Parnasianismo: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Leconte de Lisle-1850-60.jpg|thumb|200px|direita|[[Leconte de Lisle]], entre 1850 e 1860]]
'''Parnasianismo''' é uma escola literária ou um movimento literário essencialmente poético, contemporâneo do Realismo-Naturalismo. Um estilo de época que se desenvolveu na [[poesia]] a partir de [[1850]], na [[França]], com o objetivo de retomar a cultura clássica. Sua literatura é escrita em [[soneto]].
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Nasceu com a publicação de uma série de [[poesia]]s, precedendo de algumas décadas o simbolismo uma vez que os seus autores procuravam recuperar os valores [[estética|estéticos]] da [[antiguidade clássica]]. O seu nome vem do Monte Parnaso, a montanha que, na mitologia grega era consagrada a Apolo e às musas.
 
Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pelas rimas raras e pela preferência por estruturas fixas, como os [[soneto]]ssonetos. O emprego da linguagem figurada é reduzido, com a valorização do [[exotismo]] e da [[mitologia]]. Os temas preferidos são os fatos [[história|históricos]], objetos e paisagens. A descrição visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para os [[romantismo|românticos]] são a sonoridade das palavras e dos versos. Os autores parnasianos faziam uma "arte pela arte", pois acreditavam que a [[arte]] devia existir por si só, e não por subterfúgios, como o [[amor]], por exemplo.
 
O primeiro grupo de parnasianos de [[língua francesa]] reúne poetas de diversas tendências, mas com um denominador comum: a rejeição ao [[lirismo]] como [[credo]]. Os principais expoentes são [[Théophile Gautier]] (1811-1872), [[Leconte de Lisle]] (1818-1894), [[Théodore de Banville]] (1823-1891), [[José Maria de Heredia]] (1842-1905), de origem [[cuba]]na, e [[Sully Prudhomme]] (1839-1907). Gautier fica famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao movimento.
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Aspectos importantes para essa estética perfeita são:
* '''[[Rima]]s Ricas''': São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as rimas interpoladas.
* '''Valorização dos [[Soneto]]sSonetos''': É dada preferência para os sonetos, composição dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no último verso.
* '''Metrificação Rigorosa''': O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas(versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas, etc.
* '''Descritivismo''': Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes, sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de Oliveira.
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==No Brasil==
[[Ficheiro:Vicente Carvalho.jpg|200px|direita|thumb|[[Vicente de Carvalho]] por volta de 1900]]
No [[Brasil]], o parnasianismo dominou a poesia até a chegada do [[Modernismo brasileiro]]. A importância deste movimento no país deve-se não só ao elevado número de poetas, mas também à extensão de sua influência, uma vez que seus princípios estéticos dominaram por muito tempo a vida literária do país, praticamente até o advento do Modernismo em 1922.<ref name="Itaú">[http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo12159/parnasianismo Parnasianismo - Histórico] Enciclopédia Itaú Cultural - acessado em 14 de novembro de 2019</ref>
 
Na [[década de 1870]], a poesia romântica deu mostras de cansaço, e mesmo em [[Castro Alves]] é possível apontar elementos precursores de uma poesia [[realismo|realista]]. Assim, entre 1870 e 1880 assistiu-se no Brasil à liquidação do Romantismo, submetido a uma crítica severa por parte das gerações emergentes, insatisfeitas com sua estética e em busca de novas formas de arte, inspiradas nos ideais [[positivismo|positivistas]] e [[realismo|realistas]] do momento.<ref name="Itaú" />
 
Dessa maneira, a década de 1880 abriu-se para a poesia científica, a socialista e a realista, primeiras manifestações da reforma que acabou por se canalizar para o Parnasianismo. As influências iniciais foram [[Gonçalves Crespo]] e [[Artur de Oliveira]], este o principal propagandista do movimento a partir de [[1877]], quando chegou de uma estada em [[Paris]]. [[Alberto de Oliveira]] publicou "Canções Românticas" em 1878 e [[Teófilo Dias]], "Cantos Tropicais", dois dos marcos iniciais da nova Escola. De um começo tímido nos versos de [[Luís Guimarães Júnior]] (''Sonetos e rimas''. 1880) e [[Teófilo Dias]] (''Fanfarras''. 1882), firmou-se definitivamente com [[Raimundo Correia]] (''Sinfonias''. 1883), novamente [[Alberto de Oliveira]] (''Meridionais''. 1884), [[Olavo Bilac]] (''Relicário''. 1888) e [[Francisca Júlia da Silva]] (''Mármores'', 1895).
 
O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do Parnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas. Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo. Sua preferência dominante é pelo verso alexandrino de tipo francês, com rimas ricas, e pelas formas fixas, em especial o soneto. Quanto ao assunto, caracteriza-se pela objetividade, o universalismo e o esteticismo. Este último exige uma forma perfeita (formalismo) quanto à construção e à sintaxe. Os poetas parnasianos veem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e tendem então para o pessimismo ou para o sensualismo.
 
Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a chamada ''tríade parnasiana'', o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como [[Vicente de Carvalho]], [[Machado de Assis]], [[Luís Delfino]], [[Bernardino Lopes]], [[Francisca Júlia da Silva|Francisca Júlia]], [[Guimarães Passos]], [[Carlos Magalhães de Azeredo]], [[José Maria Goulart de Andrade|Goulart de Andrade]], [[Artur Azevedo]], [[Adelino Fontoura]], [[Emílio de Meneses]], [[Antônio Augusto de Lima]], [[Luís Murat]] e [[Mário de Lima]].
 
A partir de [[1890]], o [[Simbolismo no Brasil|Simbolismo]] começou a superar o Parnasianismo. O realismo classicizante do Parnasianismo teve grande aceitação no Brasil, graças certamente à facilidade oferecida por sua poética, mais de técnica e forma que de inspiração e essência. Assim, ele foi muito além de seus limites cronológicos e se manteve paralelo ao Simbolismo e mesmo ao Modernismo em sua primeira fase.
 
O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do [[século XIX]], fez de seu movimento a escola oficial das letras no país durante muito tempo. Os próprios poetas simbolistas foram excluídos da [[Academia Brasileira de Letras]], quando esta se constituiu, em [[1896]]. Em contato com o Simbolismo, o Parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas do [[século XX]], a uma poesia sincretista e de transição.<ref name="Itaú" />
 
Seus expoentes são:
*[[Olavo Bilac]]
*[[Alberto de Oliveira]]
*[[Raimundo Correia]]
*[[Francisca Júlia da Silva|Francisca Júlia]]
*[[Vicente de Carvalho]]
*[[Luís Delfino]]
*[[Mário de Lima]]
 
{{referências}}
 
== Bibliografia ==
; Na França
* Maurice Souriau, ''Histoire du Parnasse'', ed. Spes, 1929
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* André Thérive, ''Le Parnasse'', ed. PAUL-DUVAL, 1929.
* Luc Decaunes, La Poésie parnassienne Anthologie, Seghers, 1977.
 
; No Brasil
; Poetas:
* [http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do Bilac, Olavo. Obras Completas]
* [https://web.archive.org/web/20081202121853/http://www.secrel.com.br/jpoesia/raimun.html CORREIA, Raimundo. 15 poemas]
* [https://web.archive.org/web/20090122194410/http://sonetos.com.br/biografia.php?a=18 OLIVEIRA, Alberto. 20 sonetos]
 
; Ensaios e críticas:
* AZEVEDO, Sanzio de. Parnasianismo na poesia brasileira. Fortaleza: Ceará University, 2000.
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* MAGALHÃES Jr., Raymundo. Olavo Bilac. Rio de Janeiro: Americana, 1974.
* MARTINO, Pierre. Parnasse et symbolisme. Armand Colin, 1967. (Parnaso y symbolismo, Ed. Ateneo)
 
== Ligações externas ==
* [http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do Bilac, Olavo. Obras Completas]
* [https://web.archive.org/web/20081202121853/http://www.secrel.com.br/jpoesia/raimun.html CORREIA, Raimundo. 15 poemas]
* [https://web.archive.org/web/20090122194410/http://sonetos.com.br/biografia.php?a=18 OLIVEIRA, Alberto. 20 sonetos]
 
== Ver também ==
*[[Realismo]]
*[[Naturalismo]]
*[[Escolas da literatura brasileira]]