Allan Kardec: diferenças entre revisões

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Foi excluído a parte onde Kardec defendia a supremacia branca. O que é totalmente contrario a Doutrina Espírita, que acredita que todos somos Espíritos imortais reencarnantes, que já vivemos em diversos corpos e em diversas raças, culturas e épocas da humanidade.
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{{quote|(…) o Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais o orgulho fundou castas e os estúpidos preconceitos de cor. O Espiritismo, alargando o círculo da família pela pluralidade das existências, estabelece entre os homens uma fraternidade mais racional do que aquela que não tem por base senão os frágeis laços da matéria, porque esses laços são perecíveis, ao passo que os do Espírito são eternos. Esses laços, uma vez bem compreendidos, influirão pela força das coisas, sobre as relações sociais, e mais tarde sobre a Legislação social, que tomará por base as leis imutáveis do amor e da caridade; então ver-se-á desaparecerem essa anomalias que chocam os homens de bom senso, como as leis da Idade Média chocam os homens de hoje…|Allan Kardec<ref>''[[Revue Spirite|Revista Espírita]]'' 1861, pág. 297-298</ref>}}
 
=== Frenologia ===
[[Imagem:Allan_Kardec_L'Illustration_10_avril_1869.jpg|thumb|esquerda|upright|Retrato de Allan Kardec publicado na revista ''L'Illustration'' em 1869.]]
 
Kardec, como um [[Erudição|erudito]] de sua época, acreditava na suposta [[superioridade racial]] dos [[brancos]] [[europeus]] e na inferioridade de outros grupos étnico-raciais, tendo como base a [[frenologia]], fundada pelo médico alemão [[Franz Joseph Gall]] (1758-1828) e atualmente considerada uma [[pseudociência]]. Kardec foi, inclusive, membro da Sociedade de Frenologia de Paris<ref>Pimental, Marcelo Gulão. (Fevereiro de 2014). ''[https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/513/1/marcelogulaopimentel.pdf O Método de Allan Kardec para Investigação dos Fenômenos Mediúnicos (1854-1869)]''. Juiz de Fora-MG: Universidade Federal de Juiz de Fora, Dissertação de Mestrado ao Programa de Pós-Graduação em Saúde.</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=VS09AAAAYAAJ&pg=PA221|título=The Phrenological Journal, and Magazine of Moral Science|ultimo=|primeiro=|data=1844|editora=MacLachlan, Stewart, and Company|ano=|local=|página=211|páginas=|lingua=en|acessodata=}}</ref> e teria defendido teses atualmente consideradas racistas em trechos de suas obras, mas que, à época, representavam a última palavra em ciência no ramo da [[antropometria]]. Um dos textos de Kardec, criticados por alguns como sendo racista, encontra-se em sua obra ''[[O Livro dos Espíritos]]'':
 
{{quote|À vista da sexta interrogação acima, dirão naturalmente que o hotentote é de raça inferior. Perguntaremos, então,se o hotentote é ou não um homem. Se é, por que a ele e à sua raça privou Deus dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é, por que tentar fazê-lo cristão? A Doutrina Espírita tem mais amplitude do que tudo isto. Segundo ela, não há muitas espécies de homens, há tão-somente homens cujos espíritos estão mais ou menos atrasados, porém todos suscetíveis de progredir. Não é este princípio mais conforme à justiça de Deus?|autor=Allan Kardec, ''[[O Livro dos Espíritos]]'', pg. 190, 1860<ref>{{citar livro |url=https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/135.pdf|título=[[O Livro dos Espíritos]]|autor=Allan Kardec |página=190|acessodata=03/09/2017}}</ref>}}
 
Outro texto conhecido de Allan Kardec, publicado em 1862 em uma revista de artigos da doutrina espírita na França, diz:
 
{{quote|Os Espíritos selvagens são ainda crianças, se assim podemos nos exprimir. Neles muitas faculdades ainda estão latentes. O que faria o Espírito de um [[hotentote]] no corpo de um [[François Arago|Arago]]? Seria como alguém que nada sabe de música diante de um piano excelente. Por uma razão inversa, o que faria o espírito Arago no corpo de um hotentote? Seria como [[Liszt]] diante de um piano contendo apenas algumas cordas desafinadas, das quais o seu talento não conseguiria jamais tirar sons harmoniosos.|Allan Kardec - "Perfectibilidade da raça negra", ''[[Revista Espírita]]'', pg. 149, abril de 1862<ref name="Perfectibilidade da raça negra">{{citar livro |url=http://www.sistemas.febnet.org.br/gerenciador/pdfRepository/2009-11-20-30.45f1619bf43ffc6b3c4e21170fd9bdf4.pdf |título=Frenologia Espiritualista e Espírita - Perfectibilidade da raça negra|autor=Allan Kardec |página=149 |editor=[[Revista Espírita]] |data=abril de 1862 |acessodata=16 de setembro de 2019}}</ref>}}
 
{{quote|Assim, como organização física, os negros serão sempre os mesmos; como Espíritos, trata-se, sem dúvida, de uma raça
inferior, isto é, primitiva; são verdadeiras crianças às quais muito pouco se pode ensinar. Mas, por meio de cuidados inteligentes é sempre possível modificar certos hábitos, certas tendências, o que já constitui um progresso que levarão para outra existência e que lhes permitirá, mais tarde, tomar um envoltório em melhores condições|Allan Kardec - "Perfectibilidade da raça negra", ''[[Revista Espírita]]'', pg. 150-151, abril de 1862<ref name="Perfectibilidade da raça negra"/>}}
 
O hotetonte, mais conhecido hoje como [[khoisan]], mencionado acima, se refere a uma família muito antiga de [[Grupo étnico|grupos étnicos]] do [[Sudoeste Africano]]. Para críticos, Kardec partilhava de concepções [[Eurocentrismo|eurocêntricas]] (as que propugnam que europeus são racialmente superiores) quando ele assim escreveu no livro ''[[A Gênese]]'':
[[Imagem:Genèse_selon_le_spiritisme.jpg|thumb|upright|Capa do livro ''[[A Gênese]]'', de 1868.]]
 
{{quote|O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana. Como era natural, as raças mais inteligentes adiantaram-se às outras, mesmo sem levar em conta que muitos Espíritos recém-nascidos para a vida espiritual, vindo encarnar na Terra juntamente com os primeiros aí chegados, tornaram ainda mais sensível a diferença em matéria de progresso. Seria impossível, com efeito, atribuir-se a mesma ancianidade de criação aos selvagens, que mal se distinguem do macaco, e aos chineses, nem, ainda menos, aos europeus civilizados.|autor=Allan Kardec, ''[[A Gênese]]'', pg. 187, 1868<ref>{{citar livro|url=https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/A-genese_Guillon.pdf|título=A Gênese|autor=Allan Kardec|editora=|página= 187|acessodata=3 de setembro de 2017}}</ref>}}
 
No entanto, os estudiosos que discordam que Kardec teria fechado questão em relação às teses frenológicas geralmente citam o trecho do artigo de 1862, onde ele parece discordar das premissas básicas da frenologia:
 
{{quote|Enganar-se-ia estranhamente crendo-se poder deduzir o caráter absoluto de uma pessoa só pela inspeção das saliências do crânio. As faculdades se fazem, reciprocamente, contrapeso, se equilibram, se corroboram ou se atenuam umas pelas outras, de tal sorte que, para julgar um indivíduo, é preciso ter em conta o grau de influência de cada um, em razão de seu desenvolvimento, depois fazer entrar na balança o temperamento, o meio, os hábitos e a educação.|Allan Kardec - "Perfectibilidade da raça negra", ''[[Revista Espírita]]'', pg. 143, abril de 1862<ref name="Perfectibilidade da raça negra"/>}}
 
O Ministério Público Federal definiu em 2007 um Termo de Ajustamento de Conduta, segundo o qual editoras que publicam as obras de Kardec no Brasil se comprometem a adicionar nelas uma nota explicativa de esclarecimento sobre a ciência de sua época e o suposto conteúdo discriminatório.<ref>Ministério Público Federal; Procuradoria da República no Estado da Bahia (2007). [http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/41/docs/tac_-_mpf_-_bahia_-_textos_espiritas_-_preconceito_e_discriminacao.pdf TAC de 28/09/2007].</ref> O escritor espírita brasileiro Paulo da Silva Sobrinho Neto, autor do [[e-book]] ''Racismo em Kardec?'', argumenta que classificar as citações de Kardec como racistas de acordo com os valores morais contemporâneos seria [[anacronismo]], visto que Kardec reproduzia aquilo que era dito como "verdade científica" na época em que viveu.<ref>{{citar web |url=https://books.google.com.br/books?id=GWcpDwAAQBAJ&pg=PT313&lpg=PT313&dq=kardec+anacronismo+hist%C3%B3rico&source=bl&ots=syTOmc-duA&sig=ACfU3U1YJJvD0766smP3Kan3HcrOEPmyuQ&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjHqI_43tTkAhUBJrkGHW-aDwcQ6AEwEHoECAkQAQ#v=onepage&q=kardec%20anacronismo%20hist%C3%B3rico&f=false |titulo=Racismo em Kardec?: A propaganda antiespírita e a verdade doutrinária |autor= Paulo da Silva Sobrinho Neto |acessodata=16 de setembro de 2019}}</ref> Ademais, Neto também cita vários trechos em que Kardec apoia o conceito de união "sem distinção de raças", como na obra ''[[O Evangelho Segundo o Espiritismo]]'', de 1864, onde ele diz:
 
{{quote|O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.|Allan Kardec, ''[[O Evangelho Segundo o Espiritismo]]'', pg. 233, 1864<ref>{{citar livro |url=https://febnet.org.br/wp-content/themes/portalfeb-grid/obras/evangelho-guillon.pdf |titulo=[[O Evangelho Segundo o Espiritismo]] |data=1864 |autor=Allan Kardec |página=233|acessodata=16 de setembro de 2019}}</ref>}}
 
Assim como no artigo "Jornal de Estudos Psicológicos", publicado na ''Revista Espírita'' em janeiro de 1863, onde Kardec afirma:
 
{{quote|Provemos-lhe que, graças aos ensinamentos dos que eles chamam demônios, compreendemos a moral sublime do Evangelho, que se resume no amor de Deus e dos nossos semelhantes, e na caridade universal. Abracemos a Humanidade inteira, sem distinção de culto, de raça, de origem e, com mais forte razão, de família, de fortuna e de condição social. Que saibam que nosso Deus, o Deus dos espíritas, não é um tirano cruel e vingativo,que pune um instante de desvario com torturas eternas, mas um pai bom e misericordioso, que vela por seus filhos extraviados com uma solicitude incessante, procurando atraí-los a si por uma série de provas destinadas a lavá-los de todas as máculas.|Allan Kardec, "Jornal de Estudos Psicológicos", ''[[Revista Espírita]], pg. 18, janeiro de 1863<ref>{{citar web |url=https://issuu.com/grupodeestudosfernandodeogum/docs/6-revista-espirita-1863 |titulo=Jornal de Estudos Psicológicos |editor=[[Revista Espírita]] |página=18 |acessodata=16 de setembro de 2019 |data=janeiro de 1863}}</ref>}}
 
=== Últimos anos ===