Auto de fé: diferenças entre revisões

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{{Mais fontes|data=Setembro de 2008}}
[[Ficheiro:Pedro_Berruguete_Saint_Dominic_Presiding_over_an_Auto-da-fe_1495.jpg|thumb|250px|direita|[[Pedro Berruguete]]: ''[[São Domingos]] Presidindo a um auto de fé'' (1475). Visões artísticas que retratam o tema geralmente apresentam cenas de tortura e de pessoas queimando na fogueira durante os eventos/procedimentos.]]
'''Auto de fé''' ou '''auto da fé''' foi o [[ritual]] de [[penitência]] pública de [[heresia|hereges]] e [[Apostasia|apóstatas]] que ocorreu quando a [[Inquisição Espanhola]], [[Inquisição Portuguesa]] ou a [[inquisição mexicana]] tinha decidido a sua punição, seguido pela execução pelas autoridades civis das sentenças impostas. Nos autos de fé, os hereges podiam ou abandonar a heresia que estavam propagando (o que o faria ser relaxado ao braço secular) ou continuar fiel à sua crença herética (o que levaria a penas graves, como a prisão perpétua).<ref>{{Citar periódico|ultimo=Szklarz|primeiro=Eduardo|data=2017|titulo=Inquisição: A fé e fogo|url=https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/inquisicao.phtml|urlmorta=|jornal=[[Aventuras na História]]|arquivourl=|arquivodata=|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=A Inquisição|ultimo=Bernard|primeiro=Jose|editora=|ano=|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
As punições para os condenados pela Inquisição iam da obrigação de envergar um ''sambenito'' (espécie de capa ou [[tabardo]] penitencial), passando por ordens de prisão e, finalmente, em jeito de [[eufemismo]], o condenado era ''relaxado à justiça secular'', isto é, entregue aos [[carrasco]]s da Coroa (poder [[Secularismo|secular]], em oposição ao poder sagrado do [[clero]]). O [[estado secular]] procedia às execuções como punição a uma ofensa herética repetida, em consequência da condenação pelo tribunal religioso. Se os prisioneiros desta categoria continuassem a defender a heresia e repudiar a [[Igreja Católica]], eram [[Execução na fogueira|queimados vivos]]. Contudo, se mostrassem arrependimento e se decidissem reconciliar com o catolicismo, seriam absolvidos.
 
Os autos de fé decorriam em praças públicas e outros locais muito frequentados, tendo como assistência regular representantes da autoridade eclesiástica e civil.
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O primeiro "auto da fé" registado foi realizado em Paris em 1242, sob [[Luís IX da França | Luís IX]].<ref>Stavans 2005:xxxiv</ref> A Inquisição teve um pouco menos de poder em [[Portugal]], tendo sido estabelecida em [[1536]] e durado oficialmente até [[1821]], se bem que tenha sido muito debilitada com o regime do [[Sebastião José de Carvalho e Melo|Marquês de Pombal]] na segunda metade do [[século XVIII]]. O primeiro auto de fé em Portugal foi realizado em 20 de Setembro de [[1540]] em [[Lisboa]], onde a praça do [[Praça de D. Pedro IV|Rossio]] servia de local de execução, embora sejam também conhecidos autos no [[Praça do Comércio|Terreiro do Paço]]. No [[Porto]] houve apenas um auto de fé.
 
Também houve autos de fé no [[México]], [[Peru]] e [[Brasil]]. Alguns historiadores, contemporâneos dos conquistadores (como o guerreiro [[Bernal Díaz del Castillo]]), descrevem alguns casos.
 
O último auto de fé, após uma condenação pela [[Inquisição espanhola]], envolveu o professor [[Cayetano Ripoll]] e decorreu a 26 de Julho de [[1826]]. Seu julgamento, sob a acusação de [[deísmo]], durou cerca de dois anos. Morreu pelo [[Garrote vil|garrote]] no [[pelourinho]], após dizer as palavras: "''Morro reconciliado com Deus e com o Homem''".
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No livro ''[[Memorial do Convento]]'' de [[José Saramago]], cuja acção decorre na primeira metade do século XVIII, durante o reinado de [[João V de Portugal|D. João V]], a personagem ''Blimunda'' conhece ''Baltasar'' no Rossio, enquanto a sua mãe é julgada num auto de fé, onde é açoitada e degradada.
 
No romance ''Goa ou o guardião da aurora'' de [[Richard Zimler]], cuja acção decorre em Goa no princípio do século XVII, o narrador e várias outras personagens são humilhados e tormentadosatormentados num auto de fé.
 
Na obra ''[[Cândido, ou O Otimismo]]'', de ''[[Voltaire]]'', o auto de fé também está presente. Cândido e Pangloss são condenados a um auto-de-fé quando desembarcam em Lisboa, logo após o terremoto.
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* {{Link||2=http://www.notapositiva.com/dicionario_historia/autodefe.htm |3=Auto de fé}}
* {{Link||2=http://www.notapositiva.com/dicionario_historia/inquisicao.htm |3=Inquisição}}
* [https://www.academia.edu/34998253/_Serm%C3%B5es_setecentistas_portugueses_de_autos-da-f%C3%A9_LisbrosdelaCorte.es_on_line_n.o_6_El_Influjo_de_la_Inquisici%C3%B3n_en_la_Sociedad_y_en_la_Ciencia_de_Espa%C3%B1a_y_Portugal._Siglos_XVII-XVIII_Madrid_2017_pp._223-232 “Sermões setecentistas portugueses de autos-da-fé”, por Paulo Drumond Braga, LisbrosdelaCorte.es (on line), n.º 6 (El Influjo de la Inquisición en la Sociedad y en la Ciencia de España y Portugal. Siglos XVII-XVIII), Madrid, 2017, pp. 223-232.]
 
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