Geografia de Sacavém: diferenças entre revisões

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'''[[Sacavém]]''' é uma antiga [[freguesia]] [[Portugal|portuguesa]] com 3,81 km² de superfície e 18 469 habitantes (segundo o censo de [[2011]]), o que lhe confere uma [[densidade populacional]] de 4 847,5 h/km².
 
Localizada escassos [[quilômetro|quilómetro]]s a [[nordeste]] de [[Lisboa]], a capital nacional, estava integrada na metade oriental do [[Município#Como divisão territorial|concelho]] de [[Loures]] (onde constituía o centro urbano mais importante, com o estatuto de [[cidade]] desde [[1997]]), confinando com as seguintes freguesias:
* [[Bobadela (Loures)|Bobadela]] (a [[Norte]]);
* [[Unhos]] (a [[Noroeste]]);
* [[Camarate]] (a [[Oeste]]);
* [[Prior Velho]] (a [[Sudoeste]]);
* [[Portela de Sacavém(Loures)|Portela]] (a [[Sul]]);
* [[Moscavide]] (a [[Sudeste]]).
 
Era banhada pelos [[rio]]s [[Rio Tejo|Tejo]], a [[Leste|Este]], e [[Rio Trancão|Trancão]] (anteriormente chamado ''[[rio de Sacavém]]''), a [[Norte]], sendo que este último separava Sacavém da vizinha freguesia da [[Bobadela (Loures)|Bobadela]]).
 
Em termos estatísticos, constituía a décima terceira freguesia do concelho em superfície, mas a quarta em número de habitantes.
 
== Situação ==
Outrora uma freguesia urbana de características predominantemente industriais, Sacavém tornou-se uma cidade plena de desenvolvimento, vivendo fundamentalmente do comércio e dos serviços (sector terciário). Tradicionalmente, achava-se dividida em ''Sacavém de Cima'' (o núcleo histórico situado à roda do terreiro da [[Capela de Nossa Senhora da Saúde e de Santo André de (Sacavém)|Capela de Santo André e Nossa Senhora da Saúde]], no topo de um cabeço de pouca altitude, sobranceiro a [[Lisboa]]), e ''Sacavém de Baixo'' (núcleo formado em torno do [[Convento de Nossa Senhora dos Mártires e da Conceição dos Milagres (Sacavém)|Convento]] e [[Igreja de Nossa Senhora da Purificação de (Sacavém)|Igreja Matriz]], contíguo ao rio [[Trancão]]), separadas pela antiga ''Estrada Militar'', que corre actualmente pela Avenida de [[São José]], Rua Padre [[Filinto Ramalho]] e Rua [[Salvador Allende]].
 
Nas últimas décadas vieram-se-lhe juntar alguns bairros e urbanizações que, pelo seu contínuo crescimento, já mal se distinguem do velho casario urbano. São eles os [[bairro]]s da ''Courela do Foguete'', da ''Fonte Perra'', do ''Olival Covo'', da ''Quinta Nova'', da ''Quinta do Património'', do ''Real Forte'', ou ainda dos ''Terraços da Ponte'' (a qual veio substituir a velha e degradada ''Quinta do Mocho'', tristemente célebre ao longo de vários anos por ser a habitação de inúmeros cidadãos originários das antigas [[colónia]]sImpério [[ÁfricaPortuguês|colónias africanas]], que ali residiam em condições precárias).
 
== Relevo e hidrografia ==
A superfície da freguesia é relativamente pouco acidentada, variando entre uma altitude miníma de 0 metros junto ao Tejo, e um máximo de 60 metros de altitude à medida que se caminha para o interior, na zona de fronteira com as freguesias de [[Camarate]] e [[Unhos]] (a fronteira com Unhos é mesmo feita através de um declive significativamente escarpado – o chamado ''monte do Convento'' –, que corre paralelo à Estrada Nacional 250). Para além disso, há a notar pequenas elevações junto ao [[rio Trancão]] (o ''monte de Sintra'', onde se ergue o ''[[Forte de Sacavém]]''), na zona do centro histórico da cidade (por isso mesmo chamada ''Sacavém de Cima'', registando uma altitude média de cerca de 38 metros acima do nível médio das águas do mar) e ao longo da Fonte Perra/Courela do Foguete/Quinta do Mocho (o ''monte do Mocho''), nas proximidades da [[A1 (autoestrada)|Auto-Estada do Norte]].
 
A cidade é banhada pelo [[rio Trancão]] a [[Norte]], sendo também percorrida pelas [[Ribeira do Prior Velho|Ribeiras do Prior Velho]] (que corre subterrânea, sob a cidade) e [[Ribeira do Mocho|do Mocho]], ambas afluentes do Trancão.
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== Evolução geográfica ==
Tanto quanto é possível determinar, ao tempo da fundação da nacionalidade, Sacavém – uma das mais antigas [[paróquia]]s da zona oriental de [[Lisboa]] – teria uma superfície muito superior à actual (rondando talvez os 30 km²), e [[wikt:pt:Incluir|incluir]]ia diversas povoações que, com o decorrer do tempo, se tornaram autónomas: [[Bobadela (Loures)|Bobadela]], [[Camarate]], [[Charneca (Lisboa)|Charneca]], [[Moscavide]], [[Prior Velho]], [[Portela de Sacavém(Loures)|Portela]], [[São João da Talha]] e, com forte probabilidade, [[Santa Maria dos Olivais (Lisboa)|Santa Maria dos Olivais]].
 
De certo, e na inexistência de mais documentos, sabe-se que fazia fronteira a Oeste com as paróquias de [[Unhos|São Silvestre de Unhos]] (freguesia que então incorporava também o actual território da [[Apelação (Loures)|Apelação]]), [[Frielas|São Julião de Frielas]] e [[Loures (freguesia)|Santa Maria de Loures]] (mais concretamente, com a ''Póvoa de Loures'', que hoje corresponde à [[Póvoa de Santo Adrião]], mas que à data era apenas um local daquela freguesia).
 
Admite-se que o limite Norte da paróquia fosse sensivelmente o mesmo da actual freguesia de [[São João da Talha]]; quanto ao limite Sul, é bastante vago e impreciso, sendo de supor que [[wikt:pt:Incluir|incluir]]ia uma parte significativa da freguesia de [[Santa Maria dos Olivais (Lisboa)|Santa Maria dos Olivais]] (senão mesmo a sua totalidade), para além da da [[Charneca (Lisboa)|Charneca]] e como tal, terá feito fronteira com as paróquias do [[Odivelas|Menino Jesus de Odivelas]], [[Lumiar|São João Baptista do Lumiar]], dos [[Campo Grande (Lisboa)|Santos Reis Magos do Campo Grande]], de [[São Jorge de Arroios]] e do [[Beato (Lisboa)|São Bartolomeu do Beato]].
 
Sacavém foi sendo sucessivamente amputada de partes significativas dos seu território, até ficar confinada à sua actual superfície. Assim, em [[1388]], foi desmembrada a freguesia de [[São João da Talha]], levando também consigo o território da actual [[Bobadela (Loures)|Bobadela]].
 
Poucos anos volvidos, em [[6 de Maiomaio]] de [[1397]], o arcebispo de [[Lisboa]] ([[João Anes (arcebispo)|D. João Anes]]) criou a paróquia eclesiástica e civil de [[Santa Maria dos Olivais (Lisboa)|Santa Maria dos Olivais]] (incluindo também a actual freguesia de [[Moscavide]]), com territórios que fariam (como foi supramencionado), com forte probabilidade, parte da paróquia de Sacavém, assim como da do [[Beato (Lisboa)|Beato]]. Esta nova paróquia foi confirmada por [[bula pontifícia|bula]] do [[Papa Bonifácio IX]] em [[1 de Julho]] de [[1400]].
 
Em [[22 de Junhojunho]] de [[1476]], na sequência de uma longa disputa com a [[Universidade de Lisboa]], é delimitada a paróquia da [[Charneca (Lisboa)|Charneca de Sacavém]], desanexada também dessa freguesia.<ref>Artur Moreira de Sá (ed.), ''Chartularium Universitatis Portugalensis'', vol. VII (1470-1481), Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Científica, 1978, pp. 367-369.</ref>
 
Em [[1 de Maiomaio]] de [[1511]], é chegada a hora de [[Camarate]] ganhar autonomia administrativa, através de um [[foral]] concedido por [[Manuel I de Portugal|D. Manuel I]].
 
Por fim, já no [[século XX]], verificaram-se as últimas desanexações de território sacavenense, com a criação das freguesias da [[Portela de Sacavém(Loures)|Portela]] (surgida oficialmente em [[1 de Janeirojaneiro]] de [[1986]]) e [[Prior Velho]] (que nasceu como freguesia independente em [[1989]]).
 
Em [[2013]], na sequência de uma reforma administrativa (Lei n.º 11-A, de 28 de janeiro<ref>''Diário da República'', 1.ª Série, n.º 19, [http://dre.pt/pdf1sdip/2013/01/01901/0000200147.pdf Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias)]. Acedido a 17 de agosto de 2013.</ref>), foi unida administrativamente à vizinha freguesia do Prior Velho, embora não tenha retomado os limites anteriores a 1989, data da autonomização daquela freguesia, em virtude de a metade oriental de Sacavém, a poente da [[Linha do Norte]], haver sido incorporada na nova do freguesia do [[Parque das Nações]], no concelho de [[Lisboa]].
 
<center><big><big>'''Evolução geográfica da freguesia<br />de [[Sacavém]] ao longo dos tempos…'''</big></center>
 
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Quanto à evolução administrativa, Sacavém foi integrada, logo após a [[Reconquista]], conjuntamente com inúmeras vilas e povoações do redor de [[Lisboa]], no termo concelhio da capital, o qual correspondia, ''grosso modo'', à sua zona de influência. O Termo era uma zona muito abrangente, essencialmente rural, e que se destinava em grande parte ao abastecimento da capital com produtos hortícolas e outros frescos. Economicamente, as freguesias do Termo distinguiam-se das freguesias urbanas (situadas dentro das muralhas) pela diferente tributação aplicada aos produtos comerciados numas e noutras.
 
Embora as fronteiras iniciais do Termo sejam desconhecidas, Sacavém deve ter feito parte dele logo a partir da [[Reconquista]]; a povoação aparece referenciada nas quatro cartas que [[João I de Portugal|D. João I]], logo no início do seu reinado, endereçou à [[Câmara Municipalmunicipal (Portugal)|Câmara municipal]] de [[Lisboa]], em agradecimento pelo auxílio que a capital do reino lhe prestara na luta contra [[Reino de Castela|Castela]]; nelas surgem também referenciadas várias vilas fronteiriças da capital (entre elas, contam-se as de [[Alenquer (Portugal)|Alenquer]], [[Colares (Sintra)|Colares]], [[Ericeira]], [[Mafra (Portugal)|Mafra]], [[Sintra]], [[Torres Vedras]] e [[Vila Verde dos Francos]], até aí independentes, mas que por terem apoiado o partido de [[Beatriz de Portugal|D. Beatriz]], foram oferecidas à cidade de Lisboa, perdendo as suas prerrogativas municipais, vindo só mais tarde, face à grande distância e ao velho estatuto, a recuperar a sua autonomia concelhia).
 
Por uma [[lei]] de [[20 de Agostoagosto]] de [[1654]] (no reinado de [[João IV de Portugal|D. João IV]]), o Termo foi formalmente integrado na cidade de Lisboa para efeitos judiciais, e as freguesias que o integravam foram divididas pelos diversos bairros administrativos da cidade. No [[século XVIII]], Sacavém surge referenciada entre as freguesias do ''Bairro de [[Alfama]]'' – aquele que é hoje o 1.º Bairro de Lisboa, centrado à volta das freguesias do centro histórico da cidade (sendo os outros bairros os do ''[[RossioPraça D. Pedro IV|Rocio]]'', ''[[Alcântara (Lisboa)|Alcântara]]'' e ''[[Bairro Alto]]'').
 
Quando, em [[7 de Novembronovembro]] de [[1716]], o [[Papa Clemente XI]] criou, a instâncias do rei D. João V, o [[Patriarcado de Lisboa]] na zona ocidental da cidade, deixando o antigo [[Arcebispado de Lisboa]] adstrito às freguesias mais orientais, o monarca, para fazer corresponder a nova divisão eclesiástica à divisão administrativa, D. João V procedeu à repartição da cidade capital do reino em duas: ''Lisboa Ocidental'', sede do Patriarcado, e ''Lisboa Oriental'', sede do arcebispado, tendo Sacavém e outras vinte e seis freguesias orientais da cidade e do termo sido integradas nesta nova entidade. Contudo, ao fim de algum tempo se percebeu o erro da divisão, quer da diocese, quer da cidade; desta forma, em [[1740]], o Arcebispado de Lisboa Oriental (em sede vacante desde a fundação do Patriarcado) foi anexado ao Patriarcado de Lisboa Oriental num único [[Patriarcado de Lisboa]]; de igual forma, se procedeu à reunificação das duas cidades de Lisboa numa só, terminando assim a fugaz transferência de Sacavém e demais paróquias da zona oriental para a nova cidade de Lisboa Oriental.
 
Até à extinção do Termo de Lisboa, em [[11 de Setembrosetembro]] de [[1852]], Sacavém esteve nele integrada; uma vez abolido, transitou para o recém-criado [[concelho]] de [[Olivais (Lisboa)|Santa Maria dos Olivais]]. E, quando, em [[22 de Julhojulho]] de [[1886]], a sede deste concelho foi transferida para a povoação de [[Loures (freguesia)|Loures]] e foi instituído o novo concelho de [[Loures]], uma parte de Sacavém, a Norte da Estrada da Circunvalação (''Sacavém Extra-Muros'') passou a fazer parte desta nova entidade político-administrativa; a parte remanescente do seu território, a Sul da dita Estrada (composta essencialmente pelo espaço hoje ocupado pelas freguesias do [[Prior Velho]] e da [[Portela (Loures)|Portela de Sacavém]]) permaneceu afectada à cidade de [[Lisboa]] (no 3.º Bairro), sob a designação de ''Sacavém Intra-Muros'', e só em [[26 de Setembrosetembro]] de [[1895]] as duas partes da povoação se uniram de novo numa única [[freguesia]] (semelhante situação se passou com a vizinha [[Camarate]], que só nesta mesma altura foi definitivamente integrada no [[concelho]] de [[Loures]]).
 
== [[Código postal]] ==