Caramujo-gigante-africano: diferenças entre revisões

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O '''caramujo-gigante-africano''' (de nome científico '''''Achatina fulica''''') é um [[molusco]] da classe [[Gastropoda]], de [[concha]] cônica [[marrom]] ou mosqueada de [[tom|tons]] claros. Nativo no leste-nordeste da [[África]], foi introduzido no Brasil em [[1983]] visando ao cultivo e comercialização do ''[[escargot]]''.<ref name=PAIVA>PAIVA, Celso do Lago, ed., 1999/ 2003. Achatina fulica: praga
agrícola e ameaça à saúde pública no Brasil. Fontes de informação impressas e digitais. 25 de abril de 2004.</ref> O nome '''caramujo''' é incorreto, já que caramujos são moluscos de água doce e, como o ''Achatina fulica'' é um [[Moluscos|molusco terrestre pulmonado]], o correto seria denominá-lo '''caracol-gigante-africano'''.
 
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== Introdução no Brasil ==
Presente em diversas partes do planeta, especialmente na África, o caracol ''Achatina fulica'' foi introduzido ilegalmente no [[Brasil]] inicialmente no estado do [[Paraná]] na década de 1980,<ref>{{citar web|url=http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10135/tde-04022011-093125/publico/Michele_Ribeiro_Silva.pdf|título=O Achatina fulica e sua utilização zooterápica através de dietas acrescidas de própolis}}</ref> como alternativa econômica ao [[escargot]] (''[[Helix aspersa]]''), em uma feira agropecuária.
 
A segunda introdução teria ocorrido no [[Porto de Santos]] por um [[servidor público]] em meados da década de 90, que montou um heliciário na Praia Grande, no qual promovia cursos de final de semana. O fracasso das tentativas de comercialização, devido àa sua carne ser mais dura do que a do escargot e por não ser um prato apreciado no País, levou os criadores, por desinformação, a soltar os caracóis nas matas. Como se reproduz rapidamente e possui poucos [[Predação|predadores]] naturais em áreas antropizadas e urbanas no Brasil, tornou-se uma praga agrícola e pode ser encontrado em praticamente todo o país, inclusive nas regiões litorâneas.<ref name=MESQUITA/> Em ambiente urbano foi constatada sua predação pelo rato doméstico (''[[Rattus]]'' [[Rattus|sp.]])<ref>Nunes, C.E.P. 2017. Observação pessoal.</ref> tanto no Brasil como no Havaí, onde também é considerado uma espécie [http://www.bioone.org/doi/full/10.2984/049.063.0304 invasora].<ref>{{citar periódico|ultimo=Meyer|primeiro=Wallace M.|data=2009|titulo=Black Rat (Rattus rattus) Predation on Nonindigenous Snails in Hawai‘i: Complex Management Implications|jornal=Pacific Science|doi=10.2984/049.063.0304|url=http://www.bioone.org/doi/abs/10.2984/049.063.0304|acessodata=2 de junho de 2017}}</ref> Em ambientes silvestres no Brasil, provavelmente é naturalmente controlado por gambás ([[Didelphis]] spp.) e cobras come-lesmas (espécies da família [[Colubridae]], exemplos: , [http://www.altinomachado.com.br/2015/04/cobra-dormideira-come-lesma-ou.html]), o que explica porquepor que não se torna um problema em áreas de florestas conservadas e reservas naturais onde existam esses predadores.
 
A espécie foi oficialmente declarada invasora em 2005.<ref>{{citar web|url=https://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/IBAMA/IN0073-180805.PDF|título=Instrução Normativa 73/2005/Ibama}}</ref>
 
== Achatina e a Saúde Pública ==
Esse caracol pode transmitir ao ser humano o verme ''[[Angiostrongylus cantonensis]],'' causador de [[meningite]], por ser o [[hospedeiro]] natural dele.<ref name=PAIVA/> Esse tipo de meningite ocorre principalmente na Ásia, porém, há notificação de casos em Cuba, Porto Rico e Estados Unidos. Apesar disso, são baixas as chances de essa doença se instalar no país.<ref name=MESQUITA>{{citar web| url=http://www.genoma.blogger.com.br/ |titulo=Achatina fulica, o caracól gigante invasor no BR. |autor=Paulo Aníbal G. Mesquita |data=6 de maio de 2004}}</ref>
[[Imagem:Giant African Land Snail (Achatina fulica) in Hyderabad, AP W IMG 0596.jpg|thumb|300px|Evite contato]]
 
O Achatina também transmite o parasita ''[[Angiostrongylus costaricensis]]'',<ref name=PAIVA/> angiostrongilose abdominal, que ocorre desde o sul dos [[Estados Unidos]] até o norte da [[Argentina]]. Raramente a doença evolui para forma letal, permanecendo na maior parte das vezes assintomática ou comportando-se como uma parasitose comum. No Brasil essa doença é transmitida por caracóis e lesmas nativos, e não pelo gigante africano; na região sul do país encontra-se a maioria dos casos. Apesar de não haver registro de exemplares de ''A. fulica'' adultos naturalmente infectados no Brasil, as larvas podem se infectar através da ingestão de hortaliças contaminadas com o muco deixado pelo molusco adulto silvestre ao se movimentar. Por isso, recomenda-se lavar as verduras em água corrente e depois deixar as mesmas em molho, bastando colocar apenas uma colher de sobremesa de água sanitária em um litro de água e deixar os alimentos em molho por durante 15 minutos.<ref name=MESQUITA/>
 
O Caracolcaracol Africanoafricano também é responsavelresponsável indireto pela potencial transmissão da [[Febrefebre amarela]] e da [[Denguedengue]]. Foi constatado inicialmente na [[Tanzânia]] que as conchas de Achatinas mortos podiam encher-se d'água e tornar-se um potencial ponto para a proliferação do [[Aedes aegypti]], mosquito transmissor dessas doenças. Em 2001, esse mosquito também foi encontrado em conchas de ''Achatina fulica'' no estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]].<ref name=PAIVA/>
 
Devido ao seu sucesso reprodutivo, ele tornou-se uma terrível praga agrícola, alimentando-se vorazmente de diversos vegetais de consumo humano, e por isso umo parecer técnico 003/03 publicado pelo Ibama e pelo Ministério da Agricultura em 2003, que considera ilegal a criação de caracóis africanos no país, determina a erradicação da espécie e prevê a notificação dos produtores sobre a ilegalidade da atividade.<ref name=IBAMA1>{{citar web|url=http://www.institutohorus.org.br/download/marcos_legais/Parecer_0032003_DPC.pdf|titulo=Parecer Técnico DPC/CPP/DDIV - nº003/03|autor=Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Divisão de Vigilância e Controle de Pragas|data=20 de janeiro de 2003}}</ref> Este parecer vem reforçar a Portaria 102/98 do Ibama, de 1998, que regulamenta os criadourocriadouros de fauna exótica para fins comerciais, com o estabelecimento de modelos de criação e a exigência de registro dos criadouros junto ao Ibama.
 
=== Combate ===
[[Ficheiro:Achatina fulica.JPG|thumb|esquerda]]
Para combater o ''Achatina fulica'', inicialmente é necessário identificar corretamente o caracol africano para que não haja qualquer confusão com as espécies nativas,; posteriormente, o exemplar deve ser pego com luva ou saco plástico para evitar o contato direto com ele, e deve ser colocado sal ou cloro sobre o mesmo; também pode-se esmagá-lo, e não se deve esquecer de destruir seus ovos no solo com uma vassoura de grama. Quando chove muito numa região infestada, é comum observarmos os caracóis subindo as paredes, sendo, então, uma boa oportunidade para destruí-los. É preciso observar o local que foi infestado por eles por pelo menos três meses para verificação das reinfestações.{{carece de fontes|data=abril de 2017|ci}} O combate químico com o uso de pesticidas não é indicado, pois o produto pode contaminar o solo, a água e até o lençol freático, podendo, assim, levar aà intoxicação dos animais e do ser humano,; além disso, o molusco pode ser resistente a vários pesticidas.<ref name=IAP>{{citar web |url=http://www.redeprofauna.pr.gov.br/arquivos/File/MedidasdeControleAchatinafulica1(1).pdf |titulo=Medidas de controle Achatina fulica |editor=Instituto Ambiental do Paraná |acessodata=4 de fevereiro de 2011}}</ref> A melhor solução é a incineração em uma cova, o que evita a postura dos ovos.
 
A criação do Achatina fulica no Brasil foi considerada "de risco". Se adaptou muito bem às condições do país criando gerações sem controle em ambiente silvestre. Vários criadores soltaram espécimes na natureza, gerando uma situação de risco biológico por sua prolificidade. Quando criados sob controle, não oferecem riscos à saúde. Têm carne saborosa de paladar requintado mas, se contaminados, podem disseminar processos patológicos graves. Entretanto, se bem cozido, o risco é eliminado - o procedimento é o mesmo para a carne de qualquer outro animal, que pode conter parasitas.
 
{{Referências}}