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Com o passar do tempo e o crescimento das cidades, o ingresso na burguesia, em suas origens um benefício extensível à maioria dos cidadãos livres com residência fixa e ofício estável, se tornou muito mais difícil e oneroso, exigindo um patrimônio considerável, tradição familiar consolidada e compromisso de dedicação aos interesses públicos, organizando as elites urbanas em sistemas de patriciado. Em vários locais o patriciado burguês assumiu um controle total do governo, a ponto de fundar repúblicas independentes ou cidades livres, que em alguns casos eventualmente evoluíram para Estados muito poderosos, a exemplo das repúblicas de [[República de Gênova|Gênova]] e [[República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos|Países Baixos]], subjugando completamente a antiga nobreza de seus territórios.<ref name="Hettling"/><ref>Friedrichs, Christopher R. "The City: The Early Modern Period". In: Stearns, Peter N. (ed.). ''Encyclopedia of European Social History from 1350 to 2000''. Scribner, 2001</ref><ref name="Frijhoff"/>
Com o grande enriquecimento de muitas das principais famílias burguesas da Europa entre os séculos XIII e XV, principalmente através do comércio e da indústria, os estratos mais baixos da burguesia foram sendo progressivamente afastados dos
O processo de auto-legitimação da alta burguesia como nobreza incluiu a articulação de um discurso ideológico e um arcabouço jurídico autonomistas. Os grandes burgueses haviam enriquecido principalmente no comércio, nas manufaturas, na indústria e na atividade bancária, jurídica e administrativa, atividades que eram consideradas, quase todas, como desonrosas pela antiga nobreza feudal. Para consolidar sua posição de nobres, os burgueses trabalharam para dignificar a origem da sua riqueza, equiparavam a posse de cultura e boa educação à atividade militar como fontes de honra, e se sustentavam juridicamente pelo [[direito consuetudinário]], fazendo com que costumes tradicionais de reconhecimento social típicos de cada cidade adquirissem força de lei. Por fim, foi estabelecido juridicamente que mereciam ser considerados nobres todos os indivíduos que vieram a deter poder de ''principatum'', ou seja, a capacidade de legislar, transformando ao mesmo tempo o acesso aos Conselhos um apanágio exclusivo e muitas vezes hereditário de famílias da alta burguesia. Contudo, permaneceu sempre uma tensão com a nobreza tradicional, que resistia em aceitar a equiparação de sua dignidade à de descendentes de artesãos e comerciantes.<ref>Donati, Claudio. "Nobiltà". In: ''Enciclopedia delle scienze sociali''. Treccani, 1996</ref>
==Do Renascimento aos tempos recentes==
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