O Primo Basílio: diferenças entre revisões

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==Recepção==
 
Assim como [[O Crime do Padre Amaro]], '''''O Primo Basílio''''' foi recebido com entusiamosentusiamo pela crítica da época. [[Teófilo Braga]] afirmou que "como processo artístico O Primo Basílio é inexcedível; não haverá nas literaturas europeias romance que se lhe avantage. Há ali a construção segura de [[Honoré de Balzac|Balzac]], o acabado artístico de [[Gustave Flaubert|Flaubert]], a crueza real mas imponente de [[Émile Zola|Zola]], os quadros completos como em [[Alphonse Daudet|Daudet]]. Os tipos e as situações rivalizam entre si". [[Guerra Junqueiro]] dizia: "[[Eça de Queirós]] pertence à ordem elevada dos artistas criadores (...). O conselheiro Acácio e a criada Juliana, conquanto não possuam a latitude, a quase universalidade, dalguns dos tipos de Balzac, no entanto, como poder de evocação, como força de génio, colocam [[Eça de Queirós]] a par do autor da [[La Cousine Bette]], do [[Le Père Goriot]] e da [[Eugénie Grandet]]".<ref>{{citar web|url=http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/eca_queiroz/primo_criticas.html|título=O Primo Basílio - críticas |obra=Citi|acessodata=9 de janeiro de 2020 }}</ref>
 
[[Machado de Assis]], no entanto, divergiu da recepção entusiasmada e teceu críticas à estrutura do romance: "Um leitor perspicaz terá já visto a incongruência da concepção do Sr. [[Eça de Queirós]], e a inanidade do caráter da heroína. Suponhamos que tais cartas não eram descobertas, ou que Juliana não tinha a malícia de as procurar, ou enfim que não havia semelhante fâmula em casa, nem outra da mesma índole. Estava acabado o romance, porque o primo enfastiado seguiria para França, e Jorge regressaria do Alentejo; os dois esposos voltavam à vida anterior. Para obviar a esse inconveniente, o autor inventou a criada e o episódio das cartas, as ameaças, as humilhações, as angústias e logo a doença, e a morte da heroína. Como é que um espírito tão esclarecido, como o do autor, não viu que semelhante concepção era a coisa menos congruente e interessante do mundo? Que temos nós com essa luta intestina entre a ama e a criada, e em que nos pode interessar a doença de uma e a morte de ambas? Cá fora, uma senhora que sucumbisse às hostilidades de pessoas de seu serviço, em conseqüência de cartas extraviadas, despertaria certamente grande interesse, e imensa curiosidade; e, ou a condenássemos, ou lhe perdoássemos, era sempre um caso digno de lástima. No livro é outra coisa. Para que Luísa me atraia e me prenda, é preciso que as tribulações que a afligem venham dela mesma; seja uma rebelde ou uma arrependida; tenha remorsos ou imprecações; mas, por Deus! dê-me a sua pessoa moral. Gastar o aço da paciência a fazer tapar a boca de uma cobiça subalterna, a substituí-la nos misteres ínfimos, a defendê-la dos ralhos do marido, é cortar todo o vínculo moral entre ela e nós. Já nenhum há, quando Luísa adoece e morre. Por quê? porque sabemos que a catástrofe é o resultado de uma circunstância fortuita, e nada mais; e conseqüentemente por esta razão capital: Luísa não tem remorsos, tem medo. ". [[Machado de Assis]], conclui, preocupado, que o [[Realismo]] de [[Eça de Queirós]] poderia resultar em [[Sensacionalismo]]: "Talvez estes reparos sejam menos atendíveis, desde que o nosso ponto de vista é diferente. O Sr. [[Eça de Queirós]] não quer ser realista mitigado, mas intenso e completo; e daí vem que o tom carregado das tintas, que nos assusta, para ele é simplesmente o tom próprio. Dado, porém, que a doutrina do Sr. [[Eça de Queirós]] fosse verdadeira, ainda assim cumpria não acumular tanto as cores, nem acentuar tanto as linhas; e quem o diz é o próprio chefe da escola, de quem li, há pouco, e não sem pasmo, que o perigo do movimento realista é haver quem suponha que o traço grosso é o traço exato.".<ref>{{citar web|url=https://machadodeassis.ufsc.br/obras/criticas/CRITICA,%20Eca%20De%20Queiros%20-%20O%20Primo%20Basilio,%201878.htm|título=Eça de Queirós: O Primo Basílio |obra=UFSC|acessodata=9 de janeiro de 2020 }}</ref>