Bertholletia excelsa: diferenças entre revisões

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== Reprodução ==
A ''Bertholletia excelsa'' produz fruto exclusivamente em [[mata virgem|matas virgens]], já que florestas "não virgens" quase sempre carecem de [[Orquídeas|orquidáceas]], que são, indiretamente, responsáveis pela [[polinização]] das suas flores.{{carece de fontes|data=Dezembro de 2007}} A ''Bertholletia excelsa'' têm sido colhidas em plantações (na [[Malásia]] e em [[Gana]]), porém a sua produção é baixa e, atualmente, não são viáveis economicamente.<ref>[http://www.nybg.org/bsci/braznut/#Plantations Brazil Nut Plantations]</ref><ref>[http://www.siu.edu/~ebl/leaflets/brazil.htm The Brazil Nut (Bertholletia excelsa)]</ref><ref>[http://www.bertholletia.org/bertholletia/benefits/benefits.html The Brazil Nut Tree: More than just nuts]</ref>
 
As flores amarelas da ''Bertholletia excelsa'' só podem ser polinizadas por um inseto suficientemente forte para levantar o "capuz" da flor e que tenha uma língua comprida o bastante para passar pela complexa [[espiral]] da flor, como é o caso das abelhas dos gêneros ''[[Bombus]]'', ''[[Centris]]'', ''[[Epicharis]]'', ''[[Eulaema]]'' e ''[[Xylocopa]]''. As orquídeas produzem um odor que atrai pequenas [[Euglossini|abelhas-da-orquídea]] (espécie ''[[Euglossa]]''), de língua muito comprida, já que as abelhas-macho desta espécie precisam deste odor para atrair as fêmeas. A grande abelha-da-orquídea fêmea poliniza a ''Bertholletia excelsa''. Sem a orquídea, as abelhas não cruzariam, e portanto a falta de abelhas significa que o fruto não é polinizado.
[[Ficheiro:Brazil nut DSC05503.JPG|thumb|150px|Fruto]]
Se tanto as orquídeas como as abelhas estiverem presentes, o fruto leva 14 meses para amadurecer após a polinização das flores. O fruto em si é uma grande cápsula de 10 centímetros a 15 centímetros de diâmetro que se assemelha ao [[endocarpo]] do [[côco]] no tamanho e pesa até dois [[quilograma]]s. Possui uma casca dura, semelhante à madeira, com uma espessura de 8 [[milímetro]]s a 12 milímetros, e dentro estão de 8 a 24 sementes com cerca de cinco centímetros de comprimento dispostas como os gomos de uma [[laranja]]; não é, portanto, uma [[castanha]] no sentido biológico da palavra.
 
A cápsula contém um pequeno buraco em uma das pontas, que permite a grandes [[roedor]]es como a [[cutia]] e, com menos frequência, os [[esquilo]]s, roerem até abrir a cápsula. Eles comem, então, algumas das castanhas que encontram ali dentro e enterram as outras para uso posterior; algumas destas que foram enterradas acabam por germinar e produzem novas ''Bertholletia excelsa''. [[Ficheiro:Brazil nut DSC05477.JPG|thumb|150px|Fruto aberto]] A maioria das sementes são "plantadas" pelas cutias em lugares escuros, e as jovens árvores acabam esperando por anos, em estado de hibernação, até que alguma árvore caia e a luz do sol possa alcançá-las. [[Cebus|Micos]] já foram vistos abrindo os frutos da ''Bertholletia excelsa'' utilizando-se de uma pedra como uma [[bigorna]].
 
== Ecologia ==
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== Produção ==
Cerca de 20 000 [[tonelada]]s de ''Bertholletia excelsa'' são colhidas a cada ano, da qual a Bolívia responde por 50 por cento, o Brasil por 40 por cento e o Peru por 10 por cento (estimativas do ano 2000).<ref>{{citar web|url=http://www.nri.org/NRET/brazilnuts.pdf|título=Economic Viability of Brazil Nut Trading in Peru}} Chris Collinson et al, University of Greenwich</ref> Em 1980, a produção anual era de cerca de 40 000 toneladas por ano somente no Brasil e, em 1970, o país registrou uma colheita de 104 487 toneladas de ''Bertholletia excelsa''.<ref>{{citar web|url=http://www.nybg.org/bsci/braznut/|título=The Brazil Nut Industry — Past, Present, and Future}} Scott A. Mori, The New York Botanical Garden</ref>
 
A produção brasileira caiu a menos da metade entre 1970 e 1980, devido ao desmatamento da [[Amazônia]].
 
=== Efeitos da colheita ===
As ''Bertholletia excelsa'' destinadas ao comércio internacional vêm inteiramente da colheita selvagem, e não de plantações. Este modelo vem sendo estimulado como uma maneira de se gerar renda a partir de uma [[floresta tropical]] sem destruí-la. As castanhas são colhidas por trabalhadores migrantes conhecidos como "castanheiros".
 
A análise da idade das árvores nas áreas onde houve extração mostram que a colheita de moderada a intensa coleta tantas sementes que não resta um número suficiente para substituir as árvores mais antigas à medida que elas morrem. Sítios com menos atividades de colheita possuem mais árvores jovens, enquanto sítios com atividade intensa de colheita praticamente não as possuem.<ref>[http://dx.doi.org/10.1016/j.tree.2004.03.022 Sustainability in a nut shell (abstract), Jonathan Silvertown, Department of Biological Sciences, The Open University]</ref>
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=== Alimentação ===
 
[[Ficheiro:Brazil nuts.jpg|thumb|Semente da ''Bertholletia excelsa'' após a remoção da casca]]
As ''Bertholletia excelsa'' possuem 18% de [[proteína]], 13% de [[carboidratos]] e 69% de [[gordura]]. A proporção de gorduras é de, aproximadamente, 25% de [[gorduras saturadas]], 41% de [[Gordura monoinsaturada|monoinsaturadas]] e 34% de [[Gorduras poliinsaturadas|poliinsaturadas]].<ref>Smith, N. et al 1992. ''Tropical forests and their crops. Comstock Publishing, NY. (citado em Lorenzi, Harri e Matos, Francisco José de Abreu, ''Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas'', Nova Odessa, SP: Insituto Plantarum, 2002. ISBN 85-86174-18-6)''</ref> Possuem um gosto um tanto terroso, muito apreciado em vários países. O conteúdo de gordura saturada das ''Bertholletia excelsa'' está entre o mais alto de todas as castanhas e nozes, superando até mesmo o da [[macadâmia]]. Devido ao gosto forte resultante, as ''Bertholletia excelsa'' podem subtituir frequentemente macadâmias ou mesmo o coco em receitas. ''Bertholletia excelsa'' retiradas de suas cascas tornam-se rançosas rapidamente. As castanhas também podem ser esmagadas para se obter óleo.
 
Nutricionalmente, as ''Bertholletia excelsa'' são ricas em [[selênio]], embora a quantidade de selênio varie consideravelmente.<ref>{{citar periódico|quotes= |último =Chang |primeiro =Jacqueline C. |coautor=Walter H. Gutenmann, Charlotte M. Reid, Donald J. Lisk |ano=1995 |título=Selenium content of Brazil nuts from two geographic locations in Brazil |periódico=Chemosphere |volume=30 |número=4 |páginas=801-802 |id=0045-6535 }}</ref> São também uma boa fonte de [[magnésio]] e [[tiamina]]. Algumas pesquisas indicaram que o consumo de selênio está relacionado com uma redução no risco de [[câncer de próstata]].<ref>Klein EA, Thompson IM, Lippman SM, Goodman PJ, Albanes D, Taylor PR, Coltman C., "SELECT: the next prostate cancer prevention trial. Selenum and Vitamin E Cancer Prevention Trial.", J Urol. 2001 Oct;166(4):1311-5. [PMID 11547064]</ref> Isto levou alguns analistas a recomendarem o consumo de ''Bertholletia excelsa'' como uma medida preventiva.<ref>Cancer Decisions Newsletter Archive, ''Selenium, Brazil Nuts and Prostate Cancer'', [http://www.cancerdecisions.com/121001.html] last accessed 8 March 2007</ref> Estudos subsequentes sobre o efeito do selênio no câncer de próstata foram inconclusivos.<ref>Peters U, Foster CB, Chatterjee N, Schatzkin A, Reding D, Andriole GL, Crawford ED, Sturup S, Chanock SJ, Hayes RB. "Serum selenium and risk of prostate cancer-a nested case-control study." Am J Clin Nutr. 2007 Jan;85(1):209-17. [PMID 17209198]</ref>
 
=== Óleo da Castanha ===
 
A castanha contem 70 a 72% de óleo doce, de perfume agradável e com gosto semelhante ao óleo de oliveira da Europa. O óleo quando envelhece tem uma cor amarelo-escuro e um cheiro desagradável de ranço.<ref>PESCE, Celestino. Oleaginosas da Amazônia. 2 ed., ver, e atual.\ - Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Atual Rural, 2009.</ref> O óleo de castanha é altamente nutritvo, contendo 75% acidos graxos insaturados compostos principalmente por ácido palmítico, olêico e linolêico, além de fitoesteróides sistosterol e as vitaminas lipossolúveis A e E. Extraído da primeira prensagem, pode se obter um azeite extra-virgem podendo substituir o azeite da oliva por seu sabor suave e agradável.<ref>SUN, S.S. et. al.: Properties, biosynthesis and processing of a sulfur-rich protein in Brazil nut (''Bertholletia excelsa'' H.B.K.). 1987, Eur J Biochem. 162(3):477-83.</ref>
A castanha é uma rica fonte de magnesio, tiamina e possui as mais altas concentrações conhecidas de selênio (126 ppm²), com propriedades antioxidantes. Algumas pesquisas indicaram que o consumo de selênio está relacionado com a redução do risco de câncer de próstata e recomendam o consumo da ''Bertholletia excelsa'' como uma medida preventiva..<ref name="CHUNHIENG, T 2004">CHUNHIENG, T. et. al.: Study of selenium distribution in the protein fractions of the Brazil nut, Bertholletia excels; 2004, J Agric Food Chem. 52(13):4318-22..</ref>
As proteínas encontradas na castanha-do-Pará são muito ricas em aminoacidos sulfurados como a cisteína (8%) e a metionina (18%). A presença desses aminoacidos (methionine) melhora a adsorbção de seleninum e outros minerais..<ref name="CHUNHIENG, T 2004"/>
O óleo de ''Bertholletia excelsa'' é extraído das sementes secas, geralmente por prensagem à frio. O Óleoóleo de ''Bertholletia excelsa'' prensado a frio tem um odor agradável, amarelo. A composição de [[ácido graxos]] é constituído por [[ácido palmítico]] (14-16%), [[ácido esteárico]] (6-10%), [[ácido oleico]] (29-48%), [[ácido linoleico]] (30 - 47). As características físicas são [[densidade]] (0,914-0,917), [[ponto de fusão]] (0-4&nbsp;°C), o valor de [[saponificação]] (193-202), o valor de [[iodo]] (94-106) e [[insaponificável]] (0,5 a 1%).<ref>{{citar web|url=https://de.wikipedia.org/w/index.php?title=Paranussbaum&oldid=142961703#Paranuss.C3.B6l|título=Paranussöl}} - Paranussbaum - Deutschsprachige Wikipedia</ref>
 
=== Composição fisico-quimico do óleo virgem ===
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=== Medicinal ===
O chá da casca da ''Bertholletia excelsa'' é usado na [[Amazônia]] para tratamento do fígado, e a infusão de suas sementes para problemas estomacais.
 
Por seu conteúdo em selênio, a castanha é [[antioxidante]].
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Além disso, o óleo da Castanha-do-Pará também é usado para a confecção de [[cosméticos]] como shampoos, sabonetes e condicionador de cabelo porque seu uso proporciona maciez, brilho e sedosidade. É usado também como creme de pele que lubrifica e hidrata, deixando a pele macia.<ref>Taylor, Leslie. The healing power of rainforest herbs: a guide to understanding and using herbal medicinals. 2005.</ref>
=== Outros usos ===
Assim como no uso alimentar, o óleo extraído da ''Bertholletia excelsa'' também é usado como [[lubrificante]] em [[relógio]]s, para se fazer [[tinta]]s para [[Artes plásticas|artistas plásticos]] e na indústria de [[cosméticos]].
 
A indústria cosmética emprega o óleo de castanha por suas propriedades [[anti-radicais livres]] , [[antioxidantes]] e hidratantes nas formulações [[anti-aging]] prevenindo o envelhecimento [[cutâneo]] e é considerado um dos melhores condicionadores para cabelos danificados e desidratados.<ref>
[http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/63966/1/ComTec-63-2008.pdf], Comunicado Técnico, 11 Setembro 2014</ref>
 
A madeira das ''Bertholletia excelsa'' é de excelente qualidade, porém a sua extração está proibida por lei nos três países produtores (Brasil, Bolívia e Peru). A extração ilegal de madeira e a abertura de clareiras representa uma ameaça contínua.<ref>{{citar web|url=http://www.greenpeace.org/international/news/activists-trapped-by-loggers071018|obra=Greenpeace|título=Activists Trapped by Loggers in Amazon|data= 18 Outubro 2007}}</ref>
 
O [[efeito castanha-do-brasil]], no qual itens maiores misturados em um mesmo recipiente com itens menores (por exemplo, ''Bertholletia excelsa'' misturadas com [[Amendoim|amendoins]]) tendem a subir ao topo, recebeu o nome desta espécie.
 
== Radioactividade ==
As ''Bertholletia excelsa'' podem conter pequenas quantidades de [[Rádio (elemento químico)|rádio]], um material [[Radioatividade|radioativo]]. Embora a quantidade seja muito pequena, cerca de 1–7 pCi/g (40–260 [[Becquerel|Bq]]/kg), e a maior parte não fique retida no corpo, ela é mil vezes mais alta do que em outros alimentos. De acordo com as [[Universidades Associadas de Oak Ridge]], isto não se deve a níveis elevados de rádio no solo, mas sim ao extremamente extenso sistema de raízes da árvore.<ref>Radioactivity of Brazil nuts. http://www.orau.org/PTP/collection/consumer%20products/brazilnuts.htm</ref>
 
{{referências}}
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* [http://www.nybg.org/bsci/braznut/#Plantations Brazil Nut Plantations]
* [http://www.nri.org/NRET/brazilnuts.pdf Economic Viability of Brazil Nut Trading in Peru] Chris Collinson et al, University of Greenwich
* [http://www.siu.edu/~ebl/leaflets/brazil.htm The Brazil Nut (''Bertholletia excelsa'')]
* Lorenzi, Harri e Matos, Francisco José de Abreu, ''Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas'', Nova Odessa, SP: Insituto Plantarum, 2002. ISBN 85-86174-18-6
* [http://www.bertholletia.org/bertholletia/benefits/benefits.html The Brazil Nut Tree: More than just nuts]</ref>