Esther de Figueiredo Ferraz: diferenças entre revisões

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Reitores de universidades federais apoiaram a indicação, destacando as qualidades profissionais da futura ministra. Ao mesmo tempo, líderes feministas enxergaram na nomeação da professora uma sinal positivo e determinante para a participação da mulher em cargos de caráter decisório. Apesar do amplo apoio no ambiente educacional, Esther sofreu oposição entre alguns reitores de universidades federais que criticavam uma de suas metas de decretar o fim do ensino público superior gratuito. Em relação à importância que a cultura teria no ministério, ela declarava-se uma pessoa ligada à arte e dizia que a cultura não seria negligenciada. Autoproclamada [[Liberalismo|liberal]], Figueiredo de Ferraz não acreditava que os estudantes causariam problemas ou dificuldades, devido ao seu bom relacionamento com o meio estudantil no período em que foi reitora da [[Universidade Presbiteriana Mackenzie]], em 1968.<ref name=":0" />
 
===A Posseposse===
A posse aconteceu no dia [[24 de agosto]] de [[1982]], quando reafirmou as intenções e projetos, sem ignorar a polêmica cobrança de mensalidade nas universidades federais - inviabilizada em razão da proximidade das eleições que aconteceria em novembro. Em seu [[discurso]] de posse, Esther prometeu o diálogo com professores e afirmou que a [[educação]] era a base para o [[desenvolvimento]]. Desse modo, enfatizou a prioridade absoluta que daria para a educação de primeiro grau em seu [[mandato]].<ref name=":0" />
 
Abaixo, confira osOs principais trechos do discurso<ref>{{citar periódico|ultimo=Ferraz|primeiro=Esther de Figueiredo|data=24 de agosto de 1982|titulo=Discurso da Ministra Esther de Figueiredo Ferraz, na solenidade de transmissão de cargo|url=http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/fe/article/viewFile/60634/58875|jornal=Biblioteca Digital da FGV|acessodata=24 de novembro de 2018}}</ref> da Ministra Esther de Figueiredo Ferraz, na solenidade de transmissão do Cargo, disponibilizado pela [[Fundação Getulio Vargas|Fundação Getúlio Vargas]]:<blockquote>
A posse aconteceu no dia [[24 de agosto]] de [[1982]], quando reafirmou as intenções e projetos, sem ignorar a polêmica cobrança de mensalidade nas universidades federais - inviabilizada em razão da proximidade das eleições que aconteceria em novembro. Em seu [[discurso]] de posse, Esther prometeu o diálogo com professores e afirmou que a [[educação]] era a base para o [[desenvolvimento]]. Desse modo, enfatizou a prioridade absoluta que daria para a educação de primeiro grau em seu [[mandato]].<ref name=":0" />
''" {...} Finalmente, fizeram as circunstâncias que eu fosse a primeira mulher a ocupar, em nossa terra, o cargo de ministro de Estado, e houve por bem o sr. Presidente, da República conduzir-me à Pasta onde mais utilizáveis parecem tornar-se, em termos de interesse coletivo, os dotes femininos, aqueles dotes intelectuais, de caráter e de sensibilidade que traduzem verdadeiras inclinações ou tropismos de alma, e que tornam toda mulher - seja ela quem for, grande dama ou humilde proletária - uma educadora. As operárias, as camponesas, as comerciárias, as funcionárias públicas, as profissionais liberais, as estudantes de todos os graus do ensino e, de maneira muito especial, as integrantes da mais forte das milícias desarmadas que é o exército das "prendas domésticas", das valorosas donas-de-casa e mães de família, todas elas tomam parte, ainda que à distância, no ato público que ora se está realizando. Cada uma delas percebe, dado o alto simbolismo de que se reveste a cerimônia, em si mesma representativa de um grande gesto de abertura, que hoje e aqui está acontecendo algo que toca muito de perto a sorte do feminismo brasileiro, tomado este em seu sentido sadio e construtivo. E todas, com os olhos voltados para a companheira de sexo sobre cujos ombros, já não tão jovens e nem tão fortes, passarão a pesar tantas e tão graves responsabilidades, formulam votos para que ela seja feliz na condução da tarefa que lhe foi cometida e consiga demonstrar, graças a um desempenho de boa qualidade, que não teriam fundamento as antigas posições preconceituosas em relação à participação da mulher no trato dos negócios públicos.'' </blockquote><blockquote>''{...}'' </blockquote><blockquote>''Observo mais que de uma forma ou de outra será sempre graças à educação fundamental que se forjará o homem comum de amanhã, o cidadão cuja forma de ser, cuja maneira de agir e pensar, cuja capacidade de fazer, representarão as mais sólidas garantias da sobrevivência e do desenvolvimento da nação. Pois se é bem verdade que só nos graus ulteriores do ensino, máxime no de nível superior, se torna possível a formação das elites - e sem elites pensantes e dirigentes não há povo que se possa autoconduzir - é exato também que as elites pouco ou nada podem fazer se a grande massa dos cidadãos não tiver recebido aquele mínimo de educação que lhe permita compreendê-Ias, aceitá-Ias e acompanhá-Ias. Serão elas como moinhos a girar no vazio, a despender energia sem gerar qualquer espécie de produção {...}"''</blockquote>
 
 
 
Abaixo, confira os principais trechos do discurso<ref>{{citar periódico|ultimo=Ferraz|primeiro=Esther de Figueiredo|data=24 de agosto de 1982|titulo=Discurso da Ministra Esther de Figueiredo Ferraz, na solenidade de transmissão de cargo|url=http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/fe/article/viewFile/60634/58875|jornal=Biblioteca Digital da FGV|acessodata=24 de novembro de 2018}}</ref> da Ministra Esther de Figueiredo Ferraz, na solenidade de transmissão do Cargo, disponibilizado pela [[Fundação Getulio Vargas|Fundação Getúlio Vargas]]:<blockquote>
''" {...} Finalmente, fizeram as circunstâncias que eu fosse a primeira mulher a ocupar, em nossa terra, o cargo de ministro de Estado, e houve por bem o sr. Presidente, da República conduzir-me à Pasta onde mais utilizáveis parecem tornar-se, em termos de interesse coletivo, os dotes femininos, aqueles dotes intelectuais, de caráter e de sensibilidade que traduzem verdadeiras inclinações ou tropismos de alma, e que tornam toda mulher - seja ela quem for, grande dama ou humilde proletária - uma educadora. As operárias, as camponesas, as comerciárias, as funcionárias públicas, as profissionais liberais, as estudantes de todos os graus do ensino e, de maneira muito especial, as integrantes da mais forte das milícias desarmadas que é o exército das "prendas domésticas", das valorosas donas-de-casa e mães de família, todas elas tomam parte, ainda que à distância, no ato público que ora se está realizando. Cada uma delas percebe, dado o alto simbolismo de que se reveste a cerimônia, em si mesma representativa de um grande gesto de abertura, que hoje e aqui está acontecendo algo que toca muito de perto a sorte do feminismo brasileiro, tomado este em seu sentido sadio e construtivo. E todas, com os olhos voltados para a companheira de sexo sobre cujos ombros, já não tão jovens e nem tão fortes, passarão a pesar tantas e tão graves responsabilidades, formulam votos para que ela seja feliz na condução da tarefa que lhe foi cometida e consiga demonstrar, graças a um desempenho de boa qualidade, que não teriam fundamento as antigas posições preconceituosas em relação à participação da mulher no trato dos negócios públicos.'' </blockquote><blockquote>''{...}'' </blockquote><blockquote>''Observo mais que de uma forma ou de outra será sempre graças à educação fundamental que se forjará o homem comum de amanhã, o cidadão cuja forma de ser, cuja maneira de agir e pensar, cuja capacidade de fazer, representarão as mais sólidas garantias da sobrevivência e do desenvolvimento da nação. Pois se é bem verdade que só nos graus ulteriores do ensino, máxime no de nível superior, se torna possível a formação das elites - e sem elites pensantes e dirigentes não há povo que se possa autoconduzir - é exato também que as elites pouco ou nada podem fazer se a grande massa dos cidadãos não tiver recebido aquele mínimo de educação que lhe permita compreendê-Ias, aceitá-Ias e acompanhá-Ias. Serão elas como moinhos a girar no vazio, a despender energia sem gerar qualquer espécie de produção {...}"''</blockquote>
 
===O Mandato===