Trajano: diferenças entre revisões

'''Marco Úlpio Nerva Trajano''' ({{lang-la|''Marcus Ulpius Traianus''}}; [[18 de setembro]] de [[53]] — [[9 de agosto]] de [[117]]) nasceu em ''Itálica'' (atual [[Santiponce]]), na [[Bética]], no sul da [[Hispânia Bética]], perto de Híspalis (depois [[Sevilha]]) em 53 d.C. Foi [[imperador romano]] de 98 a 117. Durante sua administração, o Império Romano atingiu sua maior extensão territorial graças às [[História militar da Roma Antiga|conquistas do leste]]. Trajano também é notado pelos seus extensos programas de obras públicas e as políticas sociais implementadas durante o seu reinado.

Marco Úlpio Nerva Trajano nasceu em 18 de setembro de 53, na [[província romana]] da [[Hispânia Bética]] (hoje na atual [[Andaluzia]], na moderna [[Espanha]]). De família nobre, concluiu a formação militar junto ao pai, Marcus Úlpio Nerva Trajano, governador primeiro da [[Província romanasromana|província]] da [[Síria (província romana)|Síria]] e depois da província da [[Ásia (província romana)|Ásia]], à época de [[Vespasiano]]. Comandou uma legião na Hispânia e participou das campanhas na [[Germânia]], nas quais conquistou grande prestígio. Em [[91]], foi nomeado [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsul]] por [[Domiciano]]. O imperador [[Nerva]] adotou-o como seu sucessor e, com a morte daquele, em 98, ele foi nomeado imperador. Os [[Guarda pretoriana|pretorianos]] apoiaram sua escolha.

Eficiente administrador, reorganizou o império, com apoio decisivo do [[Senado romano|senado]], que lhe concedeu o título excepcional de ''Optimus Princeps''. Manteve um contato permanente e íntimo com a intelectualidade romana como consta da correspondência que manteve com [[Caio Plínio Cecílio Segundo|Plínio, o Jovem]]. Reativou o comércio e a agricultura, reduziu a [[carga tributária]] e realizou um ambicioso programa de obras em todo o império. Além de edifícios públicos, como o novo [[Fórum Romano]], construiu [[Estrada romana|estradas]], [[Lista de pontes de Roma|pontes]], [[aquedutos romanos|aquedutos]], [[Porto (transporte)|portos]], [[Termas romanas|banhos públicos]] e infraestrutura sanitária. Algumas dessas obras sobrevivem ainda na [[Itáliapenínsula Itálica]], [[Espanha]], [[Portugal]], [[norteNorte dade África]] e [[Balcãs]]. Seu prestígio, no entanto, não se deveudeve somente aos êxitos na política interna, mas também às conquistas militares e territoriais, destinadas a aumentar e consolidar o poder de Roma e a proporcionar os recursos necessários para suas reformas.

As riquezas obtidas dos saques destas regiões conquistadas, que por centenas de anos haviam evitado, com sucesso, as tentativas de invasão de Roma, serviu grandemente para o financiamento de novas construções em Roma, provavelmente importante para obter a aceitação de um povo que se sentia acima de tudo superior aos interioranos de províncias conquistadas pela espada.{{carece de fontes|"povo que se sentia acima de tudo superior aos interioranos de províncias conquistadas pela espada"}}

Além disso realizou novos projetos arquitetônicos e reformas em [[educação]] e [[agricultura]].

{{AP|GuerrasCampanha Dáciasdácia de Trajano}}

Em [[113]], Trajano começou uma guerra vitoriosa contra o [[Império Parta]]. [[Dinastia arsácida da Arménia|Armênia]], [[Assíria]] e [[Mesopotâmia]] foram integradas no [[Império Romano]]. Este alcançou, com estas conquistas, sua máxima extensão. É provável que o grande líder almejasse avançar até a [[Pérsia]], conquistando o [[Império Sassânida]], numa tentativa de suplantar as conquistas de [[Alexandre, Magnoo Grande]], mas problemas logísticos, rebeliões e uma enfermidade de Trajano seriam os impedimentos para conquistar mais territórios além destes limites.

Suas prolongadas permanências na guerra exterior não impediram Trajano de levar a cabo uma intensa política interior, motivo de acendidos elogios na historiografia romana, porta-voz da opinião do [[Senado romano|senado]], uma antiga instituição que reunia em seu seio a [[aristocracia]] e queria o poder de que havia gozado no regime republicano anterior a instauração do [[Principado]] por [[Augusto]].

A ascensão ao poder de Trajano supôs para o senado a recuperação da liberdade perdida, "um tempo novo", disse [[Plínio, o Jovem]]. Com a colaboração do senado, onde implantou o [[voto secreto]], Trajano trouxe um plano de regeneração moral e política que teve consequências na administração, na justiça e na economia. Se preocupouPreocupou-se especialmente de aumentar os recursos do fisco, com o fim de levar a cabo sua política de construções e melhoras da infraestrutura. Seria também o impulsor de um plano de ajuda aos proprietários agrícolas consistente na concessão de crédito com taxas de juro abaixo das usuais, e cuja originalidade consistia em que os juros cobrados se destinavam à manutenção de crianças de condição livre. Assim, buscava-se favorecer o aumento da natalidade, que havia caído a índices alarmantes.

[[Imagem:TrajanCuria s columnJulia.jpg|thumb|upright=1.2|Reconstrução ideal da [[ColunaCúria deJúlia]], Trajanosede do [[senado romano]]. no tempo de Trajano]]

Por um lado, se preocupou-se de realizar aquelas construções necessárias para facilitar a romanização e melhorar as condições de vida dos cidadãos: abriu caminhos em terras distantes, criou novas vias, construiu aquedutos e pontes, entre os que destaca o que fez sobre o Danúbio para facilitar a conquista da Dácia.

Justo antes de sua morte em [[117]], Trajano adotou seu sobrinho [[Públio Élio Trajano Adriano|Adriano]] quem o sucedeu no trono. Esta sucessão deu-se através da adoção, na qual se acredita que [[Plotina]] tenha desempenhado um papel decisivo. Na época circularam rumores que Plotina teria assinado o decreto de adoção depois da morte do marido (''post mortem'').

Diferente de muitos louvados soberanos na história, a reputação de Trajano sobreviveu não diminuindo durante quase dezenove séculos. Trajano levou o império à sua máxima extensão territorial e é tido por muito historiadores como o protótipo do "bom governante" romano, com incentivos às obras públicas e outras políticas que fizeram seu reinado ser conhecido como uma época dourada, a ponto de depois dele os senadores usarem por muito tempo a expressão ''"felicior Augustus, melior Traianus"'', desejando a cada novo imperador que fosse alguém com mais sorte que [[Augusto]] e melhor do que Trajano, os recordistas em cada quesito.

A cristianização de Roma resultou em novo embelezamento da sua lenda: era comumente dito em tempos medievais que o papa [[Papa Gregório I|Gregório I]], pela intercessão divina, ressuscitou Trajano da morte e o batizou na fé cristã.

Teólogos, como [[Tomás de Aquino]], diziam que Trajano era um exemplo de um [[pagão virtuoso]]. Na ''[[Divina Comédia]]'', [[Dante Alighieri]] vê o espírito de Trajano no primeiro círculo do [[Inferno (Dante)|seu Inferno]], onde ficavam os pagãos virtuosos.

Um episódio, tratado como a justiça de Trajano, foi refletido em vários trabalhos de arte.{{esclarecer}}