Kitsch: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 97:
 
==O ''kitsch'' erótico==
[[File:AKADAMA sweet wine poster.jpg|thumb|180px|[[Toshiro Kataoka]]: cartaz publicitário japonês do vinho Akadama, 1922]]
Nas palavras de [[Karsten Harries]],
 
{{quote2|O anseio pelo ''kitsch'' surge quando a emoção genuína se torna rara, quando o desejo adormece e precisa de estímulo artificial. O ''kitsch'' é uma resposta ao tédio. Quando os objetos já não podem despertar o desejo, a pessoa deseja o desejo. Mais precisamente, o que se desfruta ou procura não é um determinado objeto, mas uma emoção, um 'clima', e até mesmo, ou antes especialmente, se não ocorre um encontro com um objeto que poderia garantir aquela emoção. Assim o ''kitsch'' religioso busca despertar a emoção religiosa sem um encontro com Deus, e o ''kitsch'' erótico busca dar sensações de amor sem a presença do outro amado.... O ''kitsch'' cria uma ilusão com o objetivo de dar prazer individual.<ref>''Apud'' Olivier, p. 69 </ref>}}
 
Permanece a ideia de que o ''kitsch'' erótico aparece quando o confronto com o outro é evitado, eliminando a possibilidade do conflito, um traço especialmente marcante nas sociedades desenvolvidas e em desenvolvimento, onde as imagens mediatizadas se tornam uma presença constante.<ref> Olivier, pp. 71-73</ref> A kitschização do erotismo também é clara na [[pornografia]] em sua versão ''[[Soft core|soft-core]]'', presente no cinema, na TVtevê, na ''Internet'', na publicidade, nas artes plásticas e nas mídias impressas, oferecendo, para visualização de um grande público, corpos de homens e mulheres que seduzem em atmosferas romantizadas, fantasiosas e às vezes "inocentemente" infatilizadasinfantilizadas, mas sempre picantes. Esta abordagem, estilizando e estetizando os objetos de desejo, cultiva o [[voyeurismo]] e suaviza qualquer possível culpa pelo desfrute do corpo alheio sem sua presença física ou seu consentimento explícito. Como disse [[Ugo Volli]], "no momento em que o homem transforma o sexo em um objeto estético ou científico já não existe razão para envergonhar-se dele", no que concorda [[Thorsten Botz-Bornstein]] ao afirmar que "a pornografia como arte é inocente porque se torna ''pornokitsch''".<ref name="Andrews">Andrews, David. ''Soft in the middle: the contemporary softcore feature in its contexts''. pp. 36-38 </ref><ref name="Botz"/><ref>Milliard, Coline. [http://www.artinfo.com/news/story/36130/with-hollywood-clocks-and-erotic-kitsch-the-british-art-show-opens-as-a-vivacious-picture-of-uk-art/ "With Hollywood Clocks and Erotic Kitsch, the British Art Show Opens as a Vivacious Picture of U.K. Art"]. In: ''Art Info'', 26 out. 2010</ref>
 
Nem só a pornografia ''soft'' é considerada ''kitsch'', ele se manifesta também na forma da banalização do sexo em produtos utilitários os mais disparatados comcomo adornos sexuais, que chegam às raias do grotesco, como bules com bico em forma de [[pênis]], pias em forma de [[vulva]], almofadas em forma de [[seio]]s, calcinhas comestíveis, camisetas com estampas de sexo explícito e palavrões obscenos, e tudo mais que a imaginação puder conceber, havendo mercado para tudo. O fenômeno é especialmente marcante na [[publicidade]] contemporânea, que usa a imagem erotizada da mulher e do homem como atrativo para vender qualquer tipo de coisa, veiculando preconceitos, estereótipos e evidenciando uma tendência à exploração e manipulação do ser humano para fins comerciais.<ref>Slade, Joseph W. ''Pornography and sexual representation: a reference guide''. Greenwood Publishing Group, 2001, pp. 356-357</ref><ref name="Andrews"/> [[Herman Bruce]] acredita que o ''kitsch'' também é aparente na atual "cultura do corpo", com suas manias por dietas, cirurgias plásticas, academias de ginástica, ''[[bodybuilding]]'', cosméticos, criando um universo imagético que apresenta modelos estereotipados como ideal de beleza e como projeto de vida para o consumo de massa, movendo uma indústria milionária.<ref>Herman, Bruce. "Wounds and Beauty". In: Treier, Daniel J.; Husbands, Mark & Lundin, Roger. ''The beauty of God: theology and the arts''. InterVarsity Press, 2007, p. 111</ref>
 
{{referências|col=2}}