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{{Info/Grupo étnico
|grupo = Xona
|imagem =[[Imagem: Shona witch doctor (Zimbabwe).jpg|180px|thumb|Xamã xona.]]
|população = {{fmtn|12000000}} (2000)<ref>{{citar web|URL=https://web.archive.org/web/20160304205821/http://archive.ethnologue.com/16/show_country.asp?name=ZW|título=Languages of Zimbabwe|autor=|data=|publicado=|acessodata=30 de novembro de 2019}}</ref>
|região1 = [[ {{flagcountry|Zimbábue]]}} (11 000 000) (2000)<ref>{{citar web|URL=https://web.archive.org/web/20160304205821/http://archive.ethnologue.com/16/show_country.asp?name=ZW|título=Languages of Zimbabwe|autor=|data=|publicado=|acessodata=30 de novembro de 2019}}</ref>
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|região3 = [[{{flagcountry|Zâmbia]]}} (30 200)<ref>{{citar web|URL=https://web.archive.org/web/20160305023045/http://archive.ethnologue.com/16/show_country.asp?name=ZM#|título=Languages of Zambia|autor=|data=|publicado=|acessodata=30 de novembro de 2019}}</ref>
|línguas = [[Língua xona|Xona]], [[Língua inglês|Inglês]], [[língua portuguesa|Português]]
|religiões = [[Cristianismo]], [[religiões tradicionais africanas|religião tradicional xona]]
|relacionados = [[Lemba]], kalanga, venda, [[Ndebele do norte|Ndebele]]
}}
 
'''Xonas'''<ref>{{Citar web|url=http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=xona|titulo=Xona|acessodata=2016-11-07|obra=Michaelis On-Line}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/www/v2-3/html/index.htm#3|titulo=Grande Dicionario Houaiss|acessodata=2016-11-07|obra=houaiss.uol.com.br|arquivourl=https://web.archive.org/web/20161010035235/https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/www/v2-3/html/index.htm#3|arquivodata=2016-10-10|urlmorta=sim}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://priberam.pt/dlpo/xona|titulo=Significado / definição de xona no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa|acessodata=2016-11-07|obra=priberam.pt}}</ref> (em inglês, ''Shona'') são um grupo de povos de [[línguas bantas]] que habitam o [[Zimbábue]], a norte do [[rio Lundi]], e no sul de [[Moçambique]]. São notáveis por suas peças de ferro, [[cerâmica]] e [[música]]. Se subdividem em manicas, ndaus, zezurus, carangas e tonga-corecore, num total de cerca de 12 000 000 de pessoas, que falam uma série de dialetos relacionados cuja forma normalizada é também conhecida como [[Língua xona|xona]].
 
Um pequeno grupo de imigrantes falando xona dos anos 1800 também vivem na [[Zâmbia]], no vale do [[rio Zambeze]], na área de Chieftainess Chiawa. O povo xona é tradicionalmente agrícola, cultivando [[feijão]], [[amendoim]], [[milho]], [[abóbora]]s, e [[batata-doce]].
 
== Etimologia ==
Acredita-se que o nome "xona" surgiu no século XVII. A palavra [[hindi]] para "ouro" é ''sona'', e a palavra [[Língua guzerate|guzerate]] correspondente é ''sona'' ou ''sonu''. ''Sonu'' significa "bonito" em [[sânscrito]]. Em [[língua panjabi]], ''sohna'' significa "bonito". O [[Império Monomotapa]] era conhecido como "terra de sona". Ken Mufuka, em seu livro Dzimbahwe, cita o exemplo do viajante árabe Ibu Said (1214-1286), que escreveu sobre um certo povo chamado Soyouna que habitava a Zambézia.
 
==Subdivisão==
Os xonas se dividem em várias tribos.
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** Manyika ou xona do leste (1 200 000)<ref>{{citar web|URL=https://www.ethnologue.com/language/mxc|título=Manyika|autor=|data=|publicado=|acessodata=30 de novembro de 2019}}</ref> no Zimbábue (861 000) e Moçambique (173 000).
** [[Língua xindau]] <ref>{{citar web|URL=https://www.ethnologue.com/language/ndc|título=Ndau|autor=|data=|publicado=|acessodata=30 de novembro de 2019}}</ref> em Moçambique (1 580 000) e Zimbábue (800 000). Sua língua é apenas parcialmente inteligível pelos principais dialetos xonas. Possui sons de clique que não ocorrem na língua xona padrão.
 
== Língua e identidade ==
Quando o termo "xona" foi inventado durante o ''[[mfecane]]'' no final do século XIX, possivelmente pelo rei ndebele Mzilikazi, era um termo pejorativo para não ngunis. Por um lado, se argumenta que não havia a consciência de uma identidade comum entre os povos que formam hoje os xonas. Por outro lado, o povo xona das [[terras altas]] do Zimbábue sempre teve uma vívida memória de reinos antigos, sempre identificados com o estado monomotapa. Os termos "Karanga"/"Kalanga"/"Kalaka", hoje o nome de grupos especiais, parecem ter se referido a todos os xonas antes do ''mfecane''.
 
Embora o xona padrão seja falado em todo o Zimbábue, os dialetos ajudam a identificar a região da pessoa (por exemplo, um manyika deve ser do leste do país) e seu grupo étnico.
 
== Cultura ==
=== Subsistência ===
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Desde antes do período colonial, os estados xonas já obtinham grande parte de sua receita a partir da mineração, especialmente de ouro e cobre.<ref>{{citar livro|autor=David N. Beach|título=The Shona and Zimbabwe 900–1850|editora=Heinemann, London 1980 e Mambo Press, Gwelo 1980|ano=|páginas=|id= ISBN 0-435-94505-X}}</ref>
 
=== Habitação ===
Suas casas tradicionais (''musha'') são cabanas circulares com funções específicas, como cozinha por exemplo.<ref>{{citar livro|autor=Friedrich Du Toit|título=Musha: the Shona concept of home|editora=Zimbabwe Pub. House|ano=1982|páginas=|id=}}</ref>
 
=== Arte e artesanato ===
Os xonas são conhecidos pela alta qualidade de suas esculturas em pedra. Sua cerâmica tradicional também é de alto nível. A música tradicional xona, em contraste com a música europeia mas em consonância com a música africana, tende a ter melodias constantes e ritmos variáveis. Depois do tambor, o instrumento mais importante é a [[Kalimba|''mbira'']]. O canto também é importante. As famílias costumam se reunir para cantar canções tradicionais.
 
== História ==
Os carangas, a partir do século XI, criaram vários estados no platô zimbabuano. Esses estados incluíram o [[Grande Zimbabwe|Grande Zimbábue]] (séculos XII-XVI), o estado Torwa, o [[Império Monomotapa]] (que sucedeu o Grande Zimbábue) e o estado Rozwi (que sucedeu o estado Torwa). Esses reinos foram destruídos por novos povos que chegaram ao platô. Os ndebeles destruíram o estado Rowzi na década de 1830, e os portugueses lentamente destruíram o estado Monomotapa, que havia se expandido até o litoral de Moçambique graças a seu sucesso em fornecer bens comerciais aos comerciantes suaíles, árabes e leste-asiáticos, especialmente ouro. Os britânicos destruíram o poder tradicional local em 1890 e colonizaram o platô da Rodésia. Em Moçambique, o governo colonial português enfrentou os remanescentes do estado Monomotapa até 1902.<ref>{{citar livro|autor=David N. Beach|título=The Shona and Zimbabwe 900–1850|editora=Heinemann, London 1980 e Mambo Press, Gwelo 1980|ano=|páginas=|id=ISBN 0-435-94505-X}}</ref>
 
== Crenças ==
Atualmente, entre sessenta e oitenta por cento dos xonas são [[cristianismo|cristãos]]. Mas as crenças tradicionais xonas ainda continuam vívidas entre eles.<ref>{{citar web|URL=https://www.everyculture.com/Africa-Middle-East/Shona-Religion-and-Expressive-Culture.html|título=Shona - Religion and Expressive Culture|autor=|data=|publicado=|acessodata=}}</ref> As mais importantes são o [[culto dos ancestrais]] e o [[totem]]ismo.
 
=== Ancestrais ===
De acordo com a tradição xona, a vida pós-morte não acontece num outro mundo, como o céu e o inferno cristãos, mas como uma outra forma de existência neste mesmo mundo em que vivemos. A atitude xona em relação aos ancestrais mortos é muito semelhante à sua atitude em relação a seus parentes vivos.<ref>{{citar livro|autor=Michael Gelfand|título=The spiritual beliefs of the Shona|editora=Mambo Press|ano=1982|páginas=|id= ISBN 0-86922-077-2}}</ref> Existe um famoso ritual para contactar os mortos: se chama ''bira'' e costuma durar a noite toda.
 
=== Totens ===
OsNo Zimbábue, os totens (''mutupo'') têm sido usados pelos xonasXonas desde os primórdios de sua cultura. Os totens identificam os diferentes clãs entre os Xona que deixaramhistoricamente compunham as dinastias nade sua históriacivilização xonaantiga. AtualmenteHoje, até 25 totens diferentes podem ser identificados 25entre totensos xonas.Xona, Totense similaresexistem tambémoutros existemsimilares entre outros grupos do sul da África-africanos, como os tsuanasTsuanas, os zulusZulu, os ndebelesNdebeles e os hererosHereros.<ref>[http://www.eoearth.org/view/article/156667/ Totem] Author: Magelah Peter - Published: 21 de maio de 2007, 4:56 am</ref>

Pessoas do mesmo clã usam os mesmos totens, como ''Shato/Mheta'' (píton), ''Shiri/Hungwe'' (águia-pescadora), ''Mhofu/Mhofu Yemukono/Musiyamwa'' (elande), ''Mbizi/Tembo'' (zebra), ''Shumba'' (leão), ''Mbeva/Hwesa/Katerere'' (rato), ''Soko'' (macaco), ''Nzou'' (elefante), ''Ngwena'' (crocodilo) e ''Dziva'' (hipopótamo). Exemplos de totens de partes do corpo são ''Gumbo'' (perna), ''Moyo'' (coração) e ''Bepe'' (pulmão). Esses grupos ainda se subdividem por gênero. Por exemplo, o grupo da zebra se subdivide em ''madhuve'' (fêmeas) e ''Dhuve'' ou ''Mazvimbakupa'' (machos). Pessoas com o mesmo totem descendem de um ancestral comum (o fundador do totem) e não podem se casar ou ter relações íntimas entre si.
 
==== Órfãos ====
O sistema de totens é um grande problema para muitos órfãos, especialmente para bebês abandonados.<ref>{{citar web|URL=https://web.archive.org/web/20150528222956/http://www.dailynews.gov.bw/news-details.php?nid=4168|título=The 'scourge' of baby dumping|autor=Thamani Shabani|data=17 de julho de 2013|publicado=|acessodata=3 de dezembro de 2019}} </ref> As pessoas têm medo de serem punidas por fantasmas, caso elas infrinjam regras do totem desconhecido da criança abandonada. Como consequência, é muito difícil encontrar pais adotivos para tais crianças. E, se essa crianças crescem, elas têm dificuldades na hora de se casar.<ref>{{citar web|URL=https://webs.wofford.edu/davisgr/orphanforlife/|título=Orphan for Life|autor=GR Davis|data=1 de março de 2012|publicado=|acessodata=3 de dezembro de 2019}}</ref>
 
==== Enterros ====
A identificação pelo totem tem ramificações muito importantes nas cerimônias tradicionais, como a cerimônia do enterro. Uma pessoa com um totem diferente não pode iniciar o enterro do falecido. Uma pessoa do mesmo totem, mesmo quando proveniente de outra tribo, pode iniciar o enterro do falecido. Por exemplo, um ''Ndebele'' do totem ''Mpofu'' pode iniciar o enterro de um Xona do totem ''Mhofu,'' e isso é perfeitamente aceitável na tradição Xona. Porém, um Xona de um totem diferente não pode desempenhar as funções rituais necessárias para iniciar o enterro do falecido.
Uma pessoa com totem diferente do morto não pode iniciar o enterro. Caso ele o faça, ele corre o risco de ter de pagar uma taxa à família do morto. Essa taxa, antigamente, era paga com vacas ou cabras, mas atualmente costuma ser paga em dinheiro.
 
Se uma pessoa inicia o enterro de alguém de um totem diferente, corre o risco de pagar uma multa à família do falecido. Tais multas eram tradicionalmente pagas com gado ou cabras, mas hoje em dia podem ser solicitadas quantias substanciais. Caso eles enterrassem seus familiares mortos, eles voltariam em algum momento para limpar a pedra do enterro.
 
==Política==
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==Xonas notáveis==
* [[RobertNehanda MugabeCharwe Nyakasikana]]
* [[Emmerson Mnangagwa]]
* [[Constantino Chiwenga]]
* [[Nelson Chamisa]]
* [[MorganJackson TsvangiraiMutero Chirenje]]
* [[OliverDereck MtukudziChisora]]
* [[Herbert Chitepo]]
* [[Constantino Chiwenga]]
* [[Stella Chiweshe]]
* [[Phillip Chiyangwa]]
* [[Chartwell Dutiro]]
* [[Danai Gurira]]
* [[Thomas Mapfumo]]
* [[Chiwoniso Maraire]]
* [[Dumisani Maraire]]
* [[Strive Masiyiwa]]
* [[Paul Tangi Mhova Mkondo]]
* [[Emmerson Mnangagwa]]
* [[Oliver Mtukudzi]]
* [[Grace Mugabe]]
* [[Robert Mugabe]]
* [[Joyce Mujuru]]
* [[Solomon Mujuru]]
* [[Jah Prayzah]]
* [[Shingai Shoniwa]] (da banda de música [[Noisettes]])
* [[George Tawengwa]]
* [[Tererai Trent]]
* [[Morgan Tsvangirai]]
* [[Winky D]]
*[[Douglas Togarasei Mwonzora]]
 
==Ver também==
*[[Mbira#Mbira Dzevadzimu|Mbira Dzevadzimu]]
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|título=A História do Povo Xona |data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}
*[https://web.archive.org/web/20100820112401/http://mashona.wordpress.com/2007/06/13/the-shona-people/ ''Nhaka yevaShona: A detailed history and culture of the Shona people of Zimbabwe''].
 
{{Controle de autoridade}}
 
[[Categoria:Povos do continente africano]]