Passagem do Noroeste: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Northwest passage.jpg|right|500px|thumb|Passagem do Noroeste]]
A '''Passagem do Noroeste''' é uma [[via marítima]] composta por uma sequência de [[estreito]]s no norte da [[América]], acima do [[Círculo Polar Árctico]], e que permitem a ligação do [[estreito de Davis]] ao [[estreito de Bering]], ou seja, entre o [[oceano Atlântico]] e o [[oceano Pacífico]].<ref>{{Citar web |url=https://www.britannica.com/place/Northwest-Passage-trade-route |título=Northwest Passage |publicado=Encyclopædia Britannica |data=1 de agosto de 2016 |acessodata=17 de julho de 2019}}</ref>
 
A Passagem do Noroeste consiste numa série de canais profundos entre as ilhas que compõem o [[Arquipélago Árctico Canadiano]]. Tem cerca de 1450&nbsp;km de comprimento.
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==Importância estratégica e económica==
 
A Passagem é uma rota possível através das ilhas do norte do [[Canadá]], quase sempre cobertas e rodeadas de [[gelo]]. Tem-se falado muito na possibilidade da passagem se abrir por causa do efeito de [[aquecimento global]] e consequente degelo, o que diminuiria consideravelmente o trajecto marítimo entre a [[Europa]] e a [[Ásia]]. Até à data a rota só era praticável por navios com potência suficiente para [[Quebra-gelo|quebrar gelos]] e durante os meses mais quentes do Verão árctico; no entanto, a ESA [http://www.esa.int/] ([[European Space Agency]]) divulgou recentemente que a passagem está aberta e limpa de gelo, tendo divulgado fotografias de satélite que mostram que o degelo deste verão (2007) levou à abertura da passagem. O gelo do Árctico derreteu em 2007 dez vezes mais depressa do que no ano anterior, o que foi decisivo para esta inesperada abertura da Passagem do Noroeste (os cientistas previam que tal só acontecesse algures durante as próximas duas décadas).
 
Especulava-se nos meios do transporte internacional de mercadorias que esta via pudesse vir a ser navegável na [[década de 2020]], e que se poderia converter numa eficaz rota de substituição dos actuais trajectos pelo [[Canal do Panamá]] ou pelo [[Canal do Suez]]. Por exemplo, hoje em dia o trajecto [[Londres]] - [[Osaka]] é de 23.300&nbsp;km pelo [[Canal do Panamá]] e de 21.200&nbsp;km pelo [[Canal do Suez]]. Esta viagem seria de apenas 15.700&nbsp;km pela Passagem do Noroeste. Se a abertura da passagem que se está a verificar no verão de 2007 se mantiver, provavelmente assistir-se-à a estas alterações das rotas comerciais.
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==História da exploração da Passagem do Noroeste==
[[Ficheiro:Millais - Überfahrt nach Nordwest.jpg|right|300px|thumb|A Passagem do Noroeste ([[1874]]), pintura de [[John Everett Millais]] representando a frustração britânica pelas falhas sucessivas na sua descoberta]]
Em meados do [[século XV]] os [[turcos]] [[otomanos]] tomaram o controlo do [[Médio Oriente]], impedindo as potências europeias de viajar até à [[Ásia]] por via terrestre, o que motivou a procura de caminhos marítimos e a era dos [[Descobrimentos Portugueses]] e de outras nações.
 
Em [[1497]], O rei [[Henrique VII da Inglaterra]] enviou [[John Cabot]] à procura do que os ingleses chamariam ''Passagem do Noroeste'', que seria feita por um lendário [[Estreito de Anian]]. Encontrar Anian foi um dos maiores objectivos dos exploradores marítimos dos séculos XVII a XIX. As rotas marítimas mais propícias entre a [[Europa]] e o [[Extremo Oriente]] passavam pelo sul da [[América]] ou de [[África]] mas estavam bloqueadas durante o [[século XVI]] pelas armadas de [[Espanha]] e [[Portugal]].
 
Em [[1500]], o Rei D. [[Manuel I de Portugal]] terá enviado [[Gaspar Corte-Real]] à descoberta de terras e de uma "Passagem noroeste para a Ásia". Corte-real chegou à [[Groenlândia]] pensando ser a Ásia, mas não desembarcou. Numa segunda viagem à Groenlândia em 1501, com o seu irmão Miguel Corte-Real em três caravelas[[caravela]]s. Encontrando o mar gelado, mudaram e rumo para Sul, chegando a terra, que se pensa ter sido [[Labrador]] e [[Terra Nova]].
 
Em 1588, durante uma viagem do governador das [[Filipinas]], [[D. Lorenzo Ferrer Maldonado]], o [[piloto (náutica)|piloto]] português João Martins conseguiu aquela que foi a primeira conquista da Passagem Noroeste, descobrindo também o que mais tarde se viria a chamar [[Estreito de Bering]].
 
Além de Cabot, navegadores como [[Martin Frobisher]], [[Willem Barents]], [[Francis Drake]] ou [[James Cook]] exploraram as gélidas e inóspitas águas do norte do Canadá. Alguns acabaram derrotados pelo frio extremo e ventos contrários.
 
A história de James Cook é diferente e reveladora. Como afirma o antropólogo Marshall SAHLINS, é um exemplo significativo da relação inter-cultural entre os exploradores europeus e as populações nativas. [[Cook]], primeiramente recebido como um Deus( (o tão esperado Deus LonoTono, de acordo com a historiografia Hawaiana ), foi recebido com festa e presenteado com a princesa Hawaiana e recebido com uma grande festa, com direito a dez mil pessoas cantando e louvando, na praia, a chegada do tão esperado Deus. Quando o rei Hawaiano [[Kalaniopu´s]] percebe o poder que Cook havia conquistado, é organizada uma situação na qual Cook é obrigado a enfrentá-lo. Cook acaba esfaqueado e morto ( não sabe-se ao certo por quem ) e mesmo assim, agraciado e louvado pelas mesmas pessoas que o endeusaram poucas semanas antes. Para mais detalhes, consultar o capítulo 4 do livro "Ilhas de História", de Marshall Sahlins.
 
[[Henry Hudson]] também tentou encontrá-la quando explorava a [[Baía de Hudson]], mas foi abandonado pela tripulação [[motim|amotinada]] para morrer de fome ou frio. Em 1789, [[Alexander Mackenzie (explorador)|Alexander Mackenzie]] descobriria o [[Rio Mackenzie|rio que leva o seu nome]]. Durante um tempo a procura da Passagem do Noroeste foi abandonada.
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==O futuro da Passagem do Noroeste==
Enquanto o [[Canadá]] considera a Passagem do Noroeste inteiramente incluída nas suas águas territoriais, muitos outros países, incluindo os [[Estados Unidos da América]], países [[Europa|europeus]] e [[Ásia|asiáticos]] argumentam que a rota é situada em [[águas internacionais]], pelo que a navegação deveria ser livre. Face a isto e alguma tensão internacional iniciada em [[2005]] com a presença de um [[submarino]] da [[Marinha dos Estados Unidos]] nestes estreitos setentrionais, o Canadá anunciou em [[2007]] a sua intenção de reforço de presença militar na zona para demonstrar a sua [[soberania]] no território.
 
Neste território encontraram-se nas últimas décadas importantes reservas de [[petróleo]], [[gás]], [[diamante]]s e [[chumbo]], cuja exploração pode ser activada neste século.
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{{Referências}}
 
{{Exploração polar}}
{{Ártico}}
{{Portal3|Geografia|Economia|Política|Transporte}}
 
[[Categoria:Passagem do Noroeste|*]]