Guilherme de Santa-Rita: diferenças entre revisões
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Reproduzida em 1917 na revista Portugal Futurista, ''Orfeu nos Infernos'' é uma obra de grande violência expressiva e, embora José Augusto França a (des)considere como uma "''espécie de «canular» de escolar de Belas Artes''" <ref>FRANÇA, José Augusto – '''A arte em Portugal no século XX'''. Lisboa: Livraria Bertrand, 1974, p. 54</ref>, a pintura tem características temáticas e formais invulgares que a distinguem das práticas artísticas do seu tempo de estudante de Belas Artes, dominadas por convenções [[Século XIX|oitocentistas]]. A sua data de execução é provavelmente posterior à indicada em Portugal Futurista (segundo essa legenda, a obra teria sido pintada quando Santa-Rita tinha 14 anos de idade); Joaquim Matos Chaves sugere uma data entre 1913 e 1915 <ref>CHAVES, Joaquim Matos – Santa-Rita Pintor, Vida e Obra: Precisões e considerações. Lisboa: Quimera Editores, 1989</ref>. "''Obra fantástica e delirada, em agitações cromáticas de acre domínio avermelhado''", nelas Santa-Rita evoca a figura de [[Veloso Salgado]], seu mestre, como personagem do inferno <ref>DIAS, Fernando Rosa – '''Ecos Expressionistas na Pintura Portuguesa Entre-Guerras'''. Lisboa: Campo da Comunicação, 2011, p. 92</ref>.
''Cabeça'', pelo seu lado, é consensualmente considerada uma obra central do modernismo em Portugal. Datada no verso por mão desconhecida, o ano de execução permanece incerto, mas deverá localizar-se entre
Os quatro trabalhos reproduzidos na [[Revista Orpheu]] (destruídos após a sua morte) são igualmente devedores de Picasso, mas da fase seguinte. Mais do que uma aproximação às soluções formais dos futuristas, nestas obras Santa-Rita revela a assimilação precoce das descobertas de Picasso e Braque nas colagens realizadas entre 1911 e 1913 e que estão na génese do cubismo sintético. A relação com o futurismo é revelada pelos títulos, surpreendentes, que poderão ter sido inspirados no texto introdutório do catálogo da exposição de 1912 na Galerie Berheim-Jeune, Paris, da autoria dos expositores (Boccioni, [[Carlo Carrà]], [[Giacomo Balla]], [[Gino Severini]], [[Luigi Russolo]]). Identicamente conotável com o idioma cubista mas mais próximo dos dispositivos do futurismo (tanto no título como no dinamismo da composição), será ''Perspetiva Dinâmica de um Quarto ao Acordar'', 1912, reproduzido em 1917 no Portugal Futurista <ref>WOHL, Hellmut – '''Portuguese Art Since 1910'''. London: Royal Academy of Arts, 1978, p.44-46</ref>.
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