unidos é, em parte, uma resposta adequada a essas reivindicações não endereçadas.<ref name=":4">{{citar web|url=http://ctp.iccas.miami.edu/FOCUS_Web/Issue165.htm|titulo=Cuba's Economic Sanctions and Property Rights|data=21.05.2012|acessodata=08.11.2019|publicado=|ultimo=|primeiro=|obra=Focus}}</ref> O Grupo de Trabalho da América Latina argumenta que exilados cubano-americanos pró-embargo, cujos votos são cruciais no estado da [[Flórida]], levaram muitos políticos a adotarem opiniões semelhantes às suas.<ref>{{citar web|url=http://www.usaengage.org/storage/usaengage/Publications/2004_04_lawg_ignoredmajority.pdf|titulo=Ignored Majority – The Moderate Cuban-American Community|data=|acessodata=08.11.2019|publicado=|ultimo=|primeiro=|arquivodata=27.03.2009|obra=|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090327011953/http://www.usaengage.org/storage/usaengage/Publications/2004_04_lawg_ignoredmajority.pdf}}</ref> Alguns líderes empresariais, como [[James E. Perrella]], [[Dwayne O. Andreas]] e [[Peter Blyth]], se opuseram às visões cubano-americanas, argumentando que o livre comércio seria vantajoso tanto para Cuba, como para os Estados Unidos.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Falk|primeiro=Pamela S.|data=2016-04-29|titulo=Eyes on Cuba: U.S. Business and the Embargo|url=https://www.foreignaffairs.com/articles/cuba/1996-03-01/eyes-cuba-us-business-and-embargo|lingua=en-US|issn=0015-7120}}</ref>
 
Atualmente, o embargo, que limita as empresas americanas a realizar negócios com interesses cubanos, permanece em vigor e é o embargo comercial mais duradouro da história moderna. Apesar da existência do embargo, os Estados Unidos são o quinto maior exportador de Cuba (6,6% das importações de Cuba são provenientes dos Estados Unidos).<ref>{{Citar web|titulo=Cuba|url=https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/cu.html|obra=CIA World Factbook|acessodata=2019-11-08|data=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Cuba deve, no entanto, pagar em dinheiro por todas as importações, pois o [[crédito]] não é permitido.<ref>{{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=2009-09-02|titulo=End embargo on Cuba, US is urged|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/8232907.stm|jornal=BBC News|lingua=en-GB|acessodata=08.11.2019}}</ref>
 
Desde 1992, a Assembléia Geral da ONU aprova uma resolução não-vinculativa que condena o impacto contínuo do embargo e o declara violando a Carta das Nações Unidas e o direito internacional. Em 2014, de 193 nações, 188 países votaram a favor da resolução, os Estados Unidos e [[Israel]] votaram contra e três países insulares do Pacífico ([[Palau]], [[Ilhas Marshall]] e [[Estados Federados da Micronésia|Micronésia]]) se abstiveram.<ref name=":1" /><ref>{{Citar periódico|data=2014-10-28|titulo=For 23rd time, U.N. nations urge end to U.S. embargo on Cuba|url=https://www.reuters.com/article/us-cuba-un-idUSKBN0IH1RN20141028|jornal=Reuters|lingua=en}}</ref> O [[Brasil]] têm votado desde 1992 até 2018 a favor da resolução. Em 2019, o governo brasileiro mudou a posição diplomática e votou contra.<ref name=":0" /> Grupos de direitos humanos, incluindo a [[Amnesty International|Anistia Internacional]],<ref name=":1" /> a [[Human Rights Watch]]<ref>{{Citar web|titulo=Cuba: A Step Forward on US Travel Regulations|url=https://www.hrw.org/news/2011/01/19/cuba-step-forward-us-travel-regulations|obra=Human Rights Watch|data=2011-01-19|acessodata=2019-11-08|lingua=en|primeiro=|ultimo=|primeiro2=|ultimo2=|primeiro3=|ultimo3=|publicado=}}</ref> e a [[Comissão Interamericana de Direitos Humanos]], também criticaram o embargo.<ref>{{citar web|url=https://www.oas.org/en/iachr/docs/annual/2011/Chap4Cuba.doc|titulo=IACHR Annual Report 2011|data=05.01.2014|acessodata=08.11.2019|publicado=|ultimo=|primeiro=|obra=Comissão Interamericana de Direitos Humanos|lingua=en}}</ref> Os críticos alegam que as leis do embargo são muito severas, citando o fato de que as violações podem resultar em até 10 anos de prisão e multas pesadas que variam de US$ 1 milhão para empresas a US$ 250 mil para cidadãos.<ref name=":2">{{Citar web|titulo=Como funciona o embargo a Cuba?|url=https://super.abril.com.br/historia/como-funciona-o-embargo-a-cuba/|obra=Superinteressante|acessodata=2019-11-08|lingua=pt-BR|data=31.03.2008|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
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== Voto brasileiro de 2019 ==
A Assembleia Geral da ONU aprovou em 7 de novembro de 2019, pelo 28º ano consecutivo, uma nova resolução exigindo o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba, entretanto o Brasil votou contra.<ref name=":9">{{Citar web|titulo=ONU - Brasil vota contra fim do embargo a Cuba - Plataforma|url=https://www.plataformamedia.com/pt-pt/noticias/politica/brasil-vota-contra-fim-do-embargo-a-cuba-11491986.html|obra=www.plataformamedia.com|acessodata=2019-11-11|lingua=pt}}</ref><ref name=":10">{{Citar web|titulo=Cebrapaz se associa à vitória de Cuba na ONU e condena voto infame do governo Bolsonaro|url=https://www.resistencia.cc/cebrapaz-se-associa-a-vitoria-de-cuba-na-onu-e-condena-voto-infame-do-governo-bolsonaro/|obra=Resistência|acessodata=2019-11-11}}</ref> Este voto já era foi esperado, desde da indicação do diplomata [[Ernesto Araújo]] para comandar o [[Ministério das Relações Exteriores (Brasil)|Ministério de Relações Exteriores]], que só aprofundou o entendimento de que o país se afastaria da sua tradição que sempre favoreceu leis e acordos internacionais – boa parte deles debatidos em arenas como a ONU e a [[Organização Mundial do Comércio]] (OMC) – e o princípio da não-ingerência.<ref name=":7">{{Citar web|titulo=Brasil com mais acordos bilaterais pode impactar o seu futuro no BRICS e no Mercosul?|url=https://br.sputniknews.com/sputnik_explica/2019041813703596-brasil-acordos-bilaterais-brics-mercosul/|obra=br.sputniknews.com|acessodata=2019-11-11|lingua=pt}}</ref> O embaixador brasileiro na ONU, [[Mauro Vieira]], tentou reverter a decisão do Itamaraty para que o Brasil pelo menos optasse por uma abstenção, mas sem sucesso.<ref name=":8">{{Citar periódico|data=2019-11-07|titulo=Cuba é ditadura e tem de ser tratada como tal, diz Bolsonaro sobre voto do Brasil na ONU|url=https://br.reuters.com/article/domesticNews/idBRKBN1XH2U3-OBRDN|jornal=Reuters|lingua=pt}}</ref> Segundo o presidente brasileiro, "Pela primeira vez o Brasil acompanhou os Estados Unidos na questão do embargo para Cuba...",<ref name=":11">{{Citar web|titulo=Cuba é ditadura e tem de ser tratada como tal, diz Bolsonaro sobre voto do Brasil na ONU|url=https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2019/11/07/voto-contra-cuba-na-onu-e-a-favor-da-verdade-diz-ernesto-araujo.htm|obra=noticias.uol.com.br|acessodata=2019-11-11|lingua=pt-br}}</ref> poque na sua opinião, Cuba é "uma ditadura e tem que ser tratada como tal. O Brasil vai mudando a sua posição, mais à centro-direita".<ref name=":7" /> O voto brasileiro foi um sinal do alinhamento do governo brasileiro com o presidente [[Donald Trump]], de quem Bolsonaro já se declarou fã. A decisão, no entanto, rompeu não apenas com a tradição diplomática brasileira na ONU, mas com a defesa do [[Livre-comércio|livre comércio]] que caracterizou a ação internacional brasileira.<ref name=":8" />
 
Na visão do cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Leonardo Avritzer, o governo Bolsonaro demonstra até o momento não ter qualquer estratégia na política externa, baseando-se somente em alinhamentos ideológicos – inclusive na área comercial. De acordo com ele, tal visão deve ser considerada "burra" e prejudicial ao Brasil. O cientista político disse acreditar que a política externa do Brasil que se foque, por exemplo, em estreitar laços comerciais com [[Tel Aviv]] foge dos reais interesses do empresariado brasileiro, uma vez que, segundo ele, visa apenas se alinhar à hegemonia dos EUA e, de quebra, irritar os árabes, grandes compradores das commodities<ref name=":12">{{Citar web|titulo=Reação árabe pode ter impacto nas exportações|url=https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2018/11/06/internas_economia,1003360/reacao-arabe-pode-ter-impacto-nas-exportacoes.shtml|obra=Estado de Minas|data=2018-11-06|acessodata=2019-11-11|lingua=pt-BR|primeiro=Estado de|ultimo=Minas|primeiro2=Estado de|ultimo2=Minas|publicado=}}</ref> do país há décadas.<ref name=":13">{{Citar web|titulo=Brasil com mais acordos bilaterais pode impactar o seu futuro no BRICS e no Mercosul?|url=https://br.sputniknews.com/sputnik_explica/2019041813703596-brasil-acordos-bilaterais-brics-mercosul/|obra=br.sputniknews.com|acessodata=2019-11-11|lingua=pt}}</ref>
 
Quase seis décadas do bloqueio nos EUA causaram danos quantificáveis ​​por mais de 922.6 bilhões de dólares<ref name=":14">{{Citar web|titulo=ONU vota nesta semana resolução pelo fim do bloqueio dos EUA contra Cuba|url=https://www.resistencia.cc/onu-vota-nesta-semana-resolucao-pelo-fim-do-bloqueio-dos-eua-contra-cuba/|obra=Resistência|acessodata=2019-11-11}}</ref> para Cuba e, em consequência do apoio brasileiro para as novas sanções norte-americanas e danos econômicos, comerciais e financeiros imposto pelos EUA contra companhias brasileiras podem ser esperados.<ref name=":15">{{Citar web|titulo=Contabilizados danos econômicos das últimas sanções dos EUA contra Cuba|url=https://www.patrialatina.com.br/contabilizados-danos-economicos-das-ultimas-sancoes-dos-eua-contra-cuba/|obra=Patria Latina|data=2019-10-25|acessodata=2019-11-11|lingua=pt-BR}}</ref> Um relatório do Departamento do Tesouro dos EUA em 1991 disse que as empresas americanas venderam US $ 56 milhões em grãos e outros alimentos a Cuba em 1988 e o dobro em 1989, através de países que mantinham boas relações com ambas as nações. As empresas comerciais brasileiras, por exemplo, encaminham uma variedade de produtos dos EUA para Cuba, incluindo grãos, fertilizantes, cabos de extensão, lâmpadas, pneus de carro e até motores para barcos de pesca. Mais de US $ 150 milhões em mercadorias dos EUA foram enviados para Cuba pelo Brasil desde 1990. Cuba geralmente usa linhas de crédito com bancos espanhóis e suíços para pagar a empresa brasileira.<ref name=":16">{{Citar web|titulo=U.S. Companies Trade with Cuba Through Foreign Subsidiaries|url=https://apnews.com/31de943001753447a216c507bb9c56ff|obra=AP NEWS|acessodata=2019-11-11}}</ref> Esta oportunidade para as empresas brasileiras terminará após a votação de 2019.
 
Houve uma expansão significativa no comércio bilateral, com as exportações brasileiras passando de US $ 70 milhões em 2002 para mais de US $ 500 milhões em 2015, colocando o Brasil como o terceiro maior exportador da ilha, atrás da China e da Venezuela. As exportações brasileiras consistem principalmente de produtos como óleo de soja refinado, farelo de soja, arroz, milho, carne de frango fresca e café cru, entre outros.
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Em 2015, o aperto de mão entre Barack Obama e Raúl Castro durante a [[Cúpula das Américas|Cúpula das Américas no Panamá]] confirmou sua escolha de retomar o diálogo e o compromisso com o crescimento progressivo da confiança mútua entre os dois países. A pressão para pôr fim ao embargo contra Cuba, uma decisão a ser tomada pelo Congresso dos EUA, está aumentando, com o apoio da maioria dos cidadãos dos EUA. As empresas americanas, interessadas em obter acesso ao mercado próximo, também estão incentivando a revisão das barreiras que estão em vigor há mais de 50 anos. O Brasil incentivou o aumento do comércio com a ilha, bem como uma maior presença de investimentos brasileiros no país, até 2018.
 
Uma das medidas mais significativas foi o financiamento do Brasil para a renovação do [[Porto de Mariel]], que foi reaberto em 2014. Apesar da controvérsia envolvendo o financiamento do projeto pelo [[Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]] (BNDES), com um empréstimo de cerca de US $ 682 milhões, as recompensas brasileiras do são indiscutíveis, não apenas do ponto de vista econômico, mas também estrategicamente.<ref name=":17">{{Citar web|titulo=Empresas brasileiras em Cuba: otimismo e cautela com reaproximação com EUA - Mercados - iG|url=https://economia.ig.com.br/mercados/2014-12-20/empresas-brasileiras-em-cuba-otimismo-e-cautela-com-reaproximacao-com-eua.html|obra=Economia|data=2014-12-20|acessodata=2019-11-11|lingua=pt-BR|ultimo=BBC}}</ref> Estima-se que cerca de US $ 800 milhões investidos no projeto foram gastos no Brasil, comprando bens e serviços brasileiros e gerando mais de 100.000 empregos diretos e indiretos. Além disso, o moderno porto cubano está no mesmo nível dos melhores portos do Caribe, como os de Kingston na Jamaica e Freeport nas Bahamas, com capacidade para acomodar embarcações com até 18 metros de profundidade e movimentar 1 milhão de contêineres por ano. A grande diferença, no entanto, é o fato de estar localizado a apenas 150 quilômetros do maior mercado do mundo, seria uma vantagem considerável para qualquer empresa brasileira que faz negócios na ilha, principalmente devido à perspectiva de um embargo facilitado. Os efeitos progressivos da modernização do porto de Mariel e os incentivos dados pelo governo cubano para atrair capital estrangeiro, esse mercado de 11 milhões de pessoas, se o governo brasileiro mantinha sua posição histórica, poderia ter sido considerado um novo ponto focal para empresas brasileiras capazes de identificar oportunidades em meio a uma era de mudanças e desafios nas regiões do Caribe e da América Latina.<ref name=":18">{{Citar web|titulo=Transformations in Cuba and opportunities for Brazil {{!}} UNO Magazine|url=https://www.uno-magazine.com/number-25/transformations-in-cuba-and-opportunities-for-brazil/|obra=Revista UNO|data=2016-09-06|acessodata=2019-11-11|lingua=en-US}}</ref>
 
Tradicionalmente, o Brasil se opunha a como os EUA aplicavam sua política doméstica unilateralmente à política externa, punindo empresas de países terceiros que comercializam ou investem em Cuba. Ao abandonar sua posição tradicional de se opor ao embargo dos EUA, o governo do Brasil se oporia aos seus próprios interesses comerciais em Cuba. Por exemplo, a brasileira [[Souza Cruz]] Ltda, possui uma joint venture em Havana que produz a maior parte dos cigarros em Cuba.<ref name=":19">{{Citar periódico|data=2019-11-06|titulo=Exclusive: Brazil likely to vote with U.S. against Cuba at U.N. over embargo|url=https://www.reuters.com/article/us-un-cuba-brazil-exclusive-idUSKBN1XG2ZZ|jornal=Reuters|lingua=en}}</ref>
 
== Críticas e condenações ==
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# o uso/introdução de legislação na UE para neutralizar os efeitos extraterritoriais da legislação dos Estados Unidos;
# o estabelecimento de uma lista de observação de empresas norte-americanas que arquivam ações do Título III.
</blockquote>Alguns críticos dizem que o embargo mais fortalece o regime do que o machuca, fornecendo-lhe um pretexto para todos os problemas de Cuba. [[Hillary Clinton]] compartilhou publicamente a opinião de que o embargo ajuda a família Castro, observando que "é minha convicção pessoal de que os Castros não querem acabar com o embargo e não querem normalizar com os Estados Unidos". Clinton disse na mesma entrevista que "estamos abertos a mudar com eles".{{Carece de fontes}} Em uma entrevista em 2005, [[George P. Shultz]], que atuou como Secretário de Estado na gestão do presidente Reagan, chamou o embargo de "insano".{{Carece de fontes}} [[Daniel Griswold]], diretor do Centro de Estudos de Política Comercial do [[Cato Institute|Instituto Cato]], criticou o embargo em um artigo de junho de 2009:<ref>{{Citar periódico|ultimo=Griswold|primeiro=Daniel|data=2009-06-15|titulo=The US embargo of Cuba is a failure {{!}} Daniel Griswold|url=https://www.theguardian.com/commentisfree/cifamerica/2009/jun/15/cuba-us-trade-embargo-obama|jornal=The Guardian|lingua=en-GB|issn=0261-3077}}</ref><blockquote>O embargo foi um fracasso em todas as medidas. Não mudou o curso ou a natureza do governo cubano. Não libertou um único cidadão cubano. De fato, o embargo deixou o povo cubano um pouco mais empobrecido, sem torná-lo um pouco mais livre. Ao mesmo tempo, privou os americanos de sua liberdade de viajar e custou aos agricultores e outros produtores americanos bilhões de dólares em exportações em potencial.</blockquote>Alguns líderes empresariais americanos pedem abertamente o fim do embargo. Eles argumentam que, enquanto o embargo continuar, as empresas estrangeiras não americanas em Cuba que violam o embargo não precisam competir com as empresas americanas e, portanto, terão uma vantagem quando e se o embargo for suspenso.<ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20071012195201/http://caller.com/ccct/local_news/article/0,1641,CCCT_811_4582172,00.html|titulo=Bonilla calls for end to Cuba trade embargo|data=|acessodata=09.11.2019|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> [[José Azel]], pesquisador associado sênior do Instituto de Estudos Cubanos e Cubano-Americanos da [[Universidade de Miami]] e autor do livro ''Mañana em Cuba'' teve uma visão diferente:<ref name=":4" /><blockquote>Atualmente, mais de 190 nações se envolvem econômica e politicamente com Cuba, enquanto os Estados Unidos continuam sozinhos na aplicação de sua política de sanções econômicas. Se, de fato, a política dos Estados Unidos é considerada um caso de falha na mudança da natureza do governo cubano, há 190 casos de falha pelos mesmos motivos. Por uma preponderância de evidências (190 a 1), pode-se argumentar que o envolvimento com esse regime foi um fracasso sombrio.</blockquote>Alguns líderes religiosos se opõem ao embargo por várias razões, incluindo restrições humanitárias e econômicas que o embargo impõe aos cubanos. O papa [[Papa João Paulo II|João Paulo II]] pediu o fim do embargo durante sua visita pastoral ao [[México]] em 1979.<ref>{{Citar web|titulo=Pope Urges Catholics To Speak Out Cuban Church Must Take Stands For Freedom, Pontiff Says {{!}} The Spokesman-Review|url=https://www.spokesman.com/stories/1998/jan/25/pope-urges-catholics-to-speak-out-cuban-church/|obra=www.spokesman.com|acessodata=2019-11-09}}</ref> O patriarca [[Bartolomeu I de Constantinopla|Bartolomeu I]] chamou o embargo de "erro histórico" ao visitar a ilha em 25 de janeiro de 2004.<ref>{{Citar web|titulo=Patriarch Bartholomew's Visit to Cuba: A Missed Opportunity for Human Rights|url=http://www.orthodoxytoday.org/articles4/JacobseCubaVisit.php|obra=www.orthodoxytoday.org|acessodata=2019-11-09|data=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Uma carta conjunta em 1998 dos [[Discípulos de Cristo]] e da [[Igreja Unida de Cristo]] ao Senado estadunidense pedia o alívio das restrições econômicas contra Cuba. Ao mesmo tempo em que se opunha ao embargo, o Secretariado Geral do [[Conselho Nacional de Igrejas]] declarou: "Não entendemos a profundidade do sofrimento dos cristãos no comunismo. E falhamos em realmente gritar sob a opressão comunista".<ref>{{citar web|url=http://archive.frontpagemag.com/readArticle.aspx?ARTID=14293|titulo=The Patriarch and Fidel|data=02.05.2004|acessodata=09.11.2019|publicado=|ultimo=|primeiro=|obra=FrontPage Magazine}}</ref> Os bispos dos Estados Unidos pediram o fim do embargo a Cuba, após a visita do papa [[Papa Bento XVI|Bento XVI]] em 2012 à ilha.<ref>{{Citar web|titulo=US bishops call for end to Cuba embargo|url=https://www.vaticannews.va/en.html|obra=Vatican News|acessodata=2019-11-09|lingua=en|data=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
</blockquote>Alguns críticos dizem que o embargo mais fortalece o regime do que o machuca, fornecendo-lhe um pretexto para todos os problemas de Cuba. [[Hillary Clinton]] compartilhou publicamente a opinião de que o embargo ajuda a família Castro, observando que "é minha convicção pessoal de que os Castros não querem acabar com o embargo e não querem normalizar com os Estados Unidos". Clinton disse na mesma entrevista que "estamos abertos a mudar com eles".{{Carece de fontes}}
 
O cineasta e documentarista [[Michael Moore]] desafiou o embargo, trazendo equipes de resgate do [[Ataques de 11 de setembro de 2001|11 de Setembro]] que precisavam de assistência médica a Cuba para obter assistência médica subsidiada.<ref>{{Citar periódico|ultimo=DePalma|primeiro=Anthony|data=2007-05-27|titulo=Michael Moore - Cuba - Health Care - Medicine - Movies - Cannes|url=https://www.nytimes.com/2007/05/27/weekinreview/27depalma.html|jornal=The New York Times|lingua=en-US|issn=0362-4331}}</ref>
Em uma entrevista em 2005, [[George P. Shultz]], que atuou como Secretário de Estado na gestão do presidente Reagan, chamou o embargo de "insano".{{Carece de fontes}} [[Daniel Griswold]], diretor do Centro de Estudos de Política Comercial do [[Cato Institute|Instituto Cato]], criticou o embargo em um artigo de junho de 2009:<ref>{{Citar periódico|ultimo=Griswold|primeiro=Daniel|data=2009-06-15|titulo=The US embargo of Cuba is a failure {{!}} Daniel Griswold|url=https://www.theguardian.com/commentisfree/cifamerica/2009/jun/15/cuba-us-trade-embargo-obama|jornal=The Guardian|lingua=en-GB|issn=0261-3077}}</ref><blockquote>O embargo foi um fracasso em todas as medidas. Não mudou o curso ou a natureza do governo cubano. Não libertou um único cidadão cubano. De fato, o embargo deixou o povo cubano um pouco mais empobrecido, sem torná-lo um pouco mais livre. Ao mesmo tempo, privou os americanos de sua liberdade de viajar e custou aos agricultores e outros produtores americanos bilhões de dólares em exportações em potencial.</blockquote>Alguns líderes empresariais americanos pedem abertamente o fim do embargo. Eles argumentam que, enquanto o embargo continuar, as empresas estrangeiras não americanas em Cuba que violam o embargo não precisam competir com as empresas americanas e, portanto, terão uma vantagem quando e se o embargo for suspenso.<ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20071012195201/http://caller.com/ccct/local_news/article/0,1641,CCCT_811_4582172,00.html|titulo=Bonilla calls for end to Cuba trade embargo|data=|acessodata=09.11.2019|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
[[José Azel]], pesquisador associado sênior do Instituto de Estudos Cubanos e Cubano-Americanos da [[Universidade de Miami]] e autor do livro ''Mañana em Cuba'' teve uma visão diferente:<ref name=":4" /><blockquote>Atualmente, mais de 190 nações se envolvem econômica e politicamente com Cuba, enquanto os Estados Unidos continuam sozinhos na aplicação de sua política de sanções econômicas. Se, de fato, a política dos Estados Unidos é considerada um caso de falha na mudança da natureza do governo cubano, há 190 casos de falha pelos mesmos motivos. Por uma preponderância de evidências (190 a 1), pode-se argumentar que o envolvimento com esse regime foi um fracasso sombrio.</blockquote>Alguns líderes religiosos se opõem ao embargo por várias razões, incluindo restrições humanitárias e econômicas que o embargo impõe aos cubanos. O papa [[Papa João Paulo II|João Paulo II]] pediu o fim do embargo durante sua visita pastoral ao [[México]] em 1979.<ref>{{Citar web|titulo=Pope Urges Catholics To Speak Out Cuban Church Must Take Stands For Freedom, Pontiff Says {{!}} The Spokesman-Review|url=https://www.spokesman.com/stories/1998/jan/25/pope-urges-catholics-to-speak-out-cuban-church/|obra=www.spokesman.com|acessodata=2019-11-09}}</ref> O patriarca [[Bartolomeu I de Constantinopla|Bartolomeu I]] chamou o embargo de "erro histórico" ao visitar a ilha em 25 de janeiro de 2004.<ref>{{Citar web|titulo=Patriarch Bartholomew's Visit to Cuba: A Missed Opportunity for Human Rights|url=http://www.orthodoxytoday.org/articles4/JacobseCubaVisit.php|obra=www.orthodoxytoday.org|acessodata=2019-11-09|data=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Uma carta conjunta em 1998 dos [[Discípulos de Cristo]] e da [[Igreja Unida de Cristo]] ao Senado estadunidense pedia o alívio das restrições econômicas contra Cuba. Ao mesmo tempo em que se opunha ao embargo, o Secretariado Geral do [[Conselho Nacional de Igrejas]] declarou: "Não entendemos a profundidade do sofrimento dos cristãos no comunismo. E falhamos em realmente gritar sob a opressão comunista".<ref>{{citar web|url=http://archive.frontpagemag.com/readArticle.aspx?ARTID=14293|titulo=The Patriarch and Fidel|data=02.05.2004|acessodata=09.11.2019|publicado=|ultimo=|primeiro=|obra=FrontPage Magazine}}</ref> Os bispos dos Estados Unidos pediram o fim do embargo a Cuba, após a visita do papa [[Papa Bento XVI|Bento XVI]] em 2012 à ilha.<ref>{{Citar web|titulo=US bishops call for end to Cuba embargo|url=https://www.vaticannews.va/en.html|obra=Vatican News|acessodata=2019-11-09|lingua=en|data=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
 
Em junho de 2011, o ex-candidato presidencial democrata [[George McGovern]] culpou "exilados cubanos amargos em Miami" por manter vivo o embargo. Antes de visitar Cuba, ele disse:<ref>{{Citar web|titulo=George McGovern heading to Cuba to visit Castro|url=https://www.victoriaadvocate.com/george-mcgovern-heading-to-cuba-to-visit-castro/article_69d722c4-58c6-5a28-91c9-2016237815af.html|obra=The Victoria Advocate|acessodata=2019-11-09|lingua=en|primeiro=|ultimo=|data=|publicado=}}</ref><blockquote>É uma política estúpida. Não há razão para não sermos amigos dos cubanos e vice-versa. Muitos deles têm parentes nos Estados Unidos e alguns estadunidenses têm parentes em Cuba, então devemos ter liberdade de viajar... Parece que achamos seguro abrir a porta para um bilhão de comunistas na China, mas por alguma razão, estamos morrendo de medo dos cubanos.</blockquote>Barack Obama discutiu a flexibilização do embargo durante sua campanha presidencial em 2008,<ref>{{Citar periódico|ultimo=Luo|primeiro=Michael|data=2008-05-20|titulo=McCain Attacks Obama on Cuba|url=https://www.nytimes.com/2008/05/20/us/politics/20cnd-mccain.html|jornal=The New York Times|lingua=en-US|issn=0362-4331}}</ref> embora ele prometesse mantê-lo.<ref>{{Citar web|titulo=Obama Discusses Cuba Policy|url=https://thecaucus.blogs.nytimes.com/2008/05/23/obama-discusses-cuba-policy/|obra=The Caucus|data=2008-05-23|acessodata=2019-11-09|lingua=en-US|primeiro=Jeff|ultimo=Zeleny}}</ref> Em dezembro de 2014, ele considerou o embargo um fracasso, pedindo ao Congresso que promulgasse uma legislação para levantá-lo totalmente.<ref>{{Citar web|titulo=Statement by the President on Cuba Policy Changes|url=https://obamawhitehouse.archives.gov/the-press-office/2014/12/17/statement-president-cuba-policy-changes|obra=whitehouse.gov|data=2014-12-17|acessodata=2019-11-09|lingua=en}}</ref>
 
=== Condenação pelas Nações Unidas ===
A [[Assembleia Geral das Nações Unidas]] condenou o embargo como uma violação do [[direito internacional]] todos os anos desde 1992. [[Israel]] é o único país que se une rotineiramente aos Estados Unidos votando contra a resolução, assim como [[Palau]] o fez todos os anos de 2004 a 2008.<ref>{{Citar web|titulo=Younger Castro steers Cuba to a new revolution|url=http://www.independent.co.uk/news/world/americas/younger-castro-steers-cuba-to-a-new-revolution-6792209.html|obra=The Independent|data=2012-02-12|acessodata=2019-11-09|lingua=en}}</ref> Em 26 de outubro de 2010, pela 19ª vez, a Assembleia Geral condenou o embargo, com um placar de 187 a 2, e 3 abstenções. Israel ficou do lado dos Estados Unidos, enquanto as [[Ilhas Marshall]], Palau e [[Estados Federados da Micronésia|Micronésia]] se abstiveram.<ref>{{Citar web|titulo=La Asamblea General de la ONU pide de nuevo a EEUU que levante el embargo contra Cuba|url=https://www.elmundo.es/america/2010/10/26/cuba/1288117911.html|obra=El Mundo|acessodata=2019-11-09|data=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
==== Voto brasileiro a favor do embargo em 2019 ====
O cineasta e documentarista [[Michael Moore]] desafiou o embargo, trazendo equipes de resgate do [[Ataques de 11 de setembro de 2001|11 de Setembro]] que precisavam de assistência médica a Cuba para obter assistência médica subsidiada.<ref>{{Citar periódico|ultimo=DePalma|primeiro=Anthony|data=2007-05-27|titulo=Michael Moore - Cuba - Health Care - Medicine - Movies - Cannes|url=https://www.nytimes.com/2007/05/27/weekinreview/27depalma.html|jornal=The New York Times|lingua=en-US|issn=0362-4331}}</ref>
A Assembleia Geral da ONU aprovou em 7 de novembro de 2019, pelo 28º ano consecutivo, uma nova resolução exigindo o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba, entretanto o Brasil votou contra.<ref name=":9" /><ref name=":10" /> Este voto já era foi esperado, desde da indicação do diplomata [[Ernesto Araújo]] pelo presidente [[Jair Bolsonaro]] para o comando do [[Ministério das Relações Exteriores (Brasil)|Ministério de Relações Exteriores]], que só aprofundou o entendimento de que o país se afastaria da sua tradição diplomática que sempre favoreceu leis e acordos internacionais – boa parte deles debatidos em arenas como a ONU e a [[Organização Mundial do Comércio]] (OMC) – e o princípio da não-ingerência.<ref name=":7" /> O embaixador brasileiro na ONU, [[Mauro Vieira]], tentou reverter a decisão do Itamaraty para que o Brasil pelo menos optasse por uma abstenção, mas sem sucesso.<ref name=":8" /> Segundo o presidente brasileiro, "Pela primeira vez o Brasil acompanhou os Estados Unidos na questão do embargo para Cuba...",<ref name=":11" /> poque na sua opinião, Cuba é "uma ditadura e tem que ser tratada como tal. O Brasil vai mudando a sua posição, mais à [[centro-direita]]".<ref name=":7" /> O voto brasileiro foi um sinal do alinhamento do governo brasileiro com o presidente [[Donald Trump]], de quem Bolsonaro já se declarou fã. A decisão, no entanto, rompeu não apenas com a tradição diplomática brasileira na ONU, mas com a defesa do [[Livre-comércio|livre comércio]] que caracterizou a ação internacional brasileira.<ref name=":8" />
 
Na visão do [[Ciência política|cientista político]] da [[Universidade Federal de Minas Gerais]] (UFMG), [[Leonardo Avritzer]], o governo Bolsonaro demonstra até o momento não ter qualquer estratégia na [[política externa]], baseando-se somente em alinhamentos [[Ideologia|ideológicos]] – inclusive na área comercial. De acordo com ele, tal visão deve ser considerada "burra" e prejudicial ao Brasil. O cientista político disse acreditar que a política externa do Brasil que se foque, por exemplo, em estreitar laços comerciais com [[Tel Aviv]] foge dos reais interesses do empresariado brasileiro, uma vez que, segundo ele, visa apenas se alinhar à hegemonia dos Estados Unidos e, de quebra, irritar os [[Mundo árabe|países árabes]], grandes compradores das commodities<ref name=":12" /> do país há décadas.<ref name=":13" />
Em junho de 2011, o ex-candidato presidencial democrata [[George McGovern]] culpou "exilados cubanos amargos em Miami" por manter vivo o embargo. Antes de visitar Cuba, ele disse:<ref>{{Citar web|titulo=George McGovern heading to Cuba to visit Castro|url=https://www.victoriaadvocate.com/george-mcgovern-heading-to-cuba-to-visit-castro/article_69d722c4-58c6-5a28-91c9-2016237815af.html|obra=The Victoria Advocate|acessodata=2019-11-09|lingua=en|primeiro=|ultimo=|data=|publicado=}}</ref><blockquote>É uma política estúpida. Não há razão para não sermos amigos dos cubanos e vice-versa. Muitos deles têm parentes nos Estados Unidos e alguns estadunidenses têm parentes em Cuba, então devemos ter liberdade de viajar... Parece que achamos seguro abrir a porta para um bilhão de comunistas na China, mas por alguma razão, estamos morrendo de medo dos cubanos.</blockquote>Barack Obama discutiu a flexibilização do embargo durante sua campanha presidencial em 2008,<ref>{{Citar periódico|ultimo=Luo|primeiro=Michael|data=2008-05-20|titulo=McCain Attacks Obama on Cuba|url=https://www.nytimes.com/2008/05/20/us/politics/20cnd-mccain.html|jornal=The New York Times|lingua=en-US|issn=0362-4331}}</ref> embora ele prometesse mantê-lo.<ref>{{Citar web|titulo=Obama Discusses Cuba Policy|url=https://thecaucus.blogs.nytimes.com/2008/05/23/obama-discusses-cuba-policy/|obra=The Caucus|data=2008-05-23|acessodata=2019-11-09|lingua=en-US|primeiro=Jeff|ultimo=Zeleny}}</ref> Em dezembro de 2014, ele considerou o embargo um fracasso, pedindo ao Congresso que promulgasse uma legislação para levantá-lo totalmente.<ref>{{Citar web|titulo=Statement by the President on Cuba Policy Changes|url=https://obamawhitehouse.archives.gov/the-press-office/2014/12/17/statement-president-cuba-policy-changes|obra=whitehouse.gov|data=2014-12-17|acessodata=2019-11-09|lingua=en}}</ref>
 
Quase seis décadas do embargo cubano pelos Estados Unidos causaram danos quantificáveis ​​por mais de US$ 922,6 bilhões<ref name=":14" /> para Cuba e, em consequência do apoio brasileiro para as novas sanções norte-americanas e danos econômicos, comerciais e financeiros impostos pelos Estados Unidos contra companhias brasileiras podem ser esperados.<ref name=":15" /> Um relatório do [[Departamento do Tesouro dos Estados Unidos|Departamento do Tesouro]] estadunidense em 1991 disse que as empresas americanas venderam US$ 56 milhões em grãos e outros alimentos a Cuba em 1988 e o dobro em 1989, através de países que mantinham boas relações com ambas as nações. As empresas comerciais brasileiras, por exemplo, encaminham uma variedade de produtos dos Estados Unidos para Cuba, incluindo [[grãos]], [[Fertilizante|fertilizantes]], cabos de extensão, lâmpadas, pneus de carro e até [[motores]] para barcos de pesca. Mais de US$ 150 milhões em mercadorias dos Estados Unidos foram enviados para Cuba pelo Brasil desde 1990. Cuba geralmente usa linhas de crédito com bancos espanhóis e suíços para pagar as empresas brasileiras.<ref name=":16" /> Esta oportunidade para as empresas brasileiras terminou após a votação de 2019.
 
Houve uma expansão significativa no comércio bilateral, com as exportações brasileiras passando de US$ 70 milhões em 2002 para mais de US $ 500 milhões em 2015, colocando o Brasil como o terceiro maior exportador da ilha, atrás da China e da Venezuela. As exportações brasileiras consistem principalmente de produtos como [[óleo de soja]] refinado, farelo de soja, [[arroz]], [[milho]], carne de [[frango]] fresca e [[café]] cru, entre outros.
 
Em 2015, o aperto de mão entre Barack Obama e Raúl Castro durante a [[Cúpula das Américas|Cúpula das Américas no Panamá]] confirmou sua escolha de retomar o diálogo e o compromisso com o crescimento progressivo da confiança mútua entre os dois países. A pressão para pôr fim ao embargo contra Cuba, uma decisão a ser tomada pelo Congresso dos Estados Unidos, está aumentando, com o apoio da maioria dos cidadãos estadunidenses. As empresas americanas, interessadas em obter acesso ao mercado próximo, também estão incentivando a revisão das barreiras que estão em vigor há mais de 50 anos. O Brasil incentivou o aumento do comércio com a ilha, bem como uma maior presença de investimentos brasileiros no país, até 2018.
 
Uma das medidas mais significativas foi o financiamento do Brasil para a renovação do [[Porto de Mariel]], que foi reaberto em 2014. Apesar da controvérsia envolvendo o financiamento do projeto pelo [[Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]] (BNDES), com um empréstimo de cerca de US$ 682 milhões, as recompensas brasileiras do são indiscutíveis, não apenas do ponto de vista econômico, mas também estrategicamente.<ref name=":17" /> Estima-se que cerca de US $ 800 milhões investidos no projeto foram gastos no Brasil, comprando bens e serviços brasileiros e gerando mais de 100.000 empregos diretos e indiretos. Além disso, o moderno porto cubano está no mesmo nível dos melhores portos do Caribe, como os de [[Kingston]], na [[Jamaica]] e [[Freeport (Bahamas)|Freeport]], nas [[Bahamas]], com capacidade para acomodar embarcações com até 18 metros de profundidade e movimentar 1 milhão de contêineres por ano. A grande diferença, no entanto, é o fato de estar localizado a apenas 150 quilômetros do maior mercado do mundo, seria uma vantagem considerável para qualquer empresa brasileira que faz negócios na ilha, principalmente devido à perspectiva de um embargo facilitado. Os efeitos progressivos da modernização do porto de Mariel e os incentivos dados pelo governo cubano para atrair capital estrangeiro, esse mercado de 11 milhões de pessoas, se o governo brasileiro mantinha sua posição histórica, poderia ter sido considerado um novo ponto focal para empresas brasileiras capazes de identificar oportunidades em meio a uma era de mudanças e desafios nas regiões do Caribe e da América Latina.<ref name=":18" />
 
Tradicionalmente, o Brasil se opunha a como os Estados Unidos aplicavam sua política doméstica unilateralmente à política externa, punindo empresas de países terceiros que comercializam ou investem em Cuba. Ao abandonar sua posição tradicional de se opor ao embargo dos Estados Unidos, o governo do Brasil se oporia aos seus próprios interesses comerciais em Cuba. Por exemplo, a brasileira [[Souza Cruz]], possui uma ''joint-venture'' em Havana que produz a maior parte dos cigarros em Cuba.<ref name=":19" />
 
== Opinião pública ==