Amélia de Orleães: diferenças entre revisões

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{{Info/Nobre
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[[Ficheiro:Reine Amelie du Portugal (jeune; ph.Bond).jpg|thumb|180px|left|D. ª Amélia, {{ca.}} 1872-1876.]]
 
D. ª Amélia era a filha primogénita de [[Luís Filipe, Conde de Paris]], neto do último [[Lista de reis de França|rei da França]], [[Luís Filipe I]], e como tal pretendente ao trono francês, e de [[Maria Isabel de Orleães]], infanta da Espanha, filha de [[Antônio, Duque de Montpensier]]. Através de sua irmã [[Luísa de Orléans|Luísa]], D. ª Amélia é tia-avó do rei emérito [[Juan Carlos I da Espanha]].<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel1997, Paris,p. 19979</ref>
 
D. ª Amélia passou parte da infância em Inglaterra, onde nasceu, devido ao exílio a que a sua família estava sujeita desde que [[Napoleão III]] assumira o trono da França, em [[1848]]. Somente após a queda do império, em [[1871]], os Orleães puderam regressar ao país. A princesa teve então a esmerada educação reservada às princesas, embora o seu pai apenas fosse pretendente à coroa.<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel, Paris, 1997</ref>
 
A princesa cresceu em grandes palácios e frequentemente viajava para a [[Áustria]] e [[Espanha]], onde visitava seus parentes da família real espanhola (sua avó materna era filha de [[Fernando VII]]). D. ª Amélia adorava [[teatro]] e [[ópera]]. Uma ávida leitora, escrevia aos seus autores favoritos e, além disso, tinha dons para a pintura.<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel, Paris, 1997</ref>
 
=== Casamento ===
O matrimónio de Amélia de Orleães com o [[Príncipe Real de Portugal|príncipe real]] [[Carlos I de Portugal|Carlos, Duque de Bragança]], ocorreu após falharem várias hipóteses de uma união com a família imperial austríaca e a família real espanhola.<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), 1997, cap. II</ref>
 
Apesar do casamento arranjado, Amélia e Carlos apaixonaram-se um pelo outro. A [[18 de maio]] de [[1886]], a futura Duquesa de Bragança partiu de França. Ao chegar à [[Pampilhosa]], terá descido do [[comboio]] com o pé esquerdo.<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel1997, Paris,cap. 1997III</ref> No dia seguinte, em [[19 de maio]], às 5 horas da tarde, a princesa conheceu a corte em [[Lisboa]], que estava à sua espera. Foi bem recebida pelos sogros, o rei D. [[Luís I de Portugal|Luís I]] e a rainha D. ª [[Maria Pia de Saboia|Maria Pia]]. O casamento foi celebrado no dia [[22 de maio]] de [[1886]], na [[Igreja de São Domingos]], e grande parte do povo [[Lisboa|lisboeta]] saiu às ruas para acompanhar a cerimónia. O Duque e a Duquesa de Bragança mudaram-se para sua nova residência, o [[Palácio de Belém]], onde nasceriam os dois filhos: [[Luís Filipe, Duque de Bragança|Luís Filipe]] e o futuro [[Manuel II de Portugal]]. Também tiveram uma filha, Maria Ana, nascida em [[14 de dezembro]] de [[1887]], mas essamorreu sobreviveupoucos pormomentos poucasapós horasnascer.<ref name="bio">Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel1997, Paris,cap. 1997IV</ref>
É dito que [[Otto von Bismarck]] foi contrário ao seu noivado com o arquiduque [[Francisco Fernando da Áustria]], cujo assassinato, após a tragédia de [[Sarajevo]], foi uma das causas da [[Primeira Guerra Mundial]]. Amélia poderia ter ficado no lugar de [[Sofia, Duquesa de Hohenberg]], também assassinada na ocasião. Porém, ironicamente, ela acabou tendo uma experiência semelhante ainda antes da morte do arquiduque: o [[Regicídio de 1908]].
 
Apesar do casamento arranjado, Amélia e Carlos apaixonaram-se um pelo outro. A [[18 de maio]] de [[1886]], a futura Duquesa de Bragança partiu de França. Ao chegar à [[Pampilhosa]], terá descido do [[comboio]] com o pé esquerdo.<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel, Paris, 1997</ref> No dia seguinte, em [[19 de maio]], às 5 horas da tarde, a princesa conheceu a corte em [[Lisboa]], que estava à sua espera. Foi bem recebida pelos sogros, o rei D. [[Luís I de Portugal|Luís I]] e a rainha D. ª [[Maria Pia de Saboia|Maria Pia]]. O casamento foi celebrado no dia [[22 de maio]] de [[1886]], na [[Igreja de São Domingos]], e grande parte do povo [[Lisboa|lisboeta]] saiu às ruas para acompanhar a cerimónia. O Duque e a Duquesa de Bragança mudaram-se para sua nova residência, o [[Palácio de Belém]], onde nasceriam os dois filhos: [[Luís Filipe, Duque de Bragança|Luís Filipe]] e o futuro [[Manuel II de Portugal]]. Também tiveram uma filha, Maria Ana, nascida em [[14 de dezembro]] de [[1887]], mas essa sobreviveu por poucas horas.<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel, Paris, 1997</ref>
 
=== Rainha ===
[[Ficheiro:Rainha Amélia.jpg|thumb|Rainha D. ª Amélia|esquerda]]
Em outubro de [[1889]], com a morte do sogro, Amélia, então com apenas vinte e quatro anos, tornou-se [[rainha de Portugal]]. Em novembro, nasceu o seu filho [[Manuel II de Portugal|Manuel]].<ref name="bio"/> Contudo, o reinado de seu marido, D. [[Carlos I de Portugal|Carlos I]], enfrentava crises políticas, tais como o [[Ultimato britânico de 1890]], e a insatisfação popular. Em janeiro de [[1891]], no [[Porto]], houve uma pequena rebelião [[republicana]], mas foi sufocada.
 
Em [[1892]], Amélia recebeu a [[Rosa de Ouro (condecoração)|Rosa de Ouro]] do Papa [[Papa Leão XIII|Leão XIII]].
 
Como rainha, porém, Amélia desempenhou um papel muito importante. Com sua elegância e caráter culto, influenciou a corte portuguesa. Interessada pela erradicação dos males da época, como a pobreza e a tuberculose, fundou dispensários, sanatórios, lactários populares, cozinhas económicas e creches, demonstrando assim o seu interesse pelo bem-estar da população portuguesa. Todavia, suas obras mais conhecidas são as fundações do [[Instituto de Socorros a Náufragos]] (em [[1892]]); do [[Museu Nacional dos Coches|Museu dos Coches Reais]] ([[1905]]); do Instituto Pasteur em Portugal (Instituto [[Câmara Pestana]]); e da [[Assistência Nacional aos Tuberculosos]].<ref name="bio1">Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), 1997, cap. V</ref>
 
Segundo o picador-mor da Casa Real José Maria Pires da Silva (1845-1943), as flores amarelas chamadas "azedas", de que Dona Amélia gostava bastante e que hoje proliferam na região de Lisboa, vieram originalmente da África do Sul para o seu Jardim da Ajuda.
 
Como mãe, a rainha soube dar uma excelente educação aos seus dois filhos, alargando-lhes os horizontes culturais com uma viagem pelo [[Mediterrâneo]], a bordo do iate real ''Amélia'', mostrando-lhes as antigas civilizações romana, grega e egípcia.<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel1997, Paris,cap. 1997VI</ref>
 
===== O Regicídio =====
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=== Exílio e Morte ===
Após a implantação da [[proclamação da República Portuguesa|República Portuguesa]], em [[5 de outubro]] de [[1910]], Amélia seguiu o caminho do exílio com o resto da família real portuguesa para [[Londres]], [[Inglaterra]]. Depois do casamento de D. Manuel II, com [[Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmaringen]], a rainha passou a residir em [[Château de Bellevue (Chesnay)|Château de Bellevue]], perto de [[Versalhes]], em França. Em [[1932]], D. Manuel II morreu inesperadamente em [[Twickenham]], no mesmo subúrbio londrino onde a sua mãe tinha nascido.<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel, Paris, 1997</ref>
 
Amélia na [[Igreja de São Vicente de Fora]]. Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], o governo de [[Salazar]] ofereceu-lhe [[asilo político]] em Portugal, mas D. ª Amélia permaneceu em França, com imunidade diplomática portuguesa.
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Em 1938, deu uma entrevista a um jornalista do jornal " Século", Leitão de Barros onde falou sobre a sua vida em Portugal.
 
No dia [[25 de outubro]] de [[1951]], a rainha D. ª Amélia faleceu na sua residência em Versalhes, aos oitenta e seis anos. Tinha sido atingida por um fatal ataque de [[uremia]], morrendo às 9h35 da manhã.<ref name="bio2">Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), Denoel1997, Paris,p. 1997227</ref> Entre suas últimas palavras encontrava-se a frase ''"QueroSofro bemtanto! aDeus todosestá oscomigo. portugueses, mesmo àqueles queAdeus. Levem-me fizerampara malPortugal!"''.<ref name="bio2"/> O corpo da rainha foi então trasladado pela fragata "Bartolomeu Dias" para junto do marido e dos filhos, no [[Panteão da Dinastia de Bragança|Panteão Real da Dinastia de Bragança]], no [[Mosteiro de São Vicente de Fora]]. Esse foi o seu último desejo na hora da sua morte. O funeral teve honras de Estado e foi visto por grande parte do povo de Lisboa.<ref>Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), 1997, p. 228</ref>
 
== Títulos, estilos, e honrarias ==
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== Bibliografia ==
* Stéphane Bern, ''Moi, Amélie, dernière reine du Portugal'' (roman), DenoelÉditions Denoël, Paris, 1997
* Laurence Catinot-Crost, ''Amélie de Portugal'', Biarritz, Éditions Atlantica, 2000.