Cadeira curul: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
→‎Galeria: Correção de erro
Etiquetas: Edição via dispositivo móvel Edição feita através do sítio móvel
Linha 20:
No [[República Romana|período republicano]] e, mais tarde, no [[Império Romano|imperial]], a cadeira curul ({{lang-la|''sella curulis''}}, um termo supostamente derivado de ''"currus"'', "carro") era o assento no qual os [[magistrado romano|magistrados romanos]] com poder de ''[[imperium]]'' tinham o privilégio de se sentar. Entre eles estavam o [[ditador romano|ditador]], o [[mestre da cavalaria]], os [[cônsul romano|cônsules]], [[pretor]]es, [[censor romano|censores]], [[edil curul|edis curules]] e [[promagistrados]], mandatários ''[[de facto]]'' ou interinos de tais cargos. Adicionalmente, o [[flâmine dial]] (o principal sacerdote de [[Júpiter (mitologia)|Júpiter]]) também tinha direito a uma cadeira curul,<ref>{{citar livro|último =Livius (Livy)|primeiro =Titus|título=Ab Urbe Condita: Volume I: Book I|ano=1974|publicado=Oxford University Press|local=USA|isbn=978-0-19-814661-2|páginas=416|edição=2nd|editor=Robert Maxwell Ogilvy|língua=Latin}}</ref> apesar de sua função não ter o poder de ''imperium''. [[Lívio]] afirma que os três [[flâmines maiores]], os sumo-[[pontífice (Roma Antiga)|pontífice]] da [[Tríade Capitolina]], também tinham o direito.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' I 20</ref>
 
Segundo Lívio, a cadeira curul, como a [[toga]], era originária da [[Etrúria]].<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' I.8</ref><ref>Thomas Schäfer, ''Imperii insignia: Sella Curulis und Fasces. Zur Repräsentation römischer Magistrate'', (Mainz) 1989.</ref> Porém, bancos com pernas cruzadas já eram conhecidos do [[Império Novo]] do [[Egito Antigo|Egito]]. Um dos mais antigos exemplos de uma cadeira curul foi relatado em 494 a.C., quando a honra de uma cadeira curul no [[Circo Máximo]] foi concedida ao [[ditador romano]] [[Mânio Valério Máximo]] por sua [[Guerras romano-sabinas#Guerra em 494 a.C.|vitória sobre os sabinos]].<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'' II 31</ref> Segundo [[Dião Cássio]], no início de 44 a.C., um decreto senatorial concedeu a [[Júlio César]] a cadeira curul em todo lugar, com exceção do teatro, onde sua cadeira [[douração|dourada]] e coroa de jóiasjoias eram utilizadas, um símbolo de que ele tinha um status similar ao dos deuses.<ref>Peter Michael Swan, ''The Augustan Succession: An historical Commentary on Cassius Dio's Roman History Books 55-56 (9 B.C.-A.D. 14)'', "Commentary on Book 56", (Oxford 2004) p. 298, notando T. Schäfer 1989, pp 114-22.</ref> Como uma espécie de trono, a cadeira curul podia ainda ser concedida honorificamente a reis estrangeiros reconhecidos formalmente como [[sócio (Roma Antiga)|aliados]] pelo [[SPQR|povo e o senado romano]].<ref>Stefan Weinstock, "The Image and the Chair of Germanicus," ''Journal of Roman Studies'' 47 (1957), p. 148 and note 38.</ref> Ela era também aparecia em medalhas e monumentos funerários romanos para simbolizar a magistratura curul; quando ela aparecia atravessada por uma [[hasta (lança)|hasta]], simboliza [[Juno (mitologia)|Juno]].
 
Em Roma, a cadeira curul era tradicionalmente feita de ou revestida com [[marfim]], com pernas curvas formando um largo "X"; não tinha encosto e os braços eram baixos. Embora geralmente de construção luxuosa, esta cadeira foi feita para ser desconfortável se ocupada por um longo período de tempo, um duplo simbolismo de que esperava-se que os oficiais públicos que executassem suas funções de maneira eficiente e consistente e que uma função pública na república era temporária e não perene. A cadeira podia ser dobrada para facilitar o transporte, o que está de acordo com sua função original de representar o comando magisterial ou promagisterial em campo. Com o tempo, ela também desenvolveu uma experiência [[hierática]] expressada pelas cadeiras curules representadas em monumentos funerários, um símbolo de poder que jamais foi completamente perdido na tradição europeia pós-romana.<ref>Schäfer 1989.</ref>[[Díptico]]s de [[marfim]] de [[Flávio Orestes|Orestes]] e de [[Constantino]] mostram os dois como cônsules sentados numa elaborada cadeira curul com pernas cruzadas de animais.<ref>Nancy Netzer, "Redating the Consular Ivory of Orestes" ''The Burlington Magazine'' '''125''' No. 962 (May 1983): 265-271) p. 267, figs. 11-13.</ref>