Xaria: diferenças entre revisões
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A '''xaria''' ({{langx|ar|شريعة||''sharīʿah''}}, "legislação"), também grafado '''xariá'''<ref name="aur" />, '''xária'''<ref>{{Citar web|url=https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/x%C3%A1ria|titulo=Definição ou significado de xária no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa|acessodata=2019-01-04|obra=Infopédia - Dicionários Porto Editora|ultimo=Infopédia|lingua=pt}}</ref>, '''sharia'''<ref>{{Citar web|url=https://dicionario.priberam.org/sharia|titulo=Consulte o significado / definição de sharia no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o dicionário online de português contemporâneo.|acessodata=2019-01-04|obra=dicionario.priberam.org|ultimo=S.A|primeiro=Priberam Informática|lingua=pt-br}}</ref>, '''shariah''', '''shari'a''' ou '''syariah''', é o nome dado ao [[direito]] [[Islão|islâmico]]. Em várias sociedades islâmicas, ao contrário do que ocorre na maioria das sociedades [[Mundo ocidental|ocidentais]], não há separação entre a religião e o direito, todas as leis sendo fundamentadas na religião e baseadas nas escrituras sagradas ou nas opiniões de líderes religiosos.
O [[Alcorão]] é a mais importante fonte da [[jurisprudência]] islâmica, sendo a segunda a [[Suna]] (obra que narra a vida e os caminhos do profeta). Não é possível praticar o Islão sem consultar ambos os textos. A partir da Suna, relacionada mas não a mesma, vêm os
A jurisprudência islâmica chama-se ''[[fiqh]]'' e está dividida em duas partes: o estudo das fontes e metodologia (''usul al-fiqh'', "raízes da lei") e as regras práticas (''furu' al-fiqh'', "ramos da lei").
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* "uma construção teórica totalitária, destinada a controlar todos os aspectos da vida de um indivíduo, do berço até à morte" — [[Ibn Warraq]] na introdução do seu livro " Why I am not a muslim"{{conteúdo parcial}}
* "extremo, contraditório e bárbaro sistema de controle..." - Nonie Darwish, no livro "Cruel and Usual Punishment"{{conteúdo parcial}}<ref>{{citar livro|título=Cruel And Usual Punishment|ultimo=Darwish|primeiro=Nonie|editora=Thomas Nelson Inc.|ano=2008|local=Nashville, EUA|páginas=161}}</ref>
*"Um ideal da lei divina, que até os dias atuais a maioria dos muçulmanos, pelo menos em teoria, mantém ser imutávelmente válida. (...) Um catálogo de mandamentos dirigido a todas as áreas da vida". - Christine Schirrmacher <ref>{{citar livro|título=The Sharia – Law and Order in Islam|ultimo=Schirrmacher|primeiro=Christine
Existem cerca de noventa versículos corânicos diretamente e especificamente abordando questões de direito. O discurso jurídico islâmico refere-se a esses versículos como a lei de Deus e incorpora-os em códigos legais. O restante da lei islâmica é o resultado da jurisprudência (''fiqh''), os esforços humanos para codificar as normas islâmicas em termos práticos e legislar para casos não tratados especificamente no Corão e na [[Suna]]. Embora a legislação gerada por humanos seja considerada falível e aberta a revisão, o termo "''shariah''" às vezes é aplicado a toda a legislação islâmica. Isto foi apoiado por estruturas formais de literatura jurídica e muitas declarações específicas do décimo ao longo do {{séc|XIX}}. Os estudiosos modernos desafiaram essa afirmação, distinguindo entre xaria e ''fiqh'' e apelando para a reforma dos códigos do ''fiqh'' à luz das condições modernas.<ref>{{citar web|url=http://www.oxfordislamicstudies.com/article/opr/t125/e2168?_hi=3&_pos=1|titulo=Shariah|publicado=Oxford Islamic Studies}}</ref>
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== Direito islâmico clássico ==
O período formativo da [[fiqh|jurisprudência islâmica]] se estende ao tempo das primeiras comunidades islâmicas. Neste período, os juristas estavam mais preocupados com questões pragmáticas, de autoridade e ensino, do que com a teoria.<ref>Weiss (2002), pp.3,161</ref> A evolução teórica ocorreu com um destes primeiros juristas em particular, [[
Diversas instituições e conceitos legais importantes foram desenvolvidos por juristas islâmicos durante o período clássico da religião, conhecido como a [[Era de Ouro do Islã]], entre os séculos VII e XIII.<ref name=Makdisi/><ref name=Badr/><ref name=Gamal>{{Harv|El-Gamal|2006|p=16}}</ref><ref name=Makdisi-2005>{{citation|último =Makdisi|primeiro =John|ano=2005|título=Islamic Property Law: Cases and Materials for Comparative Analysis with the Common Law|publicado=Carolina Academic Press|isbn=1594601100}}</ref>
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No cerne da lei islâmica estão os ensinamentos de [[Deus]] (Alá) e os atos e ditos de Seu [[profeta]], [[Maomé]] (''Muhammad'');<ref name = "Coulson-TerrorLaw">Coulson, Noel James. ''A history of Islamic law (Islamic surveys)''. Oxford: University Press, 1964.</ref> a xaria, no entanto, não havia se desenvolvido totalmente na época da morte de Maomé, e evoluiu aos poucos, dentro da comunidade muçulmana, ou ''[[Umma]]'', à qual ela servia.{{Carece de fontes|data=setembro de 2009}}
Para os muçulmanos, a Xaria, tendo origem na própria palavra de Alá, através do Alcorão, é uma lei divina, portanto uma lei superior a qualquer uma feita pelos humanos.<ref>{{citar web|url=https://www.al-islam.org/introduction-islamic-shariah-sayyid-muhammad-rizvi/shariah#superiority-or-god-made-laws-over-man-made-laws|titulo=The Superiority or God-made Laws over the Man-made Laws
Quando a xaria começou sua formação, nos [[deserto]]s da [[Arábia]] dos séculos VII e VIII, o senso comunitário não existia.<ref name="Dien-TerrorLaw" /> A vida no deserto era [[Nomadismo|nomádica]] e [[Tribo|tribal]], e o único fator que unia as pessoas nestas tribos era uma ancestralidade comum.<ref name="Coulson-TerrorLaw" /> A natureza do islã, no entanto, desafiou esta ideologia, e trouxe todos aqueles que professavam a sua submissão ao islã para a ''Umma''. Além disso, o islã não era apenas uma [[religião]], mas sim um modo de vida, que transformava aqueles que antes eram inimigos em vizinhos. As leis deviam ser instiladas, até que as doutrinas da xaria se enraizassem. A dificuldade de mudar repentinamente hábitos quotidianos milenares fez com que a xaria fosse guiada, ao longo de seu desenvolvimento, pelos estilos de vida das tribos que adotaram inicialmente o islamismo. Assim, por decisão destas tribos, as leis islâmicas passaram a ser leis da comunidade, pela comunidade e para a comunidade - ainda que ela tivesse sido proposta inicialmente por um indivíduo - "pois elas não poderiam fazer parte das leis tribais a menos e até que fossem aceitas como tal de uma maneira geral."<ref name="Coulson-TerrorLaw" /> A tribo, neste sentido, não era vista apenas como o grupo de seus atuais representantes, mas sim como uma entidade histórica, que englobava as gerações passadas, presentes e futuras.<ref name="Coulson-TerrorLaw" /> Assim, enquanto "todas e cada uma das leis deve ter suas raízes ou no Alcorão ou na Suna",<ref name="Berg-TerrorLaw" /> a vida tribal trouxe, sem qualquer contradição, um sentido de participação. Esta participação também foi reforçada pelo próprio Maomé, que declarou: "A minha comunidade nunca concordará num erro."<ref name="Berg-TerrorLaw">Berg, Herbert. "Islamic Law." ''Berkshire Encyclopedia of World History 3'' (2005): 1030. In History Reference Center [banco de dados online]. Disponível: Snowden Library (visitado em 11 de fevereiro de 2008).</ref> (posteriormente registrado como um [[hádice]].{{Carece de fontes|data=Junho de 2019}})
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to underlying purpose and spirit."''</ref> A [[Constituição dos Estados Unidos da América|Constituição dos Estados Unidos]] teria então este paralelo com o Alcorão: é a "legislação suprema do país, e a base a partir do qual as leis do [[poder legislativo]] se originam."<ref name=Vohra>{{Harv|Vohra|2006|p=348}}</ref> Este poder legislativo seria semelhante à [[Suna]], na medida em que "o poder legislativo, com base na estrutura da Constituição, toma decisões que envolvem situações específicas e cotidianas de seus cidadãos."<ref name=Vohra/> O processo de [[Decisão judicial|decisões judiciais]] é semelhante aos métodos de ''[[qiyas]]'' e ''[[ijma]]'', onde o processo de tomada de decisões judiciais é "uma maneira pela qual o direito é aplicado às disputas individuais", que "palavras ou estatutos de uma constituição não abordam especificamente todas as situações possíveis às quais elas possam se aplicar" e que "por vezes é necessário um [[Poder judiciário|judiciário]] para utilizar ou o [[consenso]] das decisões anteriores, ou [[Raciocínio|raciocinar]] por [[analogia]], para encontrar o princípio correto à resolução da disputa."<ref>{{Harv|Vohra|2006|p=349}}</ref>
A primeira [[ação judicial]] conhecida também data da lei islâmica. Segundo uma tradição (
A primeira [[Proibição de drogas|proibição]] de [[Comércio ilegal de drogas|drogas ilegais]] conhecida ocorreu sob a lei islâmica, que baniu o uso de [[haxixe]], um preparado de ''[[cannabis]]'', como [[droga recreativa]]. Os juristas clássicos (''[[Ulema]]'' da jurisprudência islâmica (''[[fiqh]]'') medieval, no entanto, aceitavam o uso da [[droga]] para propósitos medicinais e terapêuticos, e concordavam que seu "uso médico, ainda que pudesse levam ao [[psicologia islâmica|desarranjo mental]], permanecia isento" de punição. No {{séc|XIV}}, o jurista islâmico Az-Zarkashi mencionou a "permissibilidade de seu uso para propósitos médicos, se estiver estabelecido que ele é benéfico."<ref>{{citation|título=Cannabis in Medical Practice: A Legal, Historical and Pharmacological Overview of the Therapeutic Use of Marijuana|primeiro =Mary Lynn|último =Mathre|ano=1997|publicado=McFarland|isbn=0786403616|página=40}}</ref> Esta distinção legal entre a utilização intoxicante e a utilização médica da ''cannabis'' feita pelos [[Teologia|teólogos]] islâmicos ([[calam]]) assemelha-se, na visão de alguns estudiosos, à atual lei americana sobre o assunto.<ref>{{citation|título=Cannabis in Medical Practice: A Legal, Historical and Pharmacological Overview of the Therapeutic Use of Marijuana|primeiro =Mary Lynn|último =Mathre|ano=1997|publicado=McFarland|isbn=0786403616|página=41}}</ref>
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=== Direito internacional ===
O primeiro tratado sobre [[direito internacional]] (''Siyar'', em [[Língua árabe|árabe]]) foi a ''Introdução ao Direito das Nações'', escrito ao fim do {{séc|VIII}} por [[Maomé
Estes primeiros tratados legais islâmicos cobriam a aplicação da [[ética islâmica]], da [[jurisprudência econômica islâmica]] e da [[jurisprudência militar islâmica]] ao direito internacional,<ref name=Kelsay>{{citation|título=Al-Shaybani and the Islamic Law of War|último =Kelsay|primeiro =J.|periódico=Journal of Military Ethics|volume=2|número=1|data=Março de 2003|publicado=[[Routledge]]|páginas=63–75}}</ref> e preocupavam-se com diversos tópicos do direito internacional moderno, incluindo a [[lei de tratados]], o tratamento de [[diplomata]]s, [[refém|reféns]], [[refugiado]]s e [[prisioneiros de guerra]], o [[direito de asilo]], a [[Direito bélico|conduta no campo de batalha]], proteção de mulheres, crianças e [[População civil|civis]] [[não-combatentes]], o uso de armas [[Veneno|envenenadas]] e a devastação do território inimigo.<ref name=Weeramantry/> Os [[califa]]s [[omíadas]] e [[abássidas]] também estiveram envolvidos em [[Negociação|negociações]] diplomáticas contínuas com o [[Império Bizantino]], em assuntos como [[tratado de paz|tratados de paz]], a troca de prisioneiros de guerra e o pagamento de resgates e [[tributo]]s.<ref name=Weeramantry-138/>
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{{Citação2|cinzabq=s|Quem poderia duvidar que tal bondade, amizade e caridade vinha de Deus? Homens cujos parentes, filhos e filhas, irmãos e irmãs, tinham morrido em agonia nas nossas mãos, cujas terras havíamos tomado, a quem tínhamos expulsado, nus, de suas casas, ressuscitaram-nos com sua própria comida quando estávamos morrendo de fome, e nos inundaram com sua bondade enquanto ainda estávamos em seu poder.<ref name = "Weeramantry-p136">{{Harv|Weeramantry|1997|pp=136-7}}</ref>}}
Sobre estes argumentos, Robert A. Hunt observa que muçulmanos e não-muçulmanos se têm tratado mutuamente ora com bondade sacrificial ora com ódio abominável, e nos dois casos isso foi feito em nome da religião. Hunt é de parecer que isto é ''" tudo o que se pode dizer com seriedade sobre a história das relações inter-religiosas. Tudo o resto é propaganda designada para influenciar o comportamento presente, para melhor ou pior."'' <ref>{{citar web|url=http://www.patheos.com/blogs/roberthunt/2013/12/the-covenants-of-the-prophet-muhammad/|titulo=The Covenants of the Prophet Muhammad|data=13 de Dezembro de 2013
Os princípios legais islâmicos do direito internacional baseavam-se em grande parte no Alcorão e na [[Suna]] de [[Maomé]], que transmitiu diversas determinações a suas tropas, e adotou práticas direcionadas à conduta durante a guerra. A mais importante destas foi resumida pelo sucessor ([[califa]]) e ''[[sahaba]]'' (companheiro) [[Abacar]], na forma de dez regras para o exército muçulmano:<ref name="Zuhur">Aboul-Enein, H. Yousuf and Zuhur, Sherifa, ''Islamic Rulings on Warfare'', p. 22, Strategic Studies Institute, US Army War College, Diane Publishing Co., Darby PA, ISBN 1-4289-1039-5</ref>
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{{Citação2|cinzabq=s|O modo pelo qual um ato era qualificada como moralmente bom ou ruim no domínio espiritual da religião islâmica é bem diferente da maneira na qual o mesmo ato era qualificado como legalmente válido ou inválido no domínio temporal da lei islâmica. A lei islâmica era [[Secularismo|secular]], e não [[canônica]]… Era, assim, um sistema preocupado em assegurar que um indivíduo recebesse a justiça, não que ele fosse uma pessoa boa.<ref>{{Harv|Makdisi|1999|p=1704}}</ref>}}
O [[conde]] Leon Ostorog, um [[jurista]] [[França|francês]], escreveu sobre a legislação islâmica clássica, em 1927:
{{Citação2|cinzabq=s|Aqueles pensadores orientais do
==== Direitos inalienáveis ====
O conceito de [[direitos inalienáveis]] já existia nos princípios do direito e na jurisprudência islâmica, que negavam a um soberano "o direito de retirar de seus súditos certos direitos que eles herdaram como seres humanos." Os juristas islâmicos também anteciparam o conceito do [[estado de direito]], da sujeição de todas as classes à legislação comum nacional, onde nenhuma pessoa está acima da lei e onde [[funcionário público|funcionários públicos]] e [[cidadão]]s privados têm a obrigação de obedecer a mesma lei. Um ''[[qadi]]'' (juiz islâmico) também era impedido de discriminar com base em [[religião]], [[raça]], [[cor de pele]], [[parentesco]] ou [[preconceito]] ( contudo, é certo que a xaria atribui penas diferentes conforme o sexo ou a religião, ou mesmo a falta dela <ref>{{citar livro|título=Reliance of the Traveller - The Classic Manual of Islamic Sacred Law - Trad.inglesa de Nuh Ha Mim Keller - Livro O- Justiça|ultimo=al-Misri|primeiro=Ahmad ibn Naqib|editora=amana publications|ano=1988|local=EUA|páginas=578-648
==== Direitos socioeconômicos ====
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No tocante aos [[direitos das mulheres|direitos femininos]], as mulheres costumavam ter mais direitos legais assegurados pela legislação islâmica do que tinham sob os sistemas legais do Ocidente até os séculos XIX e XX.<ref>{{citation|último =Dr. Badawi|primeiro =Jamal A.|título=The Status of Women in Islam|periódico=Al-Ittihad Journal of Islamic Studies|volume=8|número=2|data=setembro de 1971}}</ref> Por exemplo, as mulheres casadas [[França|francesas]], ao contrário das muçulmanas, sofriam restrições sobre suas competências legais que só foram removidas em 1965.<ref>{{Harv|Badr|1984|pp=167}}</ref> Segundo o professor de direito da [[Universidade Harvard]], Noah Feldman:
{{Citação2|cinzabq=s|Quanto ao [[sexismo]], a ''[[common law]]'' por muito tempo negou à mulher casada quaisquer direitos de propriedade, ou até mesmo qualquer personalidade legal independente de seus maridos. Quando os britânicos aplicavam suas leis aos muçulmanos, no lugar da xaria, como fizeram em certas colônias, o resultado era que as mulheres casadas perdiam o direito à propriedade que a lei islâmica sempre lhes havia concedido - dificilmente um avanço em direção à igualdade entre os sexos.<ref name=Feldman/>}}
Obviamente, desde então diversos acontecimentos na história do Ocidente e Oriente fizeram com que a distribuição das liberdades mencionada acima não seja mais verdadeira - ou seja, se era possível discutir que as mulheres possuíam mais direitos sob a legislação islâmica do que tinham sob os sistemas legais ocidentais, hoje em dia isto certamente não é mais o caso.<ref>{{citation|último =m. Hafez|primeiro =Mohammed|título=Why Muslims Rebel|periódico=Al-Ittihad Journal of Islamic Studies|volume=1|número=2|data=setembro de 2006}}</ref> A partir do
De outra banda, alguns países europeus começaram, na última década, a levantar restrições às mulheres muçulmanas, obrigando-as a retirar o véu em determinados locais públicos.<ref>[http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4061312,00.html] ONG critica estados alemães por coibir véu islâmico no serviço público</ref> Entre outros factores, as preocupações de segurança assim o ditaram, dado o aumento brutal do terrorismo islâmico.Afirma Valerie Tarico, psicóloga e escritora americana: ''"O hijab não é um símbolo de liberdade. É um símbolo do facto de que as mulheres no Islã são cidadãos de segunda classe e que esse status é codificado tanto nos textos sagrados como na tradição, reforçados pela cultura e pela lei."''<ref>{{citar web|url=http://www.huffingtonpost.com/valerie-tarico/is-the-hijab-a-symbol-of-_b_4796907.html|titulo=Is the Hijab a Symbol of Diversity or a Symbol of Oppression? (O hijab é um símbolo de diversidade ou de opressão? - em inglês)|data=20 de Abril de 2014
==== Previdência social e aposentadoria ====
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Durante a chamada [[Era de Ouro do Islã]], houve uma ênfase inicial na [[liberdade de expressão]], principalmente no período do [[Califado]] islâmico, declarada pela primeira vez pelo próprio califa [[Omar]], no {{séc|VII}}.<ref name=Boisard/> Posteriormente, durante o período [[Abássidas|abássida]], a liberdade de expressão também foi declarada por Alhaximi, primo do [[califa abássida|califa]] [[Almamune]] (786–833), na seguinte carta a um oponente religioso:<ref name=Ahmad>{{citation|primeiro=I. A.|último=Ahmad|contribuição=The Rise and Fall of Islamic Science: The Calendar as a Case Study|título=Faith and Reason: Convergence and Complementarity|publicado=[[Al Akhawayn University]]|data=3 de junho de 2002|url=http://images.agustianwar.multiply.com/attachment/0/RxbYbQoKCr4AAD@kzFY1/IslamicCalendar-A-Case-Study.pdf|formato=PDF|acessodata=2008-01-31|dataacceso=2009-03-02|urlarquivo=https://web.archive.org/web/20080227095928/http://images.agustianwar.multiply.com/attachment/0/RxbYbQoKCr4AAD%40kzFY1/IslamicCalendar-A-Case-Study.pdf|dataarquivo=2008-02-27|urlmorta=si}}</ref>
{{Citação2|cinzabq=s|Traga adiante todos os argumentos que você desejar, e diga o que bem entender, e fale o que pensa abertamente. Agora que você está seguro e livre para dizer o que quer, por favor indique algum árbitro que deverá julgar imparcialmente entre nós, e se inclinar apenas em direção da verdade, livre do domínio da paixão, e este árbitro deverá ser a [[Razão]], onde quer que Deus nos faça responsáveis por nossas próprias recompensas e punições. Desta maneira eu lidei justamente com você, e lhe dei completa segurança, e estou pronto a aceitar quaisquer decisões que a Razão dê para mim ou contra mim. Pois "não há compulsão na religião" (Alcorão 2:256) e apenas lhe convidei para aceitar a nossa fé espontaneamente e por sua própria iniciativa, e apontei a hediondez de seu credo atual. Que a paz e as bençãos de Deus estejam com você!<ref name=Ahmad/>}}
Aqui também os acontecimentos posteriores na história do Ocidente e Oriente fizeram com que hoje em dia isto não seja mais o caso: a liberdade de expressão nos países islâmicos sofre de sérios limites. O verso do Alcorão citado (2:256) foi revogado<ref>{{citar web|url=http://www.meforum.org/1754/peace-or-jihad-abrogation-in-islam|titulo=Peace or Jihad? Abrogation in Islam (Paz ou Guerra Santa? Revogação no Islão) - em inglês|data=2007
==== Paz e justiça ====
Como nas outras [[Religião|religiões]] [[fé abraâmica|abraâmicas]], segundo os muçulmanos, a [[paz]] é um conceito básico do [[islã]].<ref>{{citar web|url=https://muflihun.com/bukhari/52/177|titulo=Sahih al-Bukhari Book 52 Hadith 177 O Apóstolo de Allah disse: "A Hora não será estabelecida até você lutar contra os judeus, e a pedra por trás da qual um judeu se esconderá dirá." Ó muçulmano! Há um judeu escondido atrás de mim, então mate-o."|acessodata=28 de Setembro de 2017
==== Escravidão e divisões sociais ====
As principais escolas jurísticas do islamismo tradicionalmente aceitaram a instituição da [[escravidão]]; a sociedade árabe do tempo, tal como grande parte de outras suas contemporâneas, dependia fortemente do trabalho escravo. A escravidão é reconhecida no Alcorão. Os fiéis podem coabitar com qualquer uma de suas escravas (''"as que a tua mão direita possui")'' (sura 4ː3) <ref>{{citar web|url=https://quranx.com/4.3|titulo=An Nisa (The women) 4ː3
A partir do momento em que o Islão se iniciou, foi proibido a um muçulmano escravizar outro muçulmano. Assim, os escravos tiverem de ser doravante obtidos no exterior do império, o que deu origem a um dos maiores comércio de escravos do mundo antigo. Contudo grande parte de historiadores, entre eles [[Bernard Lewis]], concorda que os escravos no Islão eram melhor tratados do que nas outras civilizações do tempo. O Alcorão recomenda, embora não ordene, a libertação de escravos, para expiação de pecados ou como um acto de simples bondade.<ref name=":0" /> <ref>{{citar web|url=https://quranx.com/4.92|titulo=An Nisa (The women) 4ː92
Para Bernard Lewis, é um triste paradoxo da história humana terem sido as reformas humanitárias trazidas pelo Islã que resultaram em um vasto desenvolvimento do tráfico de escravos dentro e ainda mais fora do império islâmico. <ref name=":0" />
A xaria atribui direitos legais diferentes para grupos diferentes. Há uma divisão clara, por exemplo, entre homens e mulheres, assim como entre os muçulmanos e os [[povos do livro]], como os [[Judaísmo|judeus]] e os [[Cristianismo|cristãos]], e os outros não-muçulmanos.<ref>{{citar livro|título=Reliance of the Traveller (Trad.inglesa de Nuh Ha Mim Keller) -Capitulo O1.2 Os seguintes (crimes) não estão sujeitos a retaliação:(...) 2- um muçulmano por matar um não muçulmano; -3- um judeu ou cristão do estado islâmico por matar um apóstata do Islã (porque um súbdito do Estado está sob sua proteção, enquanto matar um apóstata do Islã não tem consequências); -4- um pai ou mãe (ou seus pais e mães) por matar sua prole, ou descendência da sua prole;(...)|ultimo=Al-Misri|primeiro=Ahmad Ibn Naqib|editora=Amana Publications|ano=1997
A Xaria contraria o princípio geral da igualdade de todos perante a lei, conforme o Artigo 7º da [[Declaração Universal dos Direitos Humanos]] que afirma que "Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei". <ref>{{citar web|url=https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por|titulo=Declaração Universal dos Direitos Humanos
=== Qanun ===
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Existe uma variedade imensa na interpretação e implementação da lei islâmica nas sociedades muçulmanas atuais. Os [[movimentos liberais dentro do islamismo]] vêm questionando a relevância e a aplicabilidade da xaria através de diversas perspectivas; o [[feminismo islâmico]], por exemplo, trouxe muitos pontos de vista novos à discussão. {{Carece de fontes|data=setembro de 2017}}Alguns dos maiores países muçulmanos, como a [[Indonésia]], [[Bangladesh]] e o [[Paquistão]], têm leis e constituições majoritariamente seculares, com a exceção apenas de algumas cláusulas envolvendo o direito familiar.{{Carece de fontes|data=setembro de 2017}} A [[Turquia]] tem uma constituição que é oficialmente secular. a [[Índia]] e as [[Filipinas]] são os únicos países no mundo que têm leis civis separadas para os seus cidadãos muçulmanos, totalmente baseadas na xaria. Na Índia, a legislação civil islâmica é implementada pelo ''[[All India Muslim Personal Law Board|Muslim Personal Law board]]'' ("Comitê de Leis Pessoais Islâmicas"), enquanto nas Filipinas isto é feito pelo ''Código de Leis Pessoais Islâmicas''. No entanto, as leis criminais em ambos os países são uniformes para todos os seus cidadãos.{{Carece de fontes|data=setembro de 2017}}
Em setembro de 2008 alguns [[Jornal|jornais]] do [[Reino Unido]] alegaram, de maneira [[Sensacionalismo|sensacionalista]], que o governo teria "aprovado de maneira silenciosa" o reconhecimento de tribunais da xaria no país. Além da notícia não ser verdadeira, o fato, caso ocorresse, não implicaria numa submissão do país à xaria, que seria aplicada apenas a situações onde ambos os lados de uma disputa legal optarem livremente por um tribunal islâmico como árbitro da questão, no lugar de levar o caso para os tribunais oficiais. A decisão não seria nova; as decisões dos tribunais [[Judaísmo|judaicos]] (''[[beth din]]'') já foram reconhecidas na Inglaterra por mais de 100 anos.<ref>[http://www.timesonline.co.uk/tol/news/uk/crime/article4749183.ece "Revealed: UK’s first official sharia courts"] - ''[[The Sunday Times]]'', 14 de setembro de 2008 (visitado em 2-3-2009)</ref> No entanto, é preciso notar que, se os tribunais da xaria concordarem com a lei do país, são redundantes; caso as contradigam, são ilegais.<ref>{{citar web|url=http://www.independent.co.uk/news/uk/home-news/sharia-in-the-uk-the-courts-in-the-shadow-of-british-law-offering-rough-justice-for-muslim-women-a6761221.html|titulo=Sharia no Reino Unido: Tribunais á sombra da lei britanica oferecem uma justiça áspera às mulheres muçulmanas (em inglês)|data=4 de Dezembro de 2015
Como exemplo, o Conselho da Xaria Islâmica (ISC - Islamic Sharia Council) uma organização britânica, fornece decisões legais e conselhos aos muçulmanos de acordo com sua interpretação da xaria baseada nas quatro escolas sunitas do pensamento. Trata principalmente casos de casamento e divórcio e, em menor medida de negócios e finanças.<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/world/2007/jun/14/religion.news|titulo=In the name of the law The popular perception of sharia law is one of brutal punishments carried out by hardline states. But, as Dan Bell discovers, the backstreets of Britain are full of Islamic courts ruling on everything from banking and alcopops to forced marriage and divorce|data=14 de Junho de 2007|publicado=The Guardian|ultimo=Bell|primeiro=Dan}}</ref> O Conselho afirma que tratou de uma média entre 200 e 300 casos mensais a partir de janeiro de 2012,<ref>{{citar web|url=http://www.bbc.com/news/uk-16522447|titulo=Growing use of Sharia by UK Muslims By Divya Talwar|data=16 Janeiro de 2012|publicado=BBC News|ultimo=Talwar|primeiro=Divya}}</ref> mas não tem autoridade jurídica no Reino Unido, e não pode impor sanções; muitos muçulmanos aceitam voluntariamente as decisões do ISC, entre várias razões para evitar o estigma da sua própria comunidade .
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A maior parte dos países do [[Oriente Médio]] e do [[Norte da África]] mantém um [[Secularismo no Oriente Médio|sistema dual]] de tribunais seculares e religiosos, no qual os tribunais religiosos regulam principalmente os casos de [[casamento]]s e [[herança]]s. A [[Arábia Saudita]] e o [[Irão|Irã]] mantêm tribunais religosos para todos os aspectos de sua [[jurisprudência]], e [[Polícia religiosa|polícias religiosas]] para aplicá-la socialmente. Leis derivadas da xaria também são aplicadas no [[Afeganistão]], na [[Líbia]] e no [[Sudão]]. Alguns [[Estados da Nigéria|estados]] do norte da [[Nigéria]] reintroduziram os tribunais da xaria.<ref>{{citar web|url=http://www.onlinenigeria.com/government/index.asp?blurb=141 |título=The Judiciary |publicado=Online Nigeria |data=1 de maio de 2007 |acessodata=1-5-2007}}</ref> Na prática, estes novos tribunais da xaria nigerianos quase sempre trouxeram a reintrodução de punições severas, como a [[amputação]] de uma ou ambas as mãos para ladrões, e o [[apedrejamento]] para casos de [[adultério]] e [[apostasia]], sem o consequente endurecimento nas regras para o fornecimento de evidências e testemunhos.{{Carece de fontes|data=setembro de 2009}}
Muitos organismos, incluindo o [[Tribunal Europeu dos Direitos Humanos]], consideram as punições prescritas pela xaria como bárbaras e cruéis, e contra os direitos humanos mais básicos. Acadêmicos islâmicos argumentam que, se implementados da maneira correta, estas punições servem como um meio de intimidação aos criminosos.<ref>{{citar jornal|url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/2977446.stm|título=Debate rages over women and Sharia (Debate aceso sobre mulheres e xaria)|publicado=BBC News|data=11 de junho de 2003|acessodata=1-5-2007}}</ref> A mídia internacional tem abordado com algum destaque e considerável crítica os casos de países que aplicaram a lei islâmica, especialmente se a sentença acaba sendo mais severa do que os padrões estabelecidos internacionalmente de [[direitos humanos]], como a aplicação da [[pena de morte]] para os "crimes" de [[adultério]], [[homossexualidade]] , [[apostasia]], [[blasfémia]], [[Amputação|amputações]] para o crime de [[roubo]], e [[Flagelação|chibatadas]] para [[fornicação]] ou [[embriaguez]] pública.<ref>[http://www.hrw.org/reports/2004/nigeria0904/5.htm]</ref><ref>{{citar web|url=http://www.islamweb.net/emainpage/index.php?page=showfatwa&Option=FatwaId&Id=156817|titulo=Fatwa No : 156817: A daughter accusing her father of sexual abuse (Uma filha acusa seu pai de abuso sexual - em inglês)|data=18 de Maio de 2011
=== Leis de alimentação ===
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=== Código de vestimenta ===
[[Imagem:Yemeni doctor.jpg|thumb|250px|direita| Uma médica iemenita examina uma criança em uma clínica de saúde patrocinada pela USAID.]]
O Alcorão também exige um código de vestimenta aos seus seguidores.<ref>{{citar web|url=http://quranx.com/33.59|titulo=The Quran 33:59 Al Ahzab (The allies) - Tell thy wives and thy daughters and the women of the believers to draw their cloaks close round them (when they go abroad). That will be better, so that they may be recognised and not annoyed. (Diz a tuas esposas, tuas filhas e às mulheres dos fiéis que (quando saírem) se cubram com as suas mantas); isso é mais conveniente, para que sejam reconhecidas e não sejam molestadas.
Segundo [[Kamel Daoud]], "hoje, o sexo é um grande paradoxo em muitos países do mundo árabe: age-se como se não existisse e, no entanto, determina tudo o que não é dito. Negado, ele pesa no espírito por sua própria dissimulação. Embora as mulheres estejam veladas, elas estão no centro de nossas conexões, trocas e preocupações."<ref>{{citar web|url=https://www.nytimes.com/2016/02/14/opinion/sunday/the-sexual-misery-of-the-arab-world.html?mcubz=0|titulo=The Sexual Misery of the Arab World (A miséria sexual do mundo árabe)|data=12 de Fevereiro de 2016|publicado=The New York Times|ultimo=Daoud|primeiro=Kamel}}</ref>
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=== Circuncisão e MGF ===
A [[circuncisão]] masculina envolve a remoção do [[prepúcio]] e é uma tradição na maioria das comunidades muçulmanas e judaicas. As opiniões diferem sobre se é legalmente obrigatório (fard) ou [[Suna]]. Não é mencionado no Alcorão, mas muitos muçulmanos acreditam que é um requisito para a conversão ao Islã. Muitas vezes é identificado como parte dos ritos de purificação (taharah) ou ligado para a prática do [[Antigo Testamento]] de [[Abraão]]. A circuncisão foi interpretada de diversas maneiras como um símbolo exterior da autodisciplina nas exigências de Deus, o crescimento interno da razão, a submissão de paixões básicas a requisitos espirituais superiores, o reconhecimento físico da hegemonia de Deus sobre instintos descontrolados e o compromisso religioso mais profundo esperado de um muçulmano maduro. A prática não é universal. Na Europa e América do Norte, normalmente é feito em um hospital imediatamente após o nascimento. Entre as sociedades tradicionais no [[Oriente Médio]], um rito separado ocorre entre as idades de dois e doze como parte da celebração ritual, e os meninos circuncidados mais velhos são imediatamente obrigados a se juntar a parentes mais velhos em oração pública e são restritos de se moverem livremente entre nas partes da casa.<ref>{{citar web|url=http://www.oxfordislamicstudies.com/article/opr/t125/e436?_hi=11&_pos=3|titulo=Circumcision (Circuncisão - em inglês)
Já a [[mutilação genital feminina]] (também chamada [[circuncisão feminina]]) é uma prática em cerca de 28 países em África, e muitos outros no Médio Oriente e na Ásia, a qual é praticada na sua maioria por muçulmanos mas também por não-muçulmanos (cristãos, animistas e outros).<ref>{{citar web|url=http://www.stopfgmmideast.org/background/islam-or-culture/|titulo=Religion or culture? (Religião ou cultura? - e m inglês)
=== Apostasia ===
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Até o final de 1800, a grande maioria dos estudiosos Islâmicos nas escolas de [[jurisprudência]] [[Madhhab]] e Imamah (xiita) consideravam que para os homens adultos, a apostasia era um crime bem como um pecado, um ato de traição punível com a [[pena de morte]],<ref name="jstor.org"/><ref name=Lewis-1995-229>{{citar livro|último1 =Lewis|primeiro1 =Bernard|título=The Middle East, a Brief History of the Last 2000 Years|data=1995|publicado=Touchstone Books|isbn=0684807122|página=229|url=https://books.google.com/books?id=1ajwK7ejowwC&pg=PT234&lpg=PT234&dq=%22crime+as+well+as+a+sin%22+lewis&source=bl&ots=v1AyclN5kf&sig=xjzwt82NQw_zjElqRcexH9APgyA&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwj8nf-itrHJAhUDXh4KHYulCgcQ6AEIMDAE|acessodata=27 de novembro de 2015}}</ref> normalmente após um período de espera para permitir que o apóstata arrependa-se e volte ao Islã.<ref name="jstor.org"/><ref>{{citar livro|último =Omar|primeiro =Abdul Rashied|editor1=Mohammed Abu-Nimer|editor2=David Augsburger|título=Peace-Building by, between, and beyond Muslims and Evangelical Christians|url=https://books.google.com/books?id=HvrDWka4iRgC&pg=186|data=16 de fevereiro de 2009|publicado=Lexington Books|capítulo=The Right to religious conversion: Between apostasy and proselytization|isbn=978-0-7391-3523-5|páginas=179–194}}</ref><ref name="KEY">{{citar livro|autores=Kecia Ali and Oliver Leaman|título=''Islam: the key concepts''|publicado=Routledge|ano=2008|página=10|url=https://books.google.com/books?id=H5-CdzqmuXsC&pg=PA10|acessodata=2013-11-29}}</ref><ref name=johnesposito>{{citar livro|autor =John L. Esposito|título=''The Oxford dictionary of Islam''|publicado=Oxford University Press|ano=2004|página=22|url=https://books.google.com/books?id=6VeCWQfVNjkC&pg=PA22|acessodata=2013-11-28}}</ref> O tipo de apostasia geralmente considerada punível pelos juristas era a do tipo político, embora houvesse considerável diferença de opinião sobre este assunto no meio jurídico islâmico.<ref name="afsaruddin1">Asma Afsaruddin (2013), ''Striving in the Path of God: Jihad and Martyrdom in Islamic Thought'', p.242. </ref> Wael Hallaq afirma que "em uma cultura cujo principal instrumento é a religião, os princípios religiosos e a moral religiosa, a apostasia é, de alguma forma, equivalente a [[alta traição]] no moderno [[Estado-nação]]."<ref name="waelhallaq">{{citar livro|último1 =[[Wael Hallaq|Wael]]|primeiro1 =[[Wael Hallaq|B. Hallaq]]|título=Sharī'a: Theory, Practice and Transformations|data=2009|publicado=[[Cambridge University Press]]|isbn=978-0-521-86147-2|páginas=319}}</ref> No final dos anos 1800, a utilização de sanções penais por apostasia, caiu em desuso, apesar de sanções civis terem sido aplicadas.<ref name="jstor.org">Peters & De Vries (1976), [http://www.jstor.org/stable/1570336 Apostasy in Islam], Die Welt des Islams, Vol. 17, Issue 1/4, pp 16</ref><ref>{{citar web|url=http://www.reuters.com/article/us-religion-atheists/atheists-face-death-in-13-countries-global-discrimination-study-idUSBRE9B900G20131210|titulo=Atheists face death in 13 countries, global discrimination: study|data=10 de Dezembro de 2013|publicado=Reuters|ultimo=Evans|primeiro=Robert}}</ref>
De acordo com [[Abdul Rashied Omar]], a maioria dos estudiosos muçulmanos modernos continuam a manter uma visão tradicional de que a pena de morte por apostasia ou blasfémia é necessária de acordo com os [[Hádice|hádices]].<ref name=aromar>{{citar livro|último =Omar|primeiro =Abdul Rashied|editor1=Mohammed Abu-Nimer|editor2=David Augsburger|título=Peace-Building by, between, and beyond Muslims and Evangelical Christians|url=https://books.google.com/books?id=HvrDWka4iRgC&pg=186|data=16 de fevereiro de 2009|publicado=Lexington Books|capítulo=The Right to religious conversion: Between apostasy and proselytization|isbn=978-0-7391-3523-5|páginas=179–194}}</ref><ref>{{citar web|url=https://muflihun.com/bukhari/83/17|titulo=Sahih al-Bukhari Livro 83 Hadith 17|acessodata=13 de Outubro de 2017|publicado=Muflihun.com}}</ref><ref>{{citar web|url=https://muflihun.com/bukhari/84/57|titulo=Sahih al-Bukhari Livro 84 Hadith 57|acessodata=13 de Outubro de 2017|publicado=Muflihun.com}}</ref>. <ref>{{citar livro|título=Reliance of the Traveller (Trad.inglesa de Nuh Ha Mim Keller) -Capitulo O1.2 Os seguintes (crimes) não estão sujeitos a retaliação:(...) 2- um muçulmano por matar um não muçulmano; -3- um judeu ou cristão do estado islâmico por matar um apóstata do Islã (porque um súbdito do Estado está sob sua proteção, enquanto matar um apóstata do Islã não tem consequências); -4- um pai ou mãe (ou seus pais e mães) por matar sua prole, ou descendência da sua prole;(...)|ultimo=Al-Misri|primeiro=Ahmad Ibn Naqib|editora=Amana Publications|ano=1997
[[Yusuf Al-Qaradawi]], presidente da União Mundial de Sábios Islâmicos, declarou à TV egípcia: "Se eles (muçulmanos apóstatas) tivessem livrado-se dos castigo pela apostasia, hoje não existiria Islã". A declaração não foi uma desculpa, mas sim uma justificação lógica para preservar a pena de morte para o "crime" de apostasia.<ref>{{citar web|url=https://www.gatestoneinstitute.org/3572/islam-apostasy-death|titulo=Se os apóstatas se tivessem livrado da morte, hoje não existiria Islão|data=5 de Fevereiro de 2013
Muitos muçulmanos que se converteram ao [[cristianismo]], ou abandonaram simplesmente a religião, estão em risco, como o escritor [[Ibn Warraq]],(britânico de origem paquistanesa), que alega estar correndo perigo de vida por ser um ex-muçulmano;<ref>{{citar web|url=http://en.qantara.de/content/interview-with-ibn-warraq-many-muslims-react-to-criticism-of-the-quran-with-hysteria|titulo=Entrvisat com Ibn Warraq -"Many muslims react to criticism of the quran with hysteria" (Muitos muçulmanos reagem á crítica do Corão com histeria - em inglês)|data=29 de Novembro de 2007
== O papel da mulher no Islã==
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O papel das mulheres na sociedade muçulmana mudou significativamente nos séculos desde que o Islã começou na [[Arábia]] no início do {{séc|VII}}. Sua posição variou com a mudança de circunstâncias sociais, econômicas e políticas. Embora o Islã considere homens e mulheres como moralmente iguais à vista de Alá, as mulheres não tiveram o mesmo acesso a muitas áreas da vida islâmica.<ref name="Women">{{citar web|url=http://www.oxfordislamicstudies.com/article/opr/t243/e370?_hi=13&_pos=2|titulo=Women (Mulher - em inglês)|publicado=Oxford Islamic Studies}}</ref> Antes das revelações recebidas por [[Maomé]] no {{séc|VII}}, era hábito na Arábia enterrar as suas filhas vivas. Isso, entre outras práticas exploratórias, tornava a mulher um ser submisso ao homem, tratada como de segunda espécie.<ref name="Women" /><ref name="sbmrj.org.br">[http://www.sbmrj.org.br/Mulheres-condic.htm] - A condição da mulher no Islam, 27 de fevereiro de 2009</ref>
Durante e após a revelação do Alcorão, estes hábitos teriam sido abolidos, tendo em vista de que a condição da mulher na sociedade da Arábia foi revista, colocando-a como ser de igual nível ao homem, digna, respeitável, a ser protegida pelo homem.<ref name="Women" /><ref name="sbmrj.org.br"/> Já no {{séc|VII}}, com a revelação do Alcorão, a mulher possuía direitos a: individualidade, educação e instrução, liberdade de expressão, direito de contratar, direito à Herança, direito ao divórcio, entre outros; alguns destes foram conquistados na prática no [[Ocidente]] apenas no {{séc|XX}}.<ref name="sbmrj.org.br"/> Contudo, embora a lei islâmica tenha ampliado alguns direitos às mulheres e limitado os privilégios dos homens, não mudou a posição dominante dos homens na sociedade muçulmana. Por exemplo, o Alcorão exige que as mulheres sejam obedientes aos seus maridos e descreve os homens como um grau superior às mulheres em direitos e responsabilidades. As escrituras também permitem que os homens se divorciem de suas esposas sem causa e negam os direitos de custódia das mulheres sobre as crianças que atingiram uma certa idade.<ref>{{citar web|url=http://www.oxfordislamicstudies.com/article/opr/t243/e370?_hi=13&_pos=2|titulo=Women
A xaria concede às mulheres o direito de herdar bens de outros membros da família, e estes direitos são detalhados no Corão.<ref>{{citar livro|primeiro1 =Chris|último1 =Horrie|primeiro2 =Peter|último2 =Chippindale|data=2003|título=What Is Islam? A Comprehensive Introduction|página=49|publicado=Virgin Books|isbn=0-7535-0827-3}}</ref> A herança de uma mulher é desigual e menor do que a de um homem, e depende de muitos fatores.<ref name=davidpowers>{{citar periódico|último1 =Powers |primeiro1 =David S. |título=The Islamic Inheritance System: a Socio-Historical Approach |periódico=Arab Law Quarterly |volume=8 |número=1 |ano=1993 |páginas=13–29 |jstor=3381490 |doi=10.1163/157302593X00285 }}</ref> Por exemplo, a herança de uma filha geralmente é metade da do irmão.<ref name=davidpowers/>
O Islão não proíbe as [[mulher]]es de trabalhar, mas coloca ênfase na importância da mulher em tomar conta da casa e da família. Na [[Arábia Saudita]], até 23 de Junho de 2018, elas não estavam autorizadas a conduzir [[Automóvel|automóveis]].<ref>{{Citar periódico
A lei islâmica permite que uma esposa se divorcie , mas isso normalmente implica a devolução do dote ou outros presentes. Na prática, os obstáculos legais e financeiros tornam o divorcio da mulher muçulmana extremamente difícil.<ref>{{citar web|url=http://thewip.net/2010/03/18/the-hard-way-out-divorce-by-khula/|titulo=The hard way out: divorce by Khula (A saída difícil: divórcio pela Khula - em inglês)|data=18 de Março de 2010
As mulheres não podem ser sacerdotisas ou sábias religiosas. Muitas interpretações da lei islâmica sustentam que as mulheres não podem ter empregos importantes, e estão por isso proibidas de trabalhar no governo. Esta visão tem sido corrente até hoje.{{Carece de fontes|data=setembro de 2009}}
A feminista [[Phyllis Chesler]] afirma que na maioria dos países muçulmanos, as mulheres têm um estatuto legal inferior ao dos homens, vivendo em maior ou menor grau numa espécie de [[apartheid de género]], do qual a Arábia Saudita éo exemplo mais extremo.<ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20130225160659/http://www.phyllis-chesler.com/984/phyllis-chesler-on-islamic-gender-apartheid|titulo=Phyllis Chesler on Islamic gender apartheid|data=3 de Maio de 2011|publicado=The Phyllis Chesler Organization (Arquivado em WayBack Machine)}}</ref> O autor muçulmano britânico Ed Husain argumenta que, ao invés de manter os desejos sexuais sob controle, a segregação de gênero cria "frustração sexual reprimida que se expressa de maneiras não saudáveis" e leva os jovens a "verem o sexo oposto apenas como objetos sexuais".<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=PnzoQ83TsVUC&printsec=frontcover&dq=The+Islamist:+Why+I+joined+Radical+Islam+in+Britain,+what+I+saw+inside+and+why+I+left&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjyjrzCxMvXAhWIf5AKHbiRDAEQ6AEIJzAA#v=onepage&q=The%20Islamist%3A%20Why%20I%20joined%20Radical%20Islam%20in%20Britain%2C%20what%20I%20saw%20inside%20and%20why%20I%20left&f=false|titulo=The Islamist: Why I joined Radical Islam in Britain, what I saw inside and why I left (O Islamista: Porque aderi ao Islão Radical no Reino Unido, o que vi por dentro e porque o deixei) - em inglês|ultimo=Husain|primeiro=Ed|editora=Penguin Books|ano=2007
Sobre a situação actual da mulher muçulmana, a feminista e crente [[Mona Eltahawy]], em Maio de 2012, escrevendo para o magazine ''[[Foreign Policy]]'', disse: ''" Nomeiem-me um qualquer país árabe, e vou recitar um rosário de abusos (de mulheres) alimentados por uma mistura tóxica de cultura e religião que poucos parecem dispostos ou capazes de desembaraçar, para não blasfemar ou ofender."'' <ref>{{citar web|url=http://foreignpolicy.com/2012/04/23/why-do-they-hate-us/|titulo=Why Do They Hate Us?The real war on women is in the Middle East.|data=23 de Abril de 2012|publicado=Foreign Policy|ultimo=Eltahawy|primeiro=Mona}}</ref>
== Influências recebidas pela xaria ==
Para [[Odon Vallet]], doutor em [[Direito]] e em [[Ciências Religiosas]], a
{{referências|col=2|refs=
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